Encenando o Amor escrita por Uzumaki Jiraya, wtfhonda


Capítulo 2
Reviravolta


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, aki é o Jiraya.
Não sei a Carol-neesan (na verdade eu sei), mas eu fiquei muito triste pq não tivemos comentários. Quem aê quer deixa dois autores legais bem felizes???? Eu ouvi um monte de "eu" por aí heim... heheh
Bem, não tenho mais nada pra falar, então Ja Ne.



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–Aposto que essa sua cara tem algo a ver com a morte do Akihito. –Comentou Makoto ao notar a expressão abatida do filho.

–Tem razão. Nunca pensei que isso poderia acontecer. Eu já tinha planejado todo o final. Eles se casariam e uniriam as terras do leste e do norte, não sei por que escrevi aquele final.

–Sabe de uma coisa filho, eu acho que isso é um sinal.

–C-Como assim? –Indagou Akira confuso com a declaração da mãe.

–Filho, você sempre disse que a felicidade dos seus personagens é a sua felicidade. Talvez o destino te fez escrever um final trágico na sua história para que você possa ter um final feliz.

–Isso não tem a menor lógica mãe.

–Entenda filho, eu já não sei o que fazer pra te ver feliz. Sei que pra você não existe coisa melhor que escrever suas histórias, mas logo isso não será suficiente. Logo você precisará de uma vida só sua, separada da vida de seus personagens. E uma tragédia na sua história pode te mostrar isso.

–Sabe mãe, eu vou deixar essa história de lado. Vou começar outra e desta vez terá um final feliz!

–M-Mas você se orgulhava tanto dela, não pode deixá-la de lado.

–Enquanto o Akihito estiver morto, eu não quero mais saber dessa história.

–Tem certeza disso, filho...

–Sim, absoluta! –Akira respondeu sério.

O garoto deu um beijo na mãe e saiu para a escola. Como queria ter o prazer que encontrar com Violet no caminho, mas talvez isso o deixasse desconfortável. Sentia como se ela fosse a lua e ele um simples humano desprovido de asas. Akira sofria com isso, mas esqueceu que o homem alcançou a lua. Não com suas próprias asas, é verdade, mas a vontade de fazê-lo levou o homem a desenvolver métodos que o permitissem voar.

Caminhou solitário todo o trajeto. Podia dizer à mãe que não precisava de amigos, mas o fato é que Akihito não era um bom locutor, apesar de que a imaginação de Akira o fez falar. Queria ter um amigo para contar que estava arrasado pela morte de seu herói. Queria um amigo para contar que foi ousado o suficiente para conversar com Violet, mesmo que sem querer. Queria um amigo que arrancasse aquela folha que continha o fim de seu mais promissor trabalho, mas não tinha... Era sozinho. “Queria” talvez não fosse a palavra certa, mas o fato é que Akira era solitário. A morte de Akihito só o deixou mais sozinho ainda. Agora a única forma de interagir com outro ser, era sua mãe. Não gostava muito te ter certas conversas com sua progenitora-apesar de serem bem íntimos- mas agora era a única opção.

Mesmo andando vagarosamente, chegou à escola. E para o bem ou para o mal, não esbarrou em Violet.

–Ryouji-san, que bom que chegou. Queria perguntar se está perto de terminar seu conto. –Perguntou Hioku-sensei ao ver seu aluno entrar.

–Bem, eu já terminei... –Disse sussurrando.

–Como? Já terminou? Mas em uma noite, como isso é possível?

–O Akihito, morreu... –Disse distante, fitando o horizonte até onde a extensa janela permitia.

–Rhaan... –Um suspiro surpreso foi ouvido. Akira não prestou muita atenção, mesmo que o som tenha vindo da pessoa menos improvável: Sua deusa.

–O-O que disse?

–O Akihito, eu o matei! –Disse sério, desta vez fitando o professor.

–P-Porque?

–Não sei, quando terminei de escrever, ele estava morto!

–Do que o anormal tá falando? Até parece que um parente dele morreu. –Akira ouviu o comentário vindo de um dos seus “colegas”. Decidiu não revidar, apesar de que todos os seus personagens eram como da família.

–Ryouji-san, porque simplesmente não apaga o que escreveu e escreve um final feliz?

–Eu tentei rasgar a folha e começar de novo, mas não consegui. –Disse sussurrando, mas infelizmente a sala ouviu.

