Encenando o Amor escrita por Uzumaki Jiraya, wtfhonda


Capítulo 3
A alma que gritava dentro do corpo frio


Notas iniciais do capítulo

Olá o/
—Carol



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Mais um dia começava e Violet não se sentia pronta. Não se sentia pronta para fazer nada. Tudo por conta de sua maldita síndrome. Ser diferente havia se tornado apenas um detalhe em sua vida, que não deveria ser descoberto por ninguém. Usava uma personalidade falsa para conseguir ter o mínimo de convivência com o mundo lá fora. Todos os dias fingia um sorriso enquanto por dentro gritava por salvação. ”Agora não há mais saída, minha vida inteira vai ser assim, vou ter que me contentar com minhas histórias.” Pensava Violet. O único lugar onde Violet podia ser ela mesma sem se preocupar era sua casa. Ali ela confiava em todos, até mesmo em sua irmã. Não gostava muito de sua irmã, mas sabia que ela não seria capaz de contar seu segredo.

Caminhou até o banheiro e olhou-se pelo espelho. “Beleza superficial não é o bastante para ser feliz.” Pensava, ainda que não se achasse muito bonita. Queria ser como Carmesim. Carmesim era o modelo perfeito de pessoa para Violet, mas nunca conseguiria ser igual a ela. Ela era verdadeira, alguém que tinha uma personalidade verdadeira, não falsa como a de Violet. Por isso Violet entendia Akira. Seu personagem não é você, seu personagem às vezes pode ser o seu homônimo, e essa parte a jovem Atsuchi entendia perfeitamente.

Abriu a caixinha de jóias e tirou dali uma pequena faca. Fitou-a por alguns segundos e pegou a faca da caixa. Desabou em prantos ali mesmo. Começou a chorar e logo se achou fraca. Apertou mais forte o cabo da faca, cada vez mais determinada a descontar em si mesma a raiva por ser diferente. Soltou a faca de uma vez e olhou-se no espelho novamente.

–Sou um ser humano horrível. Eu nunca mereci nascer. Seria melhor se eu morresse?- Violet encarou a faca por mais alguns segundos e logo balançou a cabeça- Não tenho coragem para fazer isso... –Disse com um sorrisinho sarcástico.

Lavou seu rosto e passou um pouco de maquiagem para esconder a vermelhidão na face. Continuava horrível. Horrível por dentro.

Pegou sua mochila e desceu as escadas. Sua mãe lhe recebeu com um sorriso que não foi devolvido. Sentou-se na mesa e bebeu um pouco de café. Não sentia fome então se levantou e foi andando em direção a porta.

–Sayounara, Violet. –Disse sua mãe, ainda com esperanças de alguma convivência com a filha.

Sem nem olhar para trás, Violet continuou andando. Sua irmã a fitava com uma expressão estranha, parecia de tristeza. Quando chegou ao colégio, não encontrou Asayo. Se fosse normal, com certeza Asayo continuaria sendo sua melhor amiga.

O sinal tocou e Violet percebeu que um grupo de garotos a encarava. Asayoma Fuuta, Ashura Akusa, e Tsutuomi Takuto. Akusa era o líder deles. Todas as pessoas tinham medo dele na escola. Diziam até que ele tinha contatos da Yakuza, a máfia japonesa. Violet achou aquilo estranho, então começou a andar mais rápido. Chegou à sala de aula e percebeu que Asayo não estava ali. “Será que ela faltou?” Pensava Violet “Hoje eu fico sozinha, o que eu acho que não é tão ruim, vou ter tempo para a história”.

Violet passou o resto do dia sozinha, Akira não havia falado com ela naquele dia. Ela ainda achava estranho o fato dele não ter ficado zangado com ela. Era óbvio que ele não iria bater nela, mas poderia ter dito alguma palavra ríspida. Mas não o fez. O “esquisito” parecia não merecer tanto seu título. Violet olhou com o canto do olho para Akira e percebeu que este a observava. Então sorriu para ele, que corou instantaneamente e virou o rosto de supetão, com os olhos esbugalhados. “Ele é meu adversário, mas há alguma coisa de errado nele. Por que não me tratou mal quando eu o destratei?”. Já estava na terceira aula, e Violet continuava a pensar sobre tudo o que havia acontecido.

Os pensamentos de Violet dançavam em sua mente, quando foi interrompida por uma voz ríspida e alta.

–Violet, pode ler a continuação do texto para nós?

Violet gelou. Olhou com o canto do olho, estavam na página 18, foi passando as páginas de seu livro e começou a ler o primeiro parágrafo.

–Kami, Violet, preste mais atenção, estamos no último parágrafo. –Disse a velha Maiko-sensei.

Violet corou e ainda teve de escutar algumas risadinhas. O sinal tocou indicando o intervalo. Violet estava distraída pegando seu obentô em sua mochila enquanto todos saíam da sala desesperadamente. Logo escutou uma voz.

–Nee, Violet, posso conversar com você?- Violet gelou novamente. Aquela voz era de Ashura Akusa.

–H-Hai! –Disse Violet forçando um sorriso. Violet levantou-se de sua cadeira com seu obentô na mão esquerda.

Akusa chegou perto de Violet. Perto demais. Ela se inclinou um pouco para trás e ele riu.

–Você sabe que eu posso ficar informado de qualquer coisa, não é? –Disse em um tom desafiador.

Violet assentiu, nervosa.

–Eu sei de tudo sobre você. Até mesmo sobre o segredo que você guarda de qualquer tipo de pessoa. Até mesmo de sua melhor amiga.

Violet gelou ainda mais. Aquilo não podia estar acontecendo. Agora ele sabia, ela não precisava fingir mais, não era hora de seu “defeito” ser revelado. Na verdade, se dependesse da jovem, nunca seria a hora.

