Klaus Mikaelson

Mais um dia de trabalho. Admito amar a sensação de ter uma grande companhia em meu nome, porém as vezes ser o único proprietário me rende muitas dores de cabeça, hoje era um desses dias. Eu tinha um time no tribunal, nesse exato momento, tentando se recompor. Ontem foi o primeiro dia de julgamento de um grande caso de pedofilia. Geralmente dizemos que casos assim são fáceis de ganhar, entramos em ação apenas para garantir que exista prisão perpétua, punição que achamos justa para abusadores, e para que a vítima e sua família recebam os benefícios, como indenização e tratamento psicológico constante, por conta do abusador ou do Estado.

Infelizmente ontem, no primeiro dia desse grande caso que estava gerando polêmica por todo país, o advogado do réu surgiu com uma evidência que não esperávamos: um laudo médico aprovando que o réu era mentalmente incapacitado, o que livraria o cara de qualquer culpa. Seria caso perdido caso nós não desconfiássemos da veracidade da informação. Passei a noite em claro junto com a equipe pesquisando o tal médico que assinou o laudo, finalmente conseguimos achar algo que o desbancaria: o cara foi excluído do conselho de medicina há dois anos, estava atuando com licença falsa.

Já mais aliviado vim trabalhar, não costumava participar dos julgamentos, muito menos dos casos, apenas quando ocorriam imprevistos. Assim que sentei em minha sala recebi a visita de minha secretaria.

– Senhor, ligação do marido da senhorita Gilbert na linha 3.

– Marido, Vivian? – perguntei, Elena não poderia ser casada.

– Sim, o senhor não sabia que ela era casada? - perguntou como se fosse uma informação óbvia.

– Não... Vou atender, obrigado.

Resolvi atender a ligação, não acreditaria até o momento que ouvisse da boca do tal “marido”.

– Klaus Mikaelson, bom dia.

– Bom dia senhor Mikaelson, aqui quem fala é Matt Donovan, o marido da Elena Gilbert. – essa não.

– S-sim, em que posso ajudá-lo? - gaguejei de nervoso.

– Nós estamos de mudança e a Elena vai ter um compromisso hoje durante a tarde relacionado a isso e não poderá comparecer. – foi breve.

– Tudo bem, senhor Donovan. Avise a Elena que ela poderá compensar as horas durante a semana. – resolvi ser profissional e lidar com o pessoal depois.

– Obrigado, senhor Mikaelson. Tenha um bom dia.

– Igualmente.

Desliguei o telefone em completo estado de choque.Antes de Damon se mudar para Miami eu havia o visto apenas uma vez, numa festa de aniversário de Caroline, porém desde que ele veio e começou a trabalhar para mim nós desenvolvemos uma amizade bacana, afinal seriamos família em breve, caso Carol aceitasse meu pedido de casamento.

De tal maneira eu não me sentia bem, Damon havia me contado tudo sobre seu relacionamento com Elena e como ele finalmente achava ter encontrado a mulher certa para ele, mesmo sendo tão recente. Caroline também disse maravilhas, descrevendo uma Elena engraçada, simpática e carinhosa. Como a conheço apenas no ambiente profissional não tive o prazer de conhecer esse seu lado, porém de qualquer maneira nunca imaginaria que Elena fosse capaz de ter um amante. Eu ainda tinha esperanças de que esse tal “marido” fosse apenas um namoradinho metido a besta, então fui consultar a ficha de Elena, porém lá estava a confirmação que eu não queria ter. Elena Gilbert Donovan, estado civil: casada. Eu não conseguia mais me concentrar em nada, apenas pensando que precisaria contar para Carol, ela sim saberia o que fazer com a informação.

Liguei para minha namorada.

– Klaus, tudo bem por ai? – perguntou preocupada.

– Tudo sim, minha querida. Desculpe te ligar essa hora no meio do seu expediente.

– Tranquilo, eu trabalho numa revista de moda, não num escritório cheio de regrinhas igual o seu. – debochou – Diga.

– Gostaria de te encontrar hoje, podemos almoçar?

– Hoje Klaus? – reclamou – Poderia ter me avisado há três horas quando eu ainda estava na sua casa, agora já fui chamada para um almoço onde vou entrevistar uma pessoa – Caroline nunca me dava detalhes de seu trabalho, sabia que eu não entenderia nada, então nem se dava ao trabalho de explicar – e agora não posso desmarcar.

– Que tal jantar? – sugeri.

– Alô, Terra para Klaus. Amanhã é a última quarta feira do mês, fechamento da revista, esqueceu? – sim, mas não admitiria – Preciso redigir a entrevista durante a noite para que entre nessa edição! – explicou.

– Tem razão querida, nos vemos amanhã a noite então! Bom dia.

– Bom trabalho, amor. Eu te amo.

– Eu também.

Finalizei a ligação. Infelizmente eu teria que segurar a informação até a noite seguinte. Sorte eu não ser linguarudo.

*

– Carol, eu precisava conversar algo com você. – anunciei após nosso jantar em meu apartamento.

– Parece sério. – percebeu.

– E é! Mas não se preocupe, não afeta a nós diretamente.

Minha loirinha respirou aliviada.

– Diga logo então, estou morrendo de curiosidade. - comentou tamborilando os dedos.

– Primeiramente preciso que você não tome nenhuma decisão por impulso. Meça bem as vantagens e desvantagens dos seus próximos atos. – Carol concordou. Tomei fôlego e continuei – Ontem eu estava no escritório e recebi uma ligação.

– Sim... – me encorajou a continuar.

– Na linha estava Matt Donovan... marido da Elena.

Por alguns instantes Caroline permaneceu intacta, provavelmente processando a informação, se bem a conheço. Porém sua reação foi mais calma do que eu esperava.

– Amor, deve haver algum engano... Elena não pode ser casada, ela namora meu irmão.

– Sim, meu anjo, eu também achava isso, mas chequei sua ficha e a informação é verdadeira.

– Ah, meu Deus. Que vadia! – resmungou – Coitado do meu irmão... O que você acha que devemos fazer? Contar?

– Não sei, Carol, por isso vim te avisar primeiro. Não soube lidar bem com a informação, você sabe que essas últimas semanas meu afeto por Damon cresceu muito, não me imagino lhe jogando uma bomba dessas.

– E sobra pra mim... - concluiu - Tudo bem. Vamos pensar... – refletiu um instante – Se eu fosse casada e você meu amante, como você gostaria de descobrir?

– Eu sou a favor da honestidade – respondi rapidamente -, então eu preferiria descobrir por você. – fui franco.

– Concordo... – analisou.

– Que tal descansarmos e amanhã você pensa no que fazer? Damon está em julgamento até amanhã, acho melhor não atrapalha-lo antes do desfecho.

– Bem pensado, Klaus. Como sempre pensa em tudo.

Carol veio até mim, esquecendo por um instante os problemas, e me beijou apaixonadamente.