Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 42
Só mais um pouco.




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Molly, você deve reunir os seus amigos para tentar reerguer esse lugar. Ou tentar erguê-lo sozinho, assim quando eu sumir. E Molly havia escolhido que partiria em busca de seus amigos. Não de todos, Xupa Cabrinha não fazia a mínima diferença no momento. Wilson era o homem qual Molly podia dizer naquele momento como amigo. Óbvio que havia Krom Hellrock, mas Molly não vinha grande ajuda nas palavras dele. Segundo Krom, Mario poderia levá-lo a Wilson. Mas... Por onde começar? O mundo é gigante e Mario era um viajante no tempo, se já era difícil para Molly procurar no presente, imagine caso o viajante no tempo estivesse em um passado ou em uma linha temporal alternativa? Era pior do que procurar uma agulha num palheiro e Molly não tinha ideia de como chegaria ao seu amigo.

O caolho não se preocupava tanto assim com Don Ramon. O velho apesar de sua aparência ancestral já provara a Molly que era um dos guerreiros mais poderosos da galáxia e fosse o que estivesse planejando, o caolho devia confiar nos passos de Ramon. Mas no plano de seu mestre o Imperador Solar tinha que encontrar alguém para erguer o templo. Não podia falhar e deixar o velho com o pau na mão.

Molly não sabia como encontrar Molly, mas tinha ideias de que Frota talvez poderia dizer responder-lhe algumas perguntas para que pudesse fazer uma pesquisa um pouco mais concreta. Talvez você tenha percebido que Frota e Molly eram amigos de longa data, mas também era para eles Mario – na realidade mais para Mario. Houve um momento em que a jornada que ia apenas para um caminho teve que para Molly desviar-se. Molly supunha então que o viajante e o jovem de franja tivessem passado mais tempo junto. Uma vez que Frota ainda estava vivo, talvez alguma informação bastante importante tivesse sido passada para Frota.


Era apenas chute, é claro, mas era a única coisa que Molly poderia arriscar. Não queria erguer aquele templo sozinho, não queria perder outro amigo como Krom Hellrock morresse em batalha. Krom havia se sacrificado para terminar com uma guerra que realmente poderia ter findado aquele mundo, e Wilson morrera no inicio de uma provável guerra que poderia ocorrer. Mas era cedo demais para sentar nisso.

Molly sabia o verdadeiro motivo por trás daquela invasão naquele templo. O cristal, não exatamente aquele mesmo que havia capturado como mostrou o capítulo anterior, os cristais estavam espalhados pelos templos nos confins da galáxia. Provavelmente Hian nunca encontraria os outros cristais, mas não era necessário, só um cristal daquele tinha poder de criar ou destruir vida, fazer estrelar reviverem ou universos se corromperem. Era tudo uma questão de quem segurava aqueles cristais. Hian não tinha ideia do que o seu empregador queria com aquele cristal, mas tinha saído invicto de outro trabalho, e muito menos Molly. A verdade era que Ramon já tinha um plano para isso e Molly confiava nele. Mal sabia o caolho que era um plano suicida e que muito possivelmente não daria certo sem ajuda alguma.

O Imperador Solar procuraria o estuprador pelas ruas em torno daquela em que haviam se reencontrado e visto Xupa Cabrinha e Robin simplesmente desaparecerem. Se ainda estava com Xupa Cabrinha, decerto ainda estava por ali. Frota não era homem de treino e não via necessidade nisso, já era homem de suficiente gabarito para confrontar Molly igualmente.

Molly não encontrou Frota nos arredores da cidade, mas de uma estranha forma havia encontrado uma figura bastante conhecida sentada em um dos bancos de uma mesa de xadrez. Não estava jogando com ninguém e muito menos interessado nas peças, estava fazendo anotações e relendo algumas. Não foi pelo rosto ou pela aparência que o caolho havia reconhecido esse antigo conhecido, até porque Mario era o típico estereotipo de personagem aleatório. Pense num figurinista de pele morena, olhos quase puxados e com cocuruto semicareca. Você teve a imagem que Molly via, e vestia roupas bastante quentes para aquela tarde calorosa de verão. Esse detalhe chamou a atenção de seu único olho destampado, e teve certeza de que era Mario.

