Versus Infernum escrita por Amanda Bricio, Leticia Parsons Jackson, Natan Medeiros, Snowflake Angel, MakeItEasy


Capítulo 12
Entre o fogo e o gelo


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos leitores! Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/455564/chapter/12

A batalha entre a anja e a demônio estava para começar com tudo, ambas desejavam acabar uma com a outra com todas as suas forças, afinal, elas eram arqui-inimigas há eras e seria quase impossível separá-las se as duas se encontrassem durante uma guerra.

Por um instante os poucos humanos que passavam por lá acharam que o que iria acontecer fosse uma apresentação surpresa do teatro local. Porém, ao ouvirem o som agonizante do lobisomem todos tremeram e, ao notarem o gradual sumiço do homem e a presença de um ser demoníaco, o pânico tomou os passantes que fugiram do local sem hesitarem.

Assim que viu Lilith, Théa começou a descer em espiral seguindo em direção à provável batalha. Com o laço mental entre ela e Muriel, foi fácil para a águia perceber os passos a seguir. Naquele momento a anja se desvencilhou da cobra que a enrolava e atirou-a em direção a sua parceira. A águia pegou Lust com suas garras e as duas teriam sua própria batalha.

Agora Muriel precisava se concentrar naquele ser odiável. “Ela fizera de novo!” pensou. Uma dor profunda queimava o peito de Muriel. Ela gritou e deixou suas asas voltarem a aparecer.

— Você vai pagar por isso Lilith — disse ela com uma voz que era quase um sussurro, repleta de fúria — Vou arrancar sua maldita essência e pendurá-la acima do meu quartel.

Dizendo isso, a guerreira puxou suas espadas de gelo que brilharam fortemente com os últimos raios de sol que ainda alcançavam-nas. Muriel esperava por uma oportunidade como aquela há séculos, pois fazia décadas desde seu último encontro com aquela demônio e não pretendia falhar dessa vez.

Lilith se lançou para o ar com as asas estendidas, ganhando um certo espaço de sua adversária. Seus cabelos tinham se soltado e balançavam, emanando uma energia tenebrosa, assim como seus olhos demonstravam o orgulho que sentira ao matar aquele traidor e ferir Muriel novamente. A demônio havia equipado os seus longos katars de duas lâminas desta vez, pois a batalha seria muito séria.

— Ahh... Me desculpe, acabei atrapalhando o clima entre vocês não foi? — a demônio tinha um sorriso provocador enquanto dizia essas palavras — Mas como você é fraca Muriel... Algumas semelhanças físicas e já vai se apaixonando novamente, sua anja boba.

Lilith estava extremamente orgulhosa por aquilo que conseguira despertar na anja e agora retirava energia de seu próprio pecado capital. Havia entrado em seu “modo orgulho” e sua aura transformara-se em um misto de vermelho com roxo; seus chifres, suas asas e sua calda também ganharam essa coloração e suas tatuagens transformaram-se totalmente da cor escarlate para o roxo de seu pecado. A guardiã infernal se sentia muito bem naquele estado, entretanto sabia que não poderia vacilar. Retirar energia de seu pecado a tornava muito mais forte e rápida, porém ela instintivamente se entregava ao orgulho, o que poderia fazê-la subestimar o adversário ou se distrair e deixar brechas em sua defesa caso não tomasse cuidado.

Entretanto, Muriel sabia do poder daquele ser e também tinha certeza que ela não estava sozinha, Brown lhe dissera que havia mais dois. Lembrar-se dele produziu outra pontada em seu peito, foi como perder Timóteo novamente, mas afastou esses pensamentos: estava na hora de destruir demônios e os céus sabiam que ela havia se tornado uma das melhores nisso. A guerreira, então, não revidou as provocações, pois sabia que era exatamente isso que a adversária queria e não daria esse prazer a ela. Ao invés disso, silenciosamente tomou impulso em direção ao ar e partiu para um ataque direto, lançando as espadas em espiral na direção da cabeça de Lilith.

A demônio defendeu-se com os dois katars e desviou as espadas, o caminho estava livre até a anja que já estava próxima, então rapidamente abriu os braços e criou uma grande bola de fogo que iria até Muriel. A adversária, entretanto, sentiu a energia antes de ver o ataque mágico e enrolou suas asas em torno do corpo para mudar de direção e girar pra longe. “Foi por pouco” pensou Muriel. O fogo havia passado a centímetros dela e acabou atingindo o telhado de uma construção próxima, a cobertura de palha se acendeu instantaneamente. “Ótimo, tudo que eu precisava era de vítimas humanas pra complicar tudo”, a anja praguejou mentalmente e, usando seus sentidos, tentou localizar água. Ela tinha que ser rápida, afinal estava num meio de uma batalha.

