Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 72
Capítulo 71


Notas iniciais do capítulo

Eita que parece um século que não venho aqui e culpo ainda mais a virose tensa que tive (ou ainda tenho?). Agora que consegui dar uma revisadinha e passei aqui pra deixar um capítulo de mimo pra vcs :)

Quem viu as passadas notas finais (capítulo anterior) já sabe onde espiar comentários ~extrafics~ Quer dizer, tem uma conta lá para que vocês podem seguir, espiar, e até me gritar!

(vocês sabem que não sou boa de divulgação das minhas fics, né? XD)
Meio tardio esse perfil, masssss antes tarde do que nunca! Vão lá me dar um alô ou me ver divagar sozinha :)

twitter.com/Alexi_sK

Enjoy a leitura!



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Você sabe que a Daniela tá te ignorando quando ela passa por você no corredor cantando e faz de conta que nem te vê (sendo que vê), coisa que, se fosse antes, ela faria um pequeno showzinho para te divertir. Bom, não é comigo que ela está nesse modo off. Quer dizer, chateada com a situação ela está, só não propriamente com a mensageira (no caso, eu), e sim, oh sim, propriamente com o autor da ação (no caso, Sávio). É por ele que ela passa e deixa claro seu estado “não fale comigo”.

Era hora do intervalo e os alunos desciam para o pátio da instituição com certa pressa. Por uma fila da lanchonete, por uma mesa do pátio, por um lugar pra sentar, pra conseguir atendimento na biblioteca, que seja, eles tinham seus motivos. Conversava com Gui e Flá sobre umas questões da prova que havíamos feito há pouco quando a cena entre Sávio e Dani se passou.

Ela vinha alegre e saltitante, como sempre, lado a lado com Yuri, seu colega de turma, e cantava um trechinho de música, que eu não lembrava o nome, nem a banda, mas, ironicamente, sei que era uma que ela havia capado do Sávio numa brincadeira antiga e falava de adrenalina.

Trilha citada: Bush – Adrenaline

Wiiiiilder than your wiiiiiiildest dreams...

E como Sávio andava a nossa frente para ir para a rampa (as pessoas ainda não confiavam 100% na escada quando chovia e hoje era um desses dias), deu pra ver bem a cena. Dani sorriu para Yuri, para algo que ele falava com ela, e aí umas pessoas na frente deles se dispersaram para ir ao banheiro daquele pavimento mesmo e ela avistou Sávio convergindo para o mesmo ponto que seguiam. Na mesma hora Daniela ficou sem muita expressão, como se nada mais fosse engraçado, deu uma boa olhada nele e desviou com cara de poucos amigos. E aí dobrou para a rampa sem ao menos responder ao singelo cumprimento dele, que parou de repente.

É, meu caro, agora ela sabe.

No sábado, fui para a casa de Flávia para estudar para umas provas da semana. Apareci desde cedo da manhã, porque a avaliação de Silvana era sempre a que mais nos preocupava e queríamos garantir de nos livrar primeiro. Aproveitamos a casa livre, já que seus pais passaram o dia fora fazendo compras para o novo apê da irmã dela – enfim a apoiaram de se mudar, mesmo com um bebê a caminho – almoçamos por lá perto e antes de engatar uma nova matéria, que, felizmente, tinha menor conteúdo, ficamos procrastinando um pouco pela internet, papeando.

Nisso, vimos um post da Dani numa rede social dizendo que ia ficar de bobeira no Center por um tempo porque a banda tinha combinado ensaio pra um horário, depois mudaram e quando ela soube dessa alteração, ela já estava muito longe de casa para voltar. Aí a chamamos para ficar conosco pelo tempo que ela tinha que matar.

Foi só a gente sentar na bancada pra um pouco sobremesa que Dani soltou a bomba: André fora visto na sexta-feira na porta da faculdade. E mais, esperava, aparentemente, por Sávio. Isso foi bem depois de termos ido embora (agora tenho ido junto com ela e Bruno). Na saída, lembro que o Sávio se encaminhou para a secretaria para resolver algo sobre um pagamento logo que fomos liberados da aula. Foi um pouco depois de chegar em casa que uma colega de turma de Dani comentou o caso.

Flá até puxou seu netbook para verificar a informação e, de fato, estava lá num grupo da faculdade geral comentando e divagando sobre o que poderia significar. Como cheguei cansada, nem entrei em nada, logo fui dormir, para poder ir para a casa de Flávia cedo. Já ela, também não viu coisa alguma por ter tido uma queda de energia e não quis arriscar pifar seu netbook com a luz fraca. Só pelo meio da manhã mesmo que a equipe de energia consertou o problema.

