Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Hey, gentes! Vamos aporrinhar nossos garotos, porque o post tá com fofos momentos deles :DD
A propósito, Gui, estamos todos torcendo por você! (Né?)

Ainda tem esse tal Renato conquistando corações (e trollando outros)...

Enjoy!

P.S.: Só reforçando dicas de cast

Gui: Max Irons (A Garota da Capa Vermelha; A Hospedeira; The White Queen)
http://s1286.photobucket.com/user/alexisklets/media/MoE/Max-3-max-irons-31030184-500-661_zps88a4523b.jpg.html?sort=3&o=23

Vinícius: Hayden Christensen (Jumper; Star Wars; Awake)
http://s1286.photobucket.com/user/alexisklets/media/MoE/eye-candy-hayden-christensen-0_zpsa219ae8f.jpg.html?sort=3&o=17

Murilo: Channing Tatum (G.I. Joe; Para Sempre; Ela é o Cara; Querido John; O Ataque)
http://s1286.photobucket.com/user/alexisklets/media/MoE/1354717507_channing-tatum-article_zps60466109.jpg.html?sort=3&o=0

Djane: Felicity Huffman (Desperate Housewives)
http://s1286.photobucket.com/user/alexisklets/media/MoE/felicity-huffman-20060707-143434_zps7d155e87.jpg.html?sort=3&o=15

Renato: Doug Savant (Desperate Housewives)
http://s1286.photobucket.com/user/alexisklets/media/MoE/doug_savant_zps970f261c.jpg.html?sort=3&o=13



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É uma verdade universal que, todo homem, não importa o nível de vaidade que detenha em seu ser, quando vê uma barata voadora, sabe que a porra ficou séria.

Minha avó costumava discursar isso.

Sobre verdades universais, não sobre baratas, baratas voadoras ou como os homens podem gritar como garotinhas quando se deparam com uma dessas que voam. Dizia vovó Marília que era uma frase clássica de uma tal Jane*. Não era tão leitora assídua quanto minha avó desejava pra saber bem dessa Jane.

Mas quando chego no estágio, correndo pelo estacionamento por ter ido de ônibus e estar quase atrasada, que assisto o piti de André com uma barata voando do muro próximo para perto da porta do motorista, de onde ele sai, me volto para um dos carros para me esconder e rir. Nessas horas até que queria ter lido um livro que vovó comentara uma vez, sobre um personagem principal ter virado uma grande barata da noite para o dia. “Metamorfose”** se não me engano. Pediria para papai mandar quando pudesse, as férias estavam próximas.

Ia me livrar dessa coisa chamada André por pelo menos um mês, até começar o novo período. Felizmente é nossa última semana no estágio, logo me virei livre também nesse quesito. Apesar de minhas advertências, tenho esperanças sobre o relatório que meu supervisor, Thiago, está fazendo sobre mim. Espero que detone o André, não minto não. Thiago mesmo já havia dito umas vezes que ele não tinha sido umas das melhores aquisições para estagiário, noutras vezes, um pouco zangado, chegou a falar que era um “mala por completo”.

Eu ia discordar? Num ia.

Por outro lado, iria sentir muita falta de Iara. Todas as tardes nos víamos, papeávamos, brincávamos, Gui então, esse mesmo que adorava bagunçar com ela. Eles se tornaram bastante próximos, a ponto de ela também lhe dar apoio na questão em aberto com Flávia. Era com ela que eu dividia meu “plantão ombro-amigo’; já quando era Flávia, com Sávio mesmo, por ser o mais próximo e presente.

Não minto que também sentiria falta de Filipe, ainda que eu quase não o veja pela empresa. Na maioria das vezes não passava disso mesmo, às vistas, ao longe, ele resolvendo alguma coisa, ele caminhando para outro setor. É um homem muito ocupado, afinal, e que tem se mantido mais ocupado ainda para suprir umas faltas que... enfim. Tivemos nossos bons dias, isso eu iria guardar.

Quando André finalmente se move para entrar no prédio, que eu o sigo mais atrás pra entrar também, me deparo com um guardinha na guarita do estacionamento. Ele troca um sorrisinho comigo pela cena de minutinhos atrás. Por um momento até me pergunto se ali haveria câmeras, então lembro que sim, colocaram após o ataque que Filipe sofrera com bandidos. Eu poderia não conseguir – e nem tentaria, juro – as imagens do ataque de André, mas já ficava feliz por saber que a equipe de segurança teria seu momento descontração.

