Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 73
Capítulo 72


Notas iniciais do capítulo

Adivinha de quem é o aniversáaaaario? Não, não é meu.
(o da Milena passou outro dia, se não me engano)

Do CHANNING LINDO TATUM!

A page do Channing Tatum Br fez um vídeo comemorativo e tá... digamos que mostra um lado do Murilo que a Milena nunca gostaria de ver... Mas suas fãs podem aproveitar bem! Aqui o link: https://www.facebook.com/ChanningTatumBr/posts/779817855466505

E pra comemorar, que tal um capítulo, heeeein?

Enjoy!



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A primeira coisa que faço no break do café ao encontrar a Iara na terça-feira na empresa é mimá-la com felicitações e abraços e pulinhos e meu Deus, ela tinha um sorriso do tamanho do mundo! Aí sim contei pra ela os detalhes de como a história se espalhou pela faculdade, porque o Sávio era outro que não cedia os pormenores.

Enquanto relatava a história foi que Gui apareceu. Deu umas felicitações bem desanimadas, já que não curtia em nada a notícia desse namoro e ela sabia que era difícil para ele. Após aquele meu chega-pra-lá, Gui se virou num dia desses para conversar com Iara, e mesmo assim meu amigo continuava não dando todo o seu apoio. Ele ficava feliz por ela estar feliz, mas não por quem a fazia feliz.

– Te entendo, Gui. Obrigada mesmo assim.

O nosso acordo era não forçar a barra.

Acabou que eu nem precisei falar com o Gui sobre as paradas lá do Sávio. Na sua conversa com Iara, ela assumiu o tópico, além da verdade sobre seu sumiço. Eles já estão de bem, só permanecem os receios sobre o Sávio e isso era algo de se esperar. Mas se possível, eu ainda tinha umas considerações a levantar.

Nesse meio tempo, era tão tão tão bom estar reconciliada com ele. Meu chefe faltou levantar as mãos aos céus e pedir que a gente não brigasse mais feio daquele jeito. Eu torcia para essas terem acabado de vez. Brigar desgasta tanto a gente! Eu preferiria fazer prova toda semana. Ok, toda semana não, por favor.

Falando em prova... No caminho para a faculdade, a gente só não estudava no carro porque tava escuro. Eu que insistia em revisar alguns tópicos anotados no caderno com a luz do celular, com Gui me ajudando a frisar algumas coisas. No desespero vai tudo, não tem obstáculo esse que nos impeça. E para aquela prova de Silvana então, vacilar não estava nos nossos planos.

Eu verificava uma nova questão quando o celular de Gui apitou uma mensagem. Ao pararmos em um sinal, ele aproveita para dar uma checada. O que quer que estivesse lá escrito, por mínimo que fosse, o incomoda. Assim ele propõe uma pausa naquela revisão que fazíamos.

– Break de 10 minutos, pode ser? Quero te perguntar uma coisa.

Ajeito o caderno na perna, fecho-o e acho que é o bastante. Dali pra frente nada mais entraria no meu cérebro e, graças a Deus, eu tava bem entendida do assunto.

– Perguntar o quê?

– Você... Acha que eu poderia ficar na sua casa hoje?

Sondo-o um pouco, que prefere prestar atenção no trânsito. Todo santo dia de trabalho e faculdade era aquele engarrafamento e ele em muitas tentativas de manobrar o carro para escapar de fileiras lentas. Pela escuridão do carro, não dava para observar muito, porém, pelo seu porte, de repente desconfortável, eu diria que não era algo do qual ele gostasse. Para passar a noite fora de casa assim provavelmente envolvia seu pai.

– Sim, você é bem-vindo lá. Problemas com seu pai?

– Aham. Ia ficar na casa de um primo, mas meus tios não concordaram. Aposto que a mando dele.

– Hum... O Vini me contou. Sobre o apartamento, digo. Sinto muito.

Em meio às dúvidas de Vinícius, era ele quem pretendia dividir um apartamento com Aguinaldo. Os dois mantiveram segredo porque nada estava certo sobre isso e depois de idas e vindas sobre esse apê, Gui não queria arriscar perder de vez. Para o caso de não acontecer, Vini ainda tentou repassar a vaga para um colega seu de faculdade, que tinha interesse e precisava se mudar, porém acabou não rolando e foi essa a péssima notícia naquele dia que Aguinaldo pirou. Seu pai também vinha fazendo pressão porque descobrira seu plano de sair de casa, sem falar que fazia um inferno com qualquer coisa, como se isso fosse manter o filho. Como uma pessoa pode achar uma coisa dessas?

