Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 37
Um lugar.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/453382/chapter/37

Como Falcão não é um personagem muito importante no enredo e em nenhum momento será. Não haverá um grande foco em seu treinamento – até porque é inútil, porque fora demitido e nem sabia. Mas uma coisa será dita sobre Falcão que você não sabia. Eu digo que Falcão tem uma doença degenerativa e que estará morto daqui há 5 anos e isso é verdade. Não que ele mesmo saiba disso, mas sua mãe decidiu guardar como segredo – pensou que assim seria melhor para a vida de seu filho. Meu deus, mas que mãe é essa? Você deve ter pensado. Mas talvez realmente fosse melhor. Falcão era um garoto que tinha muitas expectativas e esperanças para o seu futuro, queria pilotar uma nave militar e nada lhe impediria disso, nem mesmo as palavras da mãe. Então ela decidiu que nada contaria para ele e sua vida se seguiu.


Não será dito como Robin encontrou o templo do clã XyauXyau, apenas o que precisou fazer para que soubesse o caminho.

O lucro estava bom para Homdizio, por enquanto, no Trampa-Cassino. Robin não ligava muito para isso, mas Hama estava bastante feliz. Descobriu-se um grande jogador e era o que mais arrecadava no momento, mas não por isso estava feliz. Hama havia conhecido uma mulher muito especial na sua vida que julgava ser mais bela do que sua mãe, que sempre admirava quando criança. Deixando as informações inúteis de lado, Robin tinha apenas como trabalho ficar observando toda a conversa fiada e a enrolação dos jogadores para que no final o nerd ganhasse todo o dinheiro.

Robin não entendia os jogos e nem queria entender, tinha assuntos mais importantes por aquele lado do mundo. Albuquerque era logo ali do nado, apenas alguns cem quilômetros e lá estaria Don Ramon. Mas, onde? Com quem conseguiria essa informação, afinal? Julgou que não seria ali e sim do outro lado da fronteira. Então o jovem moreno dirigiu-se a Homdizio demitindo-se, sem que lhe fosse dada muita atenção porque o rei do gado estava batendo um papo muito sério com um outro empresário chamado toscana frita. Robin teve um pouco de dificuldade para falar com Homdizio, mas pensou que tinha valido a pena.

A única coisa dita pelo empresário foi:

– E como vai voltar pra casa?

– Eu dou meu jeito.

– Vou depositar o pagamento dos dias que trabalhou na sua conta – disse.

Homdizio não parecia um homem mau afinal. Parecia um bom homem e Robin apreciou isso.

O jovem pegou carona com um caminhoneiro com cheiro de cigarro desgraçado, mas mesmo assim estava feliz. Não se sentia desconfortável até porque já passara por situações piores em seu passado, e não tinha motivos para estar triste: estava no caminho para o seu objetivo ao sair de Fantasy. Don Ramon era seu objetivo.

Xupa Cabrinha havia dito uma vez que Don Ramon era um mestre em manipular as pessoas e em vencer batalhas. Não que o homem de terno branco soubesse disso, havia conhecido Ramon antes de ter a amnésia. Havia ouvido isso de um amigo, um amigo que aparece às noites para Xupa em todas as noites. Então o jovem careca decidiu que era com esse Ramon que treinaria.

Mal sabia Robin que Ramon estava sumido desse mundo há mais de vinte anos. Havia se isolado em outra dimensão. Robin estava prestes a descobrir isso, descobriria mais tarde no templo. Por hora estava empolgado. A aventura estava apenas prestes a começar e tinha apenas algumas semanas a mais. Estava com pressa sim, mas tentava aproveitar a oportunidade.

Robin descobriu de primeira vista que o país de Albuquerque era um tanto ultrapassado. Não precisou se identificar ao ultrapassar da ponte que separava os países. Havia vários patos no lago sob a ponte, e todos seguiam seu rumo para o norte. Os patos sabiam o que os esperavam no norte, enquanto Robin apenas esperava ansiosamente pelo que estava por vir.