E com a informação que colho ao passar pelo carro de André, não deixo de entregá-la ao guardinha, toda presunçosa com um pedido de segredo entre nós:

– Nem foi uma barata como pensei, era um grilo.

Assim caminho feliz e saltitante após ouvir a gargalha do tio da guarita.

~;~

Com toda a correria que foi no estágio, só pude ver Gui ao final dele. Como não haveria aula hoje por nossos professores estarem em conferência, e talvez Silvana aparecesse só para um horário, preferimos não ir pra faculdade. Eu tinha o jantar de reapresentação do professor Renato, ao passo que Gui, embora evite muito chegar cedo em casa, não tava muito a fim de ir, de tão cansado que se sentia. O término dele com Flávia ainda acabava com o cérebro do meu melhor amigo.

E como Flávia, ele tinha sua playlist de fossa para não permanecer no silêncio. Levando-me para casa, eu, muito delicada que era, já tinha passado umas mil músicas lentas e tristes em seu aparelho de som do carro. Isso o irritou um pouco, por isso me interceptou enquanto me relatava mais uma da sua mãe. Só parei mesmo de mexer ao som por ter encontrado uma mais amena. Não conhecia, mas cheguei a ler “Hey Love”, 12 Stones.

Trilha citada: 12 Stones – Hey Love

Ontem, quando chegara cedo da aula, parece que sua mãe havia sentido que logo estaria em casa, também chegara cedo. Com visitas. Visitas... sugestivas. De fazer meu amigo explodir de raiva com todo o direito.

– Ela tava me empurrando de novo a garota, aquela que ela sempre empurra! Gabrielle-alguma-coisa. Como se... como se Flávia nem existisse! Como se a gente não tivesse acabado de terminar. Quando vi aquela garota no sofá bebendo sei lá o quê com minha mãe, passei batido pro quarto. E claro, ela me seguiu.

Me espanto com essa.

– A GAROTA??

Gui dá uma buzinada ao carro que se meteu na nossa frente. Enquanto me distraía, eu o distraída do trânsito também e quase batemos. Só que, a aquela altura da conversa, ele já não tava ligando muito de tão irado e precisando extravasar. Só assim não o interrompi.

– Credo, não. A minha mãe. Foi reclamar que eu não fui “educado”. Num fui, não queria, e não iria, oras. Ela não se importa com o que sinto. Se amo a Flávia. Foi vaca o bastante – perdoe-me, Senhor, é minha mãe, ela teve essa atitude, não eu – de convidar aquela garota, me jogar pra ela como se eu fosse um qualquer, um cara sem sentimentos, frio. Então não posso mais amar. Não se ela não aprova. E essa Gabrielle é “de boa família”. Querendo dizer negócios, elite, par arranjado...

Se já não lhe bastasse o fim de período, fim de estágio, relatórios, avaliações, artigos, trabalhos e todo tipo de atividade, esse fim de relacionamento, ainda tinha a mãe dele pra embaralhar mais essa cabeça detonada. E ela fazia de propósito que eu sei, a vaca desgraceira.

– E aí?

– E aí que, sei lá se a garota é legal ou não, não me importo. Gosto é da Flávia. AMO a Flávia. Então se minha mãe tá interessada em outra coisa, que desista. Isso não funciona comigo... E discutimos de novo.

– Sinto muito. O que vai fazer agora?

– Me rebelar. Não pra fazer coisas ruins, não, eu vou dar tudo aquilo que eles querem. Dicas de negócios? Ok. Contatos e novos clientes? Ok. Vou empurrar todo mundo para eles. Mas não meu coração, não minha vida amorosa, não minha vida por completo.

Parados a um sinal de trânsito, Gui se soca no banco do motorista como se clamasse por um pouco de paz e descanso. Acarinhei um pouco de seus cachos bagunçados, afago que aceitou e, se não fosse pela buzinada atrás de nós para seguir com o carro, juraria que ele não queria sair dali. Odiava vê-lo assim, ao bagaço.

Trilhas citadas:

Backstreet Boys – Climbing The Walls

Daughtry – It’s All Over

Cliquei em próxima música quando ouvi a prenúncia de “Climbing The Walls” de Backstreet Boys. Gostava dela, só não naquele momento. Meu amigo precisava reforçar as músicas dele. Quando começa “It’s Not Over” do Daughtry, dou um break e faço que deixo. Também porque ele tava de olho em mim por ficar passando suas músicas.

– Tem certeza, Gui? Não tá comprando mais briga?

