Saint Seiya - Lilium Desire escrita por Casty Maat


Capítulo 4
3 - Canta per me


Notas iniciais do capítulo

O ´titulo é uma música da Yuki Kajiura, que frequentemente permeia minha mente. Eu adoro as músicas dessa mulher! A música é linda, mas triste, eu diria que a música tema num total de Lilium Desire é "Ten no Ki" (Árvore do Céu), mas o tema de Theodore seria "Canta per me", aquele que deseja estar perto da amada e vê perder ela sempre... Uma canção triste de despedida, um desejo incompleto... Bom, menos filosofia e mais história, não? Boa leitura!



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3 - Canta per me

Theodore acordou na poltrona, de frente a lareira. Acordou de um susto e começou a coçar as madeixas castanhas como chocolate, como se fosse possível desfazer-se das lembranças daquele tempo. Ele se lembrava de todos os tempos, não importava quantos séculos ou milênios se passasse.
Já haviam se passado quase 15 anos desde que Vaskevicius de Grou aparecera na vida dele disposto a lhe arrancar suas preciosidades e o botara para correr. A vida seguiu seu curso, os irmãos cresceram e estudaram, seguiram seus caminhos no mundo humano comum.
Mas para ter paz, ainda teriam algumas décadas até os dois envelheceram e por fim, morrerem como uma pessoa normal e comum morresse, assim mudando o destino deles.
Anusca se tornou uma violoncelista famosa, com uma voz divina, trabalhando em conjunto com o irmão caçula, Ian, e seu violino. E ele, Theodore, trabalhava como agente cuidando de tudo. Não que ele não gostasse, mas só ele sabia que só aceitava viver no meio dessa fama toda para vigiar e proteger.
E ali estavam os três, num chalé nas montanhas enevoadas, fugindo da agitação de cidade grande. Ficou pensando em quando teria coragem de dizer o que sentia à Anusca, tinha medo de por tudo a perder.
Todo novo tempo era isso: reconquistar aquela que carregava a alma de Mia de algum jeito.
Olhou para o relógio, era alta madrugada. Selevantouda poltrona, o corpo doendo pelo péssimo jeito que dormira e foi verificar como estavam Ansuca e Ian. Ambos dormiam como anjos, alheios ao fato do ex-cavaleiro de Lírio estar ali os observando. Theodore desceu as escadas que davam para a área dos quartos e foi para fora, respirar o ar gélido. Era a temperatura que mais gostava, e aquilo lhe fazia bem. Paz era o que ele sentia. Sentia.
Seu sorriso se desmanchou ao sentir um conglomerado de cosmos malignos.
"Mas que diabos...?"
Theodore entrou para dentro do chalé, trancando cada porta e escondendo as chaves, teria de fazer algo que o impediria de se mexer e teria de impedir que Anusca e Ian saíssem. Ergueu uma barreira, eliminando a presença dos três e deixando a poltrona de modo que pudesse ver pela janela as movimentações.
"Não é para menos que tive esse sonho... Até quando esse mundo vai nos perseguir?!"
Os guerreiros malignos lentamente vinham na direção onde o chalé ficava e isso preocupava Theodore, mesmo sendo um deus, ele não poderia ficar com aquela barreira para sempre. Se fosse quando era humano, ele estaria rezando aos deuses por força e ajuda, agora ele era um deus e estava sozinho. Ser deus não era nada legal, nada bom... Ser deus era uma grande merda!
Uma alta madrugada longa. Anusca acordou e desceu para beber água, estranhando o modo que Theodore estava. Tenso, olhando fixamente para a janela. Ignorou a sede e foi até seu amigo, ajeitando o robe para se aquecer.
–Theo, o que houve?
Ele demorou a responder.
–Apenas não saia. Nem você, nem seu irmão...
Era uma voz entrecortada que inocente como Anusca era, entendera como dor.
–Está passando mal? Vou chamar o Ian, ele dirige até...
–EU DISSE PARA NÃO SAIR! - Theodore sentiu a barreira oscilar - É...perigoso...
Uma das inúteis (ou úteis) funções do nono sentido era aprimorar os outros sentidos... Em especial os básicos cinco primeiros. Os olhos do rapaz eram afiados e ele viu o brilho das vestimentas do grupo maligno. Estavam ali e o segredo da barreira seria descoberto e fariam de tudo para anularem a mesma. Ficou intrigado sobre por que espectros ainda existiam se a Atena de séculos antes foi capaz de exterminar Hades. O fato é que existiam e estavam ali, exibindo as surplices ao luar. Sua mão fechou-se, quase quebrando o braço da poltrona.
–Anusca... Cante pra mim... Se quer fazer algo... Cante...
A garota não entendia a atitude de Theodore, mas o pedido urgente soava como se ele lhe implorasse. Começou a cantar, a voz suave e tímida que encantara a terra natal deles. Theo continuava a observar os inimigos.


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–Não conseguimos seguir em frente, senhor. - disse um espectro menor, dirigindo-se ao líder.
–Alguém muito poderoso está se ocultando ou ocultando algo de valor... Vamos cansar essa barreira e seu dono, homens!
Os espectros começaram a atacar, fazendo o deus humano sentir que afetavam sua barreira. Estava sem opções e, concentrando-se na voz gentil da amada, decidiu fazer algo que faria ele se odiar.

