Pov. Kath

Eu cheguei em casa e me deparei com uma mulher de quase quarenta anos, cabelos loiros e olhos verdes, com um vestido verde com detalhes em floral, seus braços cruzados e pés batendo freneticamente no chão, davam indícios que uma Katheriny estava muito, mais muito ferrada.

– Mãe eu....

– Katheriny! O que te deu na cabeça para brigar no colégio?! - nem me deixou terminar e já foi logo gritando.

– Olha eu posso...

– Pode o que? Explicar o fato da minha filha ter virado uma baderneira?

– Mãe, não foi isso eu...

– NÃO ME INTERESSA!! Não te coloquei naquela escola para isso! Quer saber? Vai pensar por muito tempo no que fez!

– Peraí, você não vai me...

– Colocar de castigo? É vou sim! Vai passar dois meses só de casa pra escola e de escola pra casa!

– O que?! Mãe....

– Ainda não terminei! E, não vai ter nenhum, entendeu NENHUM contato com o Josh ou com a Cynthia!

– Como assim nenhum contato?

– Não vai mais sair com a Cynthia e muito menos com o Josh, principalmente, beija-lo!

– O QUE?! - gritei jogando minha bolsa no chão.

– Isso mesmo, está proibida de, beijar o Josh, andar de moto com o Josh, fazer qualquer coisa com ele. E nem com a Cynthia!

– Não é justo! Eu o amo!

– Não estou te proibindo de ama-lo! Estou te proibindo de vê-lo.

– Mas estamos na mesma sala!

– Ah, eu quis dizer, vê-lo fora da escola. E além do mais, sem beijos escondidos mocinha!

– Mas eu não comecei isso! Foi a Cynthia eu só tentei afasta-las e me meti! EU sou a inocente aqui! - usei todos os argumentos possíveis.

– Você se meteu e é isso que importa! Levou uma advertência e ainda vai ficar de detenção!

– Que mundo é esse?!

– Sem drama, mocinha, sem drama!

– Argh!! E se eu não posso mais andar de moto com o Josh, quem vai me levar pra casa e pra escola?

– Suas pernas.

– Mas é longe!

– Sobreviveu aquelas semanas, pode sobreviver essas. - seu rosto estava impacível. Sem emoção, nem raiva, nem nada. Aquilo doía, parecia que eu era um cachorrinho sendo repreendido.

– Mas...Mas eu quero ficar com o Josh! Por favor faça qualquer coisa mas não me afaste dele, por favor mãe...Eu...Eu...Nunca amei alguém assim, não pode simplesmente separar! Mãe...- cheguei ao ponto de quase implorar, mas ela não mudava de reação, que era nenhuma reação.

– Não Katheriny! Você precisa aprender que existem limites, e você já estourou o meu.
– Não acredito que vai fazer isso comigo. Pensei que me entendesse! - as lagrimas a essa hora já saiam como cascata, e não era só pelo simples fato dela estar me tratando como um cachorro desobediente, ou por ela ter me proibido de ter qualquer contato com o Josh ou com minha melhor amiga, mas pelo fato dela saber como isso doí, até porque isso já aconteceu com ela e com o papai, e fazer COMIGO!

– Eu entendo.

– NÃO!! NÃO ENTENDE! TUDO O QUE EU FIZ FOI TENTAR AJUDAR! SEPARAR AQUELA BRIGA! MAS A PIRANHA DA MEREDITH ME DEU UM TAPA! EU NÃO IRIA FICAR PARADA ESPERANDO OUTROS! ELA ME XINGOU MÃE E AMEAÇOU ME BATER! CARA, UE COISA!! - gritei parando de tentar impedir as lagrimas e elas caiam e parecia que eu tirava um peso, mas logo em seguida colocava outro.

– Katheriny, para o seu quarto! Não quero discutir isso.

– TÁ!! - gritei secando meu rosto com as costas das mãos sem a encarar.

– Sem escandalos por favor!

– Ah ok. Tô subindo, pra morrer de tédio. - falei seca e ia subindo as escadas quando ela colocou uma sacola na minha frente. - O que é isso?

