Hermione cortava os ingredientes para a poção, assim como os outros alunos. O único barulho era das facas batendo contra as tábuas de corte e dos caldeirões fervendo. Snape passava pela sala observando cada líquido disposto na frente dos alunos. Estava mais quieto que o normal e Hermione desconfiava que era por causa da falta que Dumbledore fazia.

Ela desconfiava tanto dele quanto Harry e Rony e era fato que ele já fora Comensal da Morte, seguidor de Você-Sabe-Quem, mas também sabia que ele e Dumbledore tinham uma relação íntima.

Já faziam duas semanas desde que o professor se fora, e Hermione não teve Fred para consolá-la, pois ele havia partido na semana anterior. Eles se falavam por cartas, mas não era a mesma coisa, Hermione sentia falta das carícias, dos beijos, dos abraços... Tudo que ela mais amava lhe foi tirado pela Umbridge, Fred, a Armada de Dumbledore, o próprio Dumbledore...

Ela suspirou, parando por um minuto o que estava fazendo. O professor passou ao seu lado nesse exato momento, tomou ar para puni-la, mas pareceu perceber no que ela estava pensando e, pela primeira vez na vida, relevou e não tirou pontos da Grifinória.

[...]

Fred andou pela loja, observando cada mercadoria em sua devida prateleira. A chave da porta girava nos dedos longos. Já era hora de abrir a loja, algumas pessoas esperavam do lado de fora pela abertura, mas Fred estava distraido de mais pensando numa certa morena em Hogwarts.

[Flashback on]

A coruja negra que ele conhecia bem como sendo uma das tantas que viviam em Hogwarts batia com a patinha insistentemente na janela de vidro do quarto dos gêmeos. Jorge estava no banheiro do quarto, escovando os dentes e Fred estava deitado na cama, amaldiçoando a coruja mentalmente.

Ele se levantou, ainda meio zonzo por causa do sono, e foi abrir a janela. A coruja voou até pousar em uma escrivaninha ao lado do armário. Ela tinha um envelope amarelado no bico que ofereceu ao ruivo.

Ele pegou a carta, dando um biscoito que estava por perto para a coruja, que saiu voando, satisfeita, de volta à Hogwarts.

Fred pegou-a e viu seu nome escrito na caligrafia caprichada de Hermione, do lado de fora do envelope. Abriu-o e tirou a carta dali de dentro e leu-a.

Querido Fred,

Sinto muito a sua falta, aliás, todos nós sentimos. Sem você e Jorge aqui, os dias, as aulas... Está um saco! Sem falar que estamos sem Dumbledore, a Umbridge não para de fazer umas regras estúpidas.

Você perguntou sobre a Armada na última carta, estamos ótimos. Cada vez aprendemos mais feitiços, até Neville está incrível nos duelos. A Gina também está muito boa, ela falou que vai matar vocês quando entrarmos de férias.

O Rony também parece estar lidando bem com a falta de vocês dois, ele está sendo um bom amigo desde que vocês foram embora.

Como está a loja? Vocês estão vendendo bem? Me mande as novidades. E diga a Jorge que eu mandei um beijo.

Com amor, Hermione

P.S.: Eu te amo!

Fred terminou de ler a carta com um sorriso bobo no rosto. Hermione já havia falado e escrito diversas vezes que o amava, mas toda vez era única para ele.

Levou o papel até o rosto e cheirou. O perfume dela estava impregnado ali. Na semana anterior ele havia falado que sentia falta do seu perfume, desde então ela sempre borrifava um pouco nas cartas. Afastou um pouco a carta e seus olhos pousaram no paragrafo sobre Rony, seu sorriso sumindo aos poucos.

Está sendo um bom amigo... Bufou. Sabia bem que tipo de amigo ele queria ser. Suas mãos se fecharam em punho e seu rosto se distorceu em uma careta de raiva.

Jogou a carta longe, cego de raiva. O que seu irmão idiota estava fazendo com a SUA Hermione? Ela era dele, a namorada dele, Fred Weasley, e não Rony Weasley.

Pegou uma lata que estava sobre a escrivaninha com lápis e canetas e jogou-a contra a parede, fazendo um estrondo e quebrando vários dos lápis.

Jorge saiu correndo do banheiro, ainda com a escova de dentes na boca, achando que Fred tinha caído ou algo parecido, mas o que encontrou foi o irmão olhando para os lápis e as canetas caídas no chão, com olhar assassino.

– Fred - Jorge chamou - O que aconteceu?

– Nada, Jorge - Fred respondeu tentando se acalmar, em vão - Eu vou tomar um banho - e entrou correndo no banheiro

[Flashback off]

Aquilo acontecera na manhã do dia anterior e Fred ainda não havia respondido a carta. Sabia que Hermione ficaria preocupada, mas se ele respondesse seria grosso e tudo pioraria. Seu sangue ferveu ao se lembrar de Rony, mas ele se controlou para não fazer nenhuma besteira.

Foi até a porta e abriu-a deixando o sol entrar. Observou o Beco Diagonal que estava cheio de bruxos indo e vindo, na porta da loja, algumas crianças que esperavam na porta, entraram correndo assim que a mesma abriu.

Fred se desligou de seus pensamentos assim que os clientes entraram, podia estar com raiva se Rony e ciúme de Hermione, mas ele amava o que fazia naquela loja.

[...]

Hermione estava sentada na biblioteca lendo o livro que tanto amava, Hogwarts, Uma História. Ouviu umas risadinhas vindas da porta. Olhou e viu Pansy com algumas sonserinas, exibindo o emblema da Brigada Inquisitorial para todos que quisessem ou não vê-lo. Pelo menos ela ainda não nos proibiu de virmos para a Biblioteca, pensou.

Estava se sentindo muito triste naquele dia. A essa altura a resposta de Fred já deveria ter chegado, mas nenhuma coruja lhe entregou nada durante o café da manhã.

Hermione se repreendeu mentalmente de novo por ter falado sobre Rony na última carta, sem dúvidas Fred ficara com ciúme, ela também ficaria se fosse ao contrario, Fred falando sobre Angelina.

Mas de qualquer forma, ele não podia fazer isso com ela, deixá-la assim sem noticias. Ela estava preocupada, mas mais importante estava com raiva. Com raiva por Fred sequer pensar que ela o estava traindo. Quem ele pensa que é? Ele não tinha o direito de fazer isso.

E ele vai pagar caro, pensou Hermione, ah, se vai.