Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 2
O Primeiro Capítulo.


Notas iniciais do capítulo

Odiei essa parada do Nyah querendo numerar os capítulos pra você. E SE EU QUISER FAZER UM PROLOGO ANTES, HEIM? Nem vem que esse que é o primeiro.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/453382/chapter/2

Muitas pessoas gostam de uma tarde quente de primavera, mas não Robin. Até que gostava, mas naquele momento o calor não era bem apreciado pelo seu corpo. Estava vestindo um terno de alta grife e por baixa uma blusa social. Mas por que vestia isso? Estava se aprontando para uma entrevista de emprego e queria parecer um homem responsável. E não tem força melhor de se parecer com um homem responsável do que vestindo um terno belíssimo.

Uma vez Robin já fora vagabundo e vagara pelo outro lado da vida, pelo lado negro. Havia feito coisas que não se arrependia, mas reconhecia que eram erradas. Muitas pessoas morreram pelos seus atos. Estava tentando mudar de vida, queria se tornar um cidadão comum e empregado e quem sabe mais tarde pai. Mas esses pensamentos estavam muito distantes e o jovem sabia disso. Mas gostava de sonhar, queria se casar o mais rápido possível e preencher o lado vazio de sua cama de casal. Uma vez já fora assassino, mas também era um homem sensível.

Robin estava cheio de dúvidas sobre o que seria essa entrevista. Não sabia qual era o cargo em questão e nem que tipo de empresa era aquela, mas queria garantir um empreguinho. Sua única preocupação era essa, porque já tinha preparado o sorriso e as belas frases que diria para o patrão assim que o encontrasse em sua sala. Seria esse mais um trabalho em que teria que sujar a mão e matar pessoas? Se fosse, o empregador não era nem um pouco profissional. Não se emprega assassinos colocando cartazes em becos escritos “CONTRATO SUBORDINADOS PARA TRABALHOS”.

Era uma frase bem vazia e estranha. Não é comum empresas procurarem empregados escrevendo “Contrato subordinados”, se estivesse relacionado a alguma espécie de máfia Robin não se assustaria. “Trabalhos”. Como assim, trabalhos? Robin pensou sobre isso milhares e milhares de vezes enquanto se arrumava, mas percebeu que sua preocupação era inútil. O salário exposto no cartaz era bem interessante. Se não estivessem tantos zeros escritos depois daquele cifrão Robin teria simplesmente ignorado aquele cartaz, mas imaginou-se com aquela quantia de dinheiro na mão e percebeu que seja trabalho sujo ou não, valia a pena. Sinceramente queria largar essa vida, e se ganhasse aquele dinheiro talvez já fosse possível recomeçar e conseguir abrir um pequeno negócio ou usá-lo para estudar e conseguir abrir as portas do mercado de trabalho.

Robin estava confiante não apenas porque já tinha tudo planejado mentalmente, mas Robin estaria acompanhado de um velho amigo.

Para Xupa Cabrinha – sim, um nome um tanto incomum – as ruas estavam mais pintadas do que lembrava. Bem, pelo pouco do que se lembrava. Xupa Cabrinha lembrava-se de prédios menores, de carros maiores e mais lentos, de poucos aviões circulando pelo céu que tinham mais nuvens de água do que nuvens de fumaça. Muitas outras coisas haviam mudado desde sua época e estava se sentindo cada vez mais alienado. Se não bastasse ter “dormido” por anos, o homem que vestia um terno branco não conseguia lembrar muitas coisas de seu passado. Sabia sou nome, mas não reconheceria você caso fosse um antigo amigo de antes de Xupa adormecer. Mas saber seu próprio não significa saber quem você é ou quem havia sido e por isso não conseguia saber o que havia feito antes de acordar gelado de frio em uma praia na costa oeste de Fantasy.

Meu deus, mas o que você pode contar sobre um personagem que não se lembra de seu passado e que não se encaixa na atualidade? Muitas coisas. Por exemplo, Xupa Cabrinha era um homem negro que tinha a aparência de trinta e cinco anos. Estava longe de estar acabado. Seu corpo estava conservado pelos anos que esperara adormecido congelado em meio aos blocos de gelo de Pinball Wizard e seu rosto não havia mudado nada nesses últimos 30 anos. Na realidade tinha em torno de 50 ou 60. Seu cabelo era crespo e levemente raspado, a ponto de não ficar completamente careca, mas ter uma cabeleira curta de aproximadamente um dedo e altura. Se Will Smith existisse nesse mundo Xupa Cabrinha se chamaria Will Smith por ter feições faciais idênticas, apesar de não haver nenhum resquício de barba nem bigode.

