The Legend of The Sky's Princess escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 19
Capítulo 19 - Nas Minas dos Gorons na Montanha da Morte




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Capítulo 19 - Nas Minas dos Gorons na Montanha da Morte

Link espiou cuidadosamente por cima do muro de pedra antes de subir completamente, viu um Goron adulto a certa distância, porém este não o notou.

– Tem um. Não sei com ele está, é melhor ficar atrás de mim quando subirmos.

Os dois terminaram a subida e andaram alguns metros, vendo um Goron ao longe, que não os percebeu.

– Navi, você está bem?

– Dentro dos limites sim – ela falou saindo do chapéu de Link – Ainda bem que dentro do seu chapéu não molha tanto quanto fora. Ainda está escuro e chovendo! – Ela voou de volta para o chapéu.

– Lá dentro é bem quente, iremos secar rápido. Está chovendo há muito tempo... Aqui é tão quente que o chão estaria fervendo se a chuva estivesse no início.

Caminharam mais um pouco, sendo finalmente percebidos pelo Goron que veio correndo em sua direção.

– Esse é o território dos Gorons! Ninguém pode pisar aqui! – Ele gritou enquanto se enrolava no próprio corpo, indo a toda velocidade na direção dos dois.

– Cuidado! –Link alertou, conseguindo livrar os dois do impacto quando o Goron passou direto por eles e caiu lá embaixo.

– São bem parecidos com os que nós conhecemos – Link comentou enquanto continuavam andando com toda a cautela possível e falando num tom baixo de voz.

– Então os Gorons tem mesmo uma existência milenar? Mesmo com os manuscritos sempre houve algumas dúvidas de quando eles surgiram nesse mundo.

– Os que nós conhecemos vivem em Faron Woods, na superfície.

– Vocês não têm locais totalmente feitos de pedra?

– Há um pouco disso em Faron Woods, algumas cavernas onde eles moram, mas não um lugar como essa montanha. Eles também conhecem a lenda de Hylia, mas têm uma visão muito distorcida dela, ao menos o primeiro Goron que eu conheci sim.

– Como assim?

– Além de flutuar no céu, ser quase sempre primavera e ter alguns animais diferentes, Skyloft não tem nada de diferente da superfície. Mas esse Goron achava que Skyloft era apenas uma lenda, que seus habitantes viviam pra sempre, nunca ficavam doentes, que os campos eram feitos de puro ouro e outras coisas do gênero.

Link se segurou para não dar uma grande gargalhada, não queria chamar a atenção dos Gorons ali.

– Eles costumam fazer esse tipo de confusão com as coisas. Como eu já lhe disse, Términa é um mundo paralelo a esse. Eu encontrei lá quase tudo e quase todos que conheço aqui. Quando eu estava lá um Goron com o mesmo nome que eu fez uma reserva em um hotel. Mas como eles sempre têm um sotaque no final das palavras e frases, a reserva ficou errada. Foi registrado apenas Link, mas quando ele chegou no hotel ele só perguntava por Link-Goro. No final das contas a reserva foi dada a mim. Quando entendi o que aconteceu eu o procurei para avisar, mas o encontrei dormindo como uma pedra do lado de fora e eu não tinha tempo, então fui embora, mas o pessoal do hotel esclareceu isso depois.

Dessa vez foi Link* que se segurou para não morrer de rir.

– Há um Goron chamado Link aqui?

– Sim. Quando eu era criança ajudei o pai dele aqui. Quando o filho nasceu ele deu o meu nome em homenagem e o conheci sete anos depois nas idas e vindas no tempo. Somos amigos desde então.

– Mestre – Fi chamou, quando saiu de repente da Master Sword – Há uma probabilidade de 86% de que há muitos Gorons perturbados nesse lugar. Há lava por toda parte, quase toda a estrutura é feita pedra e há água em alguns locais. Também detectei altos níveis de algum magnetismo lá dentro. Não hesite em me chamar se for necessário.

– Claro. Obrigado, Fi.

Ela retornou à espada e prosseguiram por mais alguns metros, até avistarem um monte de Gorons rolando ao longe, indo na direção deles. Link arregalou os olhos em surpresa e calçou suas botas magnéticas.

– Fique atrás de mim!

