Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 128
Capítulo 127


Notas iniciais do capítulo

Trago mistérios! Bons e... Vejam por si mesmos haha
Enjoy!



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Quieta no auditório, saboreio um potinho de sorvete de chocolate com baunilha enquanto espero pela palestra do dia – e o remédio de cólica funcionar. Era o dia do Caio-em-cima-do-dinheiro e não queria perder. Mas a biologia hoje pelo jeito não queria colaborar. Me mexia o mínimo possível por isso.

O local estava enchendo devagar. Preferi ficar de canto ao alto, distante da galera. Não me sentia muito social. Até agradecia o fato de Gui estar no evento acadêmico angariando seus créditos. Se minha cama não estivesse tão longe e eu precisando me mover tanto para chegar até ela, acho que já estaria dentro de um ônibus a caminho de casa.

Pensando bem, Murilo poderia me buscar, acho. Se eu apelasse, ele não negaria. Mas não quero tirá-lo de perto de Lia no momento, tampouco ficar sem graça mais uma vez perto dele. Já foi duro o bastante encarar meu irmão depois do sonho maluco que tive essa madrugada. Literalmente, o que vai, volta. Agora posso compreender bem com como ele ficou maluco quando sonhou que eu tava casando e que foi muita maldade minha ter influenciado o sono dele com um som de bebê chorando.

Balanço a cabeça rapidamente pra me livrar das imagens do sonho, porque não era algo que queria reviver no momento. Penso novamente sobre ir pra casa, como iria pra casa. Raspo mais uma colherinha de sorvete, arquitetando um plano, quando Iara chega de mansinho no assento ao meu lado. Ela senta e expira de cansaço. Semelhante ao que eu disse no dia anterior, ela diz:

— Tenho que fazer uma pergunta e preciso que você seja sincera.

Tô tão molenga neste dia que sequer faço piada.

— Pergunta.

A cabeça de Iara pende pro meu lado.

— Você fez algo em relação ao Sérgio?

— Nada além de xingá-lo mentalmente quando passou por mim hoje? Por quê?

— Tem acontecido umas coisas... estranhas.

— Estranhas como?

— Estranhas tipo... Documentos trocados, chaves sumindo, ele preso fora da sala dele, pequenos acidentes no banheiro.

Até abaixo o potinho de sorvete ao colo para prestar atenção.

— No banheiro?

— Não sei bem, mas ele saiu pingando de lá. E teve aquele caso do sal ontem.

— O que teve o sal mesmo? Você não contou depois.

— Ele foi tomar café e adicionou açúcar – ou o que ele pensava ser açúcar. Era sal. E ele tinha colocado muito na xícara. Foi uma cusparada horrível. Engraçada, mas horrível. Você... Você não comentou nada com meu pai, né? Sei lá, por alto.

Em outro dia eu faria o maior teatro de ofendida, mas como meu humor tá meio bloqueado, só balanço a cabeça veemente.

— Não, nem por alto. Mas mesmo se tivesse, isso não tem a cara do Filipe. Confesso que cheguei a pensar no laxante, mas não tenho acesso à área dele para fazer algo assim. Não é só uma coincidência?

— Não acho que seja. Mas me admira você achar normal. O que tu tem hoje?

— Cólicas. Das verdadeiras.

— Isso explica o sorvete também.

Levo mais uma colherinha à boca e Iara parece compreender.

— Se tem mesmo alguém fazendo essas pegadinhas, quem seria? E por quê?

— Não tenho ideia.

Uma falha no som dos microfones que estavam ajeitando lá na frente extrapola uns decibéis e por um instante, todo mundo leva as mãos aos ouvidos. Ao voltar tudo ao normal, me volto para I:

— E as câmeras?

— Não posso solicitar as imagens. Não sem levantar suspeitas do meu pai. Depois daquele incidente interno com André, mudamos a política de câmeras por aqui, e pra pedir imagens, preciso da autorização do chefão.

É, não dá.

— Se o Sérgio aparecer com chiclete na cabeça, aí sim vou me preocupar. Ou não, né. Pode ser carma, sei lá.

— Essa sim é a Milena que conheço e que conspira. Não quer ir pra casa?

— Quero. Mas tô esperando a dor passar um pouco. Também queria ver o Caio. Vocês investem em palestras e meu dever é vir, não faltar. E o que tu tá fazendo aqui que não tá nos bastidores?