Xupa não sabia como se sentia em seus tempos passados, mas no momento sentia-se completamente inconformado com sua atual situação e queria respostas. Porém sabia que as respostas não bateriam na sua porta, como alguém havia batido naquele momento, precisava encontrar antigos conhecidos – que não reconheceria. Então percebeu que a coisa realmente era bastante problemática.

Relembrou dos momentos em que pisou no solo pela primeira vez depois de anos congelado nas calotas polares. Não havia pessoas na praia então não houve nenhum escândalo. Andou pelas ruas e procurou o hospital mais próximo. Não sabia como não havia morrido de hipotermia no frio absoluto, mas quando se levantou naquele solo arenoso sentiu como se seu coração estivesse sendo penetrado por algo congelado de forma pontiaguda. Por estar congelando de frio naquele instante, o atendimento foi rápido. Caso estivesse em um hospital público de certo não seria atendido com toda aquela eficiência. Algum remédio estava sendo injetado diretamente em suas veias e aquilo estava fazendo-lhe ficar cada vez mais sonolento. Quando caiu no sono. E demorou a acordar.

Acordou agonizado, seu corpo estava se sentindo mal por tanto ter descansado. Não haviam bastado aqueles anos, mas também precisou de mais três dias recompondo-se num sono profundo e puro – sem sonhos – para que se sentisse por parte vivo. Quando acordou, não se sentia completamente vivo. Não conseguia responder as respostas do enfermeiro com total razão. Seu nome era Xupa Cabrinha, o que o enfermeiro achou engraçado. Xupa não sabia a idade e o enfermeiro decidiu chutar 34 anos e escreveu isso em sua prancheta. Qual a sua ocupação? É casado?

– Parece que você sofreu um caso sério de amnésia, apesar de saber seu nome. Talvez com mais algumas séries de exercícios mentais com o doutor Lin você consiga lembrar mais algumas coisas.

Xupa realmente queria se lembrar dos outros detalhes de sua antiga vida, mas os exercícios mentais de nada adiantaram. Mais uma semana internado no hospital particular e notou que estava ali de graça. Não, isso não pode ser possível. Estava com um sério caso de amnésia, mas não era idiota. Para ninguém ter falado sobre pagamento até agora com ele era porque alguém estava pagando o tratamento para ele. Então decidiu perguntar ao enfermeiro quando estava sentado à toa em seu quarto de internação.

– O senhor que está pagando não quis se identificar e disse que é apenas um antigo conhecido.

– Você não pode dizer quem é ele?

– Infelizmente não, é o protocolo.

Xupa Cabrinha sentiu-se por um bom tempo intrigado, mas percebeu que era melhor isso do que se morresse ou ficasse devendo aquele tratamento inútil pelo resto da vida. Queria poder sair do hospital logo. O enfermeiro todo dia dizia que tinha boas notícias e que a liberação de Xupa estava próxima. E mais ou menos depois de duas semanas naquele lugar, Xupa sentiu-se livre e vazio. O que iria fazer naquele mundo que não conhecia? Então teve que começar do início. Mas tinha um lugar para começar.

Talvez esse antigo amigo fosse generoso demais ou aquela coisa estava ficando muito estranha. Antes que saísse do hospital fora-lhe entregue uma carta com dados sobre uma conta bancária com uma pequena quantia de dinheiro, o suficiente para que vivesse por alguns meses. Poderia recomeçar calmamente, e já tinha ideia do que fazer isso.

Pronto, Xupa havia relembrado cada momento desde seu contato com o mundo de hoje e estavam longe de serem pensamentos concretos. Estavam muito distantes de sua realidade. Como deve ser para uma pessoa, afinal, ficar presa num quarto escuro durante anos e anos adormecida e acordar com um mundo completamente diferente em sua frente? Xupa estava tentando encarar aquilo como realidade, mas muitas coisas haviam mudado. Não só a tecnologia, mas a sociedade em geral. As pessoas estavam diferentes, não que lembrasse muito das pessoas de antigamente, mas... Você sabe, apesar de não se lembrar do seu passado Xupa Cabrinha tinha uma noção do que era o mundo de antigamente. Ainda sabia o que era uma colher, uma sopa e uma pessoa sendo assassinada.

Não tinha mais o que Xupa relembrar quando lembrou que havia deixado alguém na porta por alguns segundos. Haviam batido em sua porta, não sabia quem exatamente e tinha uma esperança de que a partir dali encontraria mais respostas. Mas ali apenas apareceu mais dois jovens que responderiam às suas perguntas.