Um a um ele agarrou todos os Gorons que passavam por eles e os jogou penhasco abaixo até o caminho estar livre de novo.

– Você está bem?

– Sim... Onde conseguiu essas botas?

– Eu as encontrei durante a última guerra contra Ganon. São magnéticas e grudam em alguns lugares, ajudam muito em certas situações – ele explicou voltando a calçar suas botas normais – Fi é mesmo eficiente... Levei anos pra analisar de maneira decente tudo que ela acabou de falar. Mas não devia me surpreender, afinal Hylia a criou pra isso.

– Link! – Puderam ouvir a vozinha de Navi, abafada pelo chapéu e pela chuva – Eu já segui você em água fria, mas a água daqui deve ser quente.

– Não se preocupe. Apesar daqui ser tão quente, a água fica a profundidades maiores, por isso é no máximo morna. Eu prometo que você ficará bem. E quando tudo isso acabar vou providenciar um lugar melhor que aquela almofada pra você dormir no castelo.

– Obrigada, Link! Não tenha presa, precisamos acabar com Ganon primeiro, mas posso lhe dar sugestões. Nós fadas amamos coisas brilhantes, pinte as paredes de azul, desenhe flores – ela falava empolgada.

Link riu. Normalmente se irritaria, mas aquela tagarelice dela era uma das coisas que sentia falta depois de tantos anos, preferia ter todo o barulho da voz de Navi em seus ouvidos e vê-la bem e perto dele do que não saber onde e como ela estava.

– Nunca a vi falar tanto. Só a vejo falar com a gente em momentos de alerta.

– Navi falaria durante cada segundo do dia se pudesse. Não imagina o quanto isso era irritante antes de eu me acostumar. Imagine como eu ficava na hora em que tinha um monstro enorme tentando me esmagar e ela começava a gritar em alerta.

– Seu ingrato!! Eu sempre lhe dei muitas informações importantes, mesmo quando não era um momento conveniente. Sou uma fada exemplar! Enviada para lhe ajudar e protege-lo. Teria morrido sem mim.

– Claro que sim – ele riu de novo, de alegria – Não estou dizendo que não. Eu senti falta da sua tagarelice e dos seus alertas, Navi. Mal posso descrever o quanto em sinto bem por ter você volta.

Pode ouvir um murmúrio de assentimento dela e um puxão nos fios de cabelo onde a fada se prendia, que ele sabia desde criança ser o que ela fazia quando estava feliz, e um sorriso surgiu em seu rosto. O restante do caminho até a entrada das minas foi relativamente tranquilo, exceto por um ou outro barulho que os dois sempre silenciavam para terem certeza de não ser mais Gorons. Link lutava para manter Navi sob controle. Ela havia saído do chapéu e o tempo todo achava que seriam atacados por Gorons enlouquecidos. A poucos passos da entrada a atenção deles foi chamada por um som alto, parecia uma coruja, assobiando alguma canção. Uma melodia muito familiar a Link. Olharam para trás e puderam ver uma grande e velha coruja negra voando acima deles. O animal mergulhou na direção dos dois, preocupando Link*, mas o outro esticou o braço bem a tempo e Kaepora Gaebora pousou suavemente ali.

– Mas... Onde você estava?! Faz tanto tempo que não nos vemos?! Achei que estivesse morto! Você nem apareceu da última vez!

– Me desculpe velho amigo! Naqueles tempos eu não estava nessas terras. Também pensamos que estivesse morto. Me surpreendeu saber quando voltei que você estava aqui e casado com aquela garotinha. Vocês sempre foram mesmo muito ligados desde crianças.

Link corou com o comentário, mas sorriu. Estava feliz em ver seu velho amigo e conselheiro outra vez.

– Navi... – a coruja lhe dirigiu a palavra – Quanto tempo. Soube que você também não esteve aqui por muito tempo.

– Essa é uma longa história, discutiremos depois – ela lhe disse – É bom vê-lo de novo!

– Igualmente, amiga fada.

– Ele fala!! – Link* finalmente conseguiu dizer alguma coisa.

– As corujas não falam no lugar de onde você veio, jovem guerreiro?

– Na verdade... É muito raro vermos corujas em Skyloft ou na superfície, mas elas não falam...

