Versus Infernum escrita por Amanda Bricio, Leticia Parsons Jackson, Natan Medeiros, Snowflake Angel, MakeItEasy


Capítulo 8
Memórias de um lobo


Notas iniciais do capítulo

Nossos leitores, não desistimos da história, ok? O grupo estava realmente com dificuldade de achar um tempo para ajustarmos tudo aqui para os próximos capítulos, mas já temos os próximos capítulos quase prontos e veremos se conseguimos postar de 2 em 2 semanas para vocês.
Além disso, não sabemos se vocês que acompanham tem recebido as notificações dos capítulos postados ou se tem algum problema com o nyah, pois não recebemos nenhum retorno dos últimos dois capítulos (nenhuma visualização computada), tentarei ver isso direito. Bem, agradeço a atenção de vocês. Obrigada e boa leitura!



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Após a fuga de San Ricardo, houve poucas conversas entre os quatro viajantes. Eles se limitavam a falar apenas o necessário: pequenas explicações para o lobisomem, a decisão de para onde iriam e como deveriam ser mais discretos em suas viagens.

Além disso, Laican e Lilith decidiram entre si que viajariam por apenas mais dois dias naquelas companhias duvidosas e relativamente perigosas para eles. Nesse tempo, tanto o lobisomem quanto o anjo rebelde deveriam convencê-los de que seriam confiáveis. Do contrário, os demônios acabariam com eles, um de cada vez.

Em meio à viagem para o deserto, Brown conduzia os cavalos infernais. Ele deixou seus pensamentos e suas memórias dominarem a mente. Relembrou o dia em que conseguiu escapar da bruxa, quando tinha apenas 12 anos. “Porque estou remexendo tudo isso agora? Tenho que me controlar.”. Ele guardou o ódio que tanto o consumia e permitiu que o tempo na estrada tornasse a lembrança cada vez mais detalhada, apenas para tentar se lembrar dela. Afinal, naquele dia também teve a visão mais encantadora de sua vida. A lembrança daquela doce dama também fez o desejo de reencontrá-la aflorar de novo em sua mente.

ANO DCLXVI – (14 anos antes)

Vendo-se em meio ao desespero, amarrado em uma cadeira e totalmente ferido e machucado, Brown estava mais uma vez servindo como cobaia para aquela bruxa. Ela era uma mulher esbelta com a pele morena, olhos verdes e cabelos longos e escuros, aparentando ter uns 30 anos. No entanto, sua beleza já não enganava o menino que conhecia bem a maldade guardada no interior. Ele a tinha visto matando seus pais sem misericórdia nem hesitação, o que foi uma cena horripilante e que ele odiava relembrar. Sentia seu coração apertar de saudade e saber que nunca mais os veria o deixava sem vontade de viver.

O garoto percebeu que algo estava diferente naquele dia. Havia preparações demais em volta do lugar e a luz da lua iluminava o ambiente. Contudo, nada parecia ameaçador ao rapaz: “Hoje não será tão ruim. Quem sabe ela até me mate logo.”. Brown pôde ver ela chegando com uma grande agulha nas mãos e a expressão… Aquela expressão. Seu corpo resetou, sentiu como se fosse vomitar. Era só uma agulha dessa vez, mas a mulher parecia em êxtase. Ela se aproximou e sua voz saiu baixa:
— Finalmente. Hoje há de funcionar. Você verá, meu querido. Depois de todos esses anos finalmente poderei libertar você desse corpo frágil. — ela perfurou o braço dele com a agulha —  Você será o primeiro da minha legião. Sim, será invencível! E sob meu controle.

Brown  mal discerniu as últimas palavras da bruxa, pois o líquido queimava demais em suas veias e sua mente tentava escapar daquilo. Seu corpo inteiro doía cada vez mais. Ele nunca tinha experimentado algo parecido, sentia como se seus músculos fossem rasgar a pele. Foi só então que reparou que havia se libertado. Seus braços estavam apoiados no chão, tremendo, sua respiração estava pesada e a cabeça caída. A bruxa aproximou a mão devagar, iniciando um encantamento sobre o menino. No mesmo instante, ele começou a sentir sua visão ficar turva e seu corpo fraco novamente.

A mulher já se preparava para aprisioná-lo de uma vez quando o rapaz usou do restante de força que tinha para sair em disparada. Sabia que tinha que escapar daquele lugar o mais rápido possível. Poderia ser sua única chance! Então apenas se concentrou em correr. Para onde? Nao importava. Desde que para longe daquele pesadelo. Chegou a tropeçar em algo, mas seus braços agiram num instinto mais rápido do que o próprio pensamento, impulsionando o corpo para frente. Olhou para trás e foi tomado por desespero. Estava sendo seguido por ela! A mulher gritava que ele desistisse da fuga, dizendo que não o deixaria escapar. Ela havia esperado muito tempo por uma criança que sobrevivesse àquela mistura, mesmo depois de todas as fases anteriores da experiência.

