– Sente aí, eu já volto, Squirt. - Cooper disse, apontando com seu dedo pra cadeira e depois para o moreno baixinho, que rolou os olhos, apertou os lábios e se sentou no banco. A madeira era envernizada e branca e no lugar de sentar-se tinha um acolchoado igualmente branco, assim como as paredes que destacavam as portas pretas do corredor onde ele estava. Blaine colocou as mãos em cima das pernas e aguardou seu irmão mais velho, que entrou em uma das portas logo depois de deixar sua ordem. Finalmente estava na Morada da Noite! Alguns minutos depois o moreno estava cansado de ficar sentado ansioso, olhando pras paredes brancas, e deu uma olhada em volta, vendo um quadro um pouco distante do banco onde ele estava. Levantou-se e caminhou até o quadro. Neste tinha uma imagem de um homem moreno, forte e bonito, o qual só pela foto já causava um arrepio no pequeno Anderson. Abaixo da foto havia um nome; Lancelot Smythe, conhecido. Voltando a olhar pra cima ele reconheceu aquele rosto, era um ator famoso, ele era um gato das telonas. O homem era a cara do Chris Hemsworth!

– Sim, é de família. - Uma voz fez com que Blaine se sobressaltasse e virasse de costas para o quadro e de frente pra fonte da voz. - Olá. - O menino a sua frente disse calmamente, dando um sorriso largo que mostrava seus dentes grandes e tão brancos que pareciam mais brancos que as paredes do lugar e, por fim, colocando as próprias mãos em seus bolsos.

– O-oi. - O menor deixou escapar em resposta, numa voz baixa, fitando os olhos claros do outro e depois desviando seu olhar pra longe. Ele havia acabado de ser pego em um momento muito gay olhando pra a imagem e talvez não fosse o jeito certo de chegar, mas ao julgar pelo cheiro que o outro tinha e pelo seu perfeito topete na cabeça, não era um problema.

– Você é o Blaine, não é? - Disse o outro, sem tirar aquele sorriso do rosto, que em certo momento deixou Blaine desconsertado por tê-lo em sua direção. - O calouro. - Completou.

– Hm... Yeah. Eu... sou, eu acho. Você é calouro também? - Perguntou o menino, consertando sua postura e se afastando da parede, onde ele só agora tinha reparado que estava se prensando por causa do susto que havia levado. Deu um passo pro lado, já que a distância entre ele e o outro garoto não era muita pra que ele pudesse dar um passo a frente sem que seus corpos ficassem juntos demais.

– Pareço um calouro? - O desconhecido levantou o queixo com um sorriso agora maldoso. - Me chamo Sebastian Smythe. - Estendeu a mão pra Blaine, que o fez de volta, mas antes que pudesse tomar sua mão o outro desviou para o seu pulso e inclinou-se em um tipo estranho de cumprimento. Blaine repetiu a ação e Sebastian deixou uma risada escapar dentre seus lábios. - Se eu dissesse que se você se jogasse do terceiro andar não morreria, você o faria? - Perguntou ainda rindo.

Blaine apenas sacudiu a cabeça e suspirou, entendendo que o rapaz acabara de brincar com ele por ele ser novo no lugar e ainda submisso a qualquer que fosse os costumes dali. Só que o menor não teve nenhuma informação sobre os costumes da Casa da Noite, até o dia anterior nem sabia que seu irmão era um dos vampiros, estava perdido e entregue à qualquer situação.

– Squirt, pra onde você... - Depois que a porta se abriu sem que os dois ouvissem, a voz de Cooper surgiu preocupada e seus olhos claros vasculharam o corredor, até encontrarem Sebastian e Blaine um pouco depois dele. - Já se conheceram, hm? - Ao chegar ao lado de Blaine, Cooper passou um de seus braços em volta do pescoço dele e abriu um largo sorriso pra Sebastian. - Blaine, Sebastian será uma ótima companhia pra você enquanto estou fora. - Começou o mais velho, mas antes que pudesse completar a frase, Blaine o interrompeu. Estava intimidado pela presença de Smythe; Por que seu irmão tinha que estar fora quando ele precisava dele?

– Fora? - Perguntou cortante. Se não tivesse a presença de um desconhecido ali, Blaine começaria uma conversação sobre como Cooper o havia tirado da Dalton pra por fim deixá-lo com um estranho em um lugar estranho. Contudo, algo dizia que ele não deveria mostrar a Sebastian que estava intimidado e que não se sentia confortável em ficar sozinho com ele de novo, então ele esperou de forma firme que o irmão respondesse.