– Prazer. Sou Kaepora Gaebora, velho amigo e conselheiro de Link.

– Igualmente. Seu nome se parece tanto com o do pai de Zelda*... Ele se chama Gaepora.

– Eu e Link conhecemos desde que ele e a princesa tinham apenas dez anos de idade. Você vem dos céus, não é mesmo?

– Você sabe sobre Skyloft?

– Não tanto quanto gostaria, mas nós corujas também passamos histórias por nossas gerações, por isso sei sobre você. Aquele homem, pelo que dizem desde gerações passadas, entre nós corujas, costumava falar em voz alta enquanto escrevia e nós podíamos ouvir pelas janelas. Nós não esquecemos facilmente nossas histórias, por mais antigas que sejam. De certa forma, meus pais sempre gostaram de ouvir as lendas e me deram esse nome parecido com o dele – ele falou, referindo-se a Link.

– Tem alguma ideia de como Ganon nos arrastou pra cá?

– Ódio. Assim como sempre dizem eu o amor move montanhas o ódio também pode fazer coisas inimagináveis. A alma não se esvai tão fácil como o corpo. A alma de Ganon, desde que era o Demon King sempre esteve cheia de rancor, tanto que provavelmente conseguiu força para voltar em algum momento do tempo-espaço. Tenham cuidado, você e a jovem Zelda*. E também a princesa das sombras.

– Sabe sobre elas?

– Sei que você não veio sozinho e você é igualzinho a Link, até aprece o próprio em evrsão amis jovem, sua companhia só pode se chamar Zelda*. E a presença de um ser das sombras nas redondezas é facilmente notável para mim. Há uma razão para estarem aqui e não é boa, mas sei que vocês poderão resolver. Eu vim apenas saudá-los, mas devo avisar que os Gorons estão enlouquecidos. Não todos, mas muitos. Vocês devem ter cuidado aí dentro. Eu estarei aqui esperando quando saírem. Desejo ajuda-los no que for possível. Quando estiver aqui fora e não me avistar, toque minha canção e eu virei. Ensine-a ao jovem Link*.

– Eu farei isso. Obrigado, Kaepora – Link lhe disse.

A coruja fez uma breve reverência e saiu voando.

– É o primeiro que não se surpreende ao ver dois de nós.

– Ele é um grande sábio, é surpreendente o quanto ele sabe, me guiou por toda a minha jornada na primeira vez que lutei contra Ganon, quando eu e Zelda tínhamos dez anos.

Adentraram finalmente a Montanha da Morte e para o frio que estavam sentindo em suas roupas encharcadas, o choque de temperatura foi agradável. Era um local duvidoso, havia depressões, buracos, entradas nas paredes de pedra. O chão que parecia ter se partido em vários locais, como se formasse pequenas ilhas de pedra, que levavam aos vários caminhos das minas, revelavam um infinito poço de lava. Em alguns pontos a lava jorrava para cima, era realmente muito quente ali dentro, tanto quanto em Eldin Volcano. Podiam ouvir barulhos distantes, pareciam passos e objetos sendo movidos, o que anunciava a presença dos moradores do lugar.

– Viu? Aqui é relativamente perigoso, mesmo estando acostumado a um terreno como esse você deve ter o máximo de cuidado. Se parece com Eldin?

– Sim. Os cenários que encontramos em Eldin são um pouco diferentes, mas a estrutura é a mesma.

– Eu vim aqui várias vezes nos últimos tempos. Os caminhos são os mesmos de sempre. Vamos descer aqui mesmo.

Os dois pularam para um pedaço de pedra mais abaixo, com Navi voando atrás de Link, e saltaram pelos fragmentos do chão partido até entrarem em outro local e seguirem por uma escada de madeira envolta por paredes feitas com grades de aço, quebrando alguns obstáculos postos para dificultar a entrada de estranhos.

– Tem sempre um baú de rupees por aqui, ele pode ser útil se chegarmos à loja dos Gorons.

Link calçou suas botas magnéticas e as usou para travar no chão os dois grandes botões enferrujados que abririam o restante do caminho. Andaram até o suposto baú numa trilha que mais parecida um labirinto, matando um monstro que deu a Link um Rupee verde e um coração. Ele tocou o coração vermelho, que brilhou até desaparecer.