–Qual é anormal, vai dizer que não tem força nem pra rasgar uma folha de papel? –O mesmo colega de antes se pronunciou. Estava sentado no fundo da sala, apesar de isso não ser um pretexto para importunar o jovem Ryouji.

Agora Akira estava decidido, iria quebrar a cara daquele infeliz. Podia não ter um corpo atlético, mas poderia dizer que o corpo estava muito bem para a idade.

Virou lentamente o rosto e fitou o outro com o canto do olho.

–Se falar mais alguma merda.... eu quebro a tua cara. –Sussurrou alto o suficiente para que seu colega ouvisse.

Todos na sala ficaram espantados com a reação de Akira. O rapaz sempre fez o estilo calmo e concentrado. Mesmo recebendo provocações a todo instante, mantinha-se focado e nunca revidava. Mas algo tinha mudado em Akira, desta vez ele revidou, e foi assustador. A seriedade nas palavras de Akira podia ser sentida por todos na sala.

–Como se fosse homem o suficiente! –O arrogante despertou do transe causado pela repentina mudança de Akira.

–Você... tá morto... –Sussurrou e logo depois saiu correndo em direção ao outro.

O insolente não teve reação, jamais imaginaria que o anormal teria coragem o suficiente para agredi-lo, mas estava mortalmente enganado. Não tinha somente coragem, como também força.

Akira chegou rápido em frente ao outro e o socou no queixo, o derrubando da carteira. O agredido não chegou a desmaiar, mas estava visivelmente atordoado.

–RYOUJI-SAN!

O professor resolveu tomar o controle da situação. O que acabara de acontecer era muito grave, com certeza Akira seria punido.

–G-Gomenasai, Hioku-sensei. Perdi a cabeça...

–Não é a mim que precisa pedir desculpas. E sinto muito, mas será notificado.

–Hai, eu entendo, sensei...

Hioku preparou o bilhete que Akira deveria mostrar ao diretor e direcionou ao garoto.

Enquanto Akira se dirigia ao professor, a turma toda o olhava atônita. Jamais imaginariam o anormal agir daquela forma. Sempre era alvo de piadas, mas nunca fazia nada para evitar. Parecia não ligar para as provocações.

O garoto percebeu uma mistura de olhares direcionada a ele. Alguns o olhavam com medo, outros com pena, outros até mesmo com admiração. Mas o que mais chocou Akira foi o olhar lançado pela única pessoa que ele aceitaria uma provocação naquela hora de amargura: Violet. Mas diferente do que ele imaginava, ela não olhava com pena, medo e muito menos desprezo, ela o olhava com admiração, compreensão. Sentia pelo olhar que ela sabia o que ele estava passando.

O tempo passava em câmera lenta enquanto Akira percorria o corredor formado pelas carteiras. Não parou de fitar Violet nem por um minuto durante seu trajeto, e sem saber por que, o olhar era recíproco.

Ao final da caminhada, que para Akira pareceu demorar anos, o professor entregou o bilhete para o jovem.

–Sinto muito Ryouji-san, mas provavelmente você será suspenso.

–Hai, estou ciente do que me espera. –Disse sério, deixando a impressão que não ligava. O que realmente era verdade.

Saiu da sala sob sussurros inaudíveis. Procurou se concentrar na desculpa que daria à mãe. Ele poderia não estar ligando para a possível suspensão, mas sabia que seria uma desilusão para sua mãe, e não queria, em hipótese alguma, fazer a única pessoa que o entendia sofre.

Com um pouco de cainhada os sussurros já não eram mais ouvidos. Andou vagarosamente até a sala do seu diretor, bateu na porta e ouviu um entre. Entrou sério, concentrado. Passava um sentimento de estabilidade, contrastando com sua situação.

–Sim, o que veio fazer aqui?

–Fui mandado pelo Hioku-sensei... –Disse entregando o bilhete ao diretor.

O homem leu tudo rapidamente, não mostrando qualquer reação durando o processo. Realmente, para ser diretor de escola tem que ser muito perspicaz.

–Briga na sala de aula!?

–Hai. -Respondeu simplesmente.

–Posso saber o por quê?

–Prefiro não falar sobre isso, só me diga quanto tempo de suspensão eu vou pegar... –Disse fitando o diretor. Se não fosse um homem vivido, com certeza estaria intimidado com o olhar do rapaz.