Sabendo disso, Théa lhe lançou uma imagem bagunçada de uma fonte que localizava-se do outro lado do vilarejo. Era sua única chance, porém a anja não conseguiria trazer a água até a casa em chamas durante a batalha, teria que ir até lá. Porém Lilith havia visto que a adversária desviara de seu ataque e estava voando em direção a ela. A demônio logo notou que Muriel estava preocupada com os humanos e achou graça, estava indo com um katar apontando para o pescoço da anja e o outro para uma das asas.

Com o canto do olho, Muriel percebeu que a guardiã se aproximava e armou uma defesa, uma ideia lhe ocorrendo. A anja usou cada uma de suas espadas pra bloquear um ataque de Lilith e o katar que estava direcionado ao seu pescoço deslizou pela lâmina de uma das espadas até atingir o cabo. As duas ficaram com os rostos a centímetros de distância e Muriel se permitiu um pequeno sorriso, então flexionou as pernas e usou toda a sua força para empurrar a rival por cima de sua cabeça, suas asas incapacitando as dela.

Lilth voou de uma forma descoordenada e caiu no meio dos escombros da casa que ela mesma atingira, àquela altura o lugar parecia uma fogueira. A anja sabia que não teria muito tempo e partiu em disparada pelos céus até o outro lado do vilarejo, em alguns segundos sua inimiga viria atrás dela e Muriel precisava chegar até a fonte. O incêndio tinha chamado à atenção de quase toda a cidade e muitas pessoas se amontoaram tentando apagar o fogo.

— Vejo que você não mudou muita coisa, Muriel — Lilith falou para si mesma, enquanto se levantava devagar e se direcionava para fora daquele lugar totalmente em chamas. Sua voz em um tom grave e maligno.

A demônio não tinha pressa para sair daquele lugar, tudo a estava fazendo bem. Sentiu-se totalmente cheia de energia, seus cabelos dançavam selvagemente com as chamas e suas feridas se curaram. Suas asas, chifres e tatuagens perderam a coloração mista com roxa que ganhavam durante o modo orgulho e aquela aura também se foi. Ela havia voltado ao estado normal e guardara seus katars. Então se encaminhou para fora do fogaréu e sentiu que sua cobra voltara ao inferno, sabia que Lust havia cumprido sua tarefa.

Os humanos que haviam se aglomerado em volta do incêndio se assustaram ao ver aquela figura demoníaca saindo intacta do incêndio e quase todos fugiram em desespero, ficando apenas alguns com o que, para eles, seriam algumas armas e um jovem que paralisara de medo com um balde de água na mão. A guardiã infernal apenas sorriu, achando graça daqueles humanos tolos e insignificantes, e se impulsionou ao céu, quebrando o chão apenas por diversão. Então no momento em que subiu, localizou seu alvo e se apressou em segui-lo, enquanto um pensamento lhe surgiu: "Essa anja está buscando água, maldição.".

A anja pôde sentir quando Lilith saiu das chamas, sabia que o fogo só ia fazer bem à adversária, ela esperava por isso na verdade. Em sua mente imagens da fonte surgiram, em seguida ela viu a si mesma voando e sendo seguida por uma forma um pouco flamejante a algumas dezenas de metros atrás. Ver a si mesma pelos olhos de Théa sempre fora algo estranho, logo ela piscou e enxergou com seus próprios olhos a mesma fonte. "Théa, distraia Lilith de alguma maneira, o ar seco dessa cidade não está ajudando e precisarei de algum tempo", ela pediu à águia. Mal terminou as palavras e a anja ouviu o guincho de sua águia ao mesmo tempo que um borrão passava sobre sua cabeça: agora a fonte estava a um bater de asas de distância. Então a guerreira mergulhou na água no instante em que sua companheira lhe enviava uma imagem do que, para Muriel, era um pedaço do inferno.

Logo Lilith percebeu aquela águia vindo em sua direção. "Ahh é? Mandando a passarinha para me fazer perder tempo. Vou dar algo para entretê-la novamente", a demônio pensou com um sorriso. Então estendeu os braços juntos para frente e se circulou com camadas de fogo enquanto voava em espiral com as asas encolhidas. Assim ela pôde passar pela águia e, quando conseguiu um pouco de distância, se virou para Théa abrindo as asas e criando alguns diabretes de fogo para que ela se divertisse. Enquanto isso Lilith voltara sua concentração para sua verdadeira inimiga.

Tocar a água revigorou a energia de Muriel instantaneamente. Não pôde deixar de sorrir, agora iria se divertir. Sacando novamente as espadas, controlou a água da fonte de maneira que a contornasse com ondas em forma de dentes e as congelou. Deixou a água correr por sua armadura e usou seus poderes para que virassem granizo. Podia sentir um rio subterrâneo que alimentava a fonte, "Não terei mais problemas", concluiu. Ao longe viu que Lilith se aproximava, mas agora era Muriel quem estava em vantagem. "Brincar com gelo também pode ser perigoso", pensou a anja. Então Muriel criou um tornado de água que a circundou e, quando a Guardiã chegou perto o suficiente, Muriel o controlou em direção da casa em chamas, a trajetória acertaria Lilith em cheio.

Entretanto a demônio parou quando viu o tornado e se esticou absorvendo energia, teria que impedi-lo ali, então deixou que um dragão se formasse em volta dela. Ele protegeu-a do ataque de Muriel evaporando parte da água e, no momento em que o animal de fogo adentrou no tornado, Lilith se esforçou para explodi-lo e fazer com que o ataque de sua inimiga se desfizesse em apenas gotas de água que cairiam espalhadas pela cidade. Ela não podia deixar que aquela água apagasse ou enfraquecesse o incêndio que estava se formando, era uma fonte de poder preciosa que a demônio utilizaria. Em seguida, acelerou o voo em direção a Muriel, invocando seu bidente e apontando-o para o pescoço dela.

*****

Enquanto a batalha entre Muriel e Lilith ocorria, Laican, que ainda estava a procurar Spark, percebeu a grande confusão que se alastrava pela cidade e imaginou que a demônio estaria envolvida naquilo. Então se apressou até o local onde se concentrava o caos e viu que sua parceira batalhava contra uma anja guerreira. Então acreditando que a anja estivesse acompanhada. concluiu que Lilith não teria chance sozinha e prontamente revelou seu modo demoníaco, voando para intervir na luta entre as duas. Ele subiu tão rapidamente que as duas, concentradas em acabar uma com a outra, não o notaram vir de baixo. Com isso, o mestiço pôde avançar contra Muriel, chutando-a para longe, e bloquear o ataque de Lilith, que ficou meio confusa ao vê-lo no meio de sua batalha.

"O Príncipe!", se Muriel não fosse uma anja teria dito palavras nada lisonjeiras com relação àquele ser. Imediatamente tentou contatar Théa, mas a águia ainda lutava contra um diabrete que Lilith invocara. "Estou sem ajuda nenhuma, pois só Deus sabe onde está aquele meio-anjo inútil neste momento", a guerreira pensava"Eu não queria usar meu espírito, mas não tenho alternativa: deixarei a vingança pra depois. É hora de continuar com minha missão, afinal não posso decepcionar Miguel.", ela recordou, "Se você estiver vendo isso mestre, é bom me ajudar agora, afinal foi você que me meteu nisso". Muriel respirou fundo e convocou outro tornado duas vezes maior que o primeiro, criando uma barreira de água entre ela e seus inimigos. Procurou esvaziar a mente de tudo que a cercava e sentiu o espírito se revolvendo em seu interior. Quem olhasse para ela veria um ser celestial com asas brancas estendidas e olhos completamente brancos, era algo encantadoramente assustador. Então uma nevasca cobriu aquele vilarejo de clima seco, fazendo os humanos acharem que um milagre estava acontecendo.

Com um grito, a barreira de água se espalhou e engolfou os demônios, impedindo-os que completassem seus ataques e colocando-os em duas bolas de água gigante que logo tocaram o chão sem estourar. A anja inclinou a cabeça observando-os com os olhos brancos, um poder divino se apoderara dela. Ela bateu com suas espadas no chão e toda a água em estado líquido congelou. Em seguida, um baque permitiu que Muriel voltasse ao seu estado normal e o que ela viu a assustou e a orgulhou: a fonte estava congelada e próximo a ela havia duas bolas de gelo enormes com duas formas indistintas nelas, além disso uma fina camada branca cobria todo o vilarejo. Agora ela tinha que ir: o clima era quente e aqueles dois eram fortes pra se soltar, apesar de achar que isso ia demorar; sem demora contatou Théa e marcou um local de encontro. Já ia subir aos céus, mas não resistiu: se aproximou da bola aonde estava Lilith, descongelou uma das espadas e talhou no gelo: "Escapou dessa vez esquentadinha, espero que tenha servido pra esfriar a cabeça". Quase gargalhou, mas se controlou e alçou voo. Acabara sua diversão, era hora de achar Daphne e salvar o mundo. Nada de novo nisso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado dessa batalha, foi muito divertido fazê-la.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Versus Infernum" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.