– Me sinto melhor, dei uma surra nos monstros em Faron, mas apanhei de alguns também.

Com mais alguns passos finalmente chegaram ao baú.

– Pegue o Rupee, é todo seu. Você chegou sem nenhum aqui em Hyrule, não é? É melhor começar a estoca-los.

Link* lhe agradeceu e foi até o baú de madeira. Quando o abriu não era muito diferente dos baús de Skyloft e da superfície. As diferenças eram que o baú não tinha cores chamativas e não brilhava quando era aberto. Dentro dele Link* encontrou uma mensagem escrita em pergaminho. “Você obteve um Rupee vermelho (20).” Estendeu a mão até o cristal e o apanhou, analisando-o por um tempo e o guardando.

– Lá vocês também encontram baús assim?

– Sim, mas são bem coloridos e sempre brilham quando abrimos.

– Temos alguns assim, geralmente tem coisas muito importantes dentro.

Continuaram seguindo enquanto matavam monstros e Link acionava algumas passagens. Ele usou as botas para abaixar o que parecia ser uma grande alavanca e uma porta gradeada se abriu, revelando uma outra, circular. Empurram-na para o lado e puderam acessar a próxima sala, ainda maior, com mais lava, monstros piores e estruturas penduradas no teto, que pareciam emitir algum magnetismo.

– O que é aquilo?

– São placas magnéticas. As botas grudam nelas, podem nos ajudar aqui em certos momentos.

Seguiram em frente, desviando de jatos de lava e enfrentando lagartos gigantescos com calcas que mais pareciam brasa acesa. Link* nunca vira um daqueles, mas não eram muito diferentes dos outros monstros. A pele parecia uma carapaça extremamente dura, precisou persistir com a Master Sword até acabar com eles através de seu ponto fraco, a cauda.

– Temos que puxar isso – Link falou, se dirigindo a um enorme e pesado bloco de pedra com uma corrente presa a ele, e puxando­ até o espaço afundado no chão acabar – Isso pode evitar problemas mais tarde. Venha.

Encontraram mais uma porta alguns metros distante e após ela uma nova sala, dessa vez com água abaixo de uma grande pedra envolta por mais uma placa magnética, do lado oposto ao que eles estavam.

– Temos que pular na água.

– Mas como vamos passar por essa grade?

– Há uma abertura nela lá no fundo. Se passarmos, podemos chegar a um botão que vai nos jogar pra cima e vamos andar na placa até chegarmos naquela porta. Você é bom mergulhador? Confesso que sei andar bem, mas as botas facilitam muito quando preciso submergir.

– Tive muito tempo e motivos pra praticar mergulho quando Faron Woods alagou... Aqui temos que passar por água... Em Eldin Volcano os Mogmas me deram luvas pra cavar e andar pelo subsolo.

– Não há água lá? Então é mesmo um vulcão? Já andei pelo subsolo algumas vezes, mas ainda prefiro mergulhar. Vamos.

Ambos pularam e rapidamente chegaram ao solo submerso. A água ficava entre morna e fria, uma temperatura agradável. Realmente havia uma passagem ali. Seguiram rapidamente até o botão e quando Link pisou nele, foi impulsionado para cima, puxando o garoto junto, e os dois ficaram presos na placa.

– Viu Navi, a água estava ótima.

– Você tem razão.

– Segurem firme, vou subir.

Rapidamente ele alcançou a parte de cima da grande pedra e colocou Link* no chão, trocando suas botas novamente. Atravessando a próxima porta, teve uma surpresa.

– OH! LINK! É você mesmo?! – O goron adulto correu até eles – Por que tem dois?!!

– Link, é você? – Ele perguntou ao velho amigo.

– Sou eu mesmo! Então você é o Link?! Quem é esse?! Por que é igualzinho a você? É seu filho?! Primo?! Clone?!

Ele riu. Os gorons eram sempre animados demais com novidades.

– É um parente que veio de um reino muito distante. Uma longa história.

– Está explicado... Qual é seu nome, jovem parente?

– Link*.

– Vocês tem o mesmo nome!! Nós todos temos o mesmo nome! – Ele exclamou feliz.

– Link me falou sobre você.

Após mais alguns minutos do surto de alegria do Goron, ele finalmente entristeceu e falou sobre o estado em que as minas se encontravam.