– Eu sou um Rastreador, passo a tarde fora, mas antes das aulas começarem eu já estou por aqui. Não se preocupe. - Disse o maior, soltando o moreno. - E Sebastian, você não precisava de um calouro? Tenho certeza que seria um ótimo jovem tutor pra Blaine. - Cooper levantou seu dedo pro rapaz, sorridente.

– Com certeza! Blaine, você conhecerá a casa da noite como ninguém mais. - Smythe deu uma piscadela com apenas um dos olhos e manteve seu sorriso maldoso, o qual Blaine perguntava se não lhe causava certa dor na mandíbula, afinal, ele sorria desde que se viram.

***

Rachel andava lentamente ao lado de uma mulher, que era ruiva e apenas um pouco maior do que ela. Ela havia se apresentado como Emma, apenas Emma, sem sobrenome, e isso deixou Rachel curiosa. Claro, ela não poupou-se em perguntar e Emma deu liberdade pra que ela perguntasse sobre tudo que quisesse enquanto andavam até o dormitório das garotas. Emma explicou que ela, ao chegar na House of Night, não queria mudar seu nome, mas também não queria nenhum sobrenome e assim ela decidiu ser apenas Emma. A ruiva interrogou Rachel sobre qual nome ela queria ter a partir de agora e sem pestanejar, Rachel respondeu que queria ser chamada de Barbra. Nova vida, mas nenhuma mudança em seu pensamento. Berry queria se manter assim.

– Bem vinda a sua nova vida então, Barbra. - Emma sem sobrenome disse com um sorriso nos lábios. Ela parou na frente da porta e apontou a maçaneta, mas não a abriu e Rachel não sabia o porquê, mas apenas o fez no lugar da moça, sorridente por ouvi-la a chamar de Barbra.

Emma e Rachel entraram no dormitório, que era bem decorado e bonito, nada muito frufru, mas ainda um local de meninas. - Todas já devem estar em sala... Amanhã, sua tutora irá até você e te apresentará o colégio, mas hoje, você irá dormir um pouco mais do que o normal. - Disse a ruiva em seu tom calmo, passando pela sala do lugar. Não parecia muito um dormitório, parecia um apartamento. Haviam umas televisões e corredores, era definitivamente uma daquelas fraternidades universitárias que se viam em filmes.

– Em sala... Como você disse, por que estudam pela noite e dormem de dia? - Barbra interrogou, sem olhar pra mais velha, mas revistando com os olhos todo o dormitório.

– Sim. - Limitou-se a responder antes de voltar a usar seu tom que soava como um tom de ordem, mas que ainda tinha uma certa pitada de aconselhamento. - Seu quarto é o número quatro e sua colega de quarto é uma boa garota... - Os olhos esbugalhados de Emma estavam cerrados como se pensasse duas vezes sobre sua afirmação anterior, mas logo ela soltou um animado ‘durma bem!’ pra Rachel e saiu dali.

Não tinha ninguém no dormitório, estava um silêncio puro e Rachel se sentia tão cansada que ao acabar de subir as escadas ela julgou que poderia dormir até ali no último degrau, pois estava tão sonolenta que mal mantinha seus olhos sem piscar por mais de três segundos. Sua testa ardia com aquela marca estranha, a qual ela ainda não tinha aceitado. Nem que fosse uma estrela marcada em sua testa, Barbra se sentiria feliz por ter que morar praticamente numa prisão vampírica, até que, ou morresse, ou tivesse idade o suficiente pra tocar seus sonhos. Isso já estava parecendo demorar demais. "Ah, Broadway... Parece tão mais distante." Finalmente, ao chegar no quarto, ela se aconchegou na primeira cama, a que estava vazia e que não tinha nenhuma meia ao redor. Aquilo significava que sua colega não era tão organizada, mas que ela poderia ser engraçada, pois era uma meia colorida e de listras que estava pendurada na cabeceira dela. Depois de se ajeitar naquela cama, Rachel não conseguiu mais nada a não ser pegar no sono e ela precisava mesmo dormir, quando ela acordasse seria um amontoado de informações pra apenas uma pequena jovem. Ela precisava se preparar para aquilo e nada como uma boa noite de sono... Seria a última noite de sono dela. Novos hábitos.