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Era começo de madrugada no Santuário e Atena estava sentada na ornada cadeira, se entretendo com um romance. Messura e Vaskevicius estavam ali também, o primeiro tentando convencer a deusa dormir e o segundo apenas acompanhando.
Então a deusa ergueu a cabeça, desviando pela primeira vez a atenção da leitura, se erguendo do trono.
–Atena...? - indagou receoso o Grande Mestre.
E então, como uma bruma suave, um cosmo poderoso invadiu o recinto. E a voz de um rapaz surgiu junto.
–Atena... Atena... Você me escuta?
A adolescente sorriu, nostálgica.
–Faz tempo que não me procura, Theodore. O último século em que podemos conversar assim foi logo após ter selado Belona...
–Sua capacidade de manter esse bom humor me irrita... - respondeu Theodore.
–Aquele rapaz que morreu tragicamente foi a última vida comum que escolheu? Aliás, meus sentimentos, por de novo...
–Atena! - o outro cortou. - Preciso de ajuda... Não poderei manter a barreira do jeito que estou.
Todos se calaram, até Messura se intrometer:
–Quem você é? Como ousa interromper o sono de Atena?
–Messura de Áries? Faz tempo, está uma ameixa como seu pupilo?
O patriarca se espantou. Ele o conhecia? Atena parecia conhecê-lo bem e notou Vaskevicius ficar tenso.
–Espectros estão aqui e atacando a barreira que ergui para proteger eles... - disse Theodore. - Eu realmente imploro ajuda, Atena.
Atena sorriu triste... Quantas fugas até ele entender?
–Concentre-se na barreira, Theodore de Lírio, irei ao seu resgate...
O misterioso cosmo desapareceu deixando os 3 ali sozinhos.
–Como Hades...?
–Não há tempo, Messura... Indagações depois... Convoque os cavaleiros de ouro. - e se voltando para Grou ordenou - Vaskevicius, aos pés de minha estátua existe uma alavanca... Quero que me ajude...
–O que é, senhorita? - indagou o cavaleiro de prata aposentado.
–Algo que venho guardando há séculos para um velho amigo.

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A tensão de Theodore foi percebida de alguma forma por Ian. Agora, o caçula, mas não menos grande que o ex-cavaleiro descia as escadas. Ian tinha olhos castanhos puxados para o vermelho, diferente da irmã que puxava para o mel. Os cabelos pretos eram lisos, bem alinhados. Vestia-se de forma displicente, rebelde, apesar dos cabelos certinhos. Anusca parou de cantar ao perceber o irmão ali. Passara tanto tempo cantando que demorou a notar o brilho sinistro das armaduras dos homens.
–O que eles são? - indagou Anusca.
Ian se dirigiu para a lareira, onde tinha uma velha arma. Devia ter alguma pólvora ali ainda, mas ao tocar no metal frio da arma de longo cano, Theodore interviu:
–Isso não vai funcionar. Apenas fique quieto.
–Theodore, sentado é que eles invadem!
–Está vendo eles andando até nós?
Foi quando o rapaz notou que aquelas estranhas figuras pareciam dançar, não conseguindo atravessar a partir de um ponto. Olhou Theo, que parecia tenso, mas notou concentração.
–Você...?
Theo sorriu.
–E a cavalaria está vindo ajudar. Lá fora não é seguro... - suspirou. - A música de vocês me acalma. Podem cantar e tocar?
Ian pegou o violino que estava guardado em seu case na mesa e arrumou para tocar. As primeiras notas saíram e logo Anusca começou o dueto com o instrumento. Theodore sentia a melodia lhe invadir e sentir calma e paz para se concentrar. A barreira se reforçou a ponto de repelir espectros fracos e lançá-los longe. Mas isso enfureceu ainda mais os inimigos e os mesmos passaram atacar com violência e em intervalos menores. Sentia a barreira enfraquecer quando os irmãos pararam as músicas. Os barulhos de gritos, gemidos de surpresa e dor, assim com explosões. O ex-cavaleiro de Lírio abriu os olhos e sorriu, aliviado. A luz dourada emanada de um grupo arrancava a vida dos guerreiros de trevas um a um. O nível deles permitiu o extermínio em cerca de 10 minutos ou até menos. Quando os barulhos cessaram, Theo falou:
–Fiquem aqui.
Ao notar que o amigo ia sair, Anusca o parou.
–E se forem mais inimigos?!
–Esses que chegaram são amigos. - ele a abraçou com ternura. - E eles sou capaz de expulsar, se preciso.
Ele notou que Ian o encarava com certo desgosto. Sentiu que ele tinha desconfianças.
O deus se desvencilhou e tirou a chave do pescoço, abrindo a porta e trancando-a de novo. O sorriso gentil se desfez, dando espaço a uma expressão carrancuda. Encarou os novos dourados, reconhecendo alguns deles de outras eras, e ao fundo, uma adolescente acompanhada por um idoso em ricos trajes e outro coberto com um manto dos pés a cabeça.
–Esteve escondendo eles... Você sabe que não se pode fugir... - disse a adolescente, a jovem deusa em tom maternal. - Admiro sua determinação.
–Atena...
A voz rasgada deixou os dourados em alerta.
–Não vai levá-los! Sabe que matar eles não seria trabalho!
O patriarca tirou o elmo, para que pudesse ver melhor o outro. Encarou as madeixas chocolates presas num curto rabo de cavalo, onduladas, mas não reconheceu.
–De onde me conhece? - indagou Messura.
–Olhe nos meus olhos... Não reconhece meu olhar, Áries?
O Grande Mestre fez o que lhe foi dito, ficou encarando por longos minutos os olhos azuis, de tom suave, como uma piscina convidativa e calma. Reconheceu e se assustou.
–Rosh...? O italiano... Aquele do bar?
Então coçou a cabeça, Rosh era um civil comum, porque tinha um cosmo poderoso, tão forte quanto Atena?
–Theodore, não irei forçar a entrada deles... O destino vai cruzar com eles de novo e se Vela e Carina quiserem entrar, não impedirei. - disse a deusa.
–Nessa hora você fica sem cabeça, Atena.
Um dos dourados, que logo o ex-cavaleiro reconheceu como Leão veio atacar. Theodore se desviou e contra atacou pelas costas, o fazendo desmaiar instantaneamente. Outro dourado ia atacar, mas Atena interviu.
Todos protestaram, mas ela disse:
–Ele não faria isso. Não levem em conta as palavras amargas de Theodore...
Ele a encarou.
–Não sou mais seu cavaleiro! Estou igual a você, deusa Atena, esqueceu? Matar você seria tão comum quanto ter sede.
–É verdade que tem o coração cheio de mágoas, mas ele é bom, puro e leal. - Atena caminhou até seu antigo protetor e tocou seu rosto. - Me preocupo com você, sempre estive orando que finalmente concluísse sua tarefa e seguisse seu caminho.
Theo a encarava ainda sem expressar emoção. Trancou seu coração, sua dor, silenciou tudo.
–Ainda te vejo como meu cavaleiro, Theodore... Ou que nome você usa?
–Theodore, novamente...
Não tinha como se contagiar com o cosmo gentil da deusa. Ela puxou da sua capa um pingente, preso a um cordão de prata. Ao olhar, viu um minúsculo retângulo, uma caixa de Pandora.
–Isso...?
–Eu restaurei naquele tempo... É a armadura de Lírio... Ela vai reagir ao seu cosmo e voltar ao tamanho normal e vesti-lo. Pedi que fosse feito assim ao cavaleiros de Áries daquela época...