– Muitos estão doidos. Meu pai está em algum lugar tentando fazer algo a respeito. Sei que vocês poderão dar um jeito. Abram esses três baús. Serão úteis.

Os dois assim o fizeram e encontram um rupee vermelho, o mapa da dungeon e um par de botas magnéticas com as de Link.

– Eu as encontrei por aí e guardei. Achei que se um dia você voltasse aqui numa situação dessas poderiam ser úteis caso não tivesse mais as suas.

– Obrigado, Link – agradeceu ao amigo goron - Mas as minhas ainda funcionam bem. Fique com elas, Link*. Devem servir em você e vai facilitar as coisa pra nós nos resto do caminho.

– Obrigado! – Agradeceu aos dois.

– Teste-as na próxima sala. Nos vemos mais tarde, Link. Espero poder rever o grande Darunia em algum lugar.

– Certamente, você o encontrará.

Nos passos seguintes quebraram alguns jarros e encontraram estranhas galinhas sem penas que pareciam ter uma cabeça um tanto humana e falam.

– Então você tem parentes parecidos também – uma ooccoo disse após Link repetir a mesma história – Ganon não parece interessado em nós, ao menos não até agora. Ele quer alguma coisa aqui embaixo, mas estamos em alerta. Nossa cidade já é perigosa o bastante sem invasores. Estou reunindo todos de nós que caíram aqui pra voltarmos rapidamente. Aquele velho canhão ainda funciona bem. Mas antes de ir, ficarei com você por um tempo, talvez possa ajuda-lo.

– Acha que essa cidade pode ser um fragmento de Skyloft? Talvez uma das ilhas menores?

– Sim. Não acho que tudo que havia lá em cima veio pra cá. De alguma forma esse fragmento ficou e os ooccoos o aproveitaram. É uma cidade estranha, cheia de espaços vazios e armadilhas, parece ser quase toda feita de pedra e aço. Apesar da entrada ser uma pequena fonte, muito agradável, não é um lugar amistoso.

Voltaram a caminhar, logo chegando a mais um sala cheia de placas, onde Link* constatou que suas botas funcionavam bem e os dois mataram muito mais rapidamente os monstros do caminho. Continuaram correndo por inúmeras salas, enfrentando lagartos e aranhas enormes e encontrando baús, alguns submersos na água, com rupees e até chaves, até finalmente chegarem à área externa, feita de madeira e pedra.

– São goblins ali em cima, vamos atirar e derrubá-los.

– Os nossos eram verdes, roxos e a maioria vermelhos. Chamamos de bokoblins – Link* lembrou-se, observando as criaturas de cor cinzenta.

Os dois heróis miraram com os estilingues e derrubaram um por um até a passagem estar livre. Seguiram por uma porta trancada e alguns obstáculos giratórios até encontrarem a sala de um velho goron. Era Gor Ebizo, ainda mais velho e frágil do que era quando Link o conhecera e ainda falando Brudda no final das frases, falava mais lentamente e mais baixo, não parecia que teria mais de alguns poucos anos de vida, mas ficou feliz em rever Link, que teve que repetir toda história sobre o garoto dos céus.

– Leve essa chave. Acho que nosso Link já lhe advertiu sobre a situação. Você sabe o que fazer, o que está acontecendo não é muito diferente daqueles tempos.

Após conseguirem um rupee amarelo (10) e um roxo (50) em um baú, dessa vez bem parecido com os baús azuis de Skyloft, subiram uma escada e enfrentaram mais portas, monstros e armadilhas, até ficarem trancados em uma sala onde levaram alguns minutos para conseguirem se livrar de alguns gorons malucos e um gigantesco, no qual tiveram que dar uma surra para que voltasse ao normal. Após cair várias vezes na lava e voltar à placa magnética, ele finalmente sentou-se, exausto.

– Vocês são tão destemidos quanto o herói do passado.

– Ele está falando de você? – Link* sussurrou para o amigo.

– Sim, eu criança. Depois que eu sumi e perdi a memória, o que aconteceu naquela época virou uma lenda. Apenas sabem que um herói que viajou entre eras derrotou Ganon e depois desapareceu sem deixar rastro. Por isso me chamam de Herói do Tempo. Até hoje alguns ainda não sabem o que realmente me aconteceu, pensam que eu apenas tenho o sangue do herói.