A praça estava bastante vazia, alguns velhos jogavam xadrez nas cadeiras acompanhadas pelos tabuleiros de xadrez como topo da mesa. Alguns se divertiam e não duvidava que eles estavam ali desde cedo, o que era costume dos velhos aposentados nesses bairros pequenos. Não estavam em um lugar grande de Fantasy. Moby Dick, como era chamado, era um pequeno bairro. Ficava distante da capital e distante do litoral, entretanto bastante próximo da fronteira com Economist. Ficava no estado Inquisição, que não tinha nenhuma importância real para economia do país além de algumas minas no sul do pedaço de terra. Muitos daqueles velhos provavelmente tiveram seus pais como fazendeiros quando juvenis, e lembravam aquela cidade com uma urbanização bem podre como uma planície com um ótimo solo para plantação de milho e outros cereais. Porém, os tempos haviam mudado.

Só que em uma dessas mesas não tinha um velho, e sim um rapaz bem jovem e com bastante gás. Não que fosse forte, mas sua mente era bastante avançada pela sua época assim como seus conhecimentos em geral. Molly não arrancou para cima de Mario, porque sabia que o jovem viajante do tempo tomaria precauções em relação a isso. O caolho simplesmente andou levemente em direção ao viajante do tempo, sabia que seria reconhecido e que o jovem do futuro não se espantaria. Afinal, eram antigos conhecidos.

Molly deu passos bem sutis, sem criar nenhuma desordem e sem nenhuma movimentação brusca em seus pés. Não queria ser notado como ameaça para Mario, afinal, sabia que Mario estava sendo buscado desde quando o havia encontrado há uns dois anos depois. Alguns agentes do governo estavam de olho na tecnologia e em alguma coisa que Mario sabia, porém com uma proteção como um Imperador Solar e um jovem com técnicas marciais tão equilibradas como o jovem dos óculos escuros, os agentes cederam facilmente à morte. Bem, pelo que Mario lembrava Molly havia morrido, não pelo incidente demonstrado no capítulo anterior. Mas um logo após.

Seria de bom proveito demonstrar a reta da história de Molly logo após de forjar a sua morte na Central Militar de Economist: É óbvio que muita gente não acreditaria numa morte daquelas. Como um grupo terrorista entraria numa base militar tão bem protegida e fazer tamanha destruição em veículos militares armados e em paredes feitas de metais tão resistentes? Muitos contestaram isso, principalmente os líderes militares acima de Molly. Aquilo não cheirava bem a eles, e principalmente ao Major Tenebrorius. Mas esse será deixado de lado até o momento correto.

Molly não ligava se acreditariam ou não em sua morte. Para que realmente acreditassem em sua morte, ou que tivesse realmente desaparecido, tinha que se isolar em algum lugar. Don Ramon havia mostrado outros mundos em que o caolho pudesse optar para sua isolação, mas aconselhou que se isolasse nos desertos de Economist. Molly juntou a palha e fez uma simples casa em meio ao raiar do sol, não que se incomodasse com o calor – era um soldado muito bem treinado e a radiação solar apenas aumentaria sua força, mesmo que pouco, a cada dia. Podia suportar a falta de alimentos, não era um humano simples para precisar se alimentar todos os dias a cada 3 horas. Podia ficar sem comer por meses, e a falta d’água não era problema. Havia um riacho há 30 quilômetros de sua casinha. Para alguém que pode se mover na velocidade da luz, é palhaçada viajar 30 quilômetros. A água era pura e Don Ramon, sábio como sempre, disse que lá deveria aguardar para o seu destino.