–Quer dizer que já aceitou sua sentença?

–Hai. Não creio que tenha algo à dizer para mudar a situação à meu favor.

–Tem certeza? –O diretor perguntou com um sorrisinho.

–O-O que quer dizer? –Falou mostrando surpresa pela primeira vez naquela conversa.

Seja lá o que for, Akira não poderia recusar. Não só porque perderia aulas importantes, mas também porque não poderia dar esse desgosto à mãe, sua única amiga.

–Sente-se...

–Não, obrigado. Prefiro ficar de pé. –O garoto respondeu sério.

–Bem, Ryouji-san, sei que não quer pegar suspensão. O que fez foi realmente grave e eu poderia até mesmo lhe expulsar.

–Sem rodeios, Diretor.

–Tenha mais respeito com quem lhe tem nas mãos! –O homem sussurrou, deixando Akira temeroso.

–Hai, Gomenasai.

–Assim é melhor. Como eu ia dizendo, sua falta foi realmente grave. Logicamente você não poderá sair em pune dessa situação, mas eu posso lhe dar um castigo leve.

–E o que eu teria que fazer? –Indagou o garoto percebendo aonde o diretor queria chegar.

–Quero que se inscreva no concurso para escolher uma peça de teatro para ser encenada na escola.

–O-O quê?

Aquilo era realmente muito interessante. Akira com certeza se inscreveria, mesmo que não fosse “forçado”, mas não deixaria isso explícito ao diretor. Esperou o ensino médio inteiro por aquele momento.

–Como deve saber, todo ano a escola encena uma peça escrita por alunos do terceiro ano, mas muito poucos se inscrevem. Ano passado somente 3 dos mais de 500 cursantes do terceiro ano se escreveram. Não chegamos nem a fazer o concurso para escolher a peça que seria encenada. Juntamos os três que se inscreveram e eles criaram uma obra em conjunto.

–Então, quer que eu me inscreva para aumentar os números!?

–Basicamente, mas não é só isso.

–Isso é chantagem diretor.

–Eu sei, mas você não está em condições de argumentar.

O garoto ficou calado. Mesmo se pudesse revidar, não o faria.

–Continue, estou ouvindo.

–Além de se inscrever, você terá que fazer propaganda do concurso na escola inteira. Se conseguir pelo menos 10 inscritos, eu lhe dou um castigo bem leve, digamos, limpar o pátio da escola por uma semana...

–Eu consigo 6 participantes e limpo o pátio por 3 dias. –Disse já pensando em ter mais tempo para escrever sua obra.

–Feito!

O diretor passou os detalhes ao garoto.

Os dois apertaram as mãos. Embora Akira não estivesse externando sua animação, ele podia dizer que aquele estava sendo um de seus melhores dias. Mesmo com a morte de Akihito no dia anterior e a briga mais cedo, aquele sem sombra de dúvidas estava sendo um bom dia.

–Bem, como eu já vou me inscrever, só faltam cinco.

–Não banque o espertalhão, Ryuoji-san...

–Hai, hai...

–Boa sorte rapaz.

–Arigatou...

O garoto assentiu e saiu da sala do diretor. Estava extremamente feliz. Livrou-se de um castigo horrível, ganhou a oportunidade de sua vida e ainda iria sair da sala para fazer propaganda.

Caminhou, desta vez rapidamente, em direção à sala. Entrou e novamente olhares lhe cobriam, entre eles, os do brigão que estava praticamente escolhido em um canto. Deixou-os de lado e foi até o professor. Sussurrou algo em seu ouvido e se pôs de frente para a sala.

–Por favor, pessoal, podem prestar um pouco de atenção? –Ele disse concentrado.

Akira nunca teve problemas de oratória. Era bem sociável e extrovertido. Pra falar a verdade, ele próprio não sabia porque foi tachado de anormal, mas se quisesse mesmo deixar esse título de lado, provavelmente seria fácil.

A turma toda o olhou de imediato, nenhum barulho foi ouvido.

–Arigatou. –Disse mais calmo. –É o seguinte, o diretor me chantageou e está me obrigando a fazer propaganda da peça que a escola organizará.

A turma toda riu do comentário do garoto, até mesmo o sensei. Todos deduziram, corretamente, que o diretor havia feito um trato com Akira.

