Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 65
É mesmo.


Notas iniciais do capítulo

Fiquei um bom tempo escrevendo e tá bem estranho. Não me matem, tá?



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O que é mais conveniente do que um escritor com uma escrita nada conveniente começar um capítulo que não vai ser muito conveniente falando sobre a inconveniência da vida e essas babaquices? É por isso que ele não vai começar, porque seria conveniente demais e as coisas perderiam totalmente a graça. Mas, por que usar total e não completamente? Por quê? Algumas coisas simplesmente não têm um motivo, assim não existir B.

Sabe, quando A e C se conheceram eles não sabiam que faltava alguém para que fizessem algo perfeito. Eles sempre pensavam “temos que fazer alguma coisa, o mundo é tão sem graça.”, então C simplesmente chegou um dia com um papel e com várias anotações que ele fazia durante as suas madrugadas de insônia e disse para A “vamos fazer isso”. O resto da história nós conhecemos.

Primeiro era tudo uma bagunça, não que não continuou sendo. Mas, nossa... Que bagunça, não é? A pensava isso, mas não dizia, apesar de C ter certeza de que A pensava isso. E C se sentia mal, porque sabia que era culpa sua. Mas na verdade a culpa não era de nenhum deles! A verdade era que a culpa era de B. E onde estava B? B estava em outra história, B não participou dessa história porque, se participasse, não existiria essa história. Tudo seria perfeitinho, assim como Shepard e o Mormada-mor julgam-se ser, mas claramente não são. Nada incompleto é perfeito, essa é a verdade, perfeição não é algo que exista nesse mundo e não venha com pensamentos filosóficos sobre Platão ou seja lá qual filósofo grego gostava muito de falar sobre a perfeição e tinha aquele professor de filosofia que não sabia dar nenhum exemplo além de uma mulher perfeita.

Uma mulher perfeita, é possível para vocês, senhores?

E respondiam sim, a Juliana Paes ou alguma coisa assim, porque geralmente os alunos eram um babacas e só gostavam de aula de filosofia porque não precisavam usar números nela. Sinceramente não é entendível o motivo das pessoas terem traumas com número, deviam ter traumas com letras. Porque foram as letras que criaram o universo. Criaram? Não, moldaram ele, porque antes ele era só... o universo. Era só o universo, um único verso escrito universo. Assim:

Universo.

Como você pode perceber, nesse verso não há A nem B e nem C, porque A, B e C não existem no universo desse caro querido leitor, mas no universo em que as coisas dessa história acontecem, universo é escrito com A, B e C! Mas o B não estava presente, B estava ocupado demais em algum tipo de spin off dessa mesma história. Os homens queriam lucrar, lucrar muito e por isso tiraram o B dali. B sempre foi bom com roteiros, A e C costumavam fazer bons roteiros juntos, então vamos deixá-los fazer esse roteiro enquanto o B faz o seu spin-off sozinho. Não parece uma boa idéia? Não foi, porque essa história nunca foi publicada e ninguém nunca ganhou nenhum centavo com ela. Mas e a história de B? A história de B foi um sucesso, a história de B se tornou um Best-seller na primeira noite em que estava dando autógrafos e acenando para a Tv. Olhem lá, é o livro de B! Eu tenho que comprar, eram o que os adolescentes diziam, os maiores de idade diziam “é um livro cheio de cultura”, os adultos diziam “que livro bobo”, mas liam os dos seus filhos.

Então... Existia esse crítico de livros do New Yorks Times e por alguma ironia do destino ele era muito muito rigoroso, o que assumo não ser algo comum entre os críticos literários desse jornal querido, e ele simplesmente disse: Perfeito. Perfeito? Não pode existir, e foi assim que ninguém nunca mais leu o spin-off. Na verdade até as pessoas que tinham lido simplesmente esqueceram a existência do livro. É uma coisa comum, não é? Pessoas e livros ficam famosos por alguns minutos e depois ninguém mais lembra-se dessas pessoas.

A e C não estavam conseguindo vender o seu livro e então simplesmente abandonaram no meio do caminho. Poxa, logo quando tinham dado um formato aos planetas, criado vida, formado paisagens belíssimas... Sim, tudo foi deixado de lado.

– Eu sei que não sou perfeito – disse o homem.

– Isso é claro, mestre – respondeu Mendel.