– Veja. - rolei os olhos e abri a sacola me deparando com um monte de...

– Livros? Isso é serio?

– Anda, não vai te matar ler um pouco. Além do mais, não pode usar a internet mesmo...

– O que?!

– Ande logo.

– Grrrrrrrrrr! - subi batendo os pés forte na escada.

Ela não podia me proibir, tá eu sei que eu me meti naquela briga, mas ela não podia me impedir de ficar com o Josh. Tá ela podia sim. Mas...Argh! Dois meses é muito tempo. Me joguei na cama querendo me matar! Peguei um livro da sacola que minha mãe havia me dado, argh! Eu detesto ler, só tinha um monte de coisa que não fazia ideia o que era, não li nenhum, minutos depois meu celular tocou, era o Josh. E agora? O que eu faço?

– Alô?

– Kath, oi, é... Eu tava pensando, que tal irmos no lago?

– Lago?

– É. Faz um bom tempo que não vamos lá.

– Bem...

– Anda, vai. Por favor.

– Josh, eu...Tá ok. Eu vou.

– Obrigada! Te pego aí ou...

– NÃO! Quer dizer, eu vou aí.

– É serio? Vai andar até aqui?

– Claro, eu...Só estou afim de ir, talvez eu demore um pouquinho por aqui.

– Você tá bem?

– Tô, vai logo, eu te ligo, beijos.

Desliguei antes de ouvir sua resposta, estou frita, ferrada, estou muito encrencada. Porque raios eu não falei pro Josh a verdade? Agora eu estou desesperada pra conseguir sair daqui, boa, Kath, você só se mete em furadas! E agora...CYNTHIA! Que obvio. Liguei pra ela, antes que minha mãe perceba que não pegou o meu bebê. Ela atendeu no segundo toque.

– Best. Friend. Forever!

– Cynthia, help!

– O que houve?

– Tô morta.

– Fale no meu idioma loira.

– Eu preciso sair com o Josh.

– Que bom, pra você.

– Mas estou de castigo por causa da briga, e...Pera, você não pegou em bomba na sua casa? Seus pais souberam? Te puniram?

– Não. E sim, souberam, mas sabem que a Meredith é uma piranha, e apenas disseram para eu me comportar como uma Rocwell. Enfim, mas você ficou de castigo? Como? Quando? Por quanto tempo?

– Calma, minha mãe soube da briga, me chamou de baderneira, me colocou de castigo por dois meses e além disso, não posso ficar com o Josh e nem com você. Argh!

– Ownt amiga, sinto muito, mas se não pode ficar comigo, por que ligou?

– Porque preciso da sua ajuda.

– Pode falar!

Passei um bom tempo explicando tudo pra ela, ela concordou e disse que já estava vindo. Meu plano é, - que no caso eu vou me dar muito mal, mas já fiz mesmo não dá pra voltar– a Cynthia vem, enrola a minha mãe, enquanto eu saiu de fininho pela porta de trás. Plano perfeito né? Agora o que me resta é, me arrumar, e esperar. Ouvi a campainha tocar, parte 1, pronta! Ela chegou e começou a enrolar minha mãe perguntando porque não poderia me ver e bem, quando ela começou a falar mais eu sai pela porta de trás. Oh céus no que eu me tornei? Eu estava andando preocupada, eu vou me dar mal, mas muito mal.

Eu avistei a casa do Josh, corri pra lá, o que eu estou fazendo? Fugindo de casa? Tá sem neura, vai tudo dar certo...Vou repetir isso pra mim mesma, vai dar tudo certo, vai dar tudo certo...

– Kath? É você? - ouvi alguém falar e me interromper meu mantra.

– Hum? - olhei ao redor e não vi ninguém...Será o Slander? Ele veio me atacar na cidade?

– Sou eu, Kath. Josh, tá lembrada? - olhei pra frente e vi ele se aproximando.

– Ah é você. - sorri aliviada.

– E ai vamos?