Vinícius se sentiu culpado, pois mesmo não sendo sua intenção alimentar esperanças demais, eles projetaram juntos alguns planos e parecia ser bem promissor. Era de boa localização, Gui poderia vender o carro e Vini tem umas boas economias. Mas o namorado tinha lá suas incertezas, como há um tempo atrás ele abriu o caso para mim. Desde uma conversa sua com Renato, quando sua mãe esteve doente, ele tem estado balançado.

Sobre a noite em que Vini comentou sobre esse papo com Murilo, às vezes me vem uns lapsos de memória. Como me confirmou depois, ele tinha vontade de conhecer mais da mãe. Sua indecisão, no entanto, era também referente ao pai. A notícia de que possivelmente Filipe se mudaria para a casa de seu Júlio mexia de um jeito com ele que eu não bem compreendia. Quer dizer, o que mudaria de demais para ele? Nesse ponto ainda não cheguei.

– Nah, ele tá certo em ficar com Djane. Ele não tem por que sair de casa. Já eu...

– E sua mãe?

– A gente conversou. Isso só não quer dizer que descobri a paz mundial.

De fato. Decido mudar de assunto.

– Hum... Vou avisar o Murilo então que hoje tem festa do pijama.

– Festa do pijama?! Sério, Milena?

– Modo de falar, seu chato. Acontece que meu irmão anda fazendo uns plantões de novo e, depois de uns assaltos e invasões de madrugada a casas lá no bairro, ele não gosta de me deixar sozinha. Por isso às vezes fico na casa da Flá.

– Ainda não prenderam esses caras?

– Eles diminuíram os assaltos esses tempos, tá bem calmo. Mas nada que a gente possa confiar muito de vacilar. Estive a ponto de deixar ratoeiras nos prováveis lugares que eles poderiam entrar, só pra todo caso.

– Ratoeiras?!

Por que todo mundo soa descrente quanto menciono esse plano?

– Até parece que você nunca viu filmes, Gui.

– Filmes juvenis desses, vi muitos. Mas realmente acreditar que isso funcione...

– Melhor que matá-los com uma caneta, com certeza.

– Uma caneta?!

– É, acho que nunca te contei essa.

~;~

Murilo não faria mais um plantão essa noite, mas de qualquer forma teria que verificar uns procedimentos com equipamentos em fase de teste e por isso saíra, com a promessa de que voltaria o quanto antes. Como Gui ficaria comigo essa noite, dispensei a carona do Bruno. Aproveitamos o fim de noite (e o silêncio) para revisar outra matéria para prova no dia seguinte. Era de um assunto relativamente fácil, logo não era nada para nos acabar com o cérebro. Isso na verdade relaxava a gente pelo tanto que tínhamos na cabeça. Gui principalmente.

Mas bastou uma ligação e uma nova discussão com o pai para toda sua tranquilidade ir embora outra vez. Nessa hora, para que eu não ouvisse nada, Gui ficou no terraço, e lá da cozinha, onde eu fazia um chocolate quente rápido, dava pra captar uma coisa ou outra. Discutiram e foi feio de novo. Quando voltou para dentro, não perguntei nada, achei melhor não dizer coisa alguma, e só o convidei para ficar no sofá onde eu estava e lhe ofereci o chocolate. Eu assistia a mais uma reprise de Titanic e estava bem no finalzinho. Sabia que era TPM só por ter desejado o chocolate quente, mas quando Gui aponta que eu tava emocionada, tive certeza:

– Mi, você tá chorando?

Engulo um fungar.

– N-não.

– É só um filme. Que já passou umas quinhentas vezes na tv.

Poxa, aquela cena que a velhinha joga a joia no mar e então a sonografia entra com o instrumental de My Heart Will Go On da Celine Dion era um rasgador de coração sem tamanho. Quando liguei a tv, já tava na cena que o Jack se desprendia da Rose e se perdia no mar. Com o final, sim e com certeza meus olhinhos estavam cheios e eu segurava porque não queria que ele risse de mim. Eu devia tá com o maior bico.

– Eu sei.

Gui meneia a cabeça e acaba por passar o braço por meu ombro. Resisto um pouco porque não quero ser essa chorona. É só uma droga de filme. Por fui assistir mesmo?

