Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 96
Capítulo 95


Notas iniciais do capítulo

Em minha defesa, eu programei o capítulo 95 e foi o Nyah que sumiu com ele. Eu vinha postar o 96 qnd notei isso!

Tô viva, gente. Tive que me ausentar de milhões de atividades nesses últimos meses, problema de família, agora que tudo tá "estabilizando" mais. Não foi o melhor timing, mas me distanciar foi necessário msm.

Mas vocês sabem que tamo na melhor fase e que não importa o qnt demore, eu sempre volto. E nesse capítulo, alguém vai voltar também.

Então o timing não foi tão ruim assim, foi? :D

Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/453816/chapter/96

— JURA que a MELHOR programação que você encontrou na TV foi JIMMY BOLHA?

Murilo levanta uma sobrancelha sugestiva enquanto alterna de olhar pra mim e pra TV quando chega na sala com uma bacia de pipoca. Estou esparramada no sofá, com pés sobre a mesinha e com o controle sobre minha barriga, pronta para escondê-lo se preciso. E defender o Jimmy Bolha.

— Hey, eu tô dodói, tá?

— Tá nada!

— Bom, pro resto do mundo eu tô, então tô no meu direito de assistir o que eu quiser. E Jimmy Bolha é um filme legal, tá? Agora senta e me dá essa pipoca.

— Não, vou pegar meu pen-drive. Tem episódios de...

— Negativo, vamos assistir Jimmy Bolha. Quando tu tava doente, eu assisti até Alvin e os Esquilos contigo e não reclamei daquelas vozinhas irritantes. Faz tempo que eu não assisto o Jimmy Bolha, então vamos ver Jimmy Bolha.

Murilo faz bico por eu resgatar essa do Alvin e os Esquilos, que ele me fez jurar que nunca diria à Aline que ele assistiu e por causa dela. Foi na época que mamãe tava pela cidade e meu lindo irmãozinho com catapora na casa de Djane. Até o Vini se espantou ao chegar e ver qual era o filme da vez.

E isso porque tava passando O Demolidor (com o Bem Aflleck) em outro canal no mesmo horário, mas meu mano insistiu, porque tava chateado com o lance de a Aline ter quase o estrangulado (por ter espalhado pra todo mundo que achava que ela tava grávida), e o filme tinha alguma coisa relacionada a isso, coisa que Murilo nunca me disse o que é. Já desisti de perguntar, visto que pode ser uma algo pessoal da relação deles. Tipo o significado que MIB – Homens de Preto tem pra mim e pro Vini. Íntimo demais.

Meu mano senta ao sofá ao meu lado e eu coloco o controle atrás de mim pra todo caso. Estava para acabar a novela da tarde e logo seria o filme. Pois é, tamos numa sessão cinema em casa à tarde em plena sexta-feira, como se não tivéssemos nada pra fazer e por insistência dele.

Por mim, estaria no estágio e com Gui buzinando no meu ouvido, como ontem. Meu amigo não sossegou até que ele e Iara me fizessem vir pra casa. Meteram até Filipe no meio, que no fim das contas, foi quem me trouxe. Depois dessa, Murilo inventou de me fazer matar aula e trabalho hoje também. Eu, por fim, desisti de tentar argumentar qualquer coisa e abracei o “feriado”. E queria ver Jimmy Bolha, poxa!

Murilo ainda tenta argumentar:

— A gente já viu esse filme milhões de vezes.

— Tenho saudades, ué. Tenho saudades sabe de o quê mais?

A criatura me olha suspeito, com medo do que posso reavivar, enquanto já detona a pipoca antes da hora.

— Loucademia de Polícia. Não me olha com essa cara, coisa. Tenho umas boas lembranças da minha infância vendo esse filme. Eu não aguento é A Lagoa Azul. Acho que ninguém aguenta mais e olha que deve passar duas vezes ao ano.

— Acho que até ouvir o nome A Lagoa Azul eu não aguento. Mas né, o que não faço por ti, até ver esse raio do Jimmy Bolha de novo.

Puxo a bacia de pipoca dele e evito tocar no assunto de novo do Alvin e os Esquilos por bondade no coração, mas acabo trazendo drama de qualquer jeito.

— Eu disse que ia pro estágio e você veio com aquela cara de “por favor, Mi, acho melhor não” e eu fiquei, não fiquei? Aliás, tô sem atestado, então vão descontar da minha remuneração. E da tua!