Molly não tinha que fazer naquele deserto. Era simplesmente um porre. Alguns dias podia viajar para o pequeno país de Jones Morgan, onde podia andar calmamente sem que ninguém ali o reconhecesse. Não era o lugar onde pessoas importantes ou de alto conhecimento acadêmico ou popular estivessem ali, para que soubessem quem era Molly Tenyst Wood, entretanto não queria arriscar. E realmente, não tinha muito que fazer por lá. Ás vezes fazia compras, não usando cartões de créditos nem nada assim. Simplesmente pagava com algumas moedas que ainda tinha. A moeda de Fantasy custava bastante em relação à moeda daquele país. Podia comprar muita coisa com uma moeda de cinco fantasel. Mas cinco fantasel era muito para aquele lugar pobre, carregava um fantasel e podia comprar um pouco de pão. Não era um lugar calmo, e por isso Molly não gostava muito de visitá-lo. Mas ás vezes simplesmente visitava-o para lembrar que ainda fazia parte da civilização.

Molly às vezes se perguntava por que Don Ramon havia aconselhado-o a se isolar. A realidade era que não tinha volta, se continuasse mostrando ao mundo que estivesse vivo depois do incidente ocorrido no capítulo anterior. Seria alvo de muitas pessoas que gostariam de saber onde caralhos foi parar o cristal. Quem sabe até uma guerra poderia ser causada. A isolação era consequência de seus feitos, e por mais que soubesse isso ainda doía abandonar a sua “vida” pelo bem do universo. Tudo bem que o cristal seria utilizado pelas mãos erradas seja qual nação que lhe possuísse, mas Molly gostava do que tinha antes. Do pouco que tinha. Uma vez Molly já teve muitos amigos. Uma vez já teve uma família, antes da guerra. Foi forçado a abandonar a sua mãe com câncer para servir o exercito, foi forçado a ser uma cobaia e depois foi forçado a salvar o mundo com seus amigos. Seus amigos, seus poucos amigos. Depois da guerra, não via em quem confiar. Havia se tornado uma estrela de guerra e os outros a qual era apresentado eram todos políticos mentirosos e pessoas famosas que viviam da luxúria. Molly não se sentia bem com essa vida de gala, preferia ser o jovem comum na favela que cuidava da sua mãe em seus últimos momentos.

Às vezes Molly perguntava-se quais foram os últimos momentos de sua mãe. Quando retornou da guerra, soube que uma vizinha cuidou de sua mãe nos últimos momentos e que a mulher havia morrido em um tiroteio na favela. Molly se perguntava o que havia ocorrido naquele lugar enquanto estava fora e tentava não se culpar, mas era difícil.

Um dos grandes motivos do caolho não gostar desse papo de isolação era que muitas das vezes sua mente ficava vazia. Não tinha o que fazer, não era um mestre da meditação por sua mente ser cheia de dúvidas. Não tinha equilíbrio em si, e foi nessa época da sua vida que mais se lembrou dos ferimentos da guerra, do sofrimento que sua mãe deve ter passado e da morte de seus amigos... De fato não tinha mais amigos. Xupa estava morto. Krom estava morto. Wilson estava vivo, mas fora do alcance do Imperador Solar. Apenas tinha como companhia si mesmo.

Durante esse tempo sozinho Molly apenas bateu papos com dois seres humanos. Um deles foi Major Tenebrorius.

Era um dia qualquer de verão quando alguém bateu a porta de Molly. Não se assustou, apenas levantou-se, fazendo como se receber visitas fosse uma coisa rotineira. Tentou não mostrar surpresa quando encontrou o major em sua porta, piscou os olhos algumas vezes para ver se não era uma miragem. E por um momento Molly quase se desesperou, estaria o major ali para acabar com a sua morte forjada e apreende-lo, ou a mostrar ao mundo que Molly Tenyst Wood ainda estava vivo e acabar com a sua isolação, fazendo com que fosse procurado? Mas o Imperador Solar acalmou-se, percebeu que pela expressão do líder militar, ele não estava aqui para retirar Molly de sua vida calma e desolada. Estava ali para talvez conversar.