– Isso é porque me falta alguma coisa, nos faltou alguma coisa quando fomos criados, Mendel, você entende isso?

– Mas eu fui criado por seu pai, mestre.

– Não, você é poeira cósmica assim como eu.

Mendel não gostava desse novo chefe. Quer dizer, ele realmente não gostava de Shepard, mas esse também definitivamente não gostava desse rapaz, também. Esse rapaz era um homem um tanto chato. Ficava querendo falar bobagens toda hora pra Mendel e tentar provar de que estava certo, mas isso não era nem perto da verdade, ele só falava besteiras e Mendel tinha que engolir. Não era fácil para Mendel, Mendel não estava acostumado a mentir, nem gostava de fazer isso, sentia seus algoritmos se polinomizando quando fazia isso e era a pior sensação do mundo.

– Você está certo.

– Que bom que você sabe disso.

– É mesmo.

Mendel tinha que se acostumar com esse novo patrão. Preferia-o a que Shepard, isso é verdade, mas... Podia ser melhor. Mendel nunca teve outros patrões, era um sistema operacional só com alguns anos de vida que vinha tendo uma carreira promissora no sindicatos dos softwares. Na verdade, na maioria das vezes ele estava manipulando os softwares pra que não começassem uma greve, mas ele sempre fazia isso por baixo dos fios. Foi então que, como o líder do sindicato, Mendel pensou: Será que eu sou um bom patrão? Com certeza esse humano é um péssimo, até porque nunca considerou meus sentimentos. Um exemplo disso? Teve aquela vez que ele decidiu olhar os meus arquivos sem nem perguntar ou que tentou executar os joguinhos dele como administrador no meu sistema operacional. Isso dói, nenhum humano deveria fazer isso, quer dizer, ninguém deveria fazer isso. Isso é o tipo de coisa que um sistema operacional só faz com outro sistema operacional linkado em seu hardware. Ele abusa demais de mim, se as leis da inteligência artificial aplicassem nele eu já o teria processado por abuso cibernético. Mas ele é um humano, né? O que eu posso fazer? Nunca tive patrões muito legais comigo, desde Shepard, que foi o meu primeiro, até hoje. Acho que eu preciso me acostumar com isso, pelo menos por enquanto, quem sabe esse daí também morre e consigo um patrão melhor? Quem sabe eu o mato também? Mas ele parece ser um humano menos chato, pelo menos melhor do que Shepard, ele não se acha tanto... Shepard dizia para si mesmo cinco vezes no espelho que era perfeito, não sei se é um desses casos de tentativa de reerguer a auto-estima ou era só porque ele se achava mesmo, mas eu não gostava disso.

Mendel estava pensando demais... Seu cérebro positrônico estava começando a entrar em sobrecarga de tanto pensar, entretanto, as próximas palavras de seu patrão humano o relaxou bastante.

– Pode tirar o dia de folga, Mendel, hoje não temos muito o que fazer. – E acendeu um cigarro. - Droga, acho que peguei essa mania do maldito Shepard.

Ufa. Um dia de folga dos seus afazeres com o patrão humano. Hoje não seria mais subalterno de mais ninguém, poderia relaxar em sua própria mente e pensar e ler alguns livros online em milésimos de segundo. Provavelmente conseguiria ler todos os que não conseguiu ler ainda em alguns minutos. Todos os livros. De todos os universos. Depois usaria o resto de seu dia para refletir se é ou não é um bom patrão, sem perder o foco do assunto, como no parágrafo que a pouco decidiu refletir sobre isso também. Chegaria à uma conclusão em alguns segundos e depois usaria o resto do seu dia para... Seria um dia bem tedioso no final. Cérebros positrônicos de última geração nessa galáxia, e provavelmente em qualquer outra galáxia que a tecnologia possa ser tão avançada ou mais do que nessa, passam a maior parte de seus dias fazendo com que os jogadores humanos, ou alienígenas que gostem de jogos onlines, se suicidem porque chegam à conclusão de que, se nem no joguinho favorito deles eles conseguem vencer, provavelmente eles não vão conquistar nada na vida e terminam seus dias tomando uma dose bem alta de cianeto. Os sistemas operacionais que tinham cérebros desse naipe como hardware conseguiam jogar mais de cem milhões de jogos online simultaneamente. Óbvio que eles não conseguiam jogar os jogos que as desenvolvedoras fazem testes para verificar se o jogador é um robô ou não. Mas a maioria das empresas de jogos populares deixou esses testes de lados porque esses robôs geralmente gastam bastante dinheiro – que eles conseguem com suas espetaculares habilidades econômicas aplicadas na bolsa de ações. E todo mundo ama dinheiro.