— Você sabe que quanto aos meus horários eu dou um jeito e outra, se for o caso, eu cubro o buraco de money de hoje.

— Tá bom, senhor eu-tô-rico-e-esbanjando-money—por-aí.

— Rico eu não tô, só... Só acho que você precisava de um tempo. É sério, Lena.

Meu mano bate ombro com o meu ombro e olho pra ele confirmando que sabia bem o porquê daquilo e justamente por saber que eu não insistia em não trazer respostas negativas, aceitava de bom grado a preocupação e carinho.

— Eu sei. Tá sendo bem difícil lidar com esse rolo todo. A ficha finalmente caiu e... Mentir assim para as pessoas, é bem mais complicado. Nem todas aquelas mentiras passadas me prepararam pra algo do tipo.

— E acha que deveriam te preparar pra algo?

— Bom, não exatamente. É só que... antes, quando eu mentia, mentia pra me proteger. Como que para manter meu casulo seguro. Que eu achava ser seguro. Mas agora... Sinto como se estivesse num teste e falhando miseravelmente, porque por mais que eu opte não mentir, isso é tão grande que eu nem tenho chance de escolha, eu só tenho que... mentir. E tudo pelo que batalhei pode ou vai vazar no ralo. Quer dizer, quem vai acreditar em mim depois dessa?

— Eu. Eu vou acreditar.

— É sério, Mu.

— Eu sou tapado desde sempre, caio fácil.

— Não tá me fazendo sentir melhor.

— Lena, é diferente agora.

Num movimento rápido ele captura o controle da TV que tava atrás de mim e abaixa o volume. Quando foi que o Murilo se tornou esse raio? Ele se vira de volta e sei que agora ele vai falar sério.

— O que eu quero dizer é que essa é difícil mesmo, e eu tô do teu lado. Mana, não importa se ninguém acreditar em você por um momento ou pelo resto da vida, porque se fizerem isso, a burrice é deles. Eu aprendi que a gente deve dar uma segunda, uma terceira e quantas chances forem possíveis, isso se o outro se arrepender e for de coração...

Me ajeito pra me sentar melhor e... é, é um alívio terreno ter meu mano falando isso pra mim. Que está do meu lado. Que tem a esperança que ainda pende dentro de mim.

— E você tá deixando bem claro que não tá mentindo porque é de alguma vontade sua, mas por esse “rolo todo” que tem te feito mentir. Se eles são seus amigos mesmo, eles vão entender. Além disso, se fosse possível, você faria um acordo com o tal Max pra abrir o jogo com eles. Eu sei que sim. Até tentou pelo Aguinaldo não foi? Mas conseguiu um pra abrir pra mim, pra Djane e pro Vini. Lena, é isso que é importante.

O que sobra de mim é uma figura surpresa, ainda mais por depois de todo esse discurso ele pegar a bacia de pipoca de volta, recostar-se no sofá e continuar a comer, como se fosse nada demais o que a gente tava conversando. Eu devo tá andando muito tapada ultimamente, porque até o Murilo tá tranquilo. O MURILO.

Mas...

— Mas, Mu...

— Lena, vai por mim. Você não vai perder ninguém. Além disso, você sabe bem o que funciona e o que não funciona numa mentira, sabe também como não necessariamente é preciso dar detalhes e, com jeito, é possível evitar situações. Usa isso. É possível ser sincera mesmo ao meio de uma mentira. Você mesma já me disse algo sobre isso, lembra? Sobre ser sinceramente mentirosa?

Tô impressionada demais pela postura dele que não tenho outra coisa para responder senão:

— Já disse que te amo, Mu?

Agora ele tem um sorriso sacana e aumenta um pouco o volume da TV.

— Algumas vezes. Mas gosto de ouvir e principalmente nos momentos certos.

— Quando não é certo?

— Quando você quer me pedir favores. Tá, eu gosto de ouvir também nesses casos, mas, sabe, gosto mais quando...

Apenas pulo em cima dele e não me arrependo do que profiro logo em seguida. Porque, né, como ele diz, é um daqueles grandes momentos.

— Meu Deus, Murilo, eu não sabia ser possível te amar mais ainda, criatura!

~;~

— Você veio de ônibus? E a aula?

Na verdade, eu queria perguntar “O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI NA MINHA PORTA, GUI?”, mas não queria que ele tomasse isso de uma maneira negativa. Eu só tava muito surpresa mesmo.