– Não sei até quando vou aguentar ficar sem ela, não sei. Mas vou fazer de tudo para me manter presente. E dar um jeito na minha família...

– Bom, você tem que tentar, né?

– Sim, preciso. Desculpe te alugar, você tem uma noite especial hoje.

– Ah, sem problema. Acho que hoje vai dar certo.

Me sentia confiante mesmo. Como Murilo havia falado uma vez, eu era meio que a sanidade de Vinícius. Com cuidado e paciência consegui com que ele refletisse mais sobre seus comportamentos, tirar-lhe aquela preocupação boba, mas que desencadeara um lado desonesto nele.

– Espero que sim... Hey, te disse que Djane tava meio mortificada ainda por eu... ter flagrado ela e professor Carvalho naquelas vezes? No domingo ela acabou me aconselhando bastante. Isso meio que quebrou o gelo entre a gente.

Engulo minha vontade de implicar, de dizer o quão fofo parecia. Até um tempo atrás Gui também fazia parte daquele grupo de pessoas incrédulas sobre Djane. O mundo deu suas voltas, o universo trouxe novas situações.

– Não, só vi vocês distantes por um momento. Vinícius quem na verdade contou sobre a indireta que você deu a ele.

Aguinaldo estala a língua, sentindo-se culpado por isso. Por ter pegado uns atalhos, chegamos na porta de minha casa rápido. Agradeço de qualquer forma.

– Ah, foi, verdade. Toquei num ponto delicado, não? Putz, não devia ter feito isso.

– Que nada, isso o ajudou muito. Então obrigada. Pela carona também.

– Disponha.

Com um beijo ao rosto dele, um afago a mais para que fique bem, salto do carro e corro para não me atrasar mais. Murilo estaria provavelmente cronometrando meu tempo.

~;~

– Entendo agora como seu pai se sentiu naquele jantar.

Murmura Vinícius, quieto, enquanto ajeito o colarinho de sua camisa. Muito bem arrumado, o namorado só não se atentava para esse detalhe de sua vestimenta. Estava lindo de qualquer maneira.

Murilo foi quem demorara se arrumando, eu que fiquei esperando a criatura na hora de vir, chegamos, felizmente, bem a tempo. A tempo de acalmar mãe e filho, eu com Vinícius no quarto (de porta aberta, claro) e Murilo com Djane na sala. Aline não poderia comparecer essa noite.

– Como?

Vini crispa um pouco a boca, desgostoso, lutando um pouco com esse seu ar protetor. Estava a coisa mais fofa do mundo, sem eu poder aporrinhá-lo, senão iria pilhar ainda mais. Mordia o lábio por causa disso.

Só que quando me responde, em meio a hesitações, é inevitável que eu pare e me volte para ele e sorria lindamente pelo que profere a mim. Afago seu rosto logo que ele se sente desconfortável por isso.

– Aquele sentimento... de perder... misturado ao receio de compartilhar algo muito valioso com alguém... desconhecido.

– Awn, Vini. Isso foi... uma das coisas mais lindas que você já disse sobre sua mãe. Ou sobre mim. Ele só quer fazer sua mãe feliz. Pode permitir isso, não?

– Talvez.

Ele bem que tenta me roubar um beijo, me esquivo para não borrar. Depois de todo o trabalho, ele não iria me fazer retocar! Só se estivesse precisando muito, o que não era taaaaanto o caso. Havia outras formas de acalmá-lo. Um toque, um carinho, um abraço. Um aperto em suas mãos.

Ao perceber que não ganharia beijo, ele começa a perambular agitado pelo espaço de seu quarto. O cabelo meticulosamente bagunçado-arrumado se desarrumava mais ainda com ele inquieto novamente.

– Argh, tô nervoso, tô nervoso. Não conheço muito dele e já tenho que ceder a mão dela, assim, pro primeiro que me aparece?

– Hã... acho que Renato não tá pedindo a mão dela em casamento, sabe.

– Mas parece! Tenho que saber avaliar bem esse cara.

– Renato, o nome dele é Renato.

– Até eu me sentir bem com isso, Lena, será apenas “cara”, o “cara que tá pegando a minha mãe”!

Ele emburra um pouquinho sem ser tão sério. Cruza os braços e lá vamos nós novamente, eu revirando os olhos, ele se fazendo de durão. Ou não tão durão assim...

– Vinícius, tu num vai retroceder agora. Chegamos até aqui, um passo de cada vez, lembra? Muita calma nessa hora?