Com essa não foi difícil entrar na discussão André e então Sávio e como era (sempre) estranho. Como ainda era estranho e como as pessoas tinham suas teorias sobre o porquê do cretino voltar e envolver Sávio no meio. Nessa de procurar entender, a Flávia abriu logo o jogo sobre (parte da) a real do que era (ou foi) a relação Sávio e André, e presumidamente sobre qualquer pessoa com que André mantinha por perto: uma dívida. Mencionou sobre como descobrimos naquele dia no salão e como isso aparentemente era uma coisa comum quando se tratava de André.

Poderia ser sobre isso a volta dele, afinal.

– Dívida? Que tipo de dívida?

Daí foi um pulo pra parar na minha briga com Gui. Porque foi discutindo sobre essa maldita dívida que começamos nosso embate.

– Até hoje não entendi qual foi a da briga de vocês. Mas se o André tá no meio, não me admira que o Gui estivesse daquele jeito.

Para explicar essa minha briga, tinha que explicar outras. Como a de Gui e Sávio e meu desentendimento com este durante a viagem. Flávia tinha lá suas próprias ideias sobre essas confusões, mas me dava uma força para falar sobre aquilo. Já Dani...

– Vocês estão brigando demais pro meu gosto. Mas agora me perdi. O que um tem a ver com a briga do outro?

Não me sentia inteira após esses golpes; contudo, havia certa tranquilidade em mim para lidar. No fim das contas, tanto já havia rolado (e complicado mais) que me encontrava justamente num ponto incerto. Na minha cabeça funcionava a ideia de antes ter alguma serenidade do que algo apenas te queimando pouco a pouco. Assim, falar sobre isso diminuída consideravelmente a tensão que acabava me rondando. Não teria mais porque esconder aquelas histórias.

– Aconteceu uma coisa na viagem.

Nem preciso dizer o quanto isso a chocou. Junto de Flávia, Dani ralhou comigo por ter permanecido tanto tempo calada. A essa altura eu não podia reclamar, senão ouvir cada repreensão e eminente fúria. Fúria não por mim, mas pelo desgraçado que era o Sávio.

– Esse tempo todo... E a gente... A galera... Na faculdade... E ele fez isso... !

Expus meus motivos, por mais insensatos que agora pareciam. Expus também as situações inconvenientes que passei, e como tudo virou logo uma bola enorme de neve de mentira por mentira, em como eu não fui justa nem comigo mesmo e me arrependia por isso. Não só por ter que buscar apoio nas pessoas que amava, mas para recuperar a fé delas em mim. Foi um momento difícil, um baita choque de realidade. Tudo espocou numa péssima hora e quanto mais as pessoas perguntavam, mais delicado ficava de responder com a verdade.

A real é que você chega a um ponto que se perde em si. E pra voltar a respirar, tem que aguentar toda a pressão julgadora que recai sobre você. Tem que sobreviver a ela e reconquistar as confianças. E dia por dia, eu tentava.

Fora essa uma das minhas grandes questões com Aguinaldo, como havia dito a ele no outro dia. Eu teria de aceitar muitas reservas que as pessoas apresentariam por meu passado ou minhas péssimas decisões.

Logo relatei também o caso com a Iara, o rolo de seu sumiço, como a encontramos, o que ela tinha a ver nessa coisa toda. Dani não quis acreditar de primeira, parecia realmente roteiro de novela. Se me permitissem uma piada ao momento, eu diria que teria boas reviravoltas para traçar numa telenovela, mas elas, Dani e Flávia, não estavam no clima. Mesmo sendo a Dani ali, estava consciente que a conversa era séria demais para eu tentar amenizar com um comentário desses. E sim, por um bom tempinho, a gente discutiu.

Mas nada se comparou a quando eu revelei umas informações que ainda não havia repassado a mais ninguém. Quer dizer, estava custoso acreditar naquilo. Saindo de minha boca continuava soando absurdo e novamente lá estava eu incerta sobre aquilo. Sobre Sávio ser capaz de algo tão sórdido como estar envolvido com... ficha criminal. Porque simplesmente não batia com ele.

Pelo menos sobre o pouco que conhecíamos sobre ele.

– Tá nos dizendo que o Sávio é um... ladrão? Aquele Sávio da nossa turma?