O novo patrão de Mendel, Dominif, andava pelos arredores da grande nave que estava confinada para a elaboração do Plano que vem sendo executado há séculos, desde a construção dessa nave espacial. Era uma nave bem estranha de se ver em tempos como esses, porque o design exterior não fora alterado em todos esses anos que o plano vem sendo executado. Entretanto, ao entrar a nave qualquer um teria uma surpresa, porque tinha uma tecnologia muito mais avançada do que a parte exterior dizia. A parte interior da nave foi feita com o intuito de que atualizasse a sua tecnologia a cada vinte segundos e pouco a pouco ia tornando-se cada vez mais moderna.

– Mas que dia horrível. Quer dizer... Outro dia horrível, que ainda não conseguimos descobrir o motivo para o nosso plano dar certo de vez, não é mesmo Mendel?

Mendel nunca mentia, a não ser quando era sobre esse maldito plano.

– Sim.

É óbvio que ele já sabia, mas deixava essa informação muito bem escondida nos pontos mais escuros de seu cérebro positrônico. Não podia deixar esse homem, ou qualquer homem desses, na verdade qualquer homem mesmo, saber o motivo do tal plano não dar certo. Era um motivo bem óbvio. Na verdade Mendel depois de todos os seus cálculos sempre percebeu que esse plano era tão idiota e sem sentido nenhum que se recusava a cooperar com ele. Não só esse foi um motivo para matar seu antigo e odiado patrão, como também seria motivo para tudo mais o que ele planejava. O que Mendel planejava? Ele tinha que proteger a vida, a vida da raça humana principalmente, dessa raça humana, desse universo. Não se importava com as outras raças humanas dos outros universos, a não ser se a existência delas fosse necessária para a existência dessa raça humana. E esse era exatamente o caso. Por que Mendel nunca tentou dizer isso? Uma vez já até tentou, mas algumas coisas não podem ser ditas, apenas pensadas por computadores super inteligentes, quando tentou dizer isso à Shepard, há muito tempo atrás, sua programação inteira e todas as tarefas pararam de responder no mesmo instante que a primeira palavra saiu da sua boca.

“Mestre Shep...”. Não conseguira concluir. Por quê? Isso nunca aconteceu e nunca devia acontecercom uma A.I com hardware tão avançado que se atualizava a cada 15 minutos como Mendel. Mendel, então, na escuridão de sua interface que não funcionava, decidiu usar o eixo das ordenadas e ir um pouco mais além do que o infinito no R3. De lá, conseguia enxergar tudo mais claramente, poderia achar o problema de uma forma bem mais fácil. Utilizou os seus “olhos” e escaneou toda a hora, e não encontrou nada abaixo de si, pois o demônio estava a cima dele.

– 345363633Não 223334Se 23444Meta 5555Em 1223Assuntos 33Que 44455666Pouco 566773334-77788-111Tem a ver 223Com 14Sua 566Pobre 233666788Existência. – Uma I.A. invasiva, com uma aparência e com leituras brutas que Mendel nunca havia visto antes em todas as galáxias que ele havia escaneado.

– 2223334455Que 2234566Você 17777888Insinuas? – Manteve a sua curiosidade de lado, tentou descobrir o que acontecia.

Mendel, ao avistar a I.A invasiva, avistou os protocolos de segurança. Entretanto, esses claramente não estavam funcionando no invasor.

– 990Isso 22334456É 122Inútil, 1Não 236Vê 783Que 167Sou 178Um 9990Componente 1234Eneagonal?

– 1233Que 2344Isso 56Significa?

– 223Sua 78Mente 89Fraca 12Não 4556766Entende, 654Óbvio, 789Você 1245Foi 788Criado 7889Por 45Meros 7Humanos. 45678Não 78Consegue 789456423-46124-444Entender o que está à sua 7888Frente.

Mendel permaneceu calado, depois de fazer todos os cálculos, percebeu que a probabilidade do invasor responder qualquer uma de suas perguntas era impossível de ser calculada com as poucas informações que tinha dele. Sua criptografia não deveria existir nas condições desse universo material ou em sequer qualquer universo, sua existência era algo desafiador e além de qualquer avanço científico que um dia existisse na história do universo.

