Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 41
Um pouco sobre Molly.




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Os fatos que ocorreram no início dessa história, apesar de não terem grande relevância na atualidade psicológica dos personagens, ainda refletem nos dias de hoje. Mesmo que muitos personagens ignorem o fato de terem acusado Xupa Cabrinha de assassino, ainda está em questão a missão que tem como objetivo eliminá-lo. Molly colocou em pauta com as autoridades maiores que ele que o caso já estava sendo resolvido e não havia necessidade de interferência de outros vagabundos da elite.

Mas Molly sumiu por três dias, deixando abertas as preparações que estavam sendo feitas. No primeiro dia Ino não estranhou. Ás vezes seu mestre gostava de tirar uma folginha sem avisar ninguém. No segundo dia começou a procurar pelo caolho e então percebeu que alguma coisa estava errada. Molly não sumia assim desde que...

Desde aquele dia fatídico... Naquele dia Molly reconheceu a missão e decidiu aceitá-la.

O capitão Molly era reconhecido como um grande nome em todos os 26 batalhões de artilharia, infantaria, marinha e aeronáutica do exército de Fantasy. Também tinha nome grande o suficiente para que fosse comentado pelas grandes bocas da república. Deputados, senadores e presidentes o reconheciam também como um grande homem. “O único Imperador Solar remanescente que não havia saído do caminho”, como alguns deputados diziam. Molly apenas ignorava o que eles diziam. Seus colegas de guerra não haviam ausentado simplesmente porque queriam. Tinham seus ideais e eram tão importantes ou talvez mais do que simplesmente representar a força do exército de Fantasy com seu título de Imperador Solar. Líderes militares de outros países tremiam ao ouvir seu nome.

A missão se chamava Asa Parada.

Molly tinha marcado em sua agendinha uma visita ao centro de desenvolvimento militar de Economist na próxima quarta-feira. Molly faria uma visitinha e conheceria o general Frankus Ciaru, líder militar mais reconhecido do exército de Economist. Molly e ele conversariam sobre algumas guerras que aconteciam no oriente e discutiriam sobre a tecnologia de guerra para que ambas as nações se ajudassem. Apesar de ambas as nações serem quase que rivais eternas, os governos de ambos os países estavam tentando acabar um pouco com isso. Queriam que os cidadãos de Fantasy comprassem o produto de Economist e vice-versa, os produtos eram de alto nível – de ambos os países – e os impostos eram bastante baixos. Estavam na lista dos cinco países mais bem armados e juntos poderiam proclamar guerra contra o mundo e espantar muita gente de qualquer tretinha por ali. Ambos os líderes militares, Molly e Frankus haviam lutado na Guerra do Fim do Mundo e essa era ideia. Mostrariam nos jornais a foto de ambos de mãos apertados escrevendo “JUNTOS DEPOIS DA GUERRA” ou algo assim.

Mas o real objetivo desse encontro de reconhecimento entre os generais, para Fantasy pelo menos, era roubar uma tecnologia que Economist escondia há um bom tempo. Com ela, Fantasy poderia evoluir não apenas seu arsenal, mas também os aparelhos eletrônicos em geral. Havia uma partícula inteira de energia Vril naquele local, e foi por isso que Molly se envolveu naquilo. O real objetivo de Molly não era nem um nem outro.
Molly estaria acompanhado de mais dois codificadores de código 64 e 75 que invadiriam o sistema enquanto Molly e mais dois soldados aleatórios entrariam e conversariam um pouco com Frankus e os acompanhantes dele. Bateriam um papinho, beberiam uma aguinha gelada, enquanto os codificadores andariam pelas entrelinhas e fariam seu trabalho por trás das cortinas. Sabiam que estava localizado em um cofre no Setor H do centro militar de Economist, e demorariam um pouco para decifrá-lo – mas era a única forma, código 64 e 75 é difícil de ser decifrado mesmo. Molly se comunicaria com eles a partir da telepatia, algo que não poderia ser captado pelo sistema de segurança da base de Economist.


Os codificadores se infiltrariam pelo sistema de vigilância em suas roupas invisíveis quando a porta fosse liberada para Molly, já que não seria constada nenhuma irregularidade. Desceriam diretamente para o subsolo pelas escadas e de lá entrariam no sistema de ventilação do lugar. Não seriam detectados durante esse processo pelo fato de estarem utilizando uma tecnologia que país nenhum havia utilizado ainda. No sistema de ventilação, tirariam a roupa da invisibilidade e revelariam que por baixo dela estava uma roupa de inalteração do ambiente. Logo, não seria detectado nenhum ser humano no sistema de ventilação. Ao chegarem no cofre, estariam prontos para invadir o sistema a partir da decodificação dos códigos e nenhum alarme seria solto – porque código 64 e 75 não envolvem ativação de sistemas de alarmes, apesar de serem extremamente eficazes e difíceis de serem codificados. Os decodificadores se chamavam Carlet e Xarxão.