Apesar de a Flá ter me apoiado de ir em busca de umas respostas – e quase me batido por ter ficado sozinha com o outro, já que não fazia bem parte do plano – eu disse a ela que não me sentia preparada para dividir as verdades que ouvi de Sávio. Era tenso a esse ponto. Flávia foi pega de surpresa junto com Dani nesse sentido:

– O mesmo que falta virar um pimentão de tanta timidez? Ele pode ser todo esse cretino que vocês me falaram, mas ladrão... Eu nunca... Quer dizer, sei lá, poderia vê-lo como qualquer coisa, menos... um ladrão.

Nisso eu não pude deixar de concordar. Foi dose explicar aquilo. E mais dose ainda aguentar os julgamentos das meninas por eu ter comprado essa história.

História essa de que Sávio invadiu a oficina de um cara aí, por uma rixa que tinha com o tio dele. Mas era pra pegar uma coisa de volta e antes que pudesse fazer algo, ele foi pego. Calhou de ser na hora que o André fazia uma baderna lá com uns caras e quando chamaram a polícia, o Sávio foi considerado comparsa de André. Ele não chegou a levar nada, mas aí, já estava preso e precisando de um advogado. André, claro, se aproveitou da situação.

– E você acreditou nessa babaquice, Lena?

Não nego, essa bem que foi uma facada de Flávia. Era complicado porque ao mesmo tempo que parecia tão ilógico, parecia lógico, e falando alto o bastante para ser ouvida, dava mesmo essa impressão de mentira ultrajante. Mas se a mentira é essa perspectiva que sempre está nos detalhes, e esses detalhes são fortes e congruentes, isso muda a figura toda. Isso te dá um novo olhar, na verdade.

Que não é alcançado pelas meninas e tudo bem, aceito. É muito para um primeiro momento, não dá pra reagir muito diferente disso. Outra verdade quando você tem tanta merda na sua ficha do passado é que, além de toda a desconfiança que ronda as pessoas, nem quando se fala a verdade elas te levam a sério. É apenas algo que você tem que pagar até as coisas se restabelecerem.

Eu custava a acreditar naquela história maluca também, tinha minhas reservas, claro. Fatalmente, o que matava esse julgamento e me deixava vacilante sobre o que considerar como honesto era o comportamento do Sávio. Ele por todo corroborava para dar mais veracidade àquilo. Como o fato de ele gostar de verdade de Iara e, por esse sentimento, estar ali, dando a cara a tapa.

De qualquer modo, eu vi e ouvi coisas demais naquela conversa com ele. Coisas que elas sequer poderiam ter noção. Só não adiantava o quanto eu lhes dissesse. Se o universo sempre me deu essa boa visão sobre as pessoas, se foi para dar uma segunda chance a elas, bom, eu daria. Ou ao menos reconsideraria. Às vezes é tudo o que elas precisam.

Mas era apenas uma droga ver e saber demais.

– Se não fosse por isso tudo que vi e percebi, eu também não daria chance.

Aí sim o mundo parou, pois as duas me encaram e, é, ao ver o sangue nos olhos delas, eu soube. Vinha chumbo grosso.

– CHANCE? Você vai dar uma CHANCE? Depois de tudo? LENA!

Quando eu digo que tô em conflito, é porque tô em conflito. Até o momento eu não tinha noção do que fazer, mas conversando com as meninas, percebendo novos pontos, me explicando, e em repensar nisso tudo de novo, e ainda em Iara, talvez não fosse uma total idiotice dar alguma chance a Sávio, mesmo se todo o mundo agora o vê com outros olhos.

Não significava que eu ia abraçar o cara, mas também não ia fechar a cara para ele. Só, sabe, queria manter a coisa toda de um jeito mais suportável. Como afirmei a Sávio, fazer aquilo funcionar. Para tanto, um pouco de honestidade a todas as partes era um bom primeiro passo. Difícil, e nem por isso menos necessário.

– Não importa, gente, me tenham como a louca que quiserem e, por tudo que aqui foi dito, podem ter vocês as suas reações, eu não vou interferir em nada, mas também não tirem o meu direito.

– Direito de ser doida, só se for!

Flávia exclamou isso da boca pra fora, repeti para mim mesma mentalmente. Mas bufei do mesmo jeito por ser assim tratada. A escolha era minha afinal. Talvez estivesse sendo precipitada, talvez não. Estou confusa também, droga! Porém, há algo em mim que me pede essa confiança, mínima que fosse. Se eu estiver errada, que seja, ao menos preciso descobrir antes de jogar pedras em quem, aparentemente, é o vilão. Nem tudo é tão no preto e no branco assim.