–Qual é o meu segredo? -Perguntou com um tom interessado.

–Você escreve. Aquelas histórias. Tipo as que o esquisito faz. –Disse sorrindo vitoriosamente.

Violet suspirou aliviada. Aquilo também era um segredo, mas bem menor do que o segredo de sua síndrome.

–E o que terei de fazer para não contar meu segredo? –Disse Violet, ironicamente.

–Vai ter que fazer o que eu mandar. –Disse Akusa, não percebendo o tom irônico. –Vá até minha casa hoje às 20:00.

Violet revirou os olhos “Até parece que vou fazer isso.” Pensou “Não, mesmo sendo um segredo menor, ainda é um segredo, mas não irei deixar esse Akusa fazer nada comigo!”.

–Hai, hai. –Disse ela suspirando

Ele sorriu e a imprensou na parede, que corou instantaneamente.

–Se não aparecer, as consequências serão graves. Pode até não ser uma coisa muito importante para você, mas sabe o quanto eu posso ser persuasivo. –Violet assentiu e quando sentiu que a mão dele não a prendia mais na parede saiu correndo.

Ela temia pelo o que iria acontecer, mas não o deixaria fazer nada.

Mais tarde naquele dia, Violet apareceu na casa de Akusa. O impertinente se julgou no direito de esconder um bilhete com o endereço na bolsa da garota. Violet havia escondido uma faca debaixo de seu vestido. Tocou a campainha e foi surpreendida por Akusa com um enorme sorriso, nem parecia que era a mesma pessoa que havia falado com ela mais cedo.

–Violet! Que bom que veio! –Ele a abraçou e a beijou, deixando a loira em choque.

–O que está fazendo? –Disse Violet sussurrando

–Finja que é minha namorada. –Respondeu Akusa, sussurrando também.

Akusa entrou em casa abraçado com Violet. Então Violet parou para olhar a casa. Era muito bonita. “Os pais de Akusa devem ser muito ricos” Pensava Violet. “Talvez até sejam da Yakuza”.

–Okaasan! Violet-chan chegou!

“Chan?” Violet continuava muito confusa com o que estava acontecendo.

–Konbawa, Violet! Me chamo Nika. -Disse a mãe de Akusa reverenciando a jovem recém chegada. Violet devolveu o cumprimento.

–Konbawa, Nika-san... –Falou sem jeito.

–Ah! Akusa, o seu pai não vai voltar da viagem hoje porque houve um imprevisto.

–Sempre há um imprevisto –Disse Akusa em meio a um suspiro.

Jantaram e conversaram animadamente. A mãe de Akusa era o oposto dele. Era uma mulher dócil e gentil. Akusa se comportava de maneira completamente diferente quando estava com ela. E Violet continuava fingindo uma personalidade falsa. Fingir ser a namorada de Akusa não foi muito difícil.

–Enfim, irei deixá-los sozinhos. –Violet gelou por dentro quando ela disse isso. –Estou indo, hum, resolver umas coisas. –Disse a mulher sugestivamente olhando para Violet.

A mãe de Akusa piscou para ele e saiu. Quando ela saiu, Violet permanecia imóvel na cadeira. Olhou com o canto do olho e Akusa estava se levantando da cadeira.

–O-O que vai fazer? –Dizia ela com medo.

–Nada. –Ele ria.

Ele a tirou de sua cadeira e a imprensou novamente na parede da sala de jantar, a beijando grosseiramente enquanto passava a mão em suas coxas. Ela tentava com todas as forças escapar. Quando conseguiu, correu para o quarto mais próximo e se trancou.

–Abra a porta, meu doce, prometo que não vou te machucar. –A voz de Akusa estava cada vez mais estranha.

Violet permaneceu quieta, a janela estava trancada e não havia nenhum sinal de qualquer chave ali. Ela sabia que não poderia ficar trancada ali para sempre, que logo Akusa iria achar um modo de abrir a porta. Ouviu alguns barulhos da porta sendo arrombada. Naquele quarto havia apenas uma cama, um criado mudo e um armário. Violet viu que sua única opção seria esconder-se no armário, e assim o fez. Apesar de ser bem sugestivo, era a opção mais sensata.

Akusa entrou no quarto, Violet enxergava apenas por uma frestinha do armário. Então se lembrou de que tinha sua faca. Quando ele se aproximasse do armário talvez pudesse o atacar com a faca. Akusa procurava Violet pelo quarto cada vez mais nervoso. Ele derrubava coisas no chão, procurava debaixo da cama, e finalmente, abriu a porta do armário.

–Achei você! –Disse Akusa abrindo a porta do armário

Violet cortou a perna de Akusa, que gritou e caiu para trás de dor.

A jovem saiu apressada do quarto e começou a correr por toda a casa. Akusa a perseguia, mas não estava mais tão rápido devido ao corte na perna. Violet conseguiu fugir e sair da casa de Akusa. Correu muito e sentiu que havia tropeçado em alguém.

–G-Gomenasai! –Disse com poucas lágrimas nos olhos.

–V-Violet? –A loira imediatamente reconheceu aquela voz. Akira?

–Akira? –Disse completamente surpresa.

–H-Hai!

–Kami, que bom que está aqui. Você pode me levar para casa?

–Hai, mas, por que está na rua a essa hora? E... você tá chorando?

–Não é da sua conta!

–G-Gomen!

–N-Não... eu quem peço desculpas! Faltei com respeito a você! Pode me levar para casa?

–Hai. Onde você mora?

Violet passou seu endereço para Akira sem medo algum. Ela sabia que ele era confiável. Logo ela estava em casa, Akira não fez mais qualquer pergunta no caminho.

Violet sabia o que a esperaria no próximo dia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!