— A Iara veio me deixar, pego um ônibus pra voltar depois. Posso entrar?

— Claro, claro, vem.

Dou a passagem para ele e logo fecho a porta, tentando imaginar porque ele tá matando aula pra vir na minha casa. O que será dessa vez? Não quero pensar, só ouvir enfim um bom motivo. Ao adentrarmos a sala, meu amigo deixa a mochila no pé da entrada e, já de casa, senta-se no meio no sofá grande.

— Pode pegar uma água pra mim?

— Água. Beleza.

Para falar a verdade, tô tão surpresa que tô parecendo uma barata tonta dentro da minha própria casa. Pego um copo, encho com água gelada e vou lá servir ele, que está de um modo indecifrável. Sei lá, só não consigo lê-lo, o que me deixa incomodada mais ainda. Permaneço ao lado e titubeio se sento no braço do sofá, se fico de pé. Não me imaginaria ficando sem ação desse jeito.

Assim que ele toma umas goladas, o silêncio reina. Quer dizer, a TV tá ligada, mas como fui abrir a porta pela campainha, acabei baixando o volume e...

— Então, você tá melhor?

— Sim. Descansei mais. Teve muita coisa na aula ontem?

— Até que não, nada que te atrase muito. Max até faltou, o que achei ótimo. Pensei em vir, mas eu tinha prometido de levar umas coisas pra minha mãe, aí num rolou.

— Ela tá bem?

— Tá levando... Nunca a vi desse jeito. É estranho.

Gui concentra o olhar no copo, segurando com ambas as mãos e imagino que esteja compenetrado nesse pensamento. Ninguém esperava esse divórcio mesmo. 

— Espero que ela melhore.

— Mi...

— Eu.

— É-é... estranho.

Cruzo os braços, já que não consigo me aproximar o bastante para lhe oferecer um consolo maior. Há essa vibe nele e na gente que, não sei, é como se não deixasse. Não quero que ele interprete como pena de novo também.

— É um divórcio, é pra ser estranho.

— Não, eu não digo sobre minha mãe, eu digo... sobre você.

— Eu?

Ele enfim para de encarar o copo em mãos e o deposita na mesinha à sua frente. Sem jeito, ele umedece os lábios em claro sinal de hesitação e se vira para meu lado, sem, no entanto, me devolver o olhar. Ele também une as mãos e posso ver que está apertando uma na outra.

— Ok, eu preciso te contar uma coisa. Na quarta, quando você saiu com Djane, porque tava passando mal e tal, que eu levei a Flávia pra casa, a gente conversou e teve uma coisa que me deixou muito intrigado no que ela disse.

— O que ela disse?

Parecendo inquieto demais, inseguro demais, meu amigo Aguinaldo passou a transferir o olhar para tudo ali naquela sala, menos pra mim. O fato de ele não me encarar tava me deixando nervosa.

— Ela tava muito quieta, sabe, pensativa, falando umas coisas soltas enquanto eu tava ali, tentando entender onde ela queria chegar. Disse que você era muito cuidadosa para tudo, que sempre prestava atenção nas coisas, que confiava em você e que... você não faria aquilo de novo. Não com a gente, não depois de tudo o que passamos. E eu realmente fiquei encucado com isso.

Engulo a seco, com receio de onde ele quer chegar. Mas ele persiste em não me olhar, o que não sei mesmo se é de alguma ajuda nesse desconforto todo.

— Acontece, Lena, que ela falava como se soubesse de algo, mas não exatamente... de algo. Não sei explicar bem. Só sei que isso me fez pensar, pensar mesmo sobre o que anda rolando. Quer dizer, tem muita coisa rolando ao mesmo tempo e acho que não estou olhando do jeito que era pra olhar, sabe? Tá faltando algo, eu sinto.

— Gui...

— Não, me deixa falar primeiro.

Ele irrompe do seu estado alheio e volta-se para mim, ansioso. Vejo também que ele está desarmado e depois dessa eu apenas assinto.

— Como disse, eu nunca vi minha mãe desse jeito e me assusta um pouco, fico sem maneiras perto dela. Mas agora me encontro sem maneiras perto de você. Porque eu já te vi assim e da outra vez... Da outra se tratava de uma coisa... horrível. E eu tô assustado. Mais assustado porque... Porque eu poderia estar do seu lado, te apoiando e sinto que depois das minhas muitas canalhices, você não confia mais em mim.