— Depois que eu contei aquela história de estresse, meu pai tirou tudo das minhas mãos. Por assim dizer, tô livre. 

— Quão livre?

— Livre pra roubar até um banco. Ou ir ao cinema. Você escolhe.

— Eu?

— Tem algo nessa cabecinha, Milena. Pensa que não tô vendo daqui? Tem cólica sim, mas tem algo mais aí também.

Foi o que Vini disse ontem e me perguntou outras duas ou três vezes depois.

Jogo a colherinha dentro do pote ao terminar e fecho, para jogá-lo na primeira lixeira que vir. Aproveito esse movimento pra desviar minha atenção da pergunta, mas ela continua pairando ao nosso redor. A maioria das pessoas estava nas fileiras mais abaixo, o que permitia a nós conversar sem ninguém ouvir.

— Você vai me fazer dizer, não é?

— Como boa amiga que você é pra mim, acho que tenho a obrigação de fazer isso.

Me ajeito na poltrona, jogando a cabeça no alto do encosto. Com ambas mãos aos ombros, aperto o local em uma massagem mínima e mexo o pescoço pra destravar mais da tensão. Iara assiste sem dizer nada, esperando. Por fim, admito.

— Tem razão, tenho algo na cabeça. Mas não consigo dizer por agora. Não me sinto confiável no momento.

— É algo sobre... o Murilo?

— Em parte, sim.

Murilo e sua nova versão despertaram sentimentos que nem sei dizer. Foi apenas uma conversa que me vi toda atrapalhada. Na verdade, começou com Filipe. Antes de ir para a maternidade, topei com ele no saguão. Iara estava comigo, me acompanhava até o ponto de ônibus. De passagem, contei ao chefão a mais nova do dia. Brincalhão, ele comentou sobre um dia ser avô e se estaria perto de acontecer. Eu olhei pra Iara, Iara olhou pra mim, e ambas ficamos sem graça, sem conseguir dizer algo. Daí alguém chamou Filipe e a gente riu, pra quebrar o desconforto.

Quando Murilo trouxe o assunto de novo e muito calmo, entrei em fuso. Eu não tava muito numa situação favorável e sei que não era pra levar muito a sério, porém, mexeu comigo. Não me sentia preparada para esses assuntos. Filhos. Casamento. Família.

Não fazia muito tempo que havia descoberto dos boatos de Keyla. Enquanto assistia Vini e Murilo virarem as coisas mais fofas do mundo babando ao redor de Lia, imaginei por uns minutos que no outro ano poderia ser eu. Dei a desculpa de ir ao banheiro para não pirar ali, na frente dos dois. Noutro momento, Aline até me deu remédio para cólica, compadecida de minha não muita animação. Vini percebeu que havia algo desde o minuto que bateu o olho em mim, quando nos encontrou no corredor. Sua pergunta era como um boomerang, ia e voltava, e eu já nem me preocupava tanto em disfarçar. Eu só... não queria falar sobre o assunto.

E aí essa madrugada, sonhei que tava perdida nos corredores do prédio de meteorologia e tinha um bebê chorando, e de alguma forma intuí que era meu bebê, e procurei loucamente conforme ouvia o choro. Acordei no susto, com Murilo me chacoalhando. De acordo com ele, eu tava resmungando algo como “não tá aqui, não tá aqui”. Depois de tantos sonhos vívidos que tive com ele semanas atrás, eu fiquei um pouco duvidosa da realidade por uns minutos. E surtada, muito surtada.

— É sobre a volta a dele?

— Em parte, sim.

— Eu posso fazer alguma coisa a respeito?

— Não me perguntar de novo até eu entender o que tá acontecendo aqui dentro tá de bom tamanho.

Faço uma carinha que parece convencer, pois Iara logo se ajeita na sua poltrona e muda a expressão.

— Tudo bem. Então vamos colocar uma comida quentinha no estômago? Ainda dá pra sair sem ninguém dar conta da gente. Tá programado pra 19h, mas sei que teve um atraso. Deve começar só lá pra 19h20. Vamos, vamos, vamos!

Agora pilhada, ela pega minha bolsa que estava ao chão, pra me fazer levantar. Puxo a bolsa de volta e faço ela cair na poltrona com graça.

— Mas I, é uma palestra para os funcionários. Somos funcionárias. E o Caio, eu tava esperando o Caio!