–Continuando. Ele me deixou encarregado da divulgação da peça deste ano. Vou passar em todas as salas perguntando quem irá participar, e essa é a primeira que eu passo. E então, alguém se habilita?

A sala não esboçou qualquer reação. Akira já havia desistido quando notou uma leve movimentação no lado direito da sala.

Ele não acreditava em quem tinha levantado a mão. Era ela! Sua deusa iria se inscrever.

–Sim. –Ele disse se esforçando ao máximo para não deixar sua admiração ser percebida.

–Eh... tem que ser esquisito para se inscrever ou os normais também podem?

Aquelas palavras de Violet cortaram o coração do garoto. Com certeza ele teria uma resposta à altura, mas não para ela. Ela o dominava, o desnorteava e o deixava desarmado.

–Claro, vai se inscrever? –Ele perguntou deixando o comentário maldoso de lado.

–N-Não... –Ela gaguejou surpresa.

Ninguém entendeu o que havia acontecido. Há pouco Akira derribou um colega com apenas um soco, agora, tratava gentilmente uma colega que acabara de caçoar dele. Óbvio que ele não partiria e socaria uma garota, mas a forma como as palavras dele saíram deixou muitos intrigados.

–Tem certeza?

–C-Claro... –Disse forçadamente. Era uma ótima oportunidade para mostrar seu trabalho, mas não podia fazer isso, não na frente de todos. Ainda mais depois de importunar o anormal.

–Tudo bem. Alguém quer realmente se inscrever?

Uma mão se levantou no meio da sala.

–Eu quero. –Falou uma garota de cabelos longos e negros, extremamente brilhantes.

–Valeu Sara, é uma pessoa a menos pra arranjar.

O garoto estava contente, conseguiu a primeira pessoa. Só mais 5 e já podia direcionar toda a sua atenção ao seu próprio trabalho.

–E-Então, Akira-kun, do que a peça irá tratar? –Indagou a garota sussurrando.

–Isso vai depender do manuscrito escolhido. Não tem um tema fixo, será o que o ganhador do concurso escreveu.

–Sei...

–Mais ninguém quer se inscrever?

Não obteve respostas positivas.

–Então tá. O prazo para se inscrever no concurso acaba em uma semana, até lá, ainda podem se inscrever. E Sara, daqui a uma semana, quando o prazo para se inscrever acabar, haverá uma reunião para discutirmos os detalhes.

–Hai.

–Sinto não poder ficar para a sua aula, Hioku-sensei, mas tenho trabalho a fazer...

–Sei... eu lhe conheço Ryouji-san, mas tudo bem. E a propósito, vai se inscrever, não vai?

–B-Bem... o diretor me obrigou a isso também, não tenho escolha...

–Entendo, não tem escolha. –O professor notou o brilho nos olhos do aluno. Que pra falar a verdade, era um dos melhores.

Akira saiu de sua sala e andou por toda a escola fazendo propaganda da peça. Conseguiu mais 4 inscritos, o que totalizou 5. Só mais um, só mais um e Akira estaria livre do castigo, bem, ainda tinha que limpar o pátio da escola, mas isso tomaria menos tempo.

O sinal já havia tocado, e quase todos os alunos já tinham saído da escola. Akira caminhou lentamente em direção à sua sala, aproveitando cada momento de paz que aquele silêncio proporcionava.

A caminhada do jovem terminou com um final digno da cena mais dramática da obra mais dramática do autor mais dramático. Ela estava lá, sozinha na sala com aqueles seus cabelos cor de ouro que brilhavam como o sol. Era incrível como eles refletiam com tanta intensidade a mínima luz que vinha das lâmpadas.

–A-Akira-san...

–D-Deu..s... Ah... V-Violet-san...

–Oi!?

–Ah, oi...!?

–E-Então, eu... queria perguntar... se ainda tem vaga pra se inscrever no concurso...

Akira esqueceu completamente do comportamento anterior da garota.

–C-Claro...

–Que bom... eu.. queria me inscrever...

Akira gelou. Era de mais pra ele. Estava sozinho com sua deusa em uma sala que, aos olhos de Akira, era irritantemente bem iluminada. A noite ainda clara que entrava pela janela dava um ar romântico sem igual ao ambiente.

–V-Você... quer?

–Hai. Mudei de ideia, ah... queria pedir desculpas pelo que eu disse...