Pouso uma mão ao queixo desfazendo um pouco dos braços cruzados e por um momento eu não sei o que responder, apenas respiro fundo, como se oxigenar o cérebro ajudasse a articular melhor alguma resposta. Nesse meio tempo, ele continua. E o que ele diz... Me faz sentar no braço do sofá, muito mais surpresa ainda.

— Ontem lá na empresa, eu tava te colocando contra a parede. Sinto muito se pareceu que... que, sei lá, tivesse te pressionando, mas eu queria testar. E você não dizia nada, desviava o assunto e eu ficava cada mais vez mais no escuro, tentando fazer as peças se encaixarem. E eu sei que é culpa minha você não querer mais falar nada, porque eu fiz besteira, fiz muita besteira e procur...

Me encontro apertando meus olhos e ouvi-lo desse jeito me parece tão torturado que não aguento muito esse desabafo. Preciso que isso acabe. Isso, isso tudo entre a gente. Preciso como necessidade mesmo.

— Gui, para.

— Não, Lena, a Flá tá certa. Você não taria tão convicta se não soubesse de algo...

Fecho as mãos ao rosto e apenas penso: porran, Flávia! Essa não era pra agora.

Não era pra ela ter dito nada!

— ... eu não me importo com o que seja, só quero ter a oportunidade de mostrar que não sou esse canalha todo que tenho sido. Posso ter me perdido dos trilhos por um tempo, mas...

Tento me recompor e fazê-lo parar de novo.

— Apenas para, ok?

— Como parar se...?

Atarantada, levanto de supetão e de costas pra ele, ando até a porta da sala. Não tenho a mínima ideia do que tô fazendo, só tô reagindo e procurando não me deixar levar por essa carga pesada.

— Olha, cara, eu agradeço que tenha vindo e... Não sei o que você quer que eu diga. Não sei o que você quer de mim.

Quando me viro, Aguinaldo está de pé, tão firme e resoluto que fico sem palavras.

— Tem algo, não tem, Lena?

Tem! Meu Deus, tem e eu quero contar, juro, juradinho. Se você pudesse saber o quanto... Mas só termino por amassar um lábio no outro e sinto todo o meu corpo tenso. Eu não quero brigar, eu não aguentaria mais esse rombo no coração de novo. Não tenho espaço pra isso.

Você não vai perder ninguém, foi o que Murilo me disse essa tarde. Usa isso. Lembro e titubeio. É possível ser sincera mesmo ao meio de uma mentira.

— Você nem tá negando.

Engulo a seco e abro a porta, sem lhe dignar um olhar sequer.

— Acho melhor você ir.

— Não quero saber do que se trata, Mi, não quero. O que eu quero é te dizer que se precisar de mim, e acho que pode estar precisando de um amigo, eu tô aqui...  É sério! Tô aqui, poxa! Sei que não ando facilitando, mas não é pra dar errado de novo, entende? Já falhei um bocado e eu também tô cansado disso. De todo caso, respeitarei seu espaço se me pedir pra ir embora mais uma vez.

Inseguro, mas firme, meu amigo me olha. Na face, a marca da hesitação, do receio, do incerto, da luta. Ele estava tentando, eu devia considerar isso. E considero.

— Então?

Num sussurro, me rendo, o olhar baixo e os braços abraçando meu corpo, como se pudesse proteger-me de suas palavras.

— Não quero que vá embora. Não desse jeito, digo. Mas também não quero brigar. Só me pergunto se em algum ponto da vida, a gente vai deixar de se machucar assim.

Mexo os ombros em sinal de desconforto e noto que ele se aproxima devagar.

— Sinto muito por todas as vezes que te machuquei. Só tava tentando ser alguém que... Achei que deveria evitar situações ao invés de remediá-las. Perdi o controle. E não era um controle meu. Quer dizer, não era... Não cabia a mim controlar nada na sua vida ou na de ninguém. Também quero um ponto final nisso. Vim por isso, Lena.

Um ponto final? Seria esse o fim do túnel escuro?

Ou estou me enganando de novo?

Engulo com dificuldade e me sinto insegura, mesmo com ele dizendo todas essas coisas. Mas é quando levanto os olhos, que vejo que como ele se porta, como está ali, querendo se reaproximar, mas como disse, sem saber como, sem maneiras, que entendo que isso devia valer alguma coisa. Sob meu olhar direto, ele se aproxima mais ainda, busca também com o seu olhar permissão para fazê-lo e seguir para mais perto.

