O céu, a terra e o meio do caminho escrita por Hanako
Notas iniciais do capítulo
Awwwww yeah! Estou de volta!!! Bem, o capítulo não é muito grande, mas é importante afinal, o que diabos se passa na cabeça de Sora? O que aconteceu com ele naquela fazenda? Dúvidas começam a ser desvendadas... e ainda falta descobrir o que se passa na cabeça da outra, a amiga de infância que parece estar destruída...
“Sora, tem algo para nos contar?” Ele já havia ouvido essa pergunta uma vez, há anos atrás, em um dia como outro qualquer. Trabalhava na fazenda com tudo o que lhe pedissem, não importava o seu tamanho ou o nível de dificuldade do que era proposto, ou ele fazia ou ficava preso no quartinho onde eram guardados os materiais de limpeza. Sem janelas, o lugar tinha um cheiro muito ruim e às vezes ele chegava a passar mal com todo aquele ambiente fechado. Fazer as tarefas era sempre uma opção mais fácil.
Um dia, aos seus seis anos, uma das filhas do fazendeiro, a mais nova, resolveu que brincaria com ele. Obviamente, a brincadeira que ela tinha em mente não era uma das mais infantis, o seu divertimento era principalmente quando ele entrava em encrencas, sendo que a maioria era criada por ela. Foi até a cozinha e pegou uma das maiores facas que encontrou e foi de encontro ao garoto.
“Verme”, ela o chamou, “meu pai falou que, se você matar o maior galo dele, ele nunca mais vai te colocar no quartinho... Caso não consiga pegar, aquela será a sua nova casinha de cachorro”.
Naquela época, ele ainda acreditava que tudo poderia ser diferente, que daria certo para ele algum dia. Além do mais, não tinha escolha: se fosse ou não ideia do seu dono, a garota arrumaria um jeito de destruí-lo. Segurou-se à esperança de não ter que entrar no quartinho nunca mais e saiu correndo até o galinheiro, com a faca que a menina tinha pegado trêmula em suas mãos.
Horas mais tarde, ele estava lá, de terno, com uma cara de poucos amigos. O pequenino estava no chão, coberto de lama, sangue e penas dos pés a cabeça. A faca manchada ao lado constituía parte do cenário. O galo estava morto e os olhos do garoto brilhavam, clamando por sua tão sonhada recompensa. O homem se aproximou até que seus sapatos encostassem-se às pernas de Sora e disse: “Sora, tem algo para nos contar?”.
Ele não falou nada, não precisava. Primeiro veio o tão conhecido chute e ele já sabia: o quartinho ainda seria seu cantinho para pensar no que andava fazendo. O cinto já estava em suas costas mais uma vez, mas o homem achou que não seria o suficiente para tamanha ousadia e trouxe também um de seus chicotes guardados para seus animais. Sangrando, o quartinho parecia muito mais agradável agora, como um lugar para descanso. O cheiro dos produtos poderia ser considerado como o de uma rosa ainda desconhecida para as outras pessoas. Era só dele, só dele... Fechou os olhos e deixou que Maria cuidasse de suas feridas do jeito que sempre fazia, ela era a única que sabia o que fazer para que aquela dor diminuísse.
“Então, Sora, o que aconteceu com você?” Disse Tiago, repetindo a dúvida do irmão. Todos olhavam para ele, ou melhor, para as cicatrizes que desenhavam suas costas de maneira tão cruel. O garoto estava de cabeça baixa, relembrando suas cenas desagradáveis. Coçou sua cabeça despreocupado e apenas disse:
“Resultados de eu ser um garoto desobediente, apenas isso... Nós ainda vamos brincar?”
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!