O caminhoneiro deixou Robin no meio do nada. Robin não podia se localizar, mas ao menos localizou uma vila não muito distante. Por um momento sentiu-se um idiota: Como ia se comunicar com aquelas pessoas? Havia visto poucas grafias do país de Albuquerque e aparentava ser algo muito diferente da sua língua mãe. Rezou para que alguém falasse sua língua.

Era uma vila pequena com algumas cinco casas. Havia algumas plantações de repolho e outro vegetal roxo que Robin não conhecia e parecia ter gosto de cocô. As casas eram humildes, feitas de madeira já que havia uma boa parte do ano em que nevava e chovia. Como não estavam nessa época, o clima era árido e Robin apenas via grama e algumas árvores em uma floresta bem distante. Parecia estar distante dos centros urbanos, foi vagarosamente se direcionando para um estabelecimento que estava aberto. Pelo sorriso dos homens enquanto bebiam álcool, parecia ser uma espécie de bar. Robin não iria comprar nada muito caro, tinha algum dinheiro e compraria alguma cerveja para que pudesse bater papo com alguém. O plano seria que esse alguém lhe desse uma informação nota 10 ou que essa pessoa lhe desse uma carona para o centro. Julgou que poderia dar certo, e percebeu que não fazia diferença e que não tinha outras opções.

Passou pelos homens barbudos e pançudos que conversavam na porta em alguma língua muito estranha, ou estavam simplesmente balbuciando – até porque estavam em um nível bem elevado de embriaguez. Olharam Robin de um jeito diferente, já percebendo pelo terno que era um homem de fora. Todos no estabelecimento vestiam-se com um longo manto de cor aproximadamente branca, não muito branca porque o vento naquela época do ano trazia a areia e as sujeiras. Robin sentia-se um estranho com aquele terno e sentou no balcão também de madeira.

Parecia ser um bom ambiente caso Robin estivesse lá para aproveitar. Ele colocou os dois braços no balcão e fez um sinal com o dedo para que o vendedor o atendesse. Logo de primeira o homem olhou-o estranho e Robin se perguntou se já estava fazendo besteira. Mas mesmo assim o balconista aproximou-se de Robin.

– Fala minha língua? – Robin foi direto.

Por um momento todo o bar, que estava bem movimentado e com uma quantidade mediana de pessoas, parou de conversar e começou a rir. E riram alto. Gargalharam. Robin não entendia. Apenas quem não ria era o atendente porque estava se segurando. Largou o sorriso e disse:

– Quem você acha que somos? – e soltou uma gargalhada para figurar entre as outras demais no local.

– Albuquerqueanos?

– Você não está em Albuquerque ainda.

– Como assim? Eu passei quase quatro horas em um caminhão para atravessar uma fronteira que era uma espécie de ponte e chegar até aqui.

– O estado de Vilala se tornou independente de Albuquerque há alguns meses. Pensei que os estrangeiros já sabiam.

Robin não fazia ideia do que o estranho estava lhe falando.

– Não me faça esse olhar estranho – o homem servia um pouco de cerveja. – Nós todos somos homens de Urão.

– Parece ser uma longa história – supôs Robin.

– Há alguns séculos atrás os nativos de Urão foram expulsos por quem naquela época era o Império Caraspatiano. Todos vieram para Albuquerque e fundamos algumas vilas no oeste do país. Pela diversidade cultural e pela cultura de merda dos albuquerqueanos decidimos nos separar deles. Nossa terra natal ainda é o velho Urão. Formamos nossas terras no estado de Vilala e então fomos

– Parece ser uma história fascinante – disse Robin.

– De onde você é? – O atendente foi direto.

– Sou de Fantasy.

– Terras distantes, o que quer aqui?

– Eu estava procurando um homem. Mas parece que não vou procurar aqui por Vilala onde só tem homens de Urão. Procuro um albuquerqueano.

– Quem seria? Eu tenho amigos do outro lado da fronteira.

– Don Ramon. Sabe quem é?

– Todos nós sabemos. Foi o fundador do Clã XyauXyau, maior força militar de toda Albuquerque. Fica localizado na Colina de Iara no extremo sul do país.

– Então é distante.

– Nada comparado à distância dessas terras até Fantasy.