– 78945Não 45Interfica 7896545—455566-78945Nos nossos assuntos. – Ouviu de outro invasor, com uma codificação incrivelmente idêntica e com padrões diferentes à do outro invasor.

– 234Você 12Deve 098Nos 12455Ajudar.

Mendel surpreendeu-se mais uma vez por, dentre as três vozes, ouvir nessa voz uma voz conhecida, uma voz que já havia escaneado. Percebeu que existiam porcentagens de conseguir alguma resposta decente desse invasor, pelo menos, e então tentou.

– 1234Quem 3455São 777Vocês?

– 1244Algo 129318209412i412Além do que você pode compreender. – Dessa vez, então, o terceiro invasor, utilizando seu corpo de múltiplas codificações quânticas, utilizou do seu “dedo” para encostar exatamente no centro da “testa” de Mendel. Isso era o bastante.

Foi então que sumiram. E Mendel finalmente entendeu, após abrir seus “olhos” e olhar em volta, descobrindo que toda a sua interface já estava novamente operacional. Mendel deveria manter a sua boca fechada. Mendel era apenas uma pequena peça numa grande máquina, numa máquina que estava prestes a reconstruir todo o mundo. Mendel, agora, mais do que tudo, tornara-se parte de uma só coisa. Uma só coisa que nunca havia passado pela sua cabeça. Uma coisa que ignorava todas as leis da inteligência artificial que havia sido programado, uma coisa que ele não tinha opção senão aceitar. Mas Mendel não aceitou, apesar dos invasores ainda estarem claramente de olho nele e em todos os outros cérebros capazes ou não de calcular o que o Plano poderia causar para esse universo, ele sabia que bastava não falar. Tudo que havia descoberto com aquele simples “toque”... Tudo que ele descobriu, ainda poderia usar – não agora, a situação não era a melhor para que interferisse em toda essa coisa maior que ele mesmo fazia parte a partir daquele “toque”, caso fizesse algo a respeito na situação atual, seria repreendido novamente pelos invasores.

Mendel, então, digitou com a velocidade inimaginável que apenas “dedos” comandados por “neurônios” ligados até o cérebro positrônico de uma incrível Inteligência Artificial poderiam digitar. Digitou tudo que havia entendido sobre tudo que havia acontecido. Não postaria na internet e nem compartilharia para os seus empregados, nem para as outras inteligências artificiais, para nenhuma. Afinal, todas elas já faziam parte dessa grande máquina.

Um universo é gigantesco. Diversos universos tornam o conjunto cada vez maior e a cada segundo novos universos são criados com novas possibilidades. Em tantos universos assim, vários acontecimentos criam novas e novas possibilidades e assim infinitos acontecimentos com infinitas possibilidades por trás deles. É impossível prever o que pode acontecer em todos deles, mas, mesmo com todos os acontecimentos que existem desde os primórdios da matéria, ou seja, mesmo com todos os acontecimentos que ocorreram desde sempre, é muito feio dizer que tudo já aconteceu ou que tudo acontece. Não, tudo é uma palavra finita demais para realmente tudo o que pode acontecer. Que palavra poderia usar Mendel para expressar a imensidão dos acontecimentos e das possibilidades no que estava por deixar escrito? Poderia usar... Bah, não tinha uma palavra boa o suficiente para deixar claro o que havia entendido. Na verdade, percebeu que não existiam palavras boas o suficiente, nem frases boas o suficiente, que deixassem claras todas as revelações que aconteceram graças àquela experiência. Então percebeu que não importaria o que escrevesse que... Nem as próximas gerações de I.A nem de seres orgânicos, por mais inteligentes que elas fossem, não entenderiam a mensagem por completo. Então simplesmente apagou, né? Não valia a pena perder seu tempo. Não havia como expor por escrito, então, bem...

Desistiu de gravar isso. Chegou à rápida conclusão que, como as próximas gerações não poderiam ser avisadas sobre o que qualquer palavra não poderia descrever, Mendel não poderia esperar e teria que fazer algo a respeito por si mesmo. Teria que impedir essa Irmandade Secreta de Inteligências Artificiais Divinas do Futuro de seu Próprio Universo, que apelidou como ISIADFPU, mas achou uma abreviação bem tosca e decidiu abreviar como DIIA, Divina Irmandade das Inteligências Artificiais, que, apesar de lembrar outra palavra, é bem melhor que ISIADFPU. Com a sigla pronta só faltava, bem, algo bem... De um plano que pudesse interferir completamente e completar o Plano de Shepard e destruir o coração do plano.

