A vida de outra garota... escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 28
XXVIII - Jade


Notas iniciais do capítulo

{Terceiro capítulo favorito}



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— Então comecem... Vamos tirar Amy daqui.

Depois de apenas três minutos, Ted bateu com força na mesa, com um sorriso vitorioso. Ned suspirou como se estivesse muito cansado, mas não deixou de lançar um sorriso antes do irmão começar a falar:

— Terminamos, câmera desta ala, até a terceira saída do hospital desligadas. — Ele coçou a cabeça, observando os monitores. — Vocês vão primeiro, com ela, nós ficamos para impedir as câmeras de voltar a funcionar...

— Chegamos! — Cantarolou Madison, com vontade. Ela estava sentada em uma cadeira de rodas, e uma Sinead vestida com um jaleco médico sorria enquanto empurrava.

— Ótimo! — disse Natalie, saindo do banheiro. — Usei a linha telefônica do prédio, Nellie estará nos esperando lá em baixo, com um carro pronto para dar partida... Mas somente Amy, Dan e Ian entram nele, os demais esperem para ver se ninguém percebeu e depois vão, calmamente, nos encontrar na mansão dos Cahill’s.

— Natalie, eu tenho que ir junto. — Disse Sinead, saindo de trás da garota loira, também conhecida como Madison, que olhava sonhadoramente pela janela. — Tenho que começar a montar o local o quanto antes, e já que Ted e Ned terão que ficar aqui por um tempo maior é melhor...

— Ok, ok — Natalie disse, colocando uma pequena mecha de cabelos atrás da orelha. — Sinead vai junto... Jonah, você conseguiu o que eu te pedi?

— Claro, gata — ele sorriu, olhando pela janela. — Em cinco minutos, milhares de fãs enlouquecidas vão adentrar o hospital na parte norte, e dúvido que o hospital consiga contê-las. — Ele riu.

— Ian? Tudo bem com ela? — Natalie me perguntou, e eu me virei para a garota deitada na cama na minha frente, seus olhos firmemente fechados.

— Acho que sim... Nada se alterou, ela ainda está dormindo serenamente... — respondi, mas meu coração praticamente pulava, na esperança que algo acontecesse, que seus olhos jade se abrissem novamente para o meu mundo.

— Ok, mais dois minutos, todos verifiquem se entenderam bem suas partes e vamos entrar em ação. — Natalie me lembrava a Sra. Pulcherd, a mulher que nos treinou em estrategia militar. Obstinada, poderosa e controlada, como alguém que não teme nada, e que ao mesmo tempo morreria no lugar de cada soldado. Aquele pensamento me lembrou de casa, de Londres, dos treinamentos Lucian... E depois de tudo isso, lembrei-me do porque eu tinha abnegado tudo isso, por ela, e somente por ela.

Nada fazia sentido no meu mundo enquanto ela mantinha os olhos fechados, apenas quando pudesse ver novamente as lindas perolas jades conseguiria ficar em paz novamente... E o que iria lhe dizer?

Se ela acordasse agora, o que lhe falaria? Não parecia haver nada para ser dito... Acho que a beijaria, lhe mostraria tudo que sinto por ela... Pediria desculpas milhões de vezes, oh céus, como me arrependo de um dia tê-la magoado...

Como se lesse meus pensamentos, Dan se sentou ao meu lado da grande almofada de couro preto, ela observou sua irmã, como eu fazia, por poucos minutos antes de se virar para me olhar:

— Ela vai ficar bem... — Ele disse, com uma voz esperançosa mas moderada. — Eu nunca... Nós nunca... Bem, eu nunca pensei que você era assim, Kabra. — Eu finalmente tirei meus olhos dos cabelos ruivos da Amy e olhei para ele.

— Assim como? Sentimental?

— Sentimental, não; capaz de amar, sim. — Aquilo me machucou... Será que era isso que todos viam quando me olhavam, alguém sem coração? — Você não pode culpar-nos... Você sempre teve sangue frio... Esqueceu que quase me matou milhões de vezes?