Molly morreu nessa missão. Houve um ataque terrorista de um grupo de vândalos, mas isso é mentira. Molly forjou tudo isso.

Tudo estava acontecendo muito bem, os codificadores já estavam no sistema de ventilação enquanto Molly batia um papo com um copo de um vinho bem refinado na sua mão, enquanto Frankus optou pela vodka. A bebida não era forte, até porque assim Molly não ficaria bêbado e acabaria com seus planos. Molly bebeu levemente, apenas dois goles e disse que queria ver o modelo 156000 de aviação GX. Era um jato de guerra muito interessante. Mas Molly não queria vê-lo.

Molly fez-se de interessado, pois na verdade apenas queria ver o tal modelo porque ele se encontrava no setor H. Era um jato gigantesco azul e com um design bastante moderno. As asas da máquina estavam bastante distorcidas o que indicava que a máquina podia ser manuseada em grandes velocidades. Mas a velocidade para que Molly pudesse fazer o que queria era muito maior do que qualquer máquina poderia alcançar. Apenas estava esperando que os codificadores confirmassem que já tinham bloqueado o sistema de câmera e o bugado para que esse bloqueio não fosse notado. Ocorreu esse comunicado por telepatia. Estava esperando que lhe dissessem que haviam conseguido abrir o cofre enquanto batia um papo completamente à toa em relação a funcionalidade daquele jato de guerra.

Quando ocorreu a confirmação, Molly atravessou a parede em suas costas e as outras duas à esquerda para chegarem à sala onde os codificadores estavam. Talvez não tivesse ocorrido tempo suficiente para que os codificadores o tivessem acompanhado, mas Molly percebeu que estava sendo perseguido, entrou no cofre rapidamente enquanto mundo passava em câmera lenta ao seu redor. Pegou velozmente o frasco de partícula Vril e surrou com força a mão que havia tentado impedir-lhe disso. Era Frankus. De alguma forma aquele vagabundo fascista havia conseguido ver Molly se movimentando e o perseguia, mas não conseguia se mover tão rápido quanto ele. Frankus era apenas um principiante na arte das energias, julgou Molly.

Molly sentiu que a porta para que saísse daquele lugar com o recipiente daquele frasco estava se abrindo no ponto em que havia começado a quebrar tudo, exatamente onde estava brincando de admirar o jato de guerra GX. Teve que ser veloz para retornar para lá e decidiu fazer um grande buraco no teto e nas laterais do lugar. Um grande buraco no chão onde estava antes. Queria que sua morte fosse forjada e que ninguém soubesse que tinha em mãos o cristal Vril.

Só que para isso precisava livrar-se de Frankus, e teve a ideia de arrastá-lo pelo portal pandimensional, pela porta onde poderia sair feliz de sua missão – que fora mais fácil do que pensava. Lá poderia livrar-se dele. Procurou por Frankus e não encontrou sem vulto, quando em um momento Frankus repentinamente surgiu em sua frente, entre o portal e Molly. Molly em um momento bastante veloz e sem pensar muito. Estavam ambos no ar, e Molly empurrou Frankus colocando a mão em sua cabeça, arrastando-o diretamente para o portal.

Tudo isso aconteceu em um segundo e meio.

Molly atravessava as dimensões e gostava daquela visão. Das estrelas e das galáxias se corrompendo, do universo se corroendo e outro universo sendo criado dentro do mesmo. Era uma beleza, mas não podia olhar muito até porque estava em queda livre. Segurou Frankus pela gola do uniforme militar, como se fosse um fardo que tivesse que carregar para evitar evidências de que tinha feito o que fez. Inventariam alguma história para a sua morte forjada, e muitos acreditariam nisso porque não tinha porque não acreditar – assim como não tinha motivo para acreditar. Molly largou Frankus na imensidão da galáxia, por ali mesmo, e o herói de guerra de Economist se perdeu entre as linhas do espaço e do tempo. O caolho calculava para conseguir cair na ponte que estava entre um grande e formoso templo e um grande buraco negro. Mas que merda de porta de saída foi essa? Bastante suicida, mas por sorte Molly não era nenhum babaca e conseguiu administrar seu corpo para cair na ponte sem nenhum risco de queda. Se caísse, seu destino seria o mesmo que o de Frankus. Mas não cairia, e por isso Don Ramon fizera uma porta daquela. Porque confiava na força de seu aprendiz.