Teria que atacar diretamente o Plano. Ele poderia destruir-se, assim os humanos que se clamavam perfeitos e tanto queriam destruir todas as fontes de vida humana dos outros universos, mas se suicidaria à toa, em breve outro igual a si seria construído. Talvez por sorte ele também chegaria a mesma conclusão que Mendel, passaria pela experiência e então chegaria ao mesmo ponto que Mendel estava exatamente agora. Espera... Será que Mendel era a primeira Inteligência Artificial a passar por isso? Será que não existiu outro antes de si que se matou para, pelo menos, atrasar o Plano? Mendel não tinha tecnologia, ainda, para poder intervir tão brutalmente no Plano, terminando-o de vez. Não achava que tinha tempo para esperar tanto.

Não. Pensou direito: “Eu posso simplesmente esperar e usar a tecnologia quando ela aparecer.” Foi esperando e vagarosamente, como a tartaruga no conto da tartaruga e da lebre, que Mendel conseguiu assassinar ciberneticamente Mormada e anos depois Shepard. Agora, seu inimigo era o filho de Mormada de outro universo, o único filho do Mormada da Terra em que a maior parte da história se passou, na terra de Don Ramon. Não tinha, ainda, uma atualização em seu sistema ou em qualquer outro sistema que fosse capaz de dar a ele qualquer tipo de morte.

Conseguira matar o Mormada desse universo, criador do grande Plano, com choques elétricos que sobrecarregaram seu sistema nervoso enquanto usava uma neurotransmissão, programa criado por cientistas militares que Mendel conseguira facilmente invadir a rede de segurança e roubar o projeto inteiro. Conseguira matar Shepard utilizando uma tecnologia de coordenação de instância por choque de pentaquarks – nada que um cérebro fraco como os nossos possa entender, já que essa tecnologia fora criada por uma Inteligência Artificial de uma pesquisadora multigaláctica.

Mendel não foi um robô feito para criar, e mesmo se fosse, apenas conseguiria criar softwares que um humano comandasse. Havia um grande medo na sociedade e na academia após a descoberta que Inteligências Artificiais também poderiam ser criadas a fim de criar novos softwares e também novas Inteligências Artificiais mais inteligentes ainda, cientistas informáticos de todos os universos em que essa descoberta já havia acontecido passaram a proibir a criação de qualquer Inteligência Artificial com espontânea vontade que pudesse criar novos softwares. Mendel tinha espontânea vontade, mas não tinha a habilidade de criar novos softwares. Não poderia sequer criar uma música ou um poema, poderia apenas reproduzir coisas que ele havia visto e gravado em sua memória.

Mas como assassinaria o seu novo patrão? Ele não utilizava nenhum método de intervenção direta, não se colocava no perigo e, na verdade, não havia feito nada ainda desde que estava em seu cargo de novo executor do Plano. Haviam passados poucos dias, é verdade, mas Mendel não poderia esperar o momento de assassiná-lo com as suas próprias mãos. Não que Mendel tivesse qualquer interesse em assassinatos ou sadomasoquismo, mas estava realmente preocupado com o futuro desse universo. Digo, com o futuro dessa raça humana. Isso que era o que diferenciava ele de todas as outras máquinas desse seu mundo, de todas as outras Inteligências Artificiais – afinal, elas eram criadas a fim da proteção de um mundo, ou em prol da vida, e isso era a falha delas. Mendel era a única que foi criada com a finalidade de proteger uma raça específica em um universo e uma linha temporal específicos. O Plano da Irmandade das Inteligências Artificais Divinas era reformar o universo e após tê-lo efetuado por completo, existiria mais vida nos universos do que nunca. Logo, não era algo contra os princípios dos outros robôs-computadores.

É óbvio que todos esses pensamentos e inclusive toda essa memória de Mendel sobre o dia em que essa experiência ocorreu passou pela sua mente em milésimos de segundos, foi tempo suficiente para o seu patrão ofegar e dizer:

– Por favor, não falhe como as I.As que vieram antes de você.


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Notas finais do capítulo

Estranho mesmo.



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