– Então me cede um beijo.

– Vinícius Garra, isso é armação?! Chantagem, sabia? Injusto. Ainda não esqueci aquela sua aposta com Murilo não, pensa que me engana?

Ele abaixa um pouco a cabeça pra rir, o sacana, depois se volta para mim, desfaz seu cruzar de braços por si só e toma uns passos para perto de mim, com a cara mais deslavada do mundo, uma carência sem igual e uma argumentação básica pra me acuar. Difícil, difícil.

– Mi, eu realmente... preciso. Um só. Pra me acalmar. Pense no bem da humanidade, pense na paz interior e...

– Ô menino dramático.

Mas soa sério quando me toma o queixo para que focalize nele, que deixe de revirar os olhos pelo espaço:

– Apenas um homem. Apaixonado. Por você.

Depois dessa, quem não cede, né?

O bendito ainda brinca, primeiro me acarinha o rosto, promove toda uma expectativa com aquele olhar seu, provocante, alternando esse fitar entre o meu e meus lábios na espera dele. Roça devagar enquanto ainda inspira de meu perfume e eu do dele, inebriamo-nos nesse segundo e, ao selar-me de leve, move-se com uma delicadeza instigante que me faz puxar-lhe mais para mim e nos entrelaçamos ao sentimento. Ao toque de nossas línguas a urgência nos pega, e o choque vem com o empata que surge à porta:

– Mas vocês não se largam, hein. Quero ver isso não.

Rimos com a escapulida rápida de Murilo, mas não voltamos a nos beijar, pois a campainha toca. Sorrio sapeca. Não daria tempo de retocar, só de dar uma última pilhadinha básica no namorado antes de ir. Grito para os demais:

– Deixa que EU atendo.

~;~

Toda animada, porém contida, abro a porta. Cumprimento o professor e me conserto a tempo. Não estamos na faculdade para formalidades.

– Olá, profess... Renato.

– Olá, Milena, como vai?

– Bem. Tentando não o chamar de professor Carvalho por toda uma noite.

– Bobagem, logo se acostuma. Não fez o mesmo com Djane?

Abro mais a porta para que entre, traz consigo uma travessa enrolada a papel alumínio nas mãos. Vou levando o papo com ele.

– O senhor não imagina o tempo que me levou só para chamá-la assim.

Ao passo que me observa mais, me elogia.

– Está muito bonita, hein.

Faço uma mesura. Escolhi um vestidinho bem casual para a noite (link: http://bit.ly/1jkSBlQ), que destoou das cores escuras das vestimentas dos dois homens de minha vida. Renato, pelo contrário, usava uma camisa de botões azul claro.

– Muito obrigada. E o senhor está muito elegante e cheiroso.

– Acertei no perfume? Fiquei anos decidindo qual seria o mais apropriado.

– Acertou sim.

Quando fecho a porta atrás de si, ele desata a falar, preocupado. Evito deixá-lo mais constrangido com um comentário que gostaria de fazer. De que ele estava muito engraçado e fofo daquele jeito.

– Ok, não minto, tô pilhado. Esse jantar, o Vinícius ter me chamado, o que posso esperar? O que fazer?

– Primeiro, respira. Calma o senhor provavelmente não vai ter agora, então nem vou pedir. Seja o senhor mesmo, espirituoso, gentil, cavalheiro. Sem exageros. Se não tiver o que falar, preferível não falar, pra evitar qualquer coisa ademais ou constrangedora.

Ele entrecerra os olhos pra mim, parece meio descrente. Retruca por fim, o que me deixa a la sem jeito maneira:

– Quando Djane disse que você era uma baita conselheira, fiquei na dúvida.

– Oxi, por quê?

– Tu tem uma cara de trambiqueira, garota.

– Professor Carvalho!

Enrubesci!

Murilo se materializa ao meu lado, ouviu nossa conversa. Aproveita a deixa e exclama, mais palhaço ainda:

– É o que eu vivo dizendo a ela!

Meu mano havia me dito que papeou bastante com Renato da última vez, se entenderam como dois velhos amigos, concordou comigo que ele é um cara legal, muito bom para Djane e que passou no teste dele de filtrar pretendentes. Simpatizou ainda mais por saber que torce pelo mesmo time que o seu, o Fluminense.

Não que ele tenha dito isso a Vinícius, senão estaria deserdado – sobre Renato ter passado no teste, não sobre o time de futebol. Apesar de Vinícius falar de “gols”, ele não é muito fã de futebol, tampouco tem time definido. Talvez só Brasil.