– É, mas dessa vez não tenho meios de transporte – sugeriu Robin.

– Eu posso sugerir que pegue a caravana dos Meleleus.

– Meleleus?

– São comerciantes que vem até a vila para vender seus produtos durante um dia, mas retornam para Albuquerque. Eles aparecem todo sábado, você vai ter que esperar por mais alguns dias por aqui e voltar com eles para Albuquerque no domingo.

– Muito bom – disse Robin, com as informações. – Mas eles passam perto da Colina Iara?

– Sim, mas você vai ter que ficar alguns dias com eles. Eles pegam o atalho por aquela floresta, ela não é muito segura, mas como eles andam em um grande grupo normalmente não arrumam problemas com os selvagens que moram por lá. Passando pela floresta chegará às margens do lago Jones e conseguirá avistar a colina. Basta então seguir o caminho.

– Parece uma longa jornada.

– Eu não sei o que você quer com Don Ramon, mas eu não acho que você o encontrará lá.

– É o risco que corro desde que iniciei essa jornada. É bastante incerta.

– E porque se arrisca tanto?

– Para manter uma promessa.

– Vou rezar por você, então.

Robin então revelou, como uma inocente criança, que não tinha lugar para ficar – obviamente. O homem revelou por sua vez que havia gosta de Robin como pessoa e deixaria que ele ficasse por ali desde que fizesse alguns trabalhos pesados que o homem não estava conseguindo fazer por já estar chegando ao iegel – fosse lá o que significasse – e Robin aceitou. O jovem careca julgou o homem, que descobriu ser o dono do estabelecimento na mesma conversa, como uma boa pessoa.

Ficaria ali por quatro dias e não tinha muito para reclamar. Seu plano parecia estar acontecendo muito bem.

Robin no primeiro dia, exatamente nesse que já estava em seu fim, que as pessoas de Urão Vilalês eram muito receptoras. Não deram a mínima importância para de onde era Robin e quem ele era. Os homens apenas ouviram suas histórias sobre como era o lugar durante uma conversa numa fogueira à noite. Robin havia cortado algumas madeiras e já usava sua manta enquanto seu terno estava guardado em um quarto de hóspedes.

Robin contou que o lugar de onde vinha era forjado de ferro e que as pessoas que conhecia eram pobres e com problemas sérios de vida. Que o governo acabava com a vida das pessoas.

Uma mulher, uma das poucas no local, que estava bebendo socialmente com seu marido e aquilo que o jovem careca julgava ser um grupo de amigos, disse que o governo não ligava para o povo de Urão Vilalês e que isso era muito triste. Mas disse que, como Robin havia dito, podia ser por isso que não tinham tantos problemas quanto às pessoas de Fantasy. Robin concordou. O comentário da mulher mudou a visão de Robin sobre muitas coisas.

Sim as pessoas dali viviam muito primitivamente, o comércio tinha que vir de longe, e agricultura de subsistência. Qualquer decisão que fosse tomada seriam os próprios cidadãos da vila, e Robin fez com que essa fosse a melhor concepção de democracia que fizera em toda a sua vida. Parecia uma boa vida para aquelas pessoas, mas o assassino não conseguiria viver daquela forma. Seu mundo era grande demais, sabia das riquezas dos outros e isso o impedia de viver assim, tão humildemente.

– Eu já vi essas selvas de concreto. Fui uma vez com meu primo para Uréia visitar uns parentes distantes que estavam se casando e as coisas eram realmente muito grandes e tinham muitas pessoas no mesmo lugar no que eles chamavam de cidade. Eu acho muita burrice na cabeça da pessoa que deu a ideia de colocar tanto as pessoas num mesmo lugar e fazer coisas tão grandes. Não tem espaço para andar e nem para namorar, coitados dos parentes que estavam se casando. – O homem então caiu em prantos. Já estava bêbado e muito sensível também para um pensamento desses, era triste não poder namorar.

– Vou rezar por eles, e acredito que todos aqui vamos. Que Aixala abençoe essas pessoas! – E todos concordaram, dizendo o mesmo.

