A vida de outra garota... escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 20
XX - There's a law in the universe that says no one can be very happy


Notas iniciais do capítulo

{Capítulo onde certo alguém se toca de certas coisas... Merecemos.}



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~Mundo da Amy~

Pov. Amy

Farta... Cansada... Irritada... É assim que eu estou me sentindo.

Parece que tudo que eu faço está errado e tudo que os outros fazem está correto.

Pisco várias vezes tentando afastar as lágrimas da minha face... Por fim paro de correr... Olho ao redor e percebo que estou no mesmo parque onde descobri que a Si e o Hammer se gostavam...No mesmo parque onde eu e Ian...

Droga de pés!

Porque me trouxeram para cá?

Caiu diante de um banco, sentada no chão e com as mãos e a cabeça deitadas sobre o banco de madeira.Permito-me chorar enfim, sem pensar no que as pessoas iram pensar, sem pensar em nada...

A raiva vai passando e a forte dor que eu sinto no meu coração me destrói. O que estou fazendo?

Meu telefone toca, e toca várias vezes, mas eu faço questão de ignorá-lo, não quero saber de nada, não quero saber de ninguém...

Sinto algo bater na minha cabeça.

Olho em volta e vejo uma menininha, ela tem cabelos loiros e ondulados, o tipo de cabelo que eu sempre quis ter, ela corria atrás de uma bola verde, que bateu na minha cabeça. Atrás dela vinha correndo um menino, provavelmente do seu tamanho. Seus pais deveriam estar observando eles de longe.

Minhas lágrimas foram diminuindo a medida que eu olhava as crianças. Eles sorriam e brincavam, mas então a menina caiu na lama. Ela deu uma rápida chorada mas o menino se atirou em cima dela, abraçando ela. A menininha parou de chorar e abraçou ele também e este a ajudou a levantar. Era a coisa mais estranha que eu já vi na vida, mas me ajudou a olhar envolta. Parar de ser a Amy injustiçada e ver como o mundo não está resumido a mim.

Ian pode não ter feito nada disso, Amy, Celeste o beijou.

Ele esteve sempre querendo te ajudar... Te tirou da “lama” quantas vezes?

Sequei algumas lágrimas da minha face e tentei levantar, ciente que havia passado um bom tempo, e que talvez eu não chegasse a tempo no jogo mais importante da temporada...

Prendi meus cabelos no meu rabo de cavalo e comecei a correr como se minha vida dependesse disso.

Meus pés doíam e minhas pernas ardiam. O ar entrava e saia do meu pulmão tão rápido que eu não entendi como ainda não estava morta. Corri porque percebi pela primeira vez que estava errada.

Percebi que Ian não fez nada daquilo que eu achava que ele tinha feito...

Percebi e aceitei mais um fato.

Que eu estava apaixonada por ele.

A vida de outra garota...

Passei por cima da roleta, sem nem olhar para a cara do segurança local, corri por mais alguns corredores, deslizando tantas vezes que quase morri.

Meus pulmões doíam... Ardiam... Eu simplesmente os sentia secos. Sem ar.

Assim que cheguei perto do vestiário ouvi uma voz falando:

— Não podemos fazer isso com ela! — Percebi que era Sinead gritando. — Vocês sabem o que houve, não sabem?! — Minha respiração acelerou e minha mente ficou branca com a volta do ar, só mais um pouco...

— Ela que escolheu sair correndo antes do começo do jogo mais importante do século — reconheci Celeste falando. — Ela não... — a voz dela sumiu quando eu abri a porta com força.

Todos me olharam e eu desabei no chão.

Meu peito doía e não conseguia colocar o ar para dentro.

— Um... po...pouco... de... á...água...p..por... favor... — Consegui dizer por fim e ouvi alguns gritos gerais.

– Braços para cima, Amy! — ouvi a voz de Hammer atrás de mim, eu tentei levantar os braços, mas tenho certeza que não consegui. Hammer segurou eles no alto, grudando seu peito nas minhas costas. — Respire quando eu respirar ok? — Ele disse e respirou fundo, eu fiz o mesmo, e depois de alguns segundos ele soltou. Fizemos isso umas vinte vezes até Maddie chegar com um copo de água e eu beber tudo muito rápido.

— Amélia Cahill! — Sinead gritou assim que Dan me ajudou a levantar. — Você está proibida de fazer isso comigo de novo, me ouviu?

Todos ficaram em silêncio me olhando. E eu fiquei corada com os meus pensamentos anteriores e não consegui dizer nada por um bom tempo.

— Me desculpe, Si. — Foi só o que eu disse e Sinead me abraçou forte. — Sinead... Eu tenho que me trocar. — Lembrei.

— Não, querida. — Disse Celeste e eu percebi que ela estava com roupa de líder. A minha roupa! — Eu vou entrar no seu lugar, já foi decidido.

— Não foi decidido nada! — diz Natalie.

— A Amy é a capitã, Celeste. — Jonah falou, rindo da cara de tacho da garota.

— E a capitã tem que entrar — Ted, aquele ruivo fofo, completa.

Dou um sorriso para eles, agradecendo.

— Obrigada gente, mas podem deixar comigo. — Eu disse e meu sorriso sumiu. — Você tem sorte, mas muitas sorte de eu ter uma roupa reserva. — Informei para Celeste, com fúria na voz. — Porque essa fantasia — eu disse tirando o pano com o “C” e o emblema da escola. — Não vale para nada! — Assunto terminado, sai marchando até o meu armário. — Lindsey e Johanna, tirem ela daqui. — Falei antes de bater a porta do banheiro. — E vocês — gritei sobre a parede do banheiro. — Fora daqui, agora! Temos um jogo para vencer!