Theodore ficou segurando o pingente, o olhando.

–Eu disse que não a queria mais.

–O problema é que tanto fugiu do seu destino para fazer eles fugirem que não entende... Ele virá perseguir você. O decreto das estrelas costuma ser implacável. - disse Atena, em seu tom maternal e gentil. - Você irá precisar disso para se defender e defender a Vela e Carina.

Atena prendeu o colar no pescoço do rapaz e voltou a falar.

–Theodore, diferente de Pégaso que selou seu cosmo nos punhos e se tornando a arma matadora de deuses... E de Belona, cuja a inveja o fez se distanciar do humanos... Você atingiu o nono sentido, mas não se tornou nem arma e nem deus completamente.

O rapaz ficou espantado. Como assim não se tornou deus por completo?

–O sinal mais óbvio é que seu sangue ainda é humano e não ikhor. Um humano que atinge o nono sentido preso a amarras humanas como você, se torna um deus humano, mas ainda um simples humano. E isso é mais perigoso que ser só um deus ou só um humano.

–É... falou a deusa que reencarna como humana... - gracejou o ex-cavaleiro.

–Eu nasci deusa... E mesmo vindo em corpo humano, tenho objetivos e missão definida. Por algo maior, por algo que engloba mais coisas. Belona decidiu guiar os humanos nas guerras, ainda que depois, o tempo a corrompera e por isso se tornou uma deusa com ikhor. - explicou Atena. - Mas você se prendeu a essas duas almas, manipula as coisas por apenas essas duas almas... Não encontrou um objetivo que englobe as coisas... E não despertou o último estágio do nono sentido.

Atena deu as costas e voltou para junto de seu grupo.

–O Santuário está de portas abertas para vocês, mesmo que os proteja para não voltarem a seus postos. Eu irei dar suporte para que realize seu desejo, Theodore, por que você ainda é meu cavaleiro, o lendário Lírio... Eu não aguento mais ver vocês três sofrerem.

A deusa sorriu e foi embora com seus cavaleiros. Tão logo sumiu os guerreiros e ficou só, Theodore socou o chão, ainda controlando o cosmo, mas abriu um bom buraco. Praguejou contra a deusa que salvara agora pouco a ele e seus protegidos.

Ser deus era ser idiota.


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Notas finais do capítulo

Agradecimentos a linda Sharon Apple, a mais linda aprendiz da casa de Áries do Santuba! Obrigada por ler minha fic, carneirinha s2



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