Stella

Las Vegas. A cidade dos sete pecados.

Agora consigo entender porque James parecia tão contente com a ideia de estar aqui. É um verdadeiro luxo, como se cada mínimo detalhe tivesse a intenção de prender você, não permitir que jamais saísse por estonteante beleza.

É bom estar de volta. É bom estar viva novamente. É bom ver tudo isso.

Olho para o grupo. Acabamos de pousar e estamos andando como meros turistas (com roupas nada elegantes para Vegas!), com a única missão: encontrar a nave dos inimigos e salvar os heróis que lá estão.

— Poderíamos começar a salvar o povo amanhã? — James questiona os olhos brilhando. — Eu amo esse lugar! Podemos ficar hoje de folga? Não vai fazer diferença nenhuma! Vai, vai, vai, vai! Por favor!

Aurora o encara com a sobrancelha arqueada, um sorriso despontando em seus lábios.

— James! Eles precisam de nós.

O moreno faz uma careta.

— Não! Eles não precisam de nós! Vegas precisa de nós! Estamos tristes! Fomos sacaneados e usados pela S.H.I.E.L.D. Merecemos um dia de folga. Stella, diga a ela.

Ergo as mãos para o alto em sinal de rendição.

— Não me metam no meio! Acabei de voltar à vida. — dou de ombros em seguida. Vejo Clarissa revirar os olhos e tomar a frente, elegantíssima com os óculos escuros que não sei como ela conseguiu por aqui.

— Certo. Vamos fazer de um jeito democrático. Quem vota em curtir a cidade hoje como quem não quer nada?

James é o primeiro a levantar a mão, seguido de Ashley e Zack. Clarissa completa, com sua sutileza em democracia (ela sabia que o outro lado perderia, então não acho democrático), e acabo levantando a mão. Aurora, Dylan, Sophia e Simon parecem se decidir, e por fim o Allen levanta a mão também. — Então, tchau para vocês!

— Clarissa sai na frente com seus óculos escuros, caminhando para longe. Ashley dá pulinhos.

— AHHH! ROUPAS! SALÃO! MINHA SANTA KATY PERRY! — e se afasta saltitante, seguindo Clarissa que já quase sumiu de vista.

— Nos vemos depois então. — James arrasta Aurora consigo delicadamente, e ela parece perplexa com a atitude do grupo. É claro que até eu estou perplexa, mas acho que isso é melhor do que todos se revoltarem contra a S.H.I.E.L.D e sairmos na porrada novamente.

Talvez um pouquinho de folga não faça mal a ninguém.

— Aonde pretende ir coisa feia? — Zack me segue com uma postura alegre e casual. Dou de ombros.

— Vou arranjar algum lugar para que nós possamos passar a noite. Esse povo não pensou em dormir pelo visto.

— Quem precisa dormir? Estamos em Vegas! — exclama Zack, contente. — Imagina quantas garotas do Texas devem aparecer por aqui com aquele shortinho jeans e aquelas blusas xadrez...

— É melhor controlar os países baixos e sua taradice crônica. Lembra que você foi pego pelos vilões graças a duas garotas?

— A culpa não foi delas! Elas estavam pegando o meu telefone quando eu apaguei e acordei ontem.

Reviro os olhos. Zack é mesmo muito tonto.

— Você deveria se firmar em alguém. Sabe... Ashley parece gostar de você.

Zack me fita com o cenho franzido, enquanto passamos pelas pessoas que seguem para todos os lugares ao mesmo tempo.

— A Ash? Você acha? Ela é como uma irmã para mim.

— Bom... Júlio César disse isso para a Cleópatra.

— Verdade?

— Não. Mas achei legal dizer isso — dou de ombros inocentemente.

Encontramos um hotel que nem eu vendida mais os olhos da minha cara conseguem pagar, no entanto colocamos tudo inocentemente na conta de Tony Stark, com direito a serviço de quarto e cassino livre para nós, além de bebidas (mesmo que eu não beba).

Certamente Stark vai cortar nossos fígados quando a guerra acabar, mas estamos deprimidos e vamos salvar o mundo. Merecemos isso.

Pedi uma suíte para cada um, o que sairia ainda mais caro (já que é para gastar, vamos gastar!), e fico maravilhada com o tamanho do ambiente quando adentro o mesmo.

Vamos começar pela porta. A porta gente possui uma maçaneta banhada a ouro, com uma madeira branca cobrindo sua extensão e uma cama de casal imensa no meio. As paredes possuem uma tonalidade de rosa claro, e as cortinas esvoaçam diante da varanda espaçosa com visão total da cidade.

Meu Deus. Que luxo. O vento bate contra o meu rosto, afastando meus cabelos.

É realmente bom estar viva. No entanto, saber que sou uma arma criada e desenvolvida com os poderes de Magneto me deixa incomodada.

Não fomos reunidos porque somos habilidosos ou para salvar o mundo. Fomos reunidos porque somos ameaças. Isso é terrivelmente cruel.

Sigo até a bolsa, e tiro de lá a foto que tenho. Passo os dedos por ela e a coloco junto ao peito. Observo novamente, sentindo uma dor terrível que há tempos tento controlar.

Charlie e eu em um café de Gotham, em um dia frio de inverno há exatos três anos atrás. Éramos jovens demais, mas mesmo assim cultivávamos algo intenso.

Algo que se apagou por conta do tempo.

Mesmo assim, ainda sinto a falta dele. Do seu abraço. Do seu sorriso. Do seu cheiro. Das suas covinhas adoráveis e seus olhos brilhando por algo que o deixavam fascinado.

Eu sinto sua falta. E espero que ele esteja vivo. Eu não suportaria perdê-lo. Não ele. Não Charlie.

Ashley invade meu quarto sem bater e guardo a foto rapidamente no bolso do jeans.

— STELLA! Vamos! — Ela me puxa pela mão, e fico feliz por não estar chorando. — Temos um salão para ir. Estou arrastando as meninas! Vamos ficar divas!

Oh céus! Sinto que esse dia vai ser assustadoramente longo.