– Claro!
Ele sorriu e eu segurei sua mão, ele me deu um capacete e eu subi na moto, sei que estou beeeeeeeeeeem errada, mas eu realmente não sei se consigo ficar longe do Josh. Ele saiu andando, era incrível como ele não se cansava de andar de moto.

(...)

Depois de muito tempo, chegamos na entrada do acampamento. Argh, que nome horrível! Andamos conversando sobre os assuntos mais bestas do mundo, chegamos na nossa cabana, resolvemos entrar, tudo estava exatamente como nos deixamos...Bagunçado.

– Poxa isso tá muito bagunçado! - brincou pegando algumas coisas da mesinha e assoprando para tirar o pó.

– Verdade. Vamos para o lago! Será que alguém viu ele?

– Claro que não! Quem seria maluco de se meter no meio da mata? - falou sorrindo.

– Nós! - ri com ele.

Passamos por aquele rio e corremos floresta a fora, avistamos aquela passagem cheia de mato, retiramos tudo, ou pelo menos uma boa parte, estava tudo igual, perfeito como sempre!

– Amo esse lugar! - falei quase gritando e rodopiando com os olhos fechados quando sinto algo me segurar.

– E eu amo você, loirinha. - sussurrou antes de me beijar intensamente.
Eu claro retribui, brincamos de tudo que é possível, coisa de criança ou não, era legal estar com o Josh, eu podia ser a bobalhona que quiser, ele não iria ligar! E era por isso e muito mais, que eu não me arrependo de nada, nadinha que houve no passado, é como se todos os anos brigando, estivessem sendo recompensados. Realmente, valeu a pena espera o Josh por tanto tempo.

– Eu estou amando esse nosso tempo assim, sem brigar o tempo todo só...

– Só...? - me incentivou fitando-me.

– Sei lá, não dá pra explicar, só sei que é bom! É bom estar com você. - sorri de uma orelha a outra.

– É...Eu sei que sou uma ótima companhia. , - se gabou rindo e eu ri junto.

– Exibido! - fingi estar seria, mas não consegui.

– É sou mesmo, e é esse exibido que vai te levar pra casa! - levantou-se ainda com o mesmo sorriso no rosto.

– Preciso mesmo voltar? - falei temendo que minha mãe descobrisse.

– Sim, precisa sim. Vamos preguiçosa! - me puxou e eu fiquei de pé mas bem molenga, não queria voltar pra casa de jeito nenhum! - Isso é serio?

– Uhum. - murmurei.

– Então vai ser a força. - ele falou e sorriu estranho.

– É o que? Não Josh, espera não fassa o que está pensando! E...- não terminei minha frase e ele me pegou no colo e sorriu largamente.

– Já fiz, agora vamos. - ele falou e me levou até o lado de fora e eu obviamente protestando.

Ele me colocou na moto e arrancou. Agora eu só vou me dar mais mal ainda.

(...)

Ele estacionou em frente a minha casa, respirei fundo e desci. Prepare-se, porque é hoje que Katheriny Sween deixa o mundo de mortais!

– Katheriny. - alguém me chamou e eu me virei na hora. Engoli seco, mamãe.

– Olá, Karina. - Josh cumprimentou minha mãe com um sorriso.

– Olá, Josh. Como vão seus pais? - porque ela é só gentil com ele?

– Bem, e a Senhora e seu marido?

– Muito bem, mas Kath, meu assunto é com você, mocinha. - olhou direto pra mim.

– Imagino. - sussurrei sem encara-la.

– O que houve? - Josh se meteu. Meu salvador!

– Sabia que esta mocinha desobediente estava de castigo? - falou curta e grossa.

– De castigo? Não, eu não sabia.

– Ela não te contou que está por dois meses proibida de sair de casa? - enfatizou o proibir.

– Está? Kath porque não me contou, eu não teria te chamado pra sair se soubesse. - falou meio incrédulo, e eu ainda não encarava ninguém, só pelo medo de me olharem com nojo, decepção e coisa do tipo.

– Eu sei que não Josh, você é um bom garoto. Enfim, já que ela não contou, pode deixar comigo. Ela está proibida de, sair de casa, sair com os amigos, isso inclui você, Josh. Infelizmente foi preciso. - falou tudo de uma vez.