– Vocês devem nos salvar desse mal. Vão em frente.

– Nós temos que conseguir a chave da sala de Darbus, então poderemos finalmente acabar com isso e sair daqui.

Já se preparavam para uma grande procura, quando quase que milagrosamente resgataram a chave com um velho Goron todo enfeitado com pinturas, muito parecido com o mesmo que guardava a chave há anos. Ele e Link se conheciam. Era filho do antigo guardião. Saindo dali, tornaram a encarrar os obstáculo no interminável rio de lava.

– Aquele cristal negro... Precisamos atingi-lo?

– Sim. Já viu um?

– Tem algo parecido na superfície. Meu besouro pode fazer isso.

Link* lançou seu besouro dourado em direção ao cristal enquanto Link olhava com curiosidade, não chegara a usar uma arma como aquela. Quando o cristal foi atingido uma porta se abriu e os dois correram por ela.

– Na superfície os cristais também serviam pra controlar o nível de lava ou água.

– Isso foi incrível! Nos poupou de um trajeto super demorado até um lugar onde eu pudesse atirar flechas... Veja! Aquilo é uma porta.

– Parece um adorno na parede – comentou Navi, que saíra do chapéu de novo.

– É uma porta. Se quebrarmos aquelas cordas, ela vai baixar. Tente acertá-las com as flechas.

Link* posicionou o arco e atirou, falhando na primeira tentativa, e mirando com mais precisão na segunda. A flecha rasgou as duas cordas que sustentavam o peso da porta gigantesca, que caiu no espaço vazio cheio de lava que os separava do próximo compartimento, como uma ponte.

– Mestre – Fi apareceu de repente - Provavelmente há uma criatura de grande dimensão e fúria lá dentro. Lhe aconselho a ficar atento e me chamar se for necessário.

– Eu imaginei... Tudo bem, Fi – respondeu, vendo-a sumir.

– Bom, creio que você sabe o que fazer... Vamos nos reversar entre isca e atacante.

Seguiram em passos firmes pela ponte e Link encaixou a chave dourada circular no orifício que ficava no centro da porta. Duas partes circulares se moveram para direções opostas e o caminho se abriu. Assim que entraram ficaram presos novamente, na escuridão. O som emitido ao pisarem no chão fazia parecer que ele era feito de gelo congelado, o que na verdade eram placas magnéticas, e à frente podiam ver a enorme silhueta de uma criatura acorrentada e adormecida. Andaram devagar e cautelosamente até o monstro. Ao notar a presença dos intrusos, um olho vermelho e felino se abriu no dentro da testa do ser adormecido e o local ficou mais iluminado. O que parecia ser um goron gigante acordou, rugindo enfurecido e se acendendo como brasa.

– Ele parece querer comer você vivos, Link.

– O que te faz pensar que você também não, Navi? Fique dentro do chapéu, ele pode te engolir até sem querer!

– Nem precisa pedir! – Dizendo isso, ela sumiu de novo.

O monstro libertou-se das correntes e fitou os dois Links com ódio mortal nos olhos em chamas.

– Acabo de identificar esta criatura como um Twilight Igniter Fyrus – ouviram a voz de Fi dizer.

Os dois heróis pareciam mesmo ser a mesma pessoa. Ambos tiveram a mesma ideia. No momento em que o monstro avançou na direção deles com passos que mais pareciam estrondos, os dois correram para as costas da criatura, usando as botas magnéticas para se prenderem ao chão de vez em quando, e puxaram as correntes presas a seus pés, derrubando-o imediatamente. Correram para sua cabeça acertando o máximo possível o olho vermelho com as Master Swords, porém logo o enorme goron levantou-se rugindo ferozmente de novo e os dois Links tomaram distância, preparando os arcos e concentrando-se em encontrar a mira mais precisa possível para acertar o olho, e assim o fizeram até onde conseguiram. Correram novamente para derrubar a criatura e repetiram todo o ritual várias vezes até que o olho no centro de sua cabeça brilhou mais forte e o monstro levantou-se agonizando, sacudindo-se de um lado para o outro e fazendo um barulho de estourar os tímpanos, o que obrigou os dois e Navi a taparem bem os ouvidos. A criatura explodiu e os fragmentos desapareceram. No chão restou apenas um goron bem maior do que outros, respirando ofegantemente e alguns corações gerados com a explosão.

