Versus Infernum escrita por Amanda Bricio, Leticia Parsons Jackson, Natan Medeiros, Snowflake Angel, MakeItEasy


Capítulo 13
Um pecado particular


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores o/
Eu não sei se tem alguém que ainda lê, mas espero que sim e que vocês gostem.
Mais uma vez me desculpe pela demora, parece que vai sei por mês os capítulos. Eu sei que é meio chato porquê demora e tals, mas essa história vem de um rpg e nem sempre podemos jogar.
Tenham uma boa leitura!



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Ainda naquela pequena cidade, Spark estava distraído olhando o vilarejo quando sentiu um clima diferente: do nada todo o lugar tinha sido toda coberto por uma geada que aos poucos ia diminuindo. “Onde eu já vi isso acontecer antes?”, o anjo tentou se lembrar e, pressentindo algo, decidiu retornar ao local onde estavam Lilith e Laican. Contudo, antes de chegar ao bar ele parou em uma rua vazia e observou bem ao redor, apenas deixando que seus pés continuassem dando passos lentos pelo local.

A cidade estava totalmente coberta por uma camada de neve e, naquele lugar onde o anjo parara, podia-se notar uma fonte com águas congeladas e alguns animais abrigados próximos à igreja e às casas. Pelo que Spark havia visto na cidade, alguns humanos estavam assustados com o caos que havia se instalado antes, mas a maioria já o havia esquecido e estava agora encantada demais com a neve para pensar em problemas — efeito de um encanto que viera junto do alto poder celestial que se instalou em Muriel alguns instantes antes. Além disso, o chão estava escorregadio e o local estava com um ar frio, mas que pouco a pouco voltava à normalidade: quente e seco.

Foi então que o anjo notou: “ Lilith, Laican! Eles estão... Congelados?”. Spark analisou a situação e tentou decifrar quem poderia ter feito aquilo com os dois, “Deve ter sido alguém muito poderoso para fazer com que dois demônios fiquem neste estado.” Então ele se recostou próximo à fonte e esperou, já que não tinha poderes que envolvessem fogo não poderia fazer muito coisa fora isso, mas sabia que o clima iria ajudar.

Sem muita demora, o pequeno local onde Laican estava congelado explodiu e o príncipe infernal saiu andando e resmungando, já voltando ao seu disfarce:

— Aquela Maldita... Aproveitou o resto de sua energia e me congelou, ela vai pagar!— em seguida olhou para Spark e disse, ainda um pouco mal humorado — Você perdeu a festa!

Naquele momento, o bloco de gelo onde estava Lilith também se desfez, explodindo em várias gotículas de água e pedaços congelados. Ela saiu urrando de raiva e, voltando a sua forma humana, foi em direção ao "companheiro de batalha" e lhe meteu um soco que o fez cambalear para trás.

— Seu mestiço insolente!!! Porque se meteu na minha batalha, seu desgraçado?! — os cabelos dela balançavam, ainda quentes. Seu ódio era quase visível.

— Opa, calma ai ruivinha. O que aconteceu aqui? Laican falou de uma festa, porque eu não fui convidado? — Spark tentava acalmar as coisas. Estava realmente interessado em saber o que aconteceu, mas com Lilith estressada seria difícil.

O meio-demônio se ajeitou, olhou para a guardiã e respondeu:

— Você devia agradecer, existe um rio aqui embaixo e ela poderia tê-la mandado de volta para o inferno, ou pior, ter lhe congelado e depois lhe destruído!

Lilith normalmente iria se estressar muito com esse mestiço, ela não ia deixá-lo ficar com essa “frasezinha” de desculpa, mas decidiu se acalmar um pouco. Eles precisavam sair de lá logo:

— Desculpe se você é cego e não viu o incêndio que eu tinha como fonte de poder se espalhando pela cidade. — disse ela ainda com raiva. Em seguida virou as costas para Laican e se dirigiu ao anjo rebelde — Eaê Spark, como foi o passeio distraído pela cidade que estava um caos? — continuou num tom sarcástico e ainda um pouco irritado.

— Foi muito bom, até a hora que foi interrompido. Obrigado por perguntar, mas agora me fale logo o que aconteceu aqui. De quem você levou uma surra? — Spark não conseguiu se controlar; sabia que Lilith era fogo puro e aquilo, com um certo risco, ia fazê-la falar logo.