Ouvi pessoas murmurando e a porta batendo depois de um tempo e suspirei. Coloquei minha roupa e coloquei o “C” de volta na parte de trás.

Abri a porta do banheiro, prendendo os cabelos e encontrei Ian.

Ele estava sentado no banco onde geralmente ficam nossas mochilas, olhava para baixo e já estava com a roupa de capitão. Ele parecia pensar.

— Ian? — Chamei e ele virou o rosto para cima.

— Amy! — Ian levantou com um susto. — Desculpa, eu não vi você saindo e...

— Não tem problema. — Falei, tentando tirar a magoa da minha voz. Para me distrair arrumei o emblema da escola na lateral do meu ombro.

Andei até a pia e recomecei a prender meu cabelo no rabo de cavalo. Ian contornou os bancos e parou do meu lado, fitando o espelho assim como eu.

— Na verdade, tem. — Ele disse, e eu percebi que ele parecia triste. — Eu... Amy eu...

— Você? — Encorajei, tentando fazê-lo terminar a frase.

— Eu sinto muito pelo que aconteceu com Celeste. — Fala sem olhar nos meus olhos, fitando apenas o espelho na nossa frente.

— Ela não tem chances comigo, Ian. — Riu, desapontada por ele não ter falado nada. — Eu sempre vou ser a capitã dessas meninas.

— Não, Amy, ahn, bem, não sobre isso... Isso eu sei. É, hm, sobre... Aquele beijo...

— Ah... – Não consigo pensar em nada melhor para dizer, apenas balançando a cabela em concordância.

— Você sabe que eu não queria aquilo, eu... Amy eu...

Não sei de onde surgiu a coragem, só sei que ela estava ali quando precisei. Sem deixar Ian terminar de falar, me virei e beijei seus lábios.

O beijo era doce, calmo, bom...

Eu me senti presa em nossa bolha, nossas línguas travavam batalhas silenciosas. Ian segurou minha cintura junto a ele, me puxando para perto e eu sorri internamente.

Era o beijo dos meus sonhos.

O beijos sem apostas, motivos, desafios... Um beijo puro... E ótimo.

Algo dentro de mim se mexeu com o toque de Ian, e percebi que até mesmo aquela parte que eu não compreendo do meu ser gosta dele. Gosta do beijo dele, da sensação dele me segurando, sim, eu gosto disso.

Me soltei quando o ar se fez necessário e dei um sorriso para ele, mas sem fitá-lo.

— Te vejo no jogo, campeão. — E antes de ouvir sua resposta, saiu correndo para o campo.

A vida de outra garota...

O jogo estava indo bem.

Nosso time estava ganhando e faltava apenas 3 minutos para acabar o jogo. A nossa torcida berrava, contente por uma vitória.

Eu falava as palavras, mas elas me pareciam sem nexo, porém levantavam a torcida para berrar e gritar.

Olhei para o placar e vi que estávamos quase lá...

Quatro...

Três...

Dois...

Um...

O apito soou e a torcida vibrou.

Ganhamos!

Eu abracei Sinead que beijava o topo da minha cabeça, como se fosse muito mais alta.

Ela correu em direção a Hammer depois que a segurou no colo e a beijou. Oh oh... Alguém terá que me contar uma coisinha ou duas depois... Era lindo ver os dois juntos.

Olhei para os lados, a procura de Dan. Quando o achei ele estava com uma Natalie radiante no ombro. Os dois gritando e sorrindo.

Ver aquilo, por mais que me deixasse feliz, me deixava louca. Todos agora tem que ser casais? E eu?

Procurei Ian — não, nenhuma referencia a casais aqui, somos só amigos... Só eu estou apaixonada por ele, o sentimento não é reciproco — no meio da multidão e quando finalmente o encontrei ele andava na minha direção. Um sorriso no rosto e a taça na mão. Seus olhos cor de âmbar fitaram os meus jade e eu me senti bem. Tinha vontade de correr até ele, abraçá-lo, beijá-lo... Mas algo me deteve.

Foi um flash. Em um momento todos estávamos sorrindo e rindo e no outro eu berrava.

Algo acertou a cabeça de Ian. Algo grande, e preto.

Meu grito ecoou sobre o estádio que se calou aos poucos.

Eu corri em direção a ele, mas parecia que não chegaria nunca.

Paramédicos chegaram e correram até ele e eu senti alguém me segurar.

— Não! — gritei com as lágrimas nos meus olhos, me debatendo contra alguém. — Ian... — eu disse baixo.

— Calma, Amy. Alguém está jogando coisas nas pessoas — ouvi a voz urgente de Jonah chegar ao meu ouvido. — Ian está protegido, agora vamos proteger você.

E me deixo ser arrastada de volta para o vestiário.

Fecho meus olhos e vejo os olhos da única pessoa no mundo que eu me importo no momento. Vi os olhos cor de âmbar de Ian. Seu sorriso de vitória. E imediatamente. Seus olhos se fechando.


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Notas finais do capítulo

{Péssima analogia essa história da lama mas... ALGUÉM ADMITIU QUE ESTÁ IN LOVE PELO IAN! Eu misturando inglês com português sou um saco, né? Meus colegas vivem falando isso... Mas bem, vamos ser felizes, certo?}
[corrigido e revisado com um lindo sorriso na cara]
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