– Navi, já está tudo bem, você pode sair.

– Que alívio! Estão todos inteiros?

Ela olhou para os dois Links, Estavam chamuscados, arranhados e com alguns rasgões nas roupas e algumas manchas de sangue e pequenas queimaduras, que nem sequer haviam sentido por estarem tão concentrados na missão.

– Parece que vocês dois precisam daquilo – ela disse, se referindo aos corações – E depois irem pra casa tomar banho – ela deu um risinho.

– Você também – Link lhe disse, ouvindo um murmúrio chateado dela por ser contestada.

– Agora que você falou... – Link* se dirigiu a Navi – Está doendo.

– Eu também. Nem percebi que tinha me queimado e cortado tanto.

Os dois se abaixaram até os quatro corações perto do goron e quando estes brilharam até desaparecer suas queimaduras, dores e os demais ferimentos desapareceram com se nunca tivessem existido. Quando levantam-se viram o goron acordar e sentar-se confuso, com uma das mãos na cabeça.

– Que dor de cabeça... O que estou fazendo aqui? Não me lembro de nada.

Ouviram passos do lado de fora, os gorons que deviam ter voltado ao normal provavelmente queriam tomar conhecimento do estado de seu chefe. Ooccoo apareceu do nada na frente deles.

– Bom, está na hora de eu ajuda-los. Vou tirá-los daqui, depois procurar alguns amigos e vou pra casa. O chefe dos gorons ficará bem, vamos lá!

Num piscar de olhos estavam no penhasco com a escada por onde haviam subido e ooccoo saiu correndo em disparada para algum lugar. Já era noite e o céu mostrava várias estrelas, sem nenhum sinal de chuva. Foi quando perceberam que suas roupas estavam completamente secas devido ao calor da Montanha da Morte. Link olhou em volta procurando Kaepora quando um clarão enorme apareceu diante deles. A luz tomou forma e parecia uma fênix gigante.

– Guerreiros... Eu sou Eldin, o espírito da luz da Montanha da Morte. Por me libertarem, tenham minha gratidão. Ganon está avançando a cada passo que você dá herói, como foi há dez anos e como foi há dezessete anos. O garoto do passado e a deusa mortal devem ser protegidos, mas também ajudarão na batalha. Eu o ajudarei a despertar sua Master Sword. Erga sua espada.

Os assim o fizeram e a lâmina de Link brilhou, envolta por uma luz de tom avermelhado, que se intensificou até desaparecer.

– Quando a canção da deusa for tocada, sua espada se fortalecerá. O mesmo ocorrerá com a sua, guerreiro dos céus, mesmo que não perceba. Sei que se sairão bem na batalha contra Ganon.

O espírito desapareceu lentamente até se tornar um borrão de luz que dissolveu-se no ar.

– Parece que sua Master Sword também anda meio que dormindo...

– É verdade...

– Tais mestres, tais espadas... – Navi falou com uma grande gargalhada.

– Navi! – Os dois reclamaram e ela riu mais.

– Não vejo Kaepora. É um bom momento pra você aprender a canção dele.

Com as ocarinas do tempo em mãos, Link ensinou ao garoto como tocar a canção que convocaria a coruja e logo puderam ver um vulto negro vindo pelo céu. Ele chegou cada vez mais perto e pousou no braço de Link*.

– Bom trabalho!! Aprendeu a canção perfeitamente, é mesmo muito parecido com Link. A batalha ainda não terminou. Voltem ao castelo, recuperem suas forças e voltem ao trabalho. Boa noite Links, boa noite, Navi. Deem minhas lembranças à princesa, à guardiã e à garota Zelda*.

– Boa noite – responderam juntos quando a coruja levantou voo e desapareceu.

– Vamos.

Link desceu as escadas, sendo seguido por Link* e Navi. Chamou Epona e o outro cavalo com o apito que ganhara de Ilia e partiram na direção do castelo.