Naquele momento, por entre as nuvens, um ser alado acabara de encontrar seu alvo. Sua companheira, uma águia com que compartilhava uma conexão mental, voava há cerca de três quilômetros e lhe mandou imagens da perseguição que acontecia por lá. No mesmo instante ela identificou a mulher: justamente quem estava procurando. A anja mudou o curso de seu voo, mas Théa continuava incomodando sua mente e, ao chegar ao local, ela percebeu o porquê: “Timóteo", ela sussurrou ao se lembrar do antigo protegido. Sentiu uma pontada vindo da companheira a acordou das memórias

— Desculpe. — ela disse à águia — Sei que não é ele, mas é tão parecido. — a voz dela soou fraca — Vamos acabar esse tormento. — e as duas desceram em direção a perseguição.

Brown estava se sentindo cada vez mais fraco. Ele sabia que não era só o cansaço, sabia que era o efeito daquele líquido o derrubando. Seu corpo todo suava e sua mente estava perdendo a noção do espaço. Foi perdendo velocidade aos poucos até ter que se apoiar nas árvores para prosseguir. “Não! Não posso parar aqui!” Ele sabia que aquela mulher o alcançaria desse jeito, mas seu corpo não aguentou e ele caiu no chão, sem forças. “Não... consigo...mais... Deus... por favor… Alguém”A visão dele oscilava, enquanto o menino tentava se manter consciente. Sentiu uma profunda tristeza ao notar que seria pego novamente. Já podia ver a bruxa se aproximando, pronta para levá-lo de volta.

A esperança já havia se esvaído, quando uma rápida luz surgiu diante dele. Sua visão estava borrada, mas ele conseguiu vê-la. Uma mulher estava parada entre ele e a bruxa, com uma aura branca emanando ao redor dela. Era a coisa mais bonita que ele já vira em sua vida. Seus cabelos eram escuros e o belo rosto se virou para ele por um instante. O olhar dela fora tão calmo e protetor que todo o peso de sua alma transbordou em lágrimas. Brown não discerniu o que era tudo aquilo: “Acho que estou morrendo… Que bom...Uma anja veio me buscar... Obrigada...”. Ele suspirou e então desmaiou.

*****

— Um anjo! — a bruxa disse horrorizada — Impossível! Esse humano não tem anjo da guarda!

A anja não resistiu e abriu um sorriso:

— Tem razão, ele não tem. A minha missão é você.

Com as espadas nas mãos, a criatura angelical passou ao lado da adversária, aplicando um golpe rápido e fatal. O corpo logo caiu no chão e a anja se demorou a virar novamente, pois quando o fez, seu olhar parou no pequeno menino. la fez o possível para curar seus ferimentos e notou o local onde o soro havia sido injetado. Então soube que não havia mais jeito. Sua águia estava em um galho próximo e lembrou- a de suas ordens: matar a bruxa, matar os infectados. Foi outra pontada no coração da anja

Ele é tão parecido com Timóteo... Não vou matá-lo — disse para a águia, se decidindo — Não posso fazer isso... Ele é uma vítima, assim como você foi.

O animal respondeu com apenas uma palavra ressonada em sua mente: "Misericórdia". A anja entendeu: era melhor matá-lo do que deixar que ele vivesse como um monstro. Mas quando o encarou de novo, não conseguiu, ele era tão parecido... Então se levantou e estendeu o braço, para que Thea se empoleira se nele:

— Apenas vamos embora... — Ela apanhou o corpo da bruxa e o colocou sobre suas asas, indo embora sem olhar para trás.

Alguns momentos depois, Brown acordou sozinho e no mesmo lugar onde desmaiara. Ele se surpreendeu ao ver que não tinha morrido. Não notou vestígios nem da bruxa nem da tal mulher que o salvara. Ficou triste por não saber o nome de sua “anja da guarda” e prometeu a si mesmo que um dia iria reencontrá-la e agradecê-la. Devia sua vida a ela e prometeu que não morreria até reencontrá-la, aquele menino daria sua vida por ela se precisasse, assim como caçaria aquela bruxa maldita até o fim do mundo.

Ele não sabia que sua sequestradora e assassina de seus pais morrera, então guardou seu ódio e quando fez 15 anos começou sua caçada atrás da bruxa e da mulher misteriosa. Sobrevivia com pequenos trabalhos, principalmente braçais, pelas vilas que passava e estava sempre perguntando por elas aonde quer que fosse. Há catorze anos procurava, sempre com esperança de agradecer a uma e de se vingar da outra.


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Notas finais do capítulo

Curiosidade: Anjos VS Demônios
Sobre essa questão dos anjos e demônios não poderem se matar vou dar uma passadinha básica.
A essência de um anjo ou um demônio não pode desaparecer totalmente, deixar de existir, apenas sua matéria pode ser destruída. Com o tempo (muuito tempo) essa essência demoníaca ou angelical pode voltar a ganhar forças, através dos próprios humanos - os influenciando e ganhando sua fé ou os influenciando se apoderando de suas forças e existência-, e quem sabe conseguir um corpo físico novamente.
Mas sua essência não pode ser destruída totalmente, apenas aprisionada.



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