– Ah, vem cá, vem. Só você pra me fazer rir agora.

Tá, agora ele tá rindo e não tem jeito. Ao menos o meu sentimentalismo lhe dá essa trégua. O filme culmina uma cena sonhada, em que Rose reencontra Jack no navio e se beijam e eu aperto mais a almofada que tenho nos braços. Droga de filme triste! Lá se vão umas lagriminhas indo sozinhas.

(a cena, pra quem não lembra - qqqq - https://www.youtube.com/watch?v=JFehvmVSmlY)

– Pode deixar, não conto pra ninguém.

Eu negaria até a morte mesmo.

Mudo de canal, para um jornal de fim de noite e me recomponho, tomo o restinho de meu chocolate, já não tão quente e logo levanto para levar a xícara para a pia. Gui me segue para entregar a sua também. Distraída com a lavagem, só percebo que meu amigo se senta na mesa da cozinha, atrás de mim, então quieto.

– Então... você pediu para avisar quando estivesse de cabeça fria.

Fungando um pouco, em vista da tensa ligação de minutos atrás, replico.

– Você não está de cabeça fria.

– Não sei se quero esperar esfriar, Lena. Essa história do Sávio ainda não me desce. E ele com a Iara... Não entra na minha cabeça. Queria saber é como entra na tua.

Entrando, penso comigo.

Não viro para ele, continuo a ensaboar devagar as xícaras. Inspiro.

– Não sei o que você quer ouvir, Gui.

– Viu, você nem consegue se explicar.

– Eu poderia listar todas as razões que justificassem os atos dele, mas sei que nada adiantaria, só isso.

– Isso é papo.

Não se deixe levar, Milena, não se deixe levar. Não caia nessa.

– Quer saber se tive raiva dele? Tive. Ele não só me beijou, como também me enganou. Mas tem algumas coisas que... como posso dizer? A gente se vê na necessidade de ultrapassar.

– Mas... como pôde?

Ouço o bufar de meu amigo e meneio a cabeça para torneira que abro para o enxágue. Deixo que meus pensamentos corram como a água que sai dela, como se realmente estivesse ali, abrindo minha cabeça sem pausa para pensar sobre o que dizia ou para arrumar bonitinho o que diria.

– Sabe, as pessoas costumam me dizer que tenho essa... coisa... que as fazem confiar em mim. Não compreendo e nem elas, só sei que confiam. Eu poderia me sair uma bela Denise e me aproveitar delas, me aproveitar mesmo. E não o faço. Eu, na verdade, vivo falando que às vezes vejo coisas demais, e coisas que... coisas que não estão aí para qualquer um ver. Também tenho minhas sérias dúvidas, fico inclinada e balançada, e a única explicação mais lógica é essa. Ao ponto que as pessoas confiam em mim, elas se abrem de uma maneira... de uma maneira extraordinária. É nessa abertura que eu sinto as coisas. Que eu realmente enxergo. E isso me faz repensar tudo seriamente.

– Tá dizendo que o vê como santo agora?

Fecho os olhos por um instante por esse infame trocadilho para a frase tão repetida por Sávio. Não sou santo, ser gentil é outra coisa. Não que eu deva mencionar ao Gui isso, principalmente se nada está descendo para ele. Termino de enxaguar, puxo o pano do lado, me viro e me recosto na bancada da pia. Do outro lado, meu amigo está de braços cruzados de expressão vincada.

– Não. Nada o isenta. Mas... me desarma. A Iara me desarma, a coisa toda me desarma.

– Ele tá se aproveitando de você.

Me viro novamente para a bancada para alcançar a prateleira das xícaras e guardá-las. Minha resposta sai como uma qualquer e sou má interpretada por isso:

– Que seja.

– Que seja nada! Acha que posso ficar e assistir isso?

– Ok, eu coloquei isso de forma errada... O que eu quis dizer é que por enquanto estou atenta, estou reavaliando tudo. Se ele tiver más intenções, vai ficar claro.

– E se você ver isso tarde demais? Você é uma pessoa de bom coração, Lena. Pode não se aproveitar das pessoas com maldade, mas elas se aproveitam de você e você não vê isso.

Não nego que tenho histórico nisso, como não só Denise, mas o professor Bart se aproveitaram das situações, porém não me intimido. Denise fez todo um teatro e o professor... Bom, ao menos enquanto jogávamos era de forma aberta. Não tenho nem como colocar Sávio para comparação, que aí sim vai dar resultado de santo.

