Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 3
O começo para o jovem de óculos escuros.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo não é inútil, é sempre bom conhecer mais os personagens.



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Relembrar é viver. E talvez também seja bom voltar alguns anos, antes daquele momento que Frota não entendia se Xupa estava de sacanagem ou não.

Desde pequenos nossas mamães nos ensinam que não devemos confiar em estranhos que vivem em uma casa de palha. Talvez Frota soubesse disso. Na verdade, havia uma pequeníssima chance de não saber por desde pequeno nunca ter conhecido sua respectiva mãe. Nunca fora ensinado a ele o fato de homem com homem dá lobisomem (o que o levou a encontrar vários “lobinhos” no caminho da vida), isso também por desde pequeno nunca ter conhecido seu respectivo pai.

Obviamente tais conselhos são básicos para alguém que não quer se meter numa furada. Entrar numa furada com pessoas desconhecidas era uma coisa, além de bizarra, estranha. Para piorar não foi Frota que entrou numa furada. Foi alguém que entrou na furada de Frota. Entrar na furada de alguém violentamente assim como alguém entrar na sua respectiva furada violentamente, por exemplo, era crime (não se sabe o porquê, mas naquela época, sofrer um crime era algo tão grave quanto executar um, o que levou a muita gente já assassinada ser condenada à morte); Frota acabou sendo condenado há vários anos numa prisão altamente segura.

Frota fugiu no terceiro dia.

Talvez Frota apenas tivesse esquecido o primeiro conselho citado acima (já que o segundo, de fato, nunca o havia escutado), porém a seguir perceberá que Frota nem ao menos ouviu uma vez na vida tal conselho.

Frota era o que muita gente chamaria de galã. Um galã que no momento vestia um enorme macacão listrado pelas cores preto e branco (comparado com as minissaias com que estava acostumado a usar, o macacão era realmente gigante). Tinha curtos, porém, de certa forma, longos cabelos negros (o que mais tarde seria chamado de franja). Tão negros quantos seus olhos, agora ofuscados pelos óculos escuros que estava vestindo.

Frota havia furtado tais óculos numa loja no meio do nada que vendia itens adultos como camisinhas, strap-on e vibradores. Pra quê uma loja dessas no meio do nada? Graças ao aumento dos usuários da arte do exibicionismo, muita gente acabava engravidando sua querida mulher acidentalmente no meio do nada por falta de prevenção, por causa disso em menos de 2 meses, o número da população mundial quase dobrou. Algo que foi resolvido com uma guerra sem objetivo nenhum entre os países de mais índice de natalidade. Porém, o governo mundial sabia que a FDSQMANMDNPFDPR (fecundação de sua querida mulher acidentalmente no meio do nada por falta de prevenção) continuaria. E então decidiu que deveria haver ao menos 3 lojas farmacêuticas com temática sexual em cada local considerado um “meio do nada”.

A fuga da prisão foi algo realmente muito arriscado. O estado de alma do estuprador demonstrava exatamente isso. Estava totalmente quebrado, digo isso com um pitado do sentido literal, realmente quase não conseguia andar perante o deserto escaldante entre tal prisão e o grande país de Economist.

Frota parecia desolado por fora, porém não tinha forças o suficiente por dentro para se preocupar com coisas tão imbecis. Não se preocupou se seu cabelo estava arrumado ou não – realmente estava – por não ter forças o suficiente para procurar um espelho no meio daquele nada. A única opção que ele tinha era olhar para cima, olhar para cima para ver se encontrava lá o seu cabelo, se olhasse, apenas encontraria um sol enfurecido porque havia levado um “bolo” da lua mais ontem quase à noite (provavelmente não era noite, por ainda não estar escuro), e por isso acabou ficando a “noite inteira” esperando que sua companheira comparecesse ao local, tal que apenas se apresentou após seu companheiro amarelinho fugir de vergonha para o outro lado do mundo de forma triste e solitária – esse fato que muita gente ainda chama de Solstício de Verão, consequentemente, o Solstício de Inverno acontece pelo fato do Sol querer se vingar e fugir antes que sua amiga branquela apareça.

Frota olhou para o Sol.

– Afinal... Por que... Por que... Que o Sol é amarelo? – Dizia o jovem de franja, abatido, enquanto caía lentamente diante do chão.

– Por que ele não é Azul. - Respondeu alguém que por ali andava. Isso mesmo, havia mais alguém naquele meio do nada.

De fato, o que o misterioso ser ali presente, no meio do nada, respondeu havia sentido perante a indagação de Frota. De fato, o Sol não era azul, mas quem sabe, um dia talvez, ele possa se pintar de azul já que a tal da Lua, após o Solstício de Inverno, tenha dito que nunca mais queria vê-lo, nem mesmo pintado de ouro.

O que de fato deixou o senhor amarelinho intrigado por vestir ouro, digamos que um ouro pálido, ouro de relógio de um camelô que ganha o pão de cada dia vendendo relógios e pilhas na Central do Brasil. Fica daí então a expectativa de um dia o Sol decidir mudar de cor. O destino é irônico, portanto, quem sabe um dia a afirmação dita agora a pouco pelo ser misterioso possa se contradizer?