–N-Não tem problemas, não sei por que, mas acho que não estava sendo sincera em suas palavras...

–C-Como assim?

–Sei lá, é que sempre que os outros me importunam, eu consigo sentir que estão meio que caçoando de mim, por isso eu não ligo, mas você, sempre que me fala coisas desagradáveis eu não consigo sentir que está mesmo falando comigo. Não sei explicar, é meio confuso.

Akira tinha uma explicação sim. Cada palavra que saia da boca de sua deusa era como cânticos de natal.

–D-Do que está falando? –A garota estava confusa.

–Não sei... mas... acho melhor deixar isso pra lá.

Akira caminhou lentamente em direção à Violet. Estava com algumas fichas na mão, pegou uma e entregou à garota, não antes de um mísero contato entre as mãos acontecer. Era possível ver os pelos dos braços do garoto ouriçados. Por um breve momento, por um mísero segundo, os olhos de ambos se encontraram.

–Ah...A-Arigatou... –Disse a loira interrompendo o momento.

–T-Tudo... bem. Acho que ouviu tudo o que eu disse pra Sara...

–S-Sim, eu ouvi.

Violet pôs sua mochila nas costas e já ia saindo, até ser interrompida por Akira.

–Espera. –Disse calmo.

–O-O que é? –Sussurrou.

–Ah... eu... eu queria saber se.... ah, sei lá... você poderia me falar mais sobre aquela sua história.

A garota gelou. Em poucos segundos que Akira pôs os olhos nas folhas, ele percebeu tudo. Talvez o fato de Violet ter se inscrito para o concurso também ajudou o jovem a deduzir o fato.

–E-Eh... eu não acho uma boa ideia.

–Mas por que não? –Realmente Akira estava interessado. Além de ter a oportunidade e o pretexto para conversar com sua deusa, como todo bom autor, precisava conhecer obras diferentes.

–S-Só não acho uma boa ideia.

–Que pena, o título me deixou curioso. Pelo título eu consegui perceber que se trata da história de uma garota, provavelmente de cabelos vermelhos. Talvez uma princesa, rainha ou algum tipo de líder. O termo “Crônicas” me dá a ideia de que toda a história tem seu enredo baseado nessa líder ruiva, e me arrisco a dizer que o clímax da trama se dá devido a algum dilema em que ela se encontra.

Violet, mesmo sem querer, deixou que seus olhos esbugalhassem e seu queixo baixasse. Era impossível! Como ele conseguiu deduzir tudo isso somente pelo título? Mesmo involuntariamente, a garota iria dar toda a sua atenção à Akira.

–Co-Como... sabe disso tudo!?

–Então eu acertei? Que legal, não sabia que era tão bom... –Disse nervoso e sorrindo minimamente.

–Como!?

–Sei lá, é que quando eu li, me veio à mente um monte dessas coisas sabe, acho que foi reflexo de autor rsrsrsrs.

–Nossa! Sua análise foi quase perfeita, só errou o fato de que a garota é uma princesa ou rainha... na verdade, ela é líder do clã.

–Mas eu disse que ela era algum tipo de líder, não disse?

Novamente a garota estava atônita.

–T-Tem razão... Incrível!

–Então, vai se inscrever no concurso com essa história?

–E-Essa?

–Sim...

–A-Acho que não... ainda não está terminada...

–Não tem problema. Dependendo de onde já está, você terá tempo pra terminar...

–M-Mesmo assim, eu vou não entrar com esta... vou escrever outra... –Disse saindo. Não podia negar, aquele garoto a tinha impressionado muito.

A loira já estava cruzando a porta quando parou e fitou a Akira.

–Ah, poderia manter segredo. Sobre minha inscrição e sobre minha história?

–Já até sei porque... não precisa se preocupar com isso, é só não dar ouvidos aos insultos...

–Mas você acabou de esbofetear um colega... –Ela disse sorrindo.

–Ah, aquilo. É por que... – O garoto calou ao lembrar da morte de Akihito.

–Sinto muito...

–Tudo bem, acho que era o destino dele...

–Akira, por favor, mantenha segredo sobre o que lhe pedi. –Ela disse séria, fitando Akira.

–H-Hai, mas...

–Akira, existem coisas sobre mim que não podem ser reveladas. –A loira saiu com o pensamento de ter falado de mais.

