A vida de outra garota... escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 29
XXIX - Wake up


Notas iniciais do capítulo

{Ao som de "Sentimentos São", bora ouvir Disney galera}



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~Pov Amy~

Não... O que estava acontecendo? Onde estava o chão? O céu? Ian?

Minha mente tentava encontrar sentido entre as ondas de escuridão que me rodeava...

Ian! Queria berrar, eu não conseguia acreditar que passei esse tempo inteiro sem me lembrar de nossos clãs... será que eles todos estavam fingindo que não sabiam? E o acidente? Como mamãe e papai estão vivos do nada? Nada faz sentido...

Talvez... Eu posso ter sofrido um acidente, de carro, como aquela luz que brilhou por último em meu sonho... Eu... talvez eles tenham fingido isso, por estarmos ameaçados pelos Vespers...

Por mais que tentasse mentir para mim mesma, sabia a resposta.

Estava em um limbo.

Algum lugar entre a vida e a morte, o real e o fantástico...

Eu conseguia sentir o vento ao meu redor, mas não conseguia me mover... Sentia as luzes brilhando sobre as minhas pálpebras, mas não conseguia abri-las...

E como um tsunami, a verdade chegou em mim... Levando-me com ela, e trazendo junto dela a sensação de algo em meus lábios...

Um sonho.

E inconscientemente, movi meus lábios em sincronia com os que me tocavam... Ouvia barulhos, gritos, algo próximo de um choro...

E as lágrimas saíram, sem permissão, enquanto beijava lábios de alguém cujo nem sabia que seria... Só pensava em Ian, e em como eu desejava que aqueles fossem seus lábios... Se tudo que vivi foi um sonho...

...talvez eu não queira acordar mais.

A vida de outra garota...

— Amy? — Ouvi alguém me chamar. Estava em algum lugar distante, não sabia bem onde, apenas ouvia um insistente barulho eletrônico e o som do meu coração... E bem, sentia algo como agulhas dentro da minha pele... Me mexi automaticamente, como quem foge do perigo.

A última cosia que eu lembrava era de ter visto o âmbar dos olhos de Ian, antes de fechar os meus olhos novamente, caindo a inconsciência.

As agulhas, grudadas em minha pele, alfinetaram mais, como se entrassem mais para dentro de minha pele.

— Calma! — senti mãos macias segurarem meu braço. — O que está acontecendo? — Perguntou a dona da voz familiar.

— Tire isto de mim — falei, fraca. Percebendo que minha voz não tinha sido usada a tempo — Tire! — Falei, após pigarrear algumas vezes, para limpar a garganta.

As mãos foram até meus braços, retirando as finas agulhas de lá, e eu suspirei aliviada. Algo na maneira como a pessoa fez o gesto, pareceu-me nervoso, como quem tenta se controlar.

— Amy...? — perguntou a voz, depois de longos segundos, ela parecia... Embargada, como quem chora. — Amy Cahill, você voltou?

Abri os olhos, fitando incríveis olhos chocolate. A dona das mãos macias e olhos chorosos era uma mulher, na faixa de 20 anos, com cabelos curtos repicados, negros com mechas coloridas, e uma expressão rebelde. Seu rímel se misturava as lágrimas e deixava linhas de traços pretos por suas bochechas.

— Nellie? — perguntei, sentindo as lágrimas salgadas fluorecerem em meus olhos.

— Oh, minha pequena! — senti seus longos braços me abraçarem, e conseguia ouvir os soluços reprimidos em seu peito, ela chorava como nunca havia visto Nellie chorar antes.

Depois de alguns minutos abraçadas, Nellie conseguiu voltar a respirar normalmente e me soltou, apenas para poder fitar-me os olhos.

— O-o que aconteceu? — perguntei, confusa e emocionada, algo errado estava acontecendo comigo...

— Você... Você bateu meu carro — Nellie disse, e agradeci mentalmente por ela estar aqui, e não outra pessoa que acharia melhor manter segredo, para a minha proteção... Nellie era direta. — Entrou em coma... — suas lágrimas encheram-lhe a face — Quatro meses... Quase cinco... — Ela chorou e eu entendi pela primeira vez, desde que “Ian sumiu no telhado da nossa escola”... Eu havia sonhado. Era isso, real e me atingiu sem hesitar. As lágrimas floresceram-me a face, eu queria gritar de pavor e chorar de arrependimento... Por que não continuei dormindo?

Não vi o resto do dia, rostos passavam como um fleche sobre meus olhos. Lágrimas, gritos de alegria, até mesmo alguns "xingãos", mas nada que valesse a pena parar para registrar...

Pelo pouco que ouvi da conversa de Sinead, o hospital tentou desligar meus aparelhos, mas eles bolaram um plano para me tirar de lá, algo como: “levar ela para a mansão Cahill”, porém o plano deu errado, Vespers atacaram, mas Ian e os Holt conseguiram vencer e eles, e eu “acordei” porém quando voltei a dormir eles me trouxeram para casa, onde colocaram essas drogas de aparelhos, e outras coisas das quais eu não me preocupei em ouvir.

Para ser franca, fingi alegria ao abraçar meus primos, e até me emocionei quando Dan chorou me abraçando, mas nada que eu gravei mesmo, apenas balançava a cabeça, e pensava em uma maneira de voltar para dentro do meu mundo, fugir de novo deles... Eu os amo, é verdade, mas estou tão cansada de ser julgada...