– Eu entendo...E acho até justo. - falou, de que lado ele está?

– É o que? Como que...

– Mesmo eu não gostando, principalmente da última parte, você sabe que mereceu Kath. - disse me olhando, mas eu não o encarava.

– Que bom que entende Josh. - minha mãe sorriu e eu finalmente ergui os olhos.

– É, temos que aceitar algumas coisas. - disse e balançou a cabeça para tirar os cabelos dos olhos, mas não funcionou e ele passou as mãos os bagunçando. Como ele ficou lindo *-* e minha ficou toda vermelha e...Pera! Mãe!

– Bem, eu vou deixa-los se despedirem, quer algo Josh? - perguntou ao moreno enquanto ia entrando pela porta.

– Não, obrigada.

– Tudo bem, Kath não demore!

Eu o encarei preocupada com a reação dele, mas quando o vi ele sorria de canto. Mas o que?

– Não acredito que fugiu de casa.

– Não fugi, só...Saí sem permissão imediata. - argumentei.

– Como quiser, mas sabe que devia ter me contado.

– Me desculpa. Eu só não...- não me pergunte porque, mas eu comecei a chorar.

– Ei não chora, não tem problema ok? - me abraçou e só ai eu realmente percebi que sou uma anã perto dele. Ele me abraçava forte e eu não queria que isso acabasse.

– Tem problema sim, vou passar dois meses sem você! - solucei ainda abraçada a ele e o bobão riu.

– O mundo não vai acabar ok? Dois meses passam tão rápido que você nem vai notar. Vai até agradecer por não ter que me aturar. - tentou amenizar o clima e eu ri e finalmente o soltei.

– Pois é, uma vantagem.

– Com certeza. Mas como você vai piorar sua situação se demorar eu vou ser bem rápido. - segurou meu rosto e me deu um beijo, eu segurei sua nuca e o puxei mais pra perto. Mas nós nos separamos rápido.

– Tchau.

– Te vejo amanhã no colégio? - perguntou subindo na moto.

– Vou chegar atrasada.

– Porque?

– Vou a pé.

– Entendi tudo. Tchau então.

– Tchau.

Ele foi embora, suspirei e entrei em casa, minha mãe estava sentada no sofá me olhando.

– Precisamos conversar. - foi direto ao ponto.

– Precisamos mesmo?

– Sim. Sei que posso ter me exaltado um pouco hoje mais cedo, mas saiba que eu só queria que me entendesse. - ela começou a chorar. O que?

– O que? - falei totalmente confusa.

– Sei que sou uma péssima mãe. Queria ser melhor, mas infelizmente eu não posso, sei que errei, mas só quero o seu bem. Me desculpe por favor. - caiu sentada no sofá. Eu fiquei um tempo tentando absorver tudo aquilo.

– Mãe...Eu...Você é uma ótima mãe. Porque, tipo, quem me atura tanto? E sempre me apoia? E que nunca se esquece de mim? Menos naquela vez no super mercado, mas não importa. Eu te amo, e se diz que isso é pro meu bem...Eu vou aceitar. - respirei fundo e tentei sorrir.

– Obrigada filha. - me abraçou. - Mas sabe que continua de castigo né? - ela tem o dom de acabar com os momentos. Agora eu sei de onde puxei isso.

–Eu sei sim, mas eu vou tomar um banho. Ah desculpa sair sem permissão imediata. - falei sorrindo.

– Se isso quer dizer fugir, tá desculpada, mas não faça mais isso ou aumento seu castigo!

– Ok ok.

Eu tomei um banho e me joguei na cama, pensei em tudo que houve e sorri. Não foi uma perda total. Acabei de me lembrar, meu aniversário já está chegando, é daqui a dois meses. Hahaha falta um tempo ainda, mas eu não acredito 17 anos! Finalmente! O que será que eu ganho? Só me resta esperar.

Depois de imaginar mil coisas, eu acabei pegando no sono. Perninhas se preparem, pois você vão andar. E muito!