A mulher estava a um segundo de se estressar novamente, parecia que o anjo também queria brigar por ali mesmo para provocá-la, quando Laican respirou fundo e interrompeu:

— Para de provocar ela, você não sabe como ela é cabeça quente... Bom, Lilith estava lutando contra Muriel, uma anja que provavelmente você deve conhecer, e aquela maldita pediu ajuda divina e usou seu poder máximo para nos congelar e conseguir fugir. — ele falava sem muito bom humor, mas lembrou-se de algo — Mas, Lilith... O que aconteceu com o lobisomem, ele fugiu com a anja?

A demônio estava se preocupando em voltar totalmente ao disfarce, ocultar aquela aura, mas ao ouvir menção ao lobisomem ela sorriu e se controlou:

— O lobisomem? Apenas digamos que não vamos ter que lidar com aquele traidor. Ele morreu sem levar uma surra bem dada, mas... Quem sabe outro alguém leve por ele hoje. — ela direcionou um olhar cortante para o anjo durante essa última frase, porém logo depois ficou séria e disse sem expressar emoção — Spark, temos que conversar, sem brincadeira, brigas bobas ou provocações.

O rebelde percebeu a seriedade na voz e nas feições de Lilith e decidiu parar de provocá-la.

— Está certo, sobre o que quer conversar?

Laican já até sabia sobre o que a demônio iria falar, ele percebeu que algumas pessoas estavam se aproximando do local e olhou pros dois, falando:

— É melhor a gente ir para outro lugar, vamos até a carruagem e conversamos a estrada.

Ambos assentiram e os três seguiram por um dos caminhos: algumas partes da cidade estavam meio destroçadas, mas com a neve cobrindo tudo nem se notava muito, exceto pelas três casas que desabaram por consequência do incêndio. Passaram por uma marca queimada no chão, reconhecível para eles como um diabrete. A criatura provavelmente fora morta no chão pela águia.

Chegando lá cada um assumiu seu lugar no transporte infernal: Laican, em sua forma humana, a conduziria para fora da cidade; enquanto o anjo rebelde e a demônio conversariam em seu interior. Lilith se ajeitou e, assim que o anjo se sentou em sua frente, ela encarou bem seu olhar e começou um tom ainda impassível:

— Spark, você sabe muito bem que se continuar conosco por mais um dia sequer vai virar um anjo caído para seus companheiros. Como você reage a isso? Vai prosseguir conosco, ou dar meia volta e ir com Muriel?

— Eu acho que eu já sou bem mais que um anjo caído pra eles. Não faria sentido voltar se eu escolhi sair por contra própria. — ele respondeu de forma objetiva.

A demônio sorriu do mesmo jeito que sorrira quando os dois finalizaram sua batalha a alguns dia atrás e o clima mais tenso se foi, dando lugar a algo melhor e a uma conversa mais amigável.

— Eu realmente estou feliz com sua decisão de cair e gostaria muito que se juntasse a nós. O que acha rebelde?

— Mas eu já estou junto a vocês nisso, não? — Spark falou finalmente rindo, o clima tenso realmente havia ido embora. — Agora, pra onde estamos indo mesmo?

Lilith se entusiasmou e lhe deu um voto de confiança, esperava que ele retribuísse ou então se tornaria um grande problema.

— Estamos seguindo para oeste, cruzaremos um deserto onde esperamos encontrar alguma coisa e depois de passarmos por mais algumas cidades chegaremos ao litoral. — ela respondeu de forma sucinta.

Spark apenas assentiu, com a mente distante.

— Ahh... Mais uma coisa... — Lilith continuou enquanto mudava para o banco onde o anjo estava, sentando-se perto dele — Um anjo caído quase sempre tem seu próprio pecado principal, assim como os demônios, e eu acho que logo logo você descobrirá o seu. — Então ela se aproximou e sussurrou em seu ouvido — E já senti que o seu não é o Orgulho, Sr. Caído.

Do lado de fora da carruagem, Laican deduziu que o anjo permaneceria com eles ao notar o clima amigável que parecia ter se instalado. Então decidiu parar em um campo aberto e espaçoso da densa floresta pela qual passavam e desceu da carruagem, pedindo pra que Lilith e Spark fizessem o mesmo. O anjo ainda pensava no que Lilith lhe dissera sobre seu pecado e desceu calado acompanhado pela demônio, que desconfiava do que o mestiço iria fazer. “Não acredito que ele realmente parou no meio da viagem para algo tão dispensável, estava tão agradável”, ela pensava quando Laican se aproximou e indagou:

— Vamos mostrar o nosso poder pra ele?

“O que será que esses seres infernais tem para me mostrar agora?”, se perguntou o anjo enquanto observava com mais atenção

— Droga Laican... Já entrei no meu modo pecado hoje, não tenho culpa se vocês dois perderam. Vai você aí, depois brinco contigo. — disse Lilith meio sem vontade, mas aceitando.