Quando menos percebeu que havia desmaiado, Frota acordou. Tarde demais, pelo jeito, afinal já estava sob uma leve e suave cama que, por sua intuição “feminina”, parecia bastante suspeita. Onde ele estava? Creio que ainda estava no mesmo planeta em que havia desmaiado – e estava.


Frota não lembrava de nada, apenas de um Sol amarelo e uma historinha de ninar que ouviu de sua mãe Molly quando era pequeno. Frota demorou um pouco para lembrar que não tinha mãe e que não conhecia ninguém com o nome de Molly. Então deduziu que tal história fora contada por seu pai, cujo nome também era Molly (segundo sua confusa mente). Mas lembrou que também não tinha pai, e que não sabia o porquê de estar teimando com Molly. Depois de um longo raciocínio não muito consistente, Frota chegou à conclusão que havia de dormir mais. E assim fez.

Ao acordar, Frota percebeu que já estava basicamente de noite. Lembrou que alguém, quando mais jovem, havia o ensinado que “A Noite Foi Feita Para O Homem Dormir.”. Frota decidiu refletir um pouco sobre a frase e chegou à claríssima conclusão de que tinha duvidas se era realmente um homem pelo fato de alguém ter entrado em sua furada – e consequentemente, de ser acusado de entrar na furada da mesma pessoa que entrou em sua furada, que de fato era uma pessoa importante demais para ser presa sob acusações claras de estupro ou cárcere privado, melhor dizendo, para não gerar muita polêmica, botou a pica no Frota (literalmente) que como todos sabem terminou sob as grades.

Além desse fator relevante, Frota também já estava, literalmente dizendo, “cansado” de tanto dormir. Não sabia, ele, que havia desmaiado por quase um bimestre inteiro; e também mal havia reparado que em sua volta havia apenas palha, e lá fora uma completamente tristonha Lua por ter levado um “bolo” de seu amigo amarelinho – se vingando do chamado Solstício de Verão.

– Tem alguém em casa? – Perguntou Frota, tenso com o silêncio imortal que presente estava.

Poucas pessoas em todo o universo sabem que o barulho mais mortal é o silêncio, assim como a pessoa mais higiênica do mundo é aquela que mora próximo dum lixão no meio do nada em uma casa de palha (não, isso não foi uma ironia). Diferentemente de barulhos cuja suas vibrações sonoras são extremamente altas, o silêncio era extremamente sábio. A cada brecha que tais barulhos davam a ele, o silêncio respondia com a mais simples e repugnante ignorância, resumindo, deixava seu companheiro “Zé Barulho” num vácuo mortal, o que fazia que Zé Barulho ficasse infinitamente raivoso e começasse a exclamar vibrações sonoras de alta densidade. Melhor dizendo, o silêncio não é o barulho mais mortal do universo, ele gera o barulho mais mortal do universo assim como você gera os seus filhos sendo que você não é o capeta do seu próprio filho – o que seria possível após a invenção da viajem tempo espacial, mesmo não sendo uma idéia muita legal.

Realmente demorou a haver uma resposta. Foi uma resposta simples, é claro. Porém simples o suficiente para quebrar a tensão de Frota e quebrar o próprio Silêncio (que dessa vez não conseguiu gerar o barulho mais mortal do universo).

– Tem.

– O-oi, quem é você? – Perguntou Frota, um pouco chocado.

– Eu? Jovemzinho, primeiramente agradeça por eu ter salvado sua vida. Depois tire suas dúvidas.

– V-valeu... Quem é você? – Perguntou o jovem de franja.

– Eu? Eu sou Molly. – Respondeu o homem cujo nome lembra bastante ao autor uma mulher loira que vive entre ovelhas e viados (talvez por isso tenha acolhido Frota).

– Molly? Mas que nome gay... - Disse aquele que havia sido estuprado por um político.

– Gay é você. – Respondeu Molly.

Frota não argumentou nada contra a afirmação de Molly porque sabia que o mesmo estava correto.

– Você é virgem? – Perguntou do nada o jovem de cabelos negros sem assunto.

– O que? Quem é você para perguntar algo desse tipo para minha pessoa? Um urologista prestes a fazer em mim um exame de próstata? – Indagou Molly ao melhor estilo revoltado.

– Não. Mas eu conheço um urologista daqui a duas quadras que sabe usar muito bem as mãos. – Respondeu Frota.

– E o que tenho a ver com isto? – Perguntou Molly, que começava a criar um conceito bastante “interessante” sobre Frota.

– E aí que ele é um gatinho, se quiser eu boto você na furada dele. – Disse Frota sem mais nem menos.

– Vai se fuder. – Disse Molly sem pensar antes.

Molly agora teria alguma razão para dizer a algum de seus amigos que não era mais preconceituoso quando se tratava de homossexuais. O que era antes um preconceito agora era o que muita gente chamaria de pósconceito.

