Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 15
O paraíso, um inferno.




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Acendia e apagava. Apagava e acendia. Por algum motivo desconhecido parou de oscilar entre os verbos acender e apagar. Era assim a simples rotina de um poste de luz que vivia perguntando-se o porquê de sua inutilidade em dias de sol. Na verdade, tanto na noite quanto de dia, sua inutilidade era incrível. Não havia a quem iluminar e nem ao que iluminar. Era apenas um poste de luz cercado pelas restantes cinzas de arranha-céus. Sua vida era predominantemente inútil, pelo fato de ser algum ousar pisar naquela terra, que inclusive havia sido esquecida pelo mundo.

A Terra de Pellets, mais conhecida como “Mundos de Pelotas”. Antigamente era conhecida como o lugar mais promissor para se viver, era o que chamamos de um “Sonho Real”, tanto para homens quanto para mulheres. O homem, no caso, teria o lazer de poder relaxar enquanto a mulher, no caso, também teria o mesmo prazer.

Ninguém se preocupava com as dores, pois não existiam. Nem com os seus filhos, pois também não existiam. Nem com as contas, pois também não existiam. E muito menos com o dinheiro, que alagava as carteiras alheias. Alagava pelo fato de chover dinheiro, que era, com certeza, a coisa mais estranha que acontecia naquele mundo.

Bem, digamos que A Terra de Pellets não era um "Sonho Real". Ela era apenas um pequeno sonho. Diferentemente ao mundo que nós vivemos, que é chamado de inferno, o Mundo de Pelotas era praticamente algo comparado com um Paraíso. Obviamente podemos perceber que um paraíso como este não faria parte de nosso mundo, assim como deus não é inquilino do capeta.

Resumindo, o mundo de Pelotas era um drástico sonho, assim como o próprio era chamado. Era um sonho real, ou melhor, uma ilusão. A Terra de Pellets não era nada mais nada menos do que uma pequena máquina que conectava milhares e milhares de pessoas a partir de suas ondas cerebrais para um mundo em que elas se encontrariam e que seus sonhos se realizariam. Imediatamente essa pequena máquina se transformou em uma incrível febre. De fato, apenas os idiotas utilizavam essa máquina, e por isso sonhos como o de Chover Dinheiro aconteciam frequentemente neste local.

Certas pessoas - nerds, cientistas e pessoas desse mesmo gênero social - obviamente chegaram, a partir da lógica, a conclusão de que nada vindo do mundo dos sonhos seria útil na realidade atual. Assim que tal conclusão chegara aos ouvidos do público, obviamente todos foram pegos de surpresa. Ninguém nunca antes havia pensado desta maneira, e, por fim, abandonaram o Mundo de Pelotas. E, como tal local sobrevivia a partir de pessoas de sonhos idiotas de pessoas idiotas, caiu-se em trevas.

O mundo de Pelotas já deixara de ser um lugar conhecido como