— Quem quase te matou milhões de vezes foi a Natalie. — Eu respondi, tentando aliviar a minha culpa, mas sentindo-me igualmente culpado, não era certo jogar tudo em cima da minha irmã.

— Pode ser... Mas ela sempre tentou me matar, você tentava matar algo que era mais precioso para mim — ele disse, olhando Amy. — Ela chorou, ficou em choque, se recusou a conversar com nós... Durante dias, Kabra — aquilo me agrediu como um tiro, fazendo meu coração se sentir pequeno e nervoso. — Ela não acreditava no que você tinha feito, era tudo tão surreal...

— Eu sinto muito — contei, mas estava ficando irritado. — Não preciso ouvir isso Dan, já estou me martilhando o suficiente...

— Não, Kabra, você não entendeu minha intenção... — ele falou, observando o peito de Amy subir e descer, conforme sua respiração. — Eu não estou te contando isso para se sentir culpado, estou lhe contando, para você saber que ela também te amou... O suficiente para não querer acreditar em mim, para lhe defender toda vez que sentávamos a mesa... Ela ignorava tudo que tinha feito para ela, não importava o que... — ele olhou dentro dos meus olhos, e eu sabia o que ele queria dizer. — Ela te amou, cara, amou como eu nunca vi Amy amando...

— Mas eu dei mancadas demais... — completei, melancólico.

— Não acho que isso seja verdade, se fosse... Por que acha que Amy fugiu de você naquele dia? — Dan me encarava de uma maneira tão firme que fiquei admirado com a força daquele menino. — Se ela não amasse, teria parado, brigado com você, mandado-o longe, xingado até não poder mais... Igual como ela faz com aquela menina da escola, que vez ou outra tira ela do sério... Uma tal de Serena, Selena... Cecilia... Não me recordo o nome da garota, mas entenda, Amy não é de deixar barato... — ele sorriu. — Porém, ela não consegue encarar aqueles que ama, muito menos brigar com eles... Ela não teria entrado naquele carro se não te amasse.

Meus pensamentos giravam, como uma turbina... Cenas aleatórias passando pela minha cabeça, a forma como Amy fugiu... O jeito como ela me tratava até hoje... Tudo, sem nunca conseguir dizer as palavras para iniciar uma briga, sem nunca conseguir me encarar no meio de uma discussão... Da mesma forma como ela fazia com Dan, com Nellie...

— Você... Realmente acha que...?— Perguntei, com uma semi-felicidade.

— Eu não sei, cara, a única pessoa que pode te dizer isso vai acordar em breve, eu tenho certeza, e vocês terão tempo para conversar sobre isso dai... — Ele se levantou, para ir falar com Natalie sobre um último assunto.

— Ei Dan! — Chamei e ele se virou para trás, curioso. — Não é só a sua irmã, que tem mania de se apaixonar pelo “inimigo” — Falei a palavra brincando, e pelo tom do rosto do garoto ele entendeu.

A vida de outra garota...

— Vão! — Foi a última palavra que ouvi. Veio da boca de Natalie quando abriu a porta do quarto e saímos com Amy de lá. Eu estava com um jaleco de médicos, o que a Sinead pegou, e Dan andava um pouco atrás, mas o suficientemente perto para me ajudar caso algo acontecesse.

Andamos pelos corredores movimentados e enxergamos o tumulto que estava na ala norte, vários seguranças e médicos corriam para lá, tentando conter as fãs de Jonah...

Tudo estava muito bem, até dobrarmos o corredor que dava acesso ao elevador. Um homem, um pouco longe de nós pareceu notar-nos, ele tirou um dispositivo do bolso e falou algo nele, antes de começar a andar em nossa direção...

— Entre! — disse Dan, me empurrando para dentro do elevador.

— Dan! — eu chamei, mas ele apenas apertou o botão e deu um sorriso animado para mim, com ar de brincalhão:

— Te vejo em casa, Kabra — e me mostrou uma pistola de Natalie, provavelmente aquela que fazia dormir. — Eu sempre quis fazer isso... — E a minha última imagem antes das portas se fecharem foi Dan atirando.