“Coisa? Do que será que ela tava falando? Tanto faz, eu conversei com ela e isso é o que importa...”

O garoto saiu com um enorme sorriso. Akira raramente sorria. Não que fosse um emo sem emoção, somente que não achava necessário mostrar qualquer sentimento para com os colegas. A única pessoa que fazia Akira mostrar seu verdadeiro eu, era sua mãe.

–Kaa-san, cheguei... –Comentou o garoto adentrando a casa.

–Tá certo filho.

–Não tá presa debaixo da geladeira de novo, tá?

–Para de brincadeira garoto.

Akira seguiu a voz da mãe e a encontrou lavando a roupa.

–Tenho uma surpresa. –Ele disse dando um beijo na bochecha da mãe.

–Sério? O que é?

–Peguei detenção. –Ele disse naturalmente, fazendo a mãe despejar meia caixa de sabão na máquina.

–O-O quê...!?

–Um cara falou de mais e eu soquei ele...

–RYOUJI AKIRA! COMO CONSEGUE DIZER TUDO ISSO DESSA FORMA?

–Calma mãe, deixa eu contar direito.

–É bom que tenha uma desculpa muito boa garoto... Ou eu confisco seus cadernos!

–C-Calma... não precisa tanto.

–Pois pode começar a contar essa história direitinho.

–Éh... quando eu cheguei na sala....

Akira contou todo o ocorrido.

–E-Então... você se inscreveu?

–Hai... bem, na verdade eu fui obrigado...

–FILHO, ESSA PODE SER A SUA CHANCE! –Gritou Makoto apertando o filho em um forte abraço.

–M-Mãe.... me sol...ta!

–G-Gomen, mas eu tô muito feliz filho. Ah... agora que eu lembrei que você pegou castigo...

–M-mas...

–Nada de mas! Você tem que ser punido!

–Mas mãe, eu já vou ter que limpar o pátio da escola por dois dias!

–Não eram três?

–Tá vendo...

–Deixa de manha garoto. Vai pro seu quarto se preparar para o jantar enquanto eu penso em um castigo pra você.

–Tá bem, mas vê se me dá uma colher de chá. Ainda falta uma pessoa pra encontrar, e ainda tenho o castigo que o diretor de passou. –Disse o rapaz desmotivado, subindo lentamente os degraus que levavam ao seu quarto.

Akira deitou em sua cama e fechou os olhos. Ainda era cedo, o jantar demoraria um pouco. Ficou pensando na conversa que teve com sua deusa. A cena que ela protagonizou, mesmo sem saber. Akira via seu cabelo como raios de luz do sol. Mesmo os raios sendo brancos, o lado romântico do garoto lhe permitia fazer a comparação.

“Nunca pensei que ela poderia se mais perfeita ainda. E pensar que ela gosta da mesma coisa que eu... nossa. Mas... se ela se inscreveu, quer dizer que seremos rivais. Eu não posso competir contra minha deusa... o que eu faço!?”

~~~~

“Kami, o que foi aquilo? Ele deduziu toda a minha história só pelo título. O que é aquele garoto? E-Espera... ele com certeza vai se inscrever no concurso, quer dizer que eu vou competir contra ele. Como eu posso vencer de alguém como ele!? E ainda tem a tal reunião. Se me virem por lá, eu tô ferrada.”

–É melhor deixar isso pra lá. Depois eu penso em uma maneira de me disfarçar pra reunião. Agora, é melhor me concentrar no meu roteiro pro concurso.

A loira fitou uma folha de papel em branco em cima de sua escrivaninha.

“Eram tempos difíceis para aqueles que um dia foram considerados os mais fortes. Mesmo sob a proteção do justo imperados Akira, o reino de Jade passava por sua pior crise. Os cofres vazios, as mesas sem alimento. O imperador sem muito o que fazer.”

–É... é um bom começo.

Violet parou para ler o que tinha escrito e sua atenção se voltou completamente para uma única palavra daquele começo de história: Akira.

–O-O que é isso? Eu coloquei o nome do imperador de Akira? Eu só devo é tá ficando louca, ou então estou tendo mais um dos meus ataques. Doença imbecil, olha o que me fez escrever!

A garota se apressou em apagar o que já tinha escrito. Mesmo podendo somente mudar o nome da sua personagem principal, apagou tudo e resolveu pensar em outra ideia.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.



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