– Aliás, eu sou virgem sim. Nunca ao menos já tive a chance de beijar uma garota. – Respondeu finalmente Molly.

– Porra, então você realmente deve ser um super-herói. – Comentou Frota.

– Eu um super-herói? Por quê?

– Por que você deve viver fazendo “justiça com as suas próprias mãos”. – Caçoou indiretamente Frota.

Se você entendeu o que Frota realmente quis dizer, tenho a felicidade a dizer que você tem uma mente poluída do caralho.

Molly refletiu por um tempo se o que Frota disse havia sentido.

– Bem, se essa foi uma forma de dizer que agi como um herói ao salvar-lhe, então agradecido eu estou. – Molly não entendeu a piada.

Se eu contasse o que Frota deduziu após Molly dizer tais palavras, sua mãe não iria gostar de te ver lendo isto (assim como não deve estar gostando). Levante hipóteses.

– Bem... Digamos que sim. – Disse Frota perambulando pelos cômodos da casa procurando o homem com quem conversava. Lembro a vocês que Frota estava conversando com alguém que não estava no mesmo cômodo que si.

Não demorou muito para que Frota encontrasse o ser até então misterioso.

Molly era literalmente a pessoa que nenhuma mãe pensaria em batizar após o parir. Naturalmente alguém com o nome de Molly seria bronzeado artificialmente, contendo em sua cabeça cabelos loiros e olhos verdes e músculos extra-enormes. Molly era careca. E os olhos dele? Eram marrons, digo, era marrom. Molly era cego de um olho, e por isso, usava sob tal um tapa-olho.

Assim que percebeu a presença de Frota, Molly “olhou-o” diretamente com seu “olho cego”. Ambos ficaram se encarando. Criou-se então entre eles um gelo enorme.


– Oi, tudo bem? – Perguntou Frota surpreso. Não era exatamente o que ele esperava de uma pessoa com o nome de Molly.

Molly encarou cada átomo de carbono contido no corpo de Frota para enfim soltar uma voz sombria e horripilante de sua boca.

– Larga de putaria, quero é saber logo pra que Filha da Puta você trabalha. – Disse Molly, com um tom de voz bastante diferente.

– Pra quem eu trabalho? Bem, pra quem me pagar... – Disse Frota.

– Ah, então você é um assassino de aluguel, né? – Perguntou Molly.

– Assassino? Os coroas sempre têm ataque de coração comigo, mas creio que nenhum deles morreu durante meu serviço. – Respondeu o jovem.

– Hum... Mas morreram depois? – Perguntou o homem de tapa-olho.

– Não que eu saiba... – Respondeu Frota, meio despretensioso.

– Interessante... Para quem estás trabalhando atualmente? – Indagou Molly, com uma sagaz pose de Sherlock Holmes.

– Ninguém. – Respondeu Frota.

– Como? Então, quem lhe trouxe a mim? – Perguntou o homem careca inconformado.

– Você. – Respondeu Frota que ainda vestia seus óculos escuros.

– O que estava fazendo então no meio do nada a não ser procurando meu QG? – Indagou Molly.

– Desmaiando, provavelmente. – Respondeu Frota.

– Estás brincando comigo, jovem? – Perguntou Molly com um olhar raivoso que uma pessoa com o nome de Molly não poderia nem ao menos sonhar de ter.

Porra! Tenho cara de sacana pra ficar mentindo pra tu? – Perguntou Frota.

O jovem respondeu também encarando Molly com um olhar raivoso que mais parecia o de uma pessoa que havia perdido o celular e tinha preguiça de procurá-lo.

– Sacana não, mas de quem faz muita sacanagem tem. – Comentou Molly.

O silêncio voltou à tona. Mas não por muito tempo, na verdade nem chegou a reinar por minutos e sim por segundos.

– Quer trabalhar pra mim? – Perguntou Molly, ao melhor estilo inconveniente.

– O quê? – Perguntou Frota, meio surpreso pela inconveniência de Molly.

– Vai querer trabalhar pra mim ou não, porra? – Repetiu.

– Assim do nada? – Perguntou Frota. – Sem prevenção?

– O quê? – Molly estava meio confuso sobre a visão de Frota sobre o que era “trabalhar”. – Não estou falando de assassinato, se é nisto que está pensando. Você tem uma casa?

– Nom.

– Tem família?

– Nom também.

– Então, quer ser meu mordomo?

– Mordomo? Que porra é essa, uma fantasia sua? – Indagou Frota, tão confuso quanto Molly.

– Não, na verdade minha fantasia é com professores. – Respondeu Molly, curto e grosso.

– Ainda não entendi aonde que você quer chegar.

– Quer morar aqui? Se quiser, posso te oferecer moradia e comida se for trabalhar pra mim. – Desta vez Molly pronunciou as palavras tão lentamente, que até mesmo um doente mental entenderia.

– Que porra é essa? Isso é algum tipo de declaração? Você me ama? – Perguntou Frota, meio confuso.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou gigante wtf, e tá meio engraçadinho demais.



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