O meio-demônio deu um sorriso sarcástico e se afastou deles: iria demonstrar e explicar um pouco do que os demônios chamavam de ‘modo pecado’. Tirou seu disfarce humano e olhou pra Lilith antes de começar a falar:

— Sabe Spark, a maioria dos demônios e anjos caídos utilizam o pecado como uma grande fonte de poder. Eu, por exemplo, uso a Ira; já Lilith o orgulho. Se você souber controlar o seu pecado, poderá aprender a servir-se dele também. Observe.

Laican tomou distância e se concentrou, fazendo com que várias memórias viessem lhe atormentar os pensamentos. Aos poucos o ódio foi dominando-o e várias chamas surgiram à sua volta, juntamente com uma aura vermelha. O ventou havia cessado e o meio-demônio sentia seu poder aumentado, assim como a sua raiva, que ia lhe dando mais força e velocidade. A imagem de seu meio-irmão lhe veio à mente e seu olhar tornou-se extremamente ameaçador, ele podia sentir a esfera da Ira ressoando em meio às suas vestes, pulsando no ritmo das batidas do seu coração. Então levantou voo de uma vez, criou uma grande bola de fogo e atirou-a para longe causando, ao invés do incêndio que deveria, uma surpreendente explosão que ressoou por toda a floresta.

Lilith se aproximou do anjo enquanto Laican estava no ar e zombou em um tom baixo e brincalhão:

— Ô cara exibido hein, e também nem pra mostrar um poder bom mesmo.

Em seguida o príncipe pousou devagar, recuperando o autocontrole e aos poucos domando sua Ira para voltar ao seu disfarce. Logo percebeu a guardiã caminhando em sua direção.

— Então, o que você acha? — perguntou Laican.

— É... Dá por gasto. — Spark queria testar se o poder aumentava se alguém o deixasse realmente com raiva.

— Sinceramente, pra que tudo isso, guri? — brincou a demônio com o queixo levemente levantado e uma sobrancelha arqueada.

Spark riu do que Lilith dissera, e continuou:

— Mas e você Lilith, vai me mostrar o que tem ou seu poder é no mesmo nível que o dele? Não vou acreditar que quase perdi pra alguém tão fraco.

Então Laican se aproximou do anjo e o avisou:

— É melhor se afastar, ela é um pouco exagerada... A proposito, aquilo só foi uma pequena parte do meu poder e outra curiosidade é que quanto mais atiçado for o pecado, mais poder ele nos trará. Ou seja: quanta mais raiva eu sinto, mais forte eu fico.

Lilith havia se virado para o recém-caído e se aproximava dele com os olhos em chamas e um sorriso provocador enquanto libertava-se de seu disfarce. Com o rosto já bem próximo do dele falou em um tom baixo:

— "Alguém tão fraco" você diz?

Então se afastou, esticou suas asas e deixou que a sua aura roxa aparecesse de uma vez. Sua asas, antes vermelhas, ganharam novamente aquele misto com roxo, assim como seu chifres e suas tatuagens. Além disso, as suas garras se tornaram mais cortantes, junto com as pontas das asas e dos chifres e seu corpo pareceu mais imponente como um todo. A simples aura a deixava um pouco maior e intimidante, bem como mais rápida e forte.

Ela não bateu em nada nem levantou no voo. Apenas invocou sua cobra-da-morte negra, que foi aparecendo em seus ombros e em seu braço estendido para ela. Estava com a cabeça levemente inclinada e o queixo levemente levantado para os dois, deixando claro seu ar orgulhoso. Então arqueou uma das sobrancelha e falou de modo firme e provocador:

— Não vou ficar criando fogo nem invocando nada, terão que fazer valer a pena que eu o faça.

— E então Laican, vamos fazê-la "se revelar"? — Spark se aproximou de Lilith, olhou dentro de seus olhos em chamas por um tempo. Depois chegou perto de sua orelha e disse suavemente — Acho que já sei qual é o meu "pecado particular". — E abriu um sorriso sedutor.


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Notas finais do capítulo

Pequena curiosidade para vocês:

Cada pecado tem uma cor para representá-lo. Essas cores já se expressaram na história através das esferas e do 'modo pecado', como por exemplo: o verde da gula; o vermelho da Ira; e o roxo do orgulho. Além disso, no inferno cada reino representa um pecado, tendo assim um rei demônio equivalente, como: Mammon da ganância, Azazel da ira e Lucifer do orgulho.

Para saber mais só lendo mesmo. Até a próxima!



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