Me viro de volta e me recosto novamente na bancada da pia, muito tranquila quanto a isso. Me encontrava num ponto em que não importava mais o quanto as pessoas me achassem maluca, ou mesmo burra, eu ia manter minha sandice.

– Pode ser, Gui, e ainda assim lhes dou o benefício da dúvida. Senão, uma segunda chance. Se ele falhar nessa, aí sim é game over.

Meu amigo continua a menear a cabeça em negação, mas parece que não quer discutir. Acho que ele vê que isso já está acertado comigo. No entanto, faz uma nova tentativa e dessa vez pela beirada. Isso também não me intimida.

– O que o Vini diz sobre isso?

– Ele não gosta, claro, mas você sabe como é a relação dele com Iara. Nessa questão ele não se importa o bastante. Só me quer afastada e eu respeito isso.

Antes achava um pouco bobeira, mas aí o Sávio me beijou, a coisa desandou e não tem como negar uma coisa dessas ao Vinícius. Apesar de vez e outra eu ter transgredido seus muitos pedidos, o seu último no dia anterior, foi diferente. Não foi com ele em raiva, nem em alguma discussão. Ele só... quer uma preocupação a menos, acho. Ou me tirar uma.

Por contexto, no momento achei que falava sobre Anderson, porque tivemos um encontro inesperado com este. Era fim de tarde com o namorado quando este se lembrou da festa de aniversário da Suzana. Só fomos mesmo por insistência minha, ela nos convidou e o Vini que me avisou de última hora. Ele bem que queria que a gente escapasse, porque tinha outros interesses, como aproveitar nossos poucos tempos juntos, mas achei injusto com a Suzana, que também me convidou. Não custava dar uma passada, né?

E comer bolo de aniversário, claro. Que estava delicioso, a propósito.

Como a maioria das pessoas estava entretida com um jogo de futebol, chegarmos atrasados não inferiu muito. Lá topamos com o Anderson. Vini não imaginou que ele estaria lá, o que não era algo muito difícil de presumir, se Anderson também era um dos amigos mais próximos de Suzana. Ele estava com uma camisa de um dos times – percebi isso pelas cores e como algumas pessoas estavam mais a caráter pelos times que jogavam – e conversava com um grupinho próximo de onde estávamos na mesa.

Sei que nos observava, mas em nenhum momento ele forçou alguma proximidade. Vinícius na verdade me apresentava a alguns colegas de turma e brincava com a história do cordão de bonequinha como forma de se dispersar e se manter longe. Se antes ele costumava ser o antissocial, ali mostrava uma versão sua mais excêntrica. Não exatamente extrovertida, mas bem mais socializado. Tava curtindo, pois mostrava que ele estava se abrindo mais para as pessoas.

Mas dada hora ficou difícil não interagir com Anderson, que foi chamado na conversa pelo grupo em que estávamos papeando. Notei que Vini ficou desconfortável, então de primeira instância só pedi licença e o puxei comigo, afastando-o dali. Ele entendeu minha atitude e notou que eu estava um tantinho ansiosa. Acontece que fazia um bom tempo que eu não tinha notícias sobre o caso do Kevin, e gostaria de perguntar diretamente, já que estávamos num mesmo recinto. Só que com Vini por perto, logo descartei a ideia. E assim foi, até a hora de irmos embora.

Quando estávamos indo nos despedir de Suzana, do nada Vini se virou pra mim e me disse para ir falar com Anderson, que via que eu ansiava por isso. Estranhei de primeira e até fiquei na dúvida. Aí Vini se explicou, que era melhor com ele presente, mesmo que de longe, do que ter que imaginar um encontro, mesmo que para uma pouca conversa, onde ele não poderia estar comigo. Achei justo e fui até Anderson, para verificar se havia alguma novidade. E não, nada de notícias sobre Kevin ter lido o caderninho (a cópia escaneada) ou alguma resposta sobre tudo aquilo que contamos a ele. Ficava novamente nossa espera.

Já quando foi me deixar em casa, Vini novamente tocou no assunto. Ou pensei por um momento que fosse.

– Lena?

– Oi?

– Não quero soar um controlador, mas... Não gosto da ideia de você perto dele.

– É nisso que tanto pensa? Foi só uma conversa.

– Não tô falando do Anderson.

Era do Sávio.