E ainda tinha os Vespers... Dan me disse que eles descobriram e os Lucian acabaram o garoto que me ameaçava, porém eles sempre ficarão atrás de nós... Parece que não há como fugir de quem é...

Não notei quase nada, como já disse, porém quando Natalie Kabra e Ian Kabra entraram por aquela porta, senti uma vontade incrível de abraçá-lo... Meu ser ainda se lembrava das palavras dele, ou melhor, das minhas... Era difícil pensar... Era difícil raciocinar... Tudo estava confuso, tudo estava bagunçado...

Natalie me abraçou, como tantas outras pessoas haviam feito, mas Ian ficou atrás dela, enquanto Natalie murmurava algumas palavras que eu não conseguia prestar atenção, Ian me olhou nos olhos. Nos encaramos por alguns segundos e todo o meu medo sumiu. Era como ver os olhos do Ian dos meus sonhos, confiante, alegre e apaixonado... Porém eu sabia o que aquilo fora, e sempre seria, apenas um sonho... Desviei os olhos antes de começar a chorar... Odiaria que ele me visse chorando de novo...

Porém as grossas lágrimas salgadas insistiram em cair, e os acabei chorando sobre a camiseta de seda de Natalie, enquanto a mesma afegava meus cabelos.

A vida de outra garota...

Os dias passaram, e depois de uma visita animada do tio Alistair, Nellie finalmente me deu permissão para levantar da cama. A casa havia ficado cheia, com pessoas entrando e saindo o tempo inteiro, e todos sempre faziam questão de sorrir e serem educados e prestativos comigo, como se fosse novamente o bebê da casa...

Ian era o único que não falava comigo, ele ficava distante em suas visitas, porém todas as vezes antes de eu dizer que iria me deitar, ele me olhava com o ouro líquido que são seus olhos, e balançava a cabeça, como quem diz tchau... Todas essas vezes o meu coração parou... Aquilo era demais...

Não sei informar-lhes que dia é hoje, apenas posso dizer que após acordar, me dirigi ao banheiro, afim de lavar-me. Minha perna ainda doía um pouco, mas não estava mais quebrada e por isso, adeus gesso.Minha cara já estava sem machucados, e eu apenas me sentia cansada.

Tomei meu banho e escolhi uma roupa qualquer, sabendo que ficaria na cama, ou sentada, o dia inteiro...

Estava tão irritada com tudo aquilo!

Preferia ter continuado dormindo a ter acordado agora... Que vida é essa?

Saí do meu quarto rápido, ciente que era cedo demais para todos estarem acordados e desci as escadas como quem pula degraus, minha perna latejando um pouco pelo esforço físico. Mas me sentia melhor a cada passo, como se andasse para a minha liberdade...

Abri a porta que dava para o jardim e corri pelo caminho de tijolos até estar distante da casa, ofegava, porém um sorriso genuíno se aplicou em meu rosto, era bom sair de perto de todos eles, de tudo aquilo...

Me sentei em uma árvore, de costas para a casa, vendo a pequena floresta particular dos Cahills a minha frente, não muito longe o cemitério trazia lembranças melancólicas e tristeza ao meu coração...

Eles estavam vivos... Pensei, tentando conter as lágrimas, meu humor estava muito errado, mudando a cada cinco segundos... No meu sonho, eles estavam vivos!

Era ridículo, eu sabia, mas chorava por ter acordado... Não seria melhor para todos que eu continuasse dormindo?

— Amy? — Ouvi uma voz grave e máscula chamando-me. Olhei para trás, sem tentar esconder as lágrimas que caiam sobre meu rosto, apenas fitando o recém-chegado.

Ian estava lá. Com uma jaqueta escura e jeans bem cortado. Era incrível como ele ficava mais lindo ainda de jeans, como se tivesse sido feito para a calça. Seus cabelos escuros brilhavam sobre o sol da manhã, que levantava-se devagar ao leste, como quem acaba de acordar... Seus olhos eram visíveis mesmo a distancia, olhos mais penetrantes que o sol.

— Ian. — Saudo, contendo as lágrimas que aquele nome me causa. Era assim, simplesmente dizer seu nome me causava medo e vergonha... E uma arrebatadora saudades.

Ele andou até mim, hesitante, como se fosse correr a qualquer instante. Sentou-se ao meu lado, embora nenhum dos dois conseguisse olhar dentro dos olhos um do outro.

— O que há de errado, Amy... Quer dizer, Cahill? — Ele parece confuso e eu sinto algo diferente quando ele me chama de “Amy”, algo perto da felicidade.

— N-nada — Proferi, mas a sua pergunta me deixará confusa. Ele ligava? Estava mesmo preocupado?

— Quem nada é peixe, Cahill, você está diferente, até parece que acordou como um E.T., ou algo assim? — Suspirei, lembrando de como era difícil conversar com o “Ian real”.

— Eu tenho nome, sabia? E pelo que eu sei você conhece ele, é Amy! — Bradei. — E eu não tenho nada que queira conversar com você. — Sequei rapidamente as lágrimas.

Ok, meu humor esta um inferno.

Ian me olhou, sorrindo com o canto da boca, algo naqueles lábios me deixava nervosa e... Apaixonada.

— Ok, mas sério... Você não vai me dizer o que está acontecendo? — pergunta ele, e sem me conter, começo a falar.


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Notas finais do capítulo

{"Sentimentos Vem,
Para nos trazer,
Novas sensações
Doces emoções
E um novo prazer..." Venham cantar comigo pessoas, embora esse capítulo esteja de chorar}
[revisado e corrigido]



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