O céu, a terra e o meio do caminho escrita por Hanako


Capítulo 10
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Awwwww yeah! Estou de volta!!! Bem, o capítulo não é muito grande, mas é importante afinal, o que diabos se passa na cabeça de Sora? O que aconteceu com ele naquela fazenda? Dúvidas começam a ser desvendadas... e ainda falta descobrir o que se passa na cabeça da outra, a amiga de infância que parece estar destruída...



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Sora, tem algo para nos contar?” Ele já havia ouvido essa pergunta uma vez, há anos atrás, em um dia como outro qualquer. Trabalhava na fazenda com tudo o que lhe pedissem, não importava o seu tamanho ou o nível de dificuldade do que era proposto, ou ele fazia ou ficava preso no quartinho onde eram guardados os materiais de limpeza. Sem janelas, o lugar tinha um cheiro muito ruim e às vezes ele chegava a passar mal com todo aquele ambiente fechado. Fazer as tarefas era sempre uma opção mais fácil.

Um dia, aos seus seis anos, uma das filhas do fazendeiro, a mais nova, resolveu que brincaria com ele. Obviamente, a brincadeira que ela tinha em mente não era uma das mais infantis, o seu divertimento era principalmente quando ele entrava em encrencas, sendo que a maioria era criada por ela. Foi até a cozinha e pegou uma das maiores facas que encontrou e foi de encontro ao garoto.

“Verme”, ela o chamou, “meu pai falou que, se você matar o maior galo dele, ele nunca mais vai te colocar no quartinho... Caso não consiga pegar, aquela será a sua nova casinha de cachorro”.

Naquela época, ele ainda acreditava que tudo poderia ser diferente, que daria certo para ele algum dia. Além do mais, não tinha escolha: se fosse ou não ideia do seu dono, a garota arrumaria um jeito de destruí-lo. Segurou-se à esperança de não ter que entrar no quartinho nunca mais e saiu correndo até o galinheiro, com a faca que a menina tinha pegado trêmula em suas mãos.

Horas mais tarde, ele estava lá, de terno, com uma cara de poucos amigos. O pequenino estava no chão, coberto de lama, sangue e penas dos pés a cabeça. A faca manchada ao lado constituía parte do cenário. O galo estava morto e os olhos do garoto brilhavam, clamando por sua tão sonhada recompensa. O homem se aproximou até que seus sapatos encostassem-se às pernas de Sora e disse: “Sora, tem algo para nos contar?”.

Ele não falou nada, não precisava. Primeiro veio o tão conhecido chute e ele já sabia: o quartinho ainda seria seu cantinho para pensar no que andava fazendo. O cinto já estava em suas costas mais uma vez, mas o homem achou que não seria o suficiente para tamanha ousadia e trouxe também um de seus chicotes guardados para seus animais. Sangrando, o quartinho parecia muito mais agradável agora, como um lugar para descanso. O cheiro dos produtos poderia ser considerado como o de uma rosa ainda desconhecida para as outras pessoas. Era só dele, só dele... Fechou os olhos e deixou que Maria cuidasse de suas feridas do jeito que sempre fazia, ela era a única que sabia o que fazer para que aquela dor diminuísse.

“Então, Sora, o que aconteceu com você?” Disse Tiago, repetindo a dúvida do irmão. Todos olhavam para ele, ou melhor, para as cicatrizes que desenhavam suas costas de maneira tão cruel. O garoto estava de cabeça baixa, relembrando suas cenas desagradáveis. Coçou sua cabeça despreocupado e apenas disse:

“Resultados de eu ser um garoto desobediente, apenas isso... Nós ainda vamos brincar?”


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