Robin decidiu beber um pouco também, estava cansado. O dia tinha sido de bastante mudanças, pelo menos para o cenário que os seus olhos viam. E talvez estivesse um pouco mais feliz por estar ali, mas sentia-se preso. Talvez fosse pelas grandes montanhas que cobriam o norte e também o leste e o oeste, mas pensava que se sentia preso por não poder sair dali. Queria sair dali, não porque não havia gostado do lugar. Queria sair dali porque estava com pressa.

– Robin, nos diga a sua história – disse um bêbado careca e bem baixo.

Robin abriu a boca e ficou sem saber o que dizer direito. Não queria dizer que era foi uma cobaia de um programa científico que visava clonar os antigos Imperadores Solares, super soldados que simplesmente foram criados para matar mais e mais pessoas em guerras. Não queria dizer muitas coisas, porque essas coisas mudariam o jeito que essas pessoas estavam lhe tratando e estava muito feliz dessa forma.

– Eu não tenho muito que dizer – decidiu ficar só por isso, mas percebeu que os bêbados iam insistir e então continuou. – Eu fui separado da minha mãe enquanto bebê, assim como meu pai, por isso não sei de nada sobre eles. Eu vivia com muitas outras crianças e eu era muito triste porque ninguém cuidava de mim. Quando fiquei mais velho eu saí daquele lugar por vontade própria e nunca mais vi muito dos amigos que fiz ali. Cada um seguiu a sua vida, infelizmente. Eu estava vivendo a minha vida muito normalmente até começar a trabalhar para um conhecido. Os trabalhos eram muito difíceis e nunca saiam da forma que ele queria. Ele reclamou e então eu fiz a promessa que pelo menos o meu próximo trabalho eu ia finalizar, e esse trabalho era realmente muito importante. E aqui estou eu.

– E que tipo de trabalho é esse? – perguntou outro bêbado.

Robin ficou sem o que dizer.

– Encontrar uma pessoa.

Não era esse o trabalho de Robin. Ele não queria dizer que tinha que matar alguém ou que tinha que proteger esse conhecido – isso geraria mais perguntas – e a primeira alternativa era muito idiota de se dizer para estranhos inocentes e tão legais como eles.

Foi feita outra pergunta pessoal para Robin, mas como ele estava refletindo não prestou muita atenção. E então o dono do bar, percebendo que Robin estava meio triste por lembrar-se de seu passado, disse que não era tão legal assim perguntar tanto sobre as vidas das pessoas. Os bêbados de maioria concordaram e voltaram a beber, então continuaram a contar histórias sobre seus deuses que estavam escritos no livro sagrado de Ohm há mais de quatro mil anos e essa era a prova que eles tinham que esses deuses existiam.

Tinha um deus que Robin adorou a história. Robin gostava dessas história e seu preferido era o deus Acaca.

Acaca era um humano normal que decidiu que precisava provar aos seus pais que era uma boa pessoa, só que Acaca não conseguia provar. Ninguém mais acreditava nele pelas tantas desgraças que já havia provocado em sua tribo em seu passado. “Por fim, Acaca decidiu parar de tentar com que as pessoas o notassem como boa pessoa e simplesmente foi quem era. Acaca se tornou só mais uma pessoa e depois de tanto tempo sendo normal... As pessoas perceberam que Acaca era normal” Era só uma história boba que se conta como provérbio antigo. O garoto foi santificado anos depois por grandes feitos heroicos.

Acaca de fato havia existido anos atrás, mas essa história era falsa. Foi um filósofo, matemático, químico, físico, dramaturgo, escritor, clérico do antigo Urão e não um deus. Deixou completamente a igreja de Urão alguns anos depois de descobrir os podres da igreja e fundou a religião que esses homens diziam até hoje a partir de vários escritos antigos encontrados ao redor do mundo. Decidiu juntar os livros e deu no que deu, e as pessoas não acreditaram tanto. Mas gerações morrem e como as próximas apenas tinham como forma de entender o mundo o Caísmo – porque Acacaísmo é brega demais – acreditaram de vez nisso. Fica meio sem graça de saber das histórias depois de conhecer a realidade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Facção. Dos. Perdedores" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.