Sentaram em uma poltrona em frente à mesa de Xupa no escritório-quarto de Xupa. Sua cama estava ali ao fundo do local, mas não se importava com o ambiente até porque não era ali que o seu trabalho seria executado.

Pelos currículos sem especialização ou ensino completo algum, Xupa leu o nome dos jovens como Robin e Frota. Os currículos em si eram muito vagos e cheios de prolixidade, não diziam nada que realmente fosse necessário. Então o homem de terno branco teria que fazer algumas perguntas a mais.

– Então, Robin, eu não sou muito exigente pelo fato de não ter muitos voluntários para o trabalho que estou a contratar. Vejo que você é um jovem de bom corpo, apesar de não poder julgar seu coração. Mas o mesmo para você, Frota. Infelizmente eu não posso contratá-los apenas por terem aparecido aqui, então eu vou ter que fazer algumas perguntas.

– Então, a primeira pergunta é... Com que tipo de trabalho vocês se envolveram antes? – perguntou Xupa.

– Nenhum em especial – respondeu Frota. Frota era o tipo de pessoa que era possível reconhecer em meio a uma multidão. Não que tivesse um estilo atrevido ou ousado, suas roupas eram o comum terno, tal como Robin, mas seu cabelo negro e liso que cobria a testa a partir de uma franja chamava bastante atenção. Era bastante branco, não o suficiente para que fosse caçoado pelos coleguinhas de classe durante o maternal, era aceitavelmente branco. Nada anormal. Tirando o fato de estar sempre usando óculos escuros. Se existisse a representação masculina da beleza, ela provavelmente se chamaria Frota. Era outro jovem tal como Robin que queria abandonar o lado escuro da vida. Não que não gostasse desse lado da vida, mas sabia que para vida mais tranquila teria que adotar a conduta comum de um cidadão.

– Muitos trabalhos sujos – Robin já havia percebido que o trabalho que fora exibido no cartaz não era nem um pouco do jeito que queria. Teria que novamente sujar suas mãos, pelo jeito.

Xupa não se surpreendeu com a resposta do assassino, pois era esse tipo de gente que queria trabalhando com ele. Não do tipo que matava pelo sabor da carnificina ou pelo sangue rubro que se espalhava pela mutilação de corpos. Queria aqueles que faziam aquilo e não se entregavam ao espírito bárbaro do assassino, que apesar de assassino ainda eram humanos. Em relação ao de franja não via nada de estranho, não tinha o porquê de dispensá-lo e muito menos para contratá-lo. Pela simples falta de voluntários o contrataria.

– Quantos anos têm?

– 21 – disse Frota.

– 23 – por sua vez, Robin.

Xupa se levantou, agora seria a parte mais difícil da entrevista.

Normalmente em entrevistas são os voluntários que tentam convencer o patrão a contrata-los, mas nesse caso era o contrário. O trabalho era algo bastante insano. Xupa teria que convencê-los a aceitar o emprego já que estavam ali. Já havia escrito esse discurso e repensado ele várias vezes, porque sua lábia que decidiria se os jovens aceitariam ou não. A quantia em dinheiro era grande, mas para um trabalho desse naipe... E não tinha certeza se o trabalho teria sucesso. Talvez não apenas com esses dois homens, mas quem sabe.

– Eu creio que vocês tenham se interessado pelo emprego pela grande quantia em dinheiro que foi oferecida – estava escrito na cara deles –, mas a missão a ser cumprida não será nem um pouco fácil.

Robin já tinha percebido que esse trabalho era problema, apenas pelo tom de Xupa.

– Eu acho que eu sei aonde você quer chegar – disse Robin.

– Eu não acho que você saiba.

– Não é coisa boa – concluiu Frota que, apesar de estar um pouco coadjuvante nesse capítulo, não é normalmente assim.

– É algo ridículo – reconheceu o homem de terno branco. – Vocês nunca aceitariam esse trabalho sem que eu tente convencê-los.

– Eu entendo, mas enrolar não fará com que fique mais fácil de aceitarmos. Então seja direto – exigiu Robin.

– Primeiramente vocês devem procurar mais jovens como vocês para me encontrar – disse Xupa Cabrinha.

– Não somos obrigados uma vez que não estamos contratados – disse o homem de óculos escuros.

– Estão sim, o trabalho de vocês começa agora.

– Creio que ainda não tenha comentado o motivo de arrumarmos mais voluntários para o senhor.

– Para matar o presidente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O final é nonsense mas espera que tudo vai se explicar. Só não quis fazer um capítulo grande demais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Facção. Dos. Perdedores" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.