Então, bom, ainda sou a louca de pedra que tá dando um “voto de confiança”.

Quando passo por Sávio no corredor, que Gui e Flá decididamente também preferem apenas passar batido por ele, só aceno rápido com um dar de ombros. Era minha forma delicada de dizer “tá ruim, mas é o jeito”.

~;~

Apesar de nossos amigos agora terem conhecimento de quem é Sávio, o que ele fez e suas razões – Flávia contou para Gui, assim como Dani contou para Bruno, que foram outros a se afastar consideravelmente de Sávio – o resto da faculdade não detinha tais informações. Era estranho aos olhos de muita gente como as coisas andavam um pouco estremecidas por nosso grupo, que antes era tão animado e junto, e de repente... enfim, éramos mais transparentes do que desejávamos.

Corria um burburinho por aí faz uns dias sobre o corte de relações de Gui e Sávio e, por outros dias Sávio ora se manter próximo, ora distante, as pessoas não sabiam bem o que pensar. Colocando dessa maneira até nos faz parecer os populares da área. Que nada, tinham mais grupos veteranos que chamavam a atenção naquela faculdade. Num deles, tinha um que era famoso pelas fofocas.

De acordo com a boca daquele povo, já fui a queridinha, a briguenta, a azarada, e ultimamente tinha o status de “imã para problemas” – nessa última não dava para discordar diante de meu histórico. Não era algo que eu ligasse muito. No fim das contas, iria só me estressar pra nada, porque quanto mais se briga contra uma fofoca, mais ela aumenta. Então, pra quê, né?

Já Sávio tinha uns dotes a seu favor. Desde que chegara, ele era o garoto novo... e gato. Era o que ele mais repudiava e o deixava desconcertado. Meia faculdade já tinha dado em cima dele ou se insinuado, e ele, sempre muito cavalheiro, dispensava-as. Contudo, umas mais que outras continuavam a tentar algo, mesmo com a pouca abertura que ele cedia. Ananda era uma dessas.

Uma vez ela chegou para mim discreta e mandou:

– Lena, posso fazer uma pergunta indelicada?

– Hum... Claro.

– O Sávio alguma vez falou de mim? Ou de outra garota? Ele é assim sempre tão distante?

Isso foi após aquela apresentação-surpresa de Daniela na pizzaria. Sei que nesse dia a Ananda ficou bastante tempo junto de Sávio e que dançaram e tudo. Iara, que também estava conosco, teve que assistir sem puder dizer algo. Imagino que tenha sido duro, se até de ciúme de mim ela já teve. Naquele momento a relação deles não era séria e, ainda por cima, era um segredo.

– Para falar a verdade, sim, ele é. Não costuma se abrir fácil e também não fala muito de sua vida pessoal. Ele é desse jeito mesmo.

– Mas nem sobre outras garotas?

Apenas dei de ombros, porque não tinha nada mais a dizer. O único interesse que pensei ele ter tido foi uma mentira e por essa mentira ele ainda pagava. Nossa relação era mais difícil do que muitos imaginavam. Provavelmente quase nada do que pensavam.

Tinha outra garota que também não desistia dele, Keila. Dessa eu não gostava. Além de ser do grupo de fofocas da faculdade e de gostar de botar lenha num bom barraco, ela costuma ser bem arrogante e atirada. Essa sim via o Sávio como pedaço de carne. Para uma boa convivência com ela, quando eu não a ignorava, era só educada. Sávio ainda conseguia ser mais que eu.

O caso é que algo extraordinário dessa vez aconteceu.

Depois daquele gelo que Dani havia dado a Sávio no início do intervalo, ele não se atreveu a sentar-se conosco na mesa da lanchonete. Na verdade, depois que passou rapidamente na lanchonete, ele sumiu. Ninguém da galera comentou, embora tenham notado que eu sei. Vi Dani dando umas espiadas ao redor como se tivesse procurando-o e Bruno a distraía de volta, a gente se entendendo apenas por olhares. Cada um com sua opinião sobre aquele caso em específico.

Nada que me admirava suas reações. Bruno não me disse muita coisa sobre isso, só ficava claro o quanto ele não gostava, tanto da situação, como de ser o último a saber praticamente. Dani era aquela que se sentia chateada, porém mantinha algum senso e não me ignorava. Gui... só demos algumas pinceladas a respeito. Flávia mantinha sua opinião, e apesar de ora e outra não suportar a minha, acabava assentindo, só pra dizer que não estava contra mim.