Renato e Murilo se cumprimentam calorosamente com um aperto de mãos e acenos de cumplicidade. Queria eu ter estado naquele jantar. Nem que fosse pra dar petelecos de atenção no Vinícius.

Os dois então parecem ter se juntado pra me sacanear.

– Tô brincando. Mas é que você é um pouco na sua, e vive encrencada não sei como. Obrigado, de qualquer forma, pelos conselhos.

Respondo observando a vibe boa dos dois, o concordar de meu irmão sobre a constatação de Renato. Não iria culpar o universo, não, não enquanto esse jantar tivesse seu sucesso. Pois, se pudesse evitar qualquer coisa que pudesse desse errado, era melhor considerar o risco de não mencionar o universo.

– Acredite, profess... Carv... Renato! Acredite, também não sei como. A peste aqui outro dia teve seu jantar de apresentação também, então ainda tô com o conselho na ponta da língua.

– Dei sorte então... Ah, trouxe sobremesa.

Murilo a recebe e questiona sobre o que é, já espiando pelos lados da travessa.

– Gelatina. De morango...

Eu e meu irmão nos entreolhamos. Renato desconfia.

– Por que sinto que estou perdendo uma piada aqui?

Meu irmão me acompanha no riso breve e discreto.

Eu sei, Murilo discreto?!

Já disse hoje que o mundo dá voltas, né? Né? Só pra garantir.

Minha resposta sai meio que uma pergunta, com minha melhor expressão de trambiqueira, imagino.

– Porque o senhor está? Bom, gelatina é meio que o favorito dele. Favorito de todo mundo na verdade. Viciei todos.

Tomamos uns passos devagar para atravessar o terraço e chegar à varanda iluminada. A noite não estava muito clara, era lua nova. Além disso, esses dias andavam um pouco com correntes de ar mais frios, anunciava temporada de chuva próxima.

Murilo me alfineta:

– Lena, sabe que não pega bem isso de ficar se gabando, né?

OLHA QUEM FALA!

– Olha quem fala, né, mano?

Djane surge à porta para nos receber e nota que estamos discutindo e cutucando um ao outro com brincadeira, sem nos tocarmos do convidado. Como “mãe”, ela toma controle da situação:

– Meninos! Comportem-se, ok?

Só que ela diz isso olhando diretamente pra mim, sendo eu a vítima. Que injusto. Por que toda vez as coisas viram pro meu lado?

– Olha pra ele, não pra mim.

Renato ri mais de nós, interrompe a repreensão de minha sogra. Que, a propósito, está linda (link: http://bit.ly/1hVUCJG) e com um grande sorriso nervoso – isso porque ela nem ouviu mais cedo o filho resmungar de seu decote, deu tempo de tapar a boca dele antes de qualquer coisa.

Os dois trocam olhares como que numa conversa breve deles, Renato toma lindamente uma mão dela às suas e a cumprimenta com um beijo às costas dos dedos, travando um olhar todo sedutor para com ela na nossa frente.

Ela se embaraça toda, claro!

– Eles são ótimos, Djane. Estão sendo ótimos.

Nisso acho que meu irmão entende a deixa, e me cutuca para dar espaço a eles.

– Vou levar isso pra geladeira. Lena, checa o Vini, ok?

Quando vamos nos retirar, Djane altera um pouco desse plano:

– Mu, por que não acompanha ele na sala? Eu levo pra geladeira, volto jajá.

Ao sair comigo para dentro de casa, minha sogra faz a revelação do ano no pé de meu ouvido, que só rio e rio mais.

– Tô morrendo, tô morrendo, tô morrendo.

Abraço minha sogra pelos ombros, caminhamos juntas pela sala para o corredor e então cozinha, e, sozinhas, devolvo sua atitude, falo ao pé de seu ouvido antes de sair em busca de Vinícius:

– E o melhor ainda nem começou...


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Notas finais do capítulo

Até Professor Renato aponta a Milena como trambiqueira! SUAHUASHAS


*Jane Austen. A frase referida é:

"É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro na posse de uma bela fortuna necessita de uma esposa."

ou, dependendo da tradução,

"É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa."

É o início (marcante) do livro Orgulho e Preconceito (um de meus preferidos).

**A Metamorfose, de Franz Kafka. Nunca li, tenho vontade :)

JÁ JÁ posto a continuação, que não sou má de deixar vocês se corroendo em curiosidade pelo próximo.



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