— O Caio vai estar amanhã também, marco até um encontro para vocês se verem. Mas me deixa ser a pessoa que vai melhorar essa sua cara.

— Mas I!

Ela se levanta e coloca as mãos na cintura, dura e branda ao mesmo tempo.

— Só tenho uma pergunta: tu faria diferente?

Demoro uns dois ou três segundinhos pra admitir.

— Não.

— Então já temos uma resposta.

~;~

Uma folga de luxo, foi o que Iara disse quando nos vimos entrando no shopping. Na praça de alimentação, dividimos uma lasanha. Confesso que a saída estava fazendo milagres. Eu estava sorrindo, mais relaxada e criando inúmeras teorias junto de Iara quanto ao mistério da vez. Realmente, eu não estava sendo eu quando ela perguntou sobre o assunto no auditório. Nem cólica mais sentia.

Espaço, eu precisava de espaço.

Poderia prever que tanto Gui quanto Flá iriam reclamar de não terem sido chamados, ou que Vini gostaria de ter escapado junto. Porém, como Iara disse mais cedo, eu precisava mudar os ares pra mudar minha carinha. E se não foi só ela quem perguntou sobre o que eu tinha na cabeça, era porque tava bem na cara (até apareceu na foto que Vini tirou no dia anterior, ela disse, embora eu desconfie da veracidade dessa afirmação). Então, assim como fiz Filipe sossegar e deixar ela de boa, Iara fazia sua mágica em mim.

Ainda conversamos sobre Murilo, as fotos, Lia, Lisbela, Aline e toda a história do nascimento. Murilo estava visitando o novo prédio com Armando quando Aline ligou contando das contrações. Ela já estava chegando na maternidade e combinaram de se encontrar lá. Quando Murilo apareceu, Lisbela já estava em um quarto, mas demorou para entrar em trabalho de parto. Tava todo mundo tão agoniado que nem pegar no celular alguém conseguia. Só mesmo quando Lia rompeu ao mundo, trazendo sorrisos de orelha a orelha no rosto de cada um. Foi a hora que Murilo me ligou.

Saímos expulsos da maternidade – tinha hora de visita. Lia era linda, era inegável. Por mais que fosse tão pequena e recém-nascida, tinha uma expressão engraçada. Dava pra ver os traços de seus pais de cara. Murilo permaneceu de olhos marejados praticamente o tempo todo, que nem o pai. Quem não soubesse, iria imaginar que era a criatura a figura paterna.

Infelizmente, ao momento, eu não soube bem lidar ou aproveitar o que eram as cenas que se suscitavam a minha frente. A cólica bem que fez seu papel, uma desculpa perfeita para meu desconforto, que não era mentira. Talvez tenha juntado tudo. Emoções, hormônios, sugestões, surtos. Não sei se me entreguei ao falar umas coisas por alto com Iara, ela não disse nada.

Bem satisfeitas, continuamos investigando o pequeno mistério do trabalho. Listamos algumas pessoas num guardanapo, só que eu não levava muita fé de que algum nome ali teria algo a ver. Por outro lado, desconfiava de que era uma artimanha – muito bem-vinda – de Iara para me distrair.

Ao lado da praça, havia o cinema. Lá na porta tinha um tamanho letreiro que trazia as horas, o que era uma mão na roda, porque simplesmente não dávamos conta do celular desde o instante que saímos da empresa. Perto da 21h, Iara ainda insistia em irmos ver um filme, qualquer um, que era só um pulo da mesa onde estávamos. Achei melhor ir pra casa.

Murilo não demoraria tanto pra ser expulso de novo e eu queria dar um espaço pra ele e Aline também. Era um momento mais deles. E fazia parte da reconstrução de coração do Murilo, algo que sei, era necessário não ficar tão grudada nele. Murilo precisava respirar.

— Tem certeza?

— Tenho. Tu já fez o teu papel e tô aqui, de sorriso na cara. Não vou abusar da tua boa vontade.

Me aprumo para podermos ir logo antes que ela invente de me arrastar de verdade pra um filme. Iara faz o mesmo, armando-se com sua bolsa.

— Já fico mais sossegada. Não foi fácil tirar aquilo da cabeça.

— Aquilo o quê?

— Aquilo, você sabe.

Com um sorrisinho um pouco encabulado, Iara não diz muito. Vamos desviando das mesas e cadeiras da praça de alimentação, o que nos faz nos distanciar um pouco, mas agora que ela tem minha atenção, não perco o passo.