Mas ainda estávamos juntos e o clima de semana de prova era o que nos ajudava bastante nesse quesito. Era um campo neutro que costumava unir qualquer um. Tanto que na nossa mesa tinha outras pessoas e isso mantinha a conversa rotativa. Discutíamos umas metodologias de avaliação de professores quando aconteceu.

Primeiro que estávamos num mesa de um canto mais escondido da lanchonete, ao norte, próximo à ala da diretoria e que nos dava uma visão completa do pátio e da rampa, que ficava a nossa frente basicamente. Por ser o intervalo, a área estava apinhada de gente e muitos se dispersavam como podiam, como nos espaços dos jardins, que ficavam mais a leste da instituição.

Distraídos, fomos interrompidos por uma garota que passou correndo vindo do corredor da ala nordeste, que ria alto, e pulava e noticiava algo aos cochichos para o grupinho logo ao nosso lado. Quem visse de longe imaginaria que estava feliz por algo, mas aí a gente ouviu:

– Vocês NÃO vão A-CRE-DI-TAR!

– O quê, o quê?!

– A Keila! Meu Deus, a Keila!

– O que tem ela?

Nesse ponto a conversa na nossa mesa foi diminuindo até parar, de repente tava todo mundo assistindo isso.

– Ela não tinha dito que dessa vez pegava ele de jeito?

Pegou?

– Não, de novo não! Mas não só isso! Ele agora diz que tem namorada!

– Nãaaao!

– Siiiiiiiiiiim!

– E a Keila?!

– Tá lá na biblioteca ainda. Até a moça atendente ficou de cara. Meu Deus, até eu tô de cara!

– O SÁVIO tem NA-MO-RA-DA?!

Nessa hora a Dani tava tomando de seu suco e deu uma super cusparada na mesa. Quem sofreu foi o Yuri, Bruno e a uma outra menina que estava por perto. Nada que ninguém tenha se mexido, afinal, aquela notícia... Nossa, nem eu esperava. Tava todo mundo chocado enquanto a outra continuava quicante e contando do babado.

– Agora diz que tem! Imagina só.

– Conta mais! O que você ouviu?

– Eu tava lá pra devolver aquele de Direito e na hora que fui saindo, o Sávio entrou e a Keila veio atrás. Aí tá, beleza, fui verificar no computador do lado, pra fazer uma consulta no sistema e tal, aí ouvi tudo. Ela chegou tooooda direta, se enroscando nele e perguntando se ele queria sair...

O grupinho instigava a menina a detalhar mais:

– E aí, e aí?

– Aí ele disse que não, que tinha planos. A Keila fez aqueeeela cara, e perguntou que planos eram esses, se não poderiam a envolver e ele todo se saindo dela. Foi hilário demais! Aí sim ele disse com todas as letras: “não, obrigado, vou sair com a MINHA namorada”.

– Ah, mentira! Duvido!

– É sério, é sério. Pode perguntar pra moça lá do atendimento. Tinha uns alunos calouros também e... Gente, que ba-ba-do!

– Lá vem ela, lá vem ela!

Do nada, até a galera da minha mesa se aquietou e disfarçou. Alguns meninos faltaram assobiar! Tava todo mundo de olho no que acontecia e, conhecendo as mil e umas investidas de Keila, além dessa nova dispensa (e que dispensa!) pela parte de Sávio, todos pareciam chocados.

Quer dizer, eu também tava!

Não imaginaria que descobriria sobre o namoro de Iara com Sávio dessa maneira... Súbita, por terceiros e de maneira tão pública para uma pessoa discreta que era o Sávio. Assim que Keila passa pisando duro, que seu grupinho a segue, e vemos aquela informação se espalhar por todo o pátio, a nossa mesa quase explode em gargalhadas – pelo menos daqueles que não sabiam de certas paradas – e... É, eu me pego rindo, feliz por aqueles dois.

Falassem o que falassem, eu ainda era convicta de alguns discernimentos. O que estes me diziam era que a Iara merecia ser feliz.

E, claro, bem feito para a cara da Keila!


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Notas finais do capítulo

E aí, vcs são team-a-Milena-tá-mais-maluca ou team-sou-maluca-de-concordar-com-a-Milena?

Ela só tá pedindo um pouco mais de compreensão... embora arriscada >.



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