O caolho e o Major nunca foram grandes amigos e muito menos conversaram muito, não se envolveram nas mesmas missões e nem tiveram longas tardes de conversa. Molly não tinha ideia de que tipo de pessoa ele era, apenas reconhecia-o pelo rosto. Major tinha uma barriga meio desproporcional ao corpo, um pouco grande demais enquanto o corpo era no tamanho comum. Não tinha braços fortes, mas tinha táticas militares que já fizeram grandes diferenças contra rebeldes e em guerras em que o exército de Fantasy teve que ajudar seus países amiguinhos. Major sabia que Molly era um homem forte, mas talvez idiota demais por ter feito o que havia feito. Mas como Major havia descoberto a grande farsa de Molly Tennyst Wood?

Major não era idiota. O sumiço do cristal sem que estivesse na mão de Fantasy junto com o sumiço de Molly foi idiota, e ele até pensava que as autoridades de Economist também tinham a teoria de que o Imperador Solar tivesse roubado a fonte de energia, mas não podiam expor isso ao público – até porque o próprio fato de ter essa fonte de energia era um grande segredo. Major já havia visto muitos homens idiotas, mas talvez Molly fosse um grande idiota. Respeitava isso, não sabia pelo que Molly havia o feito, mas respeitava seus ideais.

— Tenho que te avisar que é melhor você encontrar um lugar melhor para poder se esconder das autoridades de Economist do que um exército entre um país praticamente sem lei e a própria Economist.

— E o que você me recomenda? – Molly sabia a resposta.

Não tinha resposta. Qualquer lugar no mundo era perigoso para Molly. Se fosse para Fantasy seria facilmente reconhecido e algum idiota ligaria para o jornal para que dissesse para algum jornalista faminto que Molly estava vivo, e sairia alguns minutos uma grande matéria no jornal sobre a ressurreição do Imperador Solar. Se ficasse em Economist... Não era uma boa ideia, não era um bom lugar. Os outros países, tirando Jones Morgan, todos pediriam sua identidade para que pudesse entrar. E com um segurança lendo aquele nome em voz alta e realmente percebendo que o homem em sua frente era Molly Tenyst Wood, resultaria em um problema pior ainda. Então pensava que fosse melhor ficar naquele deserto mesmo.

— Eu não te recomendo nada, nem te recomendaria roubar aquele cristal – disse Major.

— Eu não roubei aquilo. Eu salvei. Vocês não sabem o que fazem com a ciência além de destruir as coisas. A última vez que um novo tipo de energia foi utilizado pessoas morreram em guerra e um homem que apenas estava fazendo seu dever teve que se matar para acabar com toda uma ilha para que vocês percebessem que o planeta seria destruído pela guerra. Eu não poderia deixar que mais pessoas morressem.

— E por que você tem o direito de fazer isso? De salvar o mundo? Você não é um herói, Molly. Você é uma máquina feita apenas para a guerra.

— Parece que você me pegou. Eu sei que não sou nenhum tipo de anjo guardião do planeta nem algo assim, mas eu conheço alguém que realmente é um anjo. Que já salvou esse planeta de ameaças que vocês já estiveram até longe de perceber. Sem ele, nós já teríamos sido destruídos pelo menos dezessete vezes. Foi por ele que fiz o que fiz.

— E quem seria esse anjo? Não acreditava muito em contos de fadas quando era criança, mas comecei a acreditar desde que vi pessoas cuspindo fogo e lançando raios na guerra. Então, me diga... Quem é esse tal de anjo?

— Talvez você não conheça muito bem Albuquerque por ser um país conservador. Mas o Clã XyauXyau é um dos mais fortes em poder militar e em avanços científicos. O fundador do clã XyauXyau é Don Ramon.

— Sim, sei pouco sobre o país, mas sei pelo menos o básico – assumiu Tenebrorius.

— Don Ramon é quem nos guarda.

— M-mas, o clã XyauXyau foi fundado há mais de quatro mil anos. Isso não pode ser possível. Ele já devia estar morto.

— Morte não é uma desculpa.

— Han?

— Adeus, Major Tenebrorius. – E Molly fechou a porta.

A outra pessoa foi Frota.


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