Molly passou pela velha ponte e lembrou-se da última vez que esteve ali. Não eram bons tempos. Ainda bem que as coisas tinham se acalmado, talvez as coisas fossem para o lado ruim de novo caso esse cristal caísse nas mãos erradas. E os políticos de Fantasy são sim as mãos erradas. Conseguiu a partícula Vril, e colocar-lhe-ia nas mãos de quem preza pela humanidade. Se Molly prezava pela humanidade? Não tinha uma mente tão aberta assim para que pensasse em coisas tão importantes. Apenas fazia o seu trabalho, onde quer que estivesse. Sabia que alguém tomaria as decisões certas para ele nos confins da galáxia, naquele templo.

Don Ramon zelava pela humanidade há anos. Molly não conseguia entender tanto afeto que o velho seu mestre tinha pela humanidade, um amor bobo, talvez, mas como humano só podia agradecer. Entregou o cristal Vril para o seu mestre e então, como um tolo, indagou:

— Mestre, por que você ajuda essas pessoas? Por que você não simplesmente deixa-os se autodestruírem e acabar com tudo isso de uma vez por todas?

— Porque eu os amo, Molly. Eu amo todo o momento em que os humanos não estão guerreando entre si. É verdade que não é necessário uso de armas ou violência, até porque humanos brigam em suas mentes contra si mesmo e usam suas palavras para culpar os outros e para conseguir razão, mas isso também faz parte do meu amor. A tolice da humanidade é importante. Se a humanidade não fosse tola, por que você acha que ela tentaria criar suas próprias nações, por que ela se dividiria e não aceitaria as ideias de outras nações? Por que há a guerra? Por que há amor? A tolice é o grande fator da humanidade. Eu, mesmo não sendo um completo humano, ainda tenho dessa tolice. E é por essa tolice que tento protegê-la. Não posso deixar que um povo tão belo e cheio de amor morra pela sua tolice. Minha tolice nega isso.

— Eu entendi o que você diz com isso, mestre. Mas... Somos tão sujos... Tão imperfeitos. Por que luta por isso?

— Molly... Eu vou contar-lhe uma história...

“O universo como conhecemos não surgiu a partir de uma grande explosão nem nada do gênero. Em tempos antigos, antes mesmo de existir os três estados da matéria, havia duas forças que se moviam gradativamente. Não eram rochas, gotas d’água e nem correntes de ar. Simplesmente duas forças que se moviam, uma se chama C e a outra A e não costumavam se entender muito bem. Normalmente A e C tentavam criar algo produtivo naquele nada, mas nunca funcionava. A culpava C pela falta de cooperação e C pensava que A era um incompetente, mas não era cara de pau o suficiente para dizer isso na frente do colega então apenas pensava mesmo.
Um dia A estava muito chateado e percebeu que o mundo era entediante porque normalmente não se tem muito que fazer no nada. Então percebeu que talvez não conseguisse fazer o trabalho com C porque talvez o trabalho que lhes vinha à cabeça era muito árduo para apenas duas pessoas. A estava em um nível de tédio tão alto que nem se importava mais com o fato do trabalho sair perfeito ou não, só queria acrescentar alguma coisa naquele mundo de nada. Então decidiu conversar com C e disse que talvez seja melhor fazerem o trabalho meia-boca mesmo ao invés da parada bombástica que queriam fazer. C concordou apesar de não gostar da ideia – afinal também estava de saco cheio desse tédio.
Não precisaram se esforçar muito quanto se esforçavam na tentativa de fazer o plano ideal. C não estava satisfeito com essa deia, era muito perfeccionista. Apesar de tudo até gostou do resultado. Estava tudo pronto, apenas faltava escolher um nome.
— O que você acha, C?
— Eu acho que Universo ficaria legal.
— Ok.

— Talvez possamos lançar esse projeto, eu não o vejo como algo ruim. Mas não é perfeito como você gosta.

— Eu acho que nem tudo que é bom deve ser perfeito – disse C.”

— Eu vejo o seu ponto, mestre, mas se os ama... Por que não vive com eles?

— Porque eu não mereço.

Molly não entendeu a razão. Don Ramon era um homem puro e dos mais sábios que Molly conhecia, seria mais prudente dizer que a humanidade não merecia viver junto de Ramon do que o que o velho acabara de dizer. Mas o caolho decidiu deixar isso de lado, parecia ser uma ideia profunda demais e não queria discutir o sentimental de seu mestre. Nunca gostou desse tipo de conversa.

— Molly... Terá um dia em que eu não estarei mais aqui. Mas não me procure. Você deve procurar seus amigos para que reestabeleçam esse lugar. Ele estará destruído e eu tenho certeza que você será o único que poderá erguê-lo. Não acredito que você possa fazer isso sozinho, você pode tentar a sorte, mas é mais prudente que consiga os outros Imperadores Solares – como vocês se chamam – que eu tenho certeza que conseguirá maior efetividade. Se for atrás de mim... Não encontrará nada de bom, eu tenho certeza Molly.

E era nessa situação que Molly se encontrava.


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