******

Link entrou no quarto já um pouco tarde aquela noite, já estava limpo e em trajes para dormir, após encontrar Impa no caminho, que lhe relatou que Midna havia dormido pouco tempo atrás e que vigiara o castelo excelentemente. A guardiã também lhe garantiu que apesar de cansada a princesa estava bem e não estava irritada pela demora dele, sabia o quanto toda aquela luta era necessária. Navi voou para sua almofada e quando teve certeza de que ela adormecera, o herói guardou a Master Sword e o escudo e se dirigiu para a cama, onde sua esposa parecia estar adormecida.

– Me perdoe por demorar tanto, meu amor – falou baixinho quando deitou-se ao lado dela e a abraçou pelas costas, ela nem se mexeu, sua respiração denunciava que estava em sono profundo – O que está acontecendo com você? Estou ficando com medo... – disse para si mesmo - Tenha bons sonhos.

Link afagou os cabelos dourados espalhados pelo travesseiro até cair no sono também.

******

Horas depois, debaixo do cobertor quente Zelda* acordou de um sono tranquilo, levando algum tempo para despertar totalmente. Quando sua mente se pôs no lugar notou uma figura de cabelo louro-escuro ao lado de sua cama e sentou-se para vê-lo melhor. Era Link*, ajoelhado no chão, dormindo encostado na cama com a cabeça deitada sobre os braços cruzados. Olhou para a cama dele, bagunçada, onde estavam apoiados o escudo e a Master Sword. Zelda* ficou preocupada, estendeu a mão até ele e notou que seu rosto estava gelado, fazia tempo que ele estava daquele jeito.

– Link*! Você está gelado! Há quanto tempo voltou? Por que não dormiu na sua cama? Precisa se aquecer.

Ela removeu o cobertor de cima de si mesma e o colocou sobre ele, que abriu os olhos devagar ao notar o peso e o calor do tecido. Os olhos azuis se ergueram para Zelda* e se abriram completamente. Ele pareceu desnorteado a princípio e após um breve olhar para o cobertor ao seu redor, levantou-se e abraçou a noiva apertado.

– Link*... O que houve?

– Fiquei com saudades. Nem nos vimos ontem à noite. Quando cheguei você já estava dormindo. E tive um sonho ruim... Não quis mais dormir.

– Ruim... Você quer dizer... Ganon?

– O cristal...

Zelda lembrou-se. Aquele momento fora horrível para ele, para os dois. Suas próprias lágrimas congelaram junto com ela naquele cristal e foi a primeira vez que viu Link* chorar depois de crescido. Antes de cair completamente em sono profundo, ela pode ouvir claramente Link* chamando seu nome e chorando. Naquele momento suas lágrimas estavam congeladas, mas continuou chorando por dentro até a inconsciência lhe tomar e as lembranças de Hylia invadirem sua mente por milhares de anos.

– Link*.... Já está tudo bem, aquilo não vai ser mais necessário – retribuiu o abraço e afagou os cabelos dele.

– Mas eu vi Ganon também.

Ela alarmou-se.

– Conte-me.

– Estava na frente do castelo. Queria levar você e Zelda.

– Devemos ficar atentos a isso...

– Eu vou te proteger com a minha vida!

– Eu sei que sim, mas me deixe estar com você. Da última vez, você sofreu, se feriu, andou dias e dias, enquanto eu só te usei e fiquei na segurança do templo.

– Já falamos sobre isso. E não era tão seguro assim, é por isso que Impa lhe protegeu todo o tempo em que eu não estava – ele afastou-se para olhá-la, segurando-a pelos ombros - Não foi culpa sua, Zel.

Ela sorriu e voltou a sentar-se na cama, batendo com uma das mãos no colo.

– Você precisa se esquentar e dormir um pouco mais se quiser estar bem pra essa nova batalha.

Link* corou com o convite, mas aceitou e sentou-se também, em seguida deitando no colo dela. Zelda* puxou o cobertor sobre ele mais uma vez, e ficou a afagar seus cabelos quando ele fechou os olhos.

– Como foram com os gorons?

– Está tudo bem agora... E vamos precisar da sua canção da deusa mais tarde.

– Tudo bem...

O colo dela era quente e a manhã estava silenciosa. Tão calma que nem parecia que estavam no meio de uma guerra. Link* fechou os olhos e adormeceu novamente.


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