Sinead estaria no primeiro andar, ficaria ao meu lado e logo estaríamos dentro do carro, com Nellie dirigindo para longe dali... O mais incrível era que nada havia dado errado...

Quando as portas se abriram eu me arrependi do pensamento.

Parados ali, com pistolas apontadas e caras de irritados estavam doutor de Amy, aquele Vesper maldito, e uma equipe de seguranças.

— Peguem a cadeira. — Ordenou o doutor.

Sem ter para onde fugir, apertei o botão para subir, mas um homem colocou a arma no meio da porta, impedindo-a de fechar. Olhei nervoso para as paredes, colocando meu corpo na frente do de Amy, se iriam levá-la, me levariam primeiro. O tempo das portas abrirem novamente foi o que precisei para pegar minha pistola, que estava guardada na parte de trás da minha calça, apenas para emergências...

Respire. A porta terminou de se abrir, com um estalo.

Mire. Olhei nos olhos dos seguranças, que estavam com as armas apontadas para mim, mas recuaram ao ver a minha.

Atire. Disparei os três primeiros dardos, que fizeram o três primeiros soldados caírem no chão, apagados.

Saí do elevador, mirando nos de trás que dispararam três vezes, graças, errando as três. Dois caras me seguraram por trás, mas eu dei uma cabeçada neles, e consegui me soltar, atirando logo em seguida. Um cara mais forte segurou um dos meus braços, torcendo-o de lado e uma forte dor latejou sobre meus olhos, mas não havia tempo para dor... O treinamento Lucian me fez ser mais forte, agil e, a melhor parte, esperto.

Mirei no de trás enquanto um cara se inclinava na minha direção, o que fez não apenas um, mas dois guardas caírem no chão com o peso do primeiro, esquivei do segundo enquanto chutava aquele lugar do terceiro.

Estava pronto para ficar assim o dia inteiro, mas um homem de três metros parou atrás de mim, segurando com força minha mãos, e abraçando-me para ficar parado, me debati mas nada parecei fazer com que o homem me soltasse...

— Acabou, Ian Kabra. — Disse a voz irritante do doutor. Ele caminhou calmamente até o elevador, puxando a cadeira e os aparelhos para fora. — Vocês lutaram, mas nada pode fazer-nos recuar... — Ele apontou para Sinead, que jazia no chão, com marcas vermelhas sobre o braço, e um pouco de sangue saindo por seu lábio, seus olhos estavam abertos e ela tentava se levantar, mas toda vez que se erguia sobre os braços, um rapaz a chutava na barriga, cabeça, ou em qualquer outra parte do corpo possível... Ela gemia de dor, mas eu via nos seus olhos a mesma raiva, a mesma vontade de proteger... Por fim, consegui ouvir o que ela dizia...

“Amy”

— Pronto para dizer adeus, desta vez para sempre, para a sua querida Cahill porca? — Perguntou o doutor, levantando de leve o rosto conturbado de Amy, que com os olhos fechados não parecia nada mais que um anjo dormindo serenamente... Me debati contra o homem que me segurava, chutando-o por todos os lados.— Bom... — disse o doutor. — Eu posso te prometer, que diferente de vocês ela não sentira dor... Será apenas um sono para sempre... — ele riu, sarcástico. — E pensar que ela estava tão próximo de acordar... Você não sabia disso, não é? — Ele me olhou, com uma interrogação visível na face. — Mas é claro que não, seus nerd’s Ekaterina jamais perceberiam sem a minha ajuda... Amy pode acordar dentro de 24 horas... Mas, infelizmente para ela, a única coisa que pode mantê-la viva é o soro. A receita, pela vida dela! — disse o doutor, me olhando furiosamente nos olhos.

Desespero tomou conta de mim, a única pessoa que sabia era Dan e Amy, e nenhum dos dois estava aqui, mentalmente falando, para dizê-la!

— Dan! — eu gritei. — Só ele sabe a receita! Por favor! Nós iremos dizer, chame Dan! — Berrei novamente.