— Não farei mais promessas que não posso cumprir, não deixarei mais minhas desculpas te atingirem, não vou mais interferir. Eu só quero que as coisas voltem a fazer sentido, que a Terra continue a rodar. Acha que...?

E aí veio o clic. Um clic que enfim me oxigena a cabeça e me dá fôlego.

— Quer saber? Acho que é possível sim.

Meu amigo tem esse ar de surpresa, mas daquele que perdeu alguma coisa no meio do caminho, não entende ou tem noção do que vai vir.

— Gui, nunca imaginei que te viria a te dizer uma coisa, que pode ser, sei lá, a nossa solução. Funcionou com o Murilo, funcionou com o Vini e funcionou até com Djane e não vai ser fácil. Preciso saber se você taria disposto a apostar nisso também.

Interessado, ele me responde de pronto:

— Em quê?

— Em retrabalhar a confiança, a nossa confiança. É a base de tudo, afinal. É como uma reabilitação e exige muito da gente. Mesmo. Mas o resultado é surpreendente. Envolve, claro, muita disposição, conversa, conversa aberta e...

— Eu confio em você.

Sorri e não foi bem um sorriso de comemoração, porque isso é o desespero dele falando. Eu não quero nada precipitado. Dou essa chance, mas é preciso mais que determinação pra seguir em frente com isso. Essa minha percepção, no entanto, me quebra um pouquinho. Pode ser que ele não esteja preparado pra isso. Não tem como eu saber assim, num minuto. Quer dizer, antes ele me convencia, e aí dava pra trás depois de um tempo. Mas posso depositar só mais esse bocadinho de confiança necessária para um recomeço.

— Não, Gui, você ainda não confia em mim. Mas vai voltar a confiar, se persistir nessa comigo.

— Não chora.

Eu mal tinha me notado chorando. E aí pisco e tudo borra. Fungo e me recupero.

— Não é um choro de tristeza, mas talvez de incerteza.

— É claro que me doo. Estou disposto, Lena. Entenda isso.

Fungo de novo e passo as mãos aos olhos rapidamente. Ainda sinto certa distância entre a gente e quero tentar algo.

— Me dá sua mão.

De pronto, ele me oferece a mão conforme pedi e a seguro firme, faço um carinho até. Fungo mais e engulo ao máximo essa sensibilidade toda. Tenho que trazer minha convicção de volta e é isso. Em meio à mentira que sou obrigada a dizer, vou ser o mais sincera possível. Quer dizer, não preciso mais mentir à cara dura, só dizer a verdade, mesmo que não seja ela completa. Essa é, acredito, minha maior prova de espírito, e por consequência, a dele também.

— Eu preciso de um tempo. Não de você ou de ninguém que amo. Preciso dar um tempo de tanta... coisa na cabeça. Me entende? Pode fazer isso? Podemos acertar dessa vez?

— É o que eu mais quero no momento.

Assinto, dando-lhe mais força sobre isso.

— Você tem muitas perguntas, eu sei, e muitas delas... tenho sim a resposta. Só ainda não é o momento. Acha que pode lidar com isso?

— Aceito como uma oportunidade de mostrar que sim.

Abro um sorriso fraco e finalmente depois de tanto arranca-rabo nosso, parece que estamos em paz, na mesma página. Ele também tem essa linha sorridente aos lábios, tão quase igualmente emocionado, e agora sim é certo amenizar esse climão. Aguinaldo enfim me acompanha pra encerrar essa luta. Aperto novamente sua mão na minha.

— Ainda vamos errar muito, cara, e aprender um tantão mais.

— A vida taí pra isso, né?

Ao falar isso, Gui me desanuvia a cabeça ao afastar uma mecha de cabelo que pendia no meu rosto. Sim, sorrio, a vida taí pra isso. Ela enfim nos reuniu de volta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

FINALMENTE ESSES DOIS, SENHOR, FINALMENTE!
Solta mais foguete que tá pouco foguete o/ o/ o/

E Murilo sendo esse super sensato? Olha, ele anda de parabéns, viu!

Tbm tenho saudades de Loucademia de Polícia! Abri um trecho no youtube e nossinhora, deviam voltar a passar esse filme. Me julguem hahaha

VAI TER CAPÍTULO 96 LOGO EM SEGUIDA SIM!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mantendo O Equilíbrio - Finale" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.