— Você... sabe??

— Eu também tava lá, Lena.

E ela diz assim, como se fosse a coisa mais simples?

— Então você sabia o tempo todo? IARA!

— Por isso que eu tava insistindo no assunto. Porque eu também fiquei... mexida.

— Mas, pera, será que a gente tá falando da mesma coisa? Ou tu tá jogando verde comigo?

Ela para no caminho e ficamos frente a frente, uma mesa vazia entre a gente, o burburinho da praça ao redor e, pela sua expressão, não acho que ela esteja jogando comigo.

— O comentário do meu pai... sobre... Sobre netos. Viu, consegui falar.

— Caramba, I. E você falou algo com ele?

Ela volta a andar para chegar ao corredor de lojas, fora da praça de alimentação.

— Deus me livre, Milena, Deus me livre. Não tenho nem cara pra isso.

— Eu que não acredito que tava surtando sozinha. Que a gente tava surtando sozinhas.

— Faz horas que tento arrancar de ti pra poder falar, mas eita que quase não saiu!

Qualquer outra pessoa passando poderia dizer que ela estava zangada comigo pela maneira enérgica que estava andando e falando, mas eu via, ela estava se segurando pra não rir da situação. Eu ainda tava desacreditada.

Ao longo dos corredores, desatamos a rir descontroladas. Em dado ponto, paramos só pra rir mais um pouco e não perder o ar. Sentamos num banquinho e Iara bate seu braço no meu.

— Desculpa por ter insistido. Eu só... Não sei. Foi esquisito, não foi?

— Sim, um pouco. Mas eu surtei mais porque o Murilo puxou assunto sobre isso lá na maternidade – sobre ter filhos e dar nomes aos filhos que teremos em algum futuro, e aí juntou tudo. Até sonhei com isso. Fora que... Te contei que rolava um boato lá na faculdade sobre eu estar... grávida?

— Lembro que uma vez você disse que tinha uma garota te perturbando com isso quando teve aquele lance de você ouvir uma conversa estranha no banheiro. Foi suficiente para um boato de corredor?

— Pelo jeito, sim. Mas Dani deu um jeitinho na Keyla, pelo que eu soube. E você?

— Eu o quê?

— Como ficou depois da... sugestão?

— Evitei meu pai até em casa. E lá também não disse muita coisa. Ele não parece ter percebido.

— Você e o Sávio... já?

Observo as bochechas de Iara ficarem vermelhinhas como algumas vezes já vi ela ficar.

— Já sim.

— E como foi?

Ela bate na minha perna, mais encabulada ainda. Eu? Tô segurando o riso de vê-la assim, embaraçada. Ao menos isso alivia minha tensão.

— Isso é pergunta que se faça?

— Eu perguntei como foi pra você, não como... não como se deu, tá.

— Foi bom, muito bom.

— Foi... hmmmm... sua primeira vez?

— Hãããã... Não. Mas acho que pareceu como se fosse.

Levanto para seguirmos nosso caminho; no caso, a bancada onde se pagava o estacionamento.

— Não vou perguntar mais nada, pra tu não virar um pimentão de vez. Prestando minha solidariedade, só digo que entendo a situação. De outras pessoas saberem, digo. E te digo mais, um segredo até: foi assim que Murilo ficou famoso na Coreia.

— Como assim?

— Digamos que uma vez dei um flagra no Murilo e na Aline, eles tavam se pegando lá na nossa cozinha. Ainda estavam vestidos, graças a Deus. Ficamos todos constrangidos e não falávamos coisa com coisa. E numa dessas, eu soltei a pérola “pior se fosse o contrário” e aí o Murilo sacou que eu... já. Com o Vini. E ele surtou.

— Meu Deus, Milena. Foi contar logo pra quem!

— Tô te dizendo que eu não tava muito consciente do que eu falava. O fato é que eu proibi ele de falar algo com o Vini, mas adivinha o que a criatura fez? Então, de vingança, eu... publiquei aquele vídeo. E aí juntou com a época que aquele professor tava me perseguindo e virou uma bola de loucuras.

— Quando não é uma bola de loucuras com você, né?

Iara entrega o bilhetinho de entrada na bancada do estacionamento e me recosto numa coluna ali perto.

— E contigo também, bonita. Mas tô aprendendo a sossegar, pro meu próprio bem.

— Então sem netinhos Muniz?

— Nem fala, I, nem fala. Não tão cedo.

Seguimos finalmente para o estacionamento. Penso no Murilo e que ele pode estar me procurando, mesmo que eu tivesse avisado que hoje poderia chegar um pouco tarde. Pra todos os efeitos, ainda estou na empresa. Para Iara – e se dependêssemos de suas ideias – estaríamos roubando um banco. Pra mim, um grande alívio.

Ao sentar no banco do carona e ver Iara manobrar o carro, só posso pensar em chegar logo em casa. Tomar um bom banho e me jogar na cama era o suficiente para terminar de vez esse dia maluco.

Mas o universo, o universo aparentemente não tinha os mesmos planos.

~;~

Depois de enxugar sozinha toda a água que tava vazando da pia da cozinha e tomar meu desejado banho, deito na cama só o caco. Eram umas 22h30 e eu já não tinha neurônios funcionando. A cólica havia voltado, mas ao menos estava bem fraquinha. Só sentia aquele desconforto da fase mesmo, com os pés tensos e a vontade de não me mexer.

Não sei que raios aconteceu com a torneira da cozinha para ter vazado daquele jeito, só não podia deixar a casa inundada. Do jeito que eu tava, fiz tudo tão no automático e sonhando com minha cama que é bem provável que eu estivesse murmurando tal qual aqueles zumbis de filme.

No que parecia um último suspiro, abro um olho para ver se tinha alguma mensagem no celular. No primeiro dia do ECAD, o Bruno tinha me enviado várias fotos. Ontem, que não fui também, ele me encheu de mais fotos e mensagens, me atualizando das coisas. Hoje só teve duas fotos, mostrando apresentações da Ananda e do William, que tinham temas semelhantes. Lembro que hoje era também o dia da Dani fazer sua apresentação. Espero que tenha corrido tudo bem.

Por descargo de consciência, com as minhas últimas carguinhas de energia vital, digito pra ele, em um chat de rede social. Por sorte, pego Bruno online.

22h33

MLins

Ei, perdi algo hoje?

22h33

B.

Possivelmente. Mas digamos que foi melhor não ter vindo.

22h34

MLins

Pq? Tivemos novas vítimas?

Vi que ele visualizou, mas não respondeu. Esperei mais uns minutinhos, o braço mal conseguindo manter a tela do celular à altura dos meus olhos. Em dado momento, apenas desisti, me atualizaria depois. Coloco o aparelho na mesinha ao lado e meu corpo parece desligar junto.

Mas ainda sinto quando meu mano chega e senta no meu colchão.

— Já na cama? Que milagre é esse?

Só balbuciei algo em resposta porque o corpo relaxava de tal maneira que falar era difícil. Depois que achei uma posição confortável, aí mesmo que não iria me mexer. Nem pelo Murilo. Ou talvez pelo Murilo. Mas tudo estava bem, né?

— Tudo bem, pequena, vou deixar você dormir. Amanhã conversamos.

Assim que sinto seu afago e beijo na testa, reluto em responder:

— Bilhete. Cozinha.

— Eu vi. Vou verificar se tá com problema mesmo. Mas descansa, mana.

Mais uma vez senti seu afago. E em seguida, ouvi seu sussurro:

— Nada como chegar em casa e encontrar quem a gente ama. Nem que seja dormindo.

Depois de um dia e tanto, faço um pequeno esforço, reunindo literalmente todas as mínimas energias que ainda detinha.

— Me lembra amanhã de te dizer que te amo, ok?

Ouço seu riso baixo e então:

— Lembro, lembro sim. Boa noite.


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Notas finais do capítulo

O universo às vezes trabalha de um jeito que, olha, a gente não sabe nem o que dizer.
Eu mesma não sei.

Trechinho do próximo?

"- Mas você não tinha um acordo com seu chefe para ir lá no tal evento acadêmico? E aí só voltou por conta do problema da frota? Ainda não foi resolvido?
Eu não tinha dito nada sobre o caso da Iara e minha pequena investigação solicitada pelo Filipe e assim manteria, porque Iara mesmo não queria que ninguém soubesse de suas inquietações. Algo que não recomendo, mas né, respeito.
— Foi resolvido, é mesmo. Você tem razão, acho que posso jogar essa pro meu chefe. Mas acho que vou ficar mais tranquila se avisar sobre o ocorrido. Não gosto de mentir assim."



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