— Nanininanão... — disse o doutor, o que teria feito Natalie cuspir na cara dele, que palavreado... Que inglês mais porco. — Você deve me dizer, ou melhor, um dos dois — ele disse, olhando para Sinead, que parecia forçar a memória.

— E-eu... — ela tentou dizer, mas nada saia. — Não lembro! — Ela deixou escapar lágrimas que me deixaram agoniado.

Alóe... Seda... Tentei, mas nada parecia completo... Precisávamos de pelo menos um representante de cada Cahill aqui...

Vamos Ian... Aja como um Lucian... O que um Lucian faria agora?

— Eu sei! — disse, e ignorei o olhar incrédulo de Sinead. — Mas me soltem, não consigo falar assim!

O doutor sorriu, como se algo naquilo tudo fosse engraçado, ele fez um sinal com a cabeça e o brutamonte que estava me segurando deixou-me cair ao chão. Levantei e andei devagar até onde Amy e o sujeito nojento estavam.

— Agora — disse o médico, segurando uma seringa. — Diga-me o qual é a receita, ou eu injeto esse... Remédio, no sangue de sua querida Cahill...

Olhei para Amy, e para a seringa em sua mão, sabendo que não poderia enrolá-lo por muito tempo...

— Duas medidas de farinha de trigo — disse, lembrando-me da aula culinária de Natalie. — Três de chocolate em pó — o doutor anotava, sem perceber que lhe estava enganando. Coloquei a mão no carinho, como quem me apoia, e fingi lembrar de algo. — Duas de... Como é o nome... Solução imediata de ácido... — Sinead me olhava, sem acreditar e fiquei me perguntando como a menina é uma Ekaterina. — E antes de eu continuar, preciso saber se Amy vai mesmo ficar bem? — o doutor revirou os olhos e disse:

— O que quer que eu faça? Um contrato?

— Deixe-me vê-la, para garantir sua saúde, ver se está bem... — o doutor revirou os olhos, mas fez sinal para que eu olhasse para ela. Toquei nos cabelos de Amy primeiro, me acalmando em contado com os macios fios... Deixe-me vagar por sua pele, segurando-lhe em meus braços. — Me perdoe — murmurei. — Não consigo pensar em mais nada e...

— Ande logo! — gritou o doutor, impaciente. Virei meu olhar para Sinead, que conseguia se rastejar até a porta. Do lado de fora vejo Hamilton e Madison, com ar de assassinos e percebi até onde Sinead ia... O rapaz que deveria estar cuidando dela, conversa com um outro, algo sobre “como os cahill’s são burros”, mas quando ela viu meu olhar, mandou eu continuar enrolando.

— Três quartos de medida de plutônio... — Dane-se o quão improvável isso é... Toquei no rosto de Amy, fazendo-a ficar com a cabeça erguida. — Eu sinto muito mesmo, Amy — disse e a beijei.

Por mais que o beijo não fosse retribuído, eu me senti bem em poder selar nosso lábios, fechei os olhos e senti pequenas lágrimas caírem-me a face, e mancharem seu rosto de porcelana... Ouvi alguns berros e fiquei ciente do que estava acontecendo a minha volta, Hamilton e Madison devem ter entrado... E consegui ouvir as pistolas de Natalie a uma distância incrível... Mas nada me surpreendeu mais, do que sentir aquela língua quente concedendo-me passagem por sua boca...

Não pode ser... Queria gritar, segurei a parte de trás do seu pescoço, sentindo-a retribuir... Ela segurou minha cabeça, e eu não acreditei no que estava aconteceu.

Meu ser explodia de alegria, como se nada nem ninguém importasse apenas o fato dela estar bem... Dela estar novamente acordada... E foi quando me afastei em busca de ar que vi o que mais queria ver em toda essas semanas...

Lágrimas, tanto minhas como dela, banhavam-lhe o rosto, os lábios gentilmente abertos, puxando o ar para dentro, porém seus olhos ainda estavam fechados...

Ela tomou ar, e seus olhos jades se fixaram nos meus.


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Notas finais do capítulo

[corrigido e revisado ao som de Enrolados]



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