Sabe-se lá o que teria passado na cabeça dele no caminho após termos saído da festa ou o que teria levado a tanto, mas ali, na porta de minha casa, enquanto nos despedíamos naquele friozinho gostoso, eu toda estreitada debaixo dos braços de Vini, este muito do pensativo, eu apenas concordei. Ele não gostava e ponto.

Eu respeito e respeitaria mais isso.

Já Gui não fica muito convencido e torna a usar uma nova beirada. Essa não é apenas um recurso, mas uma última cartada, eu sei.

– E o Murilo?

Colocar meu irmão na jogada é como sua última chance de me trazer à realidade. Isso mostrava que ou ele começava a apelar ou ele achava que me pegaria desprevenida, coisa que não estou. Tenho a resposta na língua.

– O Murilo... é mais complicado. Não é que ele não queira dar uma lição no Savio, mas, por outro lado, acho que de alguma maneira, ele o entende. Digo, entende o que é fazer esforço para proteger alguém e parecer o errado da história. É estranho, eu sei, mas meu irmão pegou esse trem por outros trilhos. Como o fato de Savio ter o defendido – não importando as razões – lá na delegacia e o fato de fazer a Iara feliz. Se foi um canalha nesse meio tempo, tá, né, mas também não nos esqueçamos que outras coisas boas ele fez.

Meu amigo fica sem ter pra onde ir, sem pra quem recorrer. Fica sem o que dizer, na verdade. Ele vê e sabe que eu tô atenta a isso também. E desconversa, pra todo caso.

– Mesmo assim, Lena...

Cruzo os braços e dou de ombros.

– Olha, Sávio fez o que fez e sei que se arrepende. Se esforça também. Ninguém está te pedindo para aceitar, Gui. Você tem seus motivos, eu tenho os meus.

Ele inspira cansado – pelo dia, pela discussão (com seu pai e comigo) – e tenta com algum custo dispersar-se dessas nuvens pesadas. Pra não dizer que estivesse baixando a cabeça para meus argumentos, meu amigo resmunga por último, desfazendo seu cruzar de braços e levantando-os pra cima em “rendição”, ao que reviro os olhos por seu drama.

– Ao que parece eu sou o único com a cabeça no lugar.

Eu queria dizer que ele, dentre todas as pessoas, devia mais que entender, pelo menos o lado da Iara e sobre a questão de as pessoas não aceitarem de quem se gosta, mas prefiro manter comigo, se ele não está numa boa para ouvir algo do tipo.

– Você só não está num bom momento para ver isso de outra perspectiva. Tudo bem se isso levar um tempo.

Sem cerimônias, ele se põe de pé e sai da cozinha, ainda conversando comigo, sem muita força de vontade.

– Uma vida inteira, você quer dizer.

Sigo-o, aos bocejos, e leio pelo relógio de parede da sala que está para dar meia-noite. Desligo a tv e ele entende que era o fim desse complicado dia, só pegando o celular e se encaminhando para o corredor. Apesar do cansaço que há muito nos alcançava, não queria deixar esse papo por assim como estava. Queria reanimá-lo de algum modo, até porque, mesmo tendo o distraído de sua briga com o pai, conservava umas preocupações na sua cabeça.

– Quando a gente se aposentar, vamos jogar muito Uno ou Poker, e aí na mesa um dia a gente resolve essa questão. Vamos rir e vou te roubar todas as fichas.

Enfim ele abre um sorrisinho, maldoso, mas abre. Entro na sua frente para ir primeiro ao banheiro e quando fecho a porta na sua cara, brincalhona, só ouço o que ele resmunga.

– Vai sonhando, Lena, vai so-nhan-do.


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Notas finais do capítulo

Desse jeito, se o Murilo vacilar, o Gui toma o posto dele, pq do tanto que esses dois implicam um com o outro... Não duvido nada se ele liderasse o team-a-Milena-tá-mais-maluca.

Trechinho do próooooximo? Huuuumm, ok:

"E aí, sem aviso algum, ele solta a pérola mais perolástica perolada que sua já antiga pérola só pra não dividir com ninguém a XXXXXXXXXXXXXXXXX"

OPAAA! HAHAHAHA

Pra não dizer que sou má, digo que tbm tem Britney. Se bem lembram o que isso significa...

Será que alguém vai aprontar?? Se sim, em quem vcs apontam suas apostas? Olha lá, hein!

Bjos,

Alexis.



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