Já tinha procurado emprego a tarde inteira nas lojas e bares que havia por ali, mas todos me rejeitavam por não ter experiência, quando chegou à noite tudo se tornou mais sombrio e eu já estáva muito longe da tal praça, não havia quase ninguém nas ruas, apenas mendigos e prostitutas, a maioria dos carros que passava por mim insinuavam que eu era uma meretriz, morrendo de medo eu os ignorava, tinha pavor de repetir aquilo que meu padrasto me fez, talvez mais uma cicatriz que não cure, estes sentimentos me corroíam.

Decidi procurar um local ideal para morar, pois não obtive sucesso com emprego adequado, e nunca me sujeitaria a prostituição. Com o pouco dinheiro que tinha consegui fiar uma noite em uma quitinete, talvez o dono tenha sentido pena de mim, era perto de uma faculdade conceituada de medicina. Consegui dormir algumas horas, de tão exausta que estava passei uma noite sem pesadelos.

No dia seguinte estava desesperada pois não havia como pagar a quitinete e muito menos teria o que comer, a única opção que veio na minha cabeça foi mendigar, apesar de ser algo humilhante.
Sabendo que ali possuía uma faculdade de renome, decidi pedir dinheiro por lá, chegando na universidade muitos alunos nem se dignavam a olhar para mim, depois de quarenta minutos me sujeitando à aquilo, finalmente alguém se aproximou, um homem alto de aproximadamente uns trinta e cinco anos, se vestia formalmente, não como aluno, mas sim como professor, antes de falar comigo deu duas tragadas em seu cigarro que estava em seu canto direito da boca:

“ – Olá senhorita, o que está fazendo? Aqui não é um colégio queridinha.”

Recuei pois não esperava ser tratada como uma criança, já tive minha infância perdida a tempos:

“ – Se-senhor, sei que pareço mais jovem porém tenho 20 anos e estou precisando desesperadamente de ajuda.” Menti.
Sua sobrancelha arqueou de dúvida e perguntou:

“ – Mas que ajuda? E por que?”. Creio que duvidava da minha idade.

Parecia que ele estava realmente preocupado, a primeira pessoa em anos:

“ – Estou precisando muito de dinheiro, pois minha família se mudou de cidade e eu fiquei por aqui para ter uma oportunidade melhor, visto que eles são muito humildes .Mas não consegui nenhuma emprego por não ter qualificação e tenho uma pequena dívida que não consigo pagar e não como a dias, desculpe desabafar assim.” Contei uma meia verdade.

Não sei se era compaixão ou desconfiança, mas me surpreendeu com um convite para almoçar. Não sei se aceitava...