Finalmente chegou o último dia em que eu trabalharia com algo que não gostava. Último dia com planilhas, pagamentos, contratos e coisas chatas desse tipo, a partir de segunda feira Elena Gilbert, advogada criminal, estaria de volta ao mercado.

Eu não podia me sentir melhor, para minha alegria meu apartamento ficaria pronto hoje. Como Matt queria a todo custo fazer surpresa para mim e Mariah quanto a localização ele que organizou o lugar todo sozinho e amanhã pela manhã levaria nossas malas. Quando chegássemos a tarde, já estaria tudo pronto, como se morássemos lá a vida toda.

Para aumentar minha alegria, nenhuma duvida quanto ao rumo do meu casamento me passou pela cabeça. Agradeço isso ao fato de Damon ter recebido folga hoje. Como seu time ganhou o caso no último minuto, Klaus deu a todos uma sexta feira livre. Damon havia me ligado mais cedo para contar as novidade e chamar para um jantar, mas fui sincera e disse que estava de mudança e esse final de semana seria impossível de sair com ele. Sempre compreensivo, Damon entendeu sem mais perguntas, desejou boa mudança e me fez prometer que conheceria esse novo apartamento. Prometi, porém com os dedos cruzados.

Após o almoço recebi uma ligação da minha secretaria, Zoe.

– Senhorita Gilbert?

– Sim, Zoe.

– A senhorita Caroline Salvatore está aqui para vê-la. – a irmã de Damon? Estranhei.

– Pode deixa-la entrar, obrigada.

Em poucos instantes a loira que eu já conhecia bem apareceu.

– Boa tarde, Carol. Que surpresa agradável. – cumprimentei-a.

– Como vai, Elena? – perguntou.

– Bem. Sente-se. – sentamos ambas no sofá – A que devo sua visita?

– Lena, serei sincera e objetiva.

– Por favor. – sorri.

– Desde quando te conheci, eu sempre soube que você era uma mulher descente, de coração bom... Uma mulher perfeita para meu irmão. – admitiu - Ele nunca foi de se apaixonar, porém desde o Caribe se fascinou por você, então imagino que se for para ele amar alguém, que seja você, certo?

– Acho que... sim. – não estava certa quanto ao rumo que essa conversa tomaria.

– Porém Elena, já não tenho certeza de mais nada. Continuo achando que você é a mulher certa para meu irmão, mas como você pretende ficar com ele sendo casada?

Aquela pergunta me pegou em cheio.

Eu sabia que hora ou outra alguém descobriria ou até mesmo eu contaria, mas eu não imaginava que seria Caroline. Permaneci em silêncio, me sentindo culpada. Carol percebeu e pegou minha mão, cobrindo com a sua.

– Elena, eu não imagino os motivos para você estar traindo seu marido, nem estou aqui para te julgar. Quem sou eu para isso? – suspirou – Mas você sabe que isso não está certo, não é? – assenti – Até algumas horas atrás eu não sabia muito bem como conversaria isso com você, admito que tive um momento de raiva por não achar que meu irmão merece algo assim. Mas refleti melhor e sinceramente? Quem não merece é seu marido. – nesse ponto as lágrimas já pesavam em meus olhos, ameaçando cair – O Damon... O Damon merece saber a verdade, mas ele não está sendo prejudicado. O prejudicado da história é seu marido. Se quer meu conselho eu iria até seu marido e diria que não rola mais. Não precisa admitir o caso, isso só o machucaria desnecessariamente, mas você não pode continuar enganando o pobre coitado.

– Eu sei, Carol, mas é mais complicado que isso. – choraminguei.

– Elena, me desculpe, mas não é. Não adianta vir com ladainha de que o ama, de que não vive sem ele e tal. Se uma coisa aprendi com a vida é que se estamos em dúvida, escolha a segunda opção. Se a primeira fosse boa de verdade, você nem cogitaria a segunda. Isso é meu mantra e vale pra tudo, desde quando fico em duvida de que prato pedir em um restaurante até quesito relacionamentos. E é exatamente o seu caso, por algum motivo seu marido foi descartado pelo seu sub consciente, que preferiu meu irmão. Se você amasse seu marido tanto assim, não teria ficado com Damon em primeiro lugar.

Por um lado Carol, e toda sua loucura de mantra, tinha razão. Eu apenas não conseguia admitir que não amava mais Matt. Eu já havia me acostumado tanto a sua presença que só de me imaginar sem ele já não parece correto.

– Carol, eu agradeço o conselho e talvez eu o siga. – sorri – Estou atolada esse final de semana porque estou de mudança, mas assim que possível eu abro o jogo com Damon, e em seguida decido o que fazer com Matt.

– Fico feliz de ter ajudado, Lena. – se levantou para ir embora – Sei que deve ser assustador abandonar um casamento para arriscar um novo relacionamento, mas... Você é feliz com meu irmão, eu vejo em seu olhar. Você fica leve e despreocupada com ele, e isso é o amor. Se seu casamento já se tornou um fardo, ao meu ver, não vale mais a pena.

– Obrigada pela sinceridade Caroline, tenha certeza que vou refletir e levar tudo em consideração. - enxuguei meu rosto - Ah! E obrigada por me dar a chance de contar pessoalmente ao Damon... Não gostaria que ele descobrisse por outros.

– De nada, Elena. Até mais!

– Até.

Me recuperei do baque inicial e comecei a refletir. Sabia o que era o correto a fazer, me faltava apenas a coragem.

*

– Pronto, Lena. Você está na frente do seu novo prédio. Não espie ainda, eu só vou buscar o ursão de pelúcia da Mariah que ficou no carro e já volto. – assenti – Filha, fica ai vigiando a mamãe, não deixa ela espiar.

Eu estava vendada, enxergava algumas frestas de luz, mas não sabia onde estávamos. Mariah segurava forte minha mão e se bem a conheço não iria desgrudar os olhos de mim, obedecendo ao pai.

– É um prédio bonito, filha? – arrisquei perguntar.

– Mãe! – minha pequena me repreendeu – Papai falou que é surpresa! – me lembrou.

– É verdade, desculpe.

Aguardamos mais alguns instantes e então ouvi uma voz conhecida me chamando.

– Lena?!

Entrei em choque e retirei a venda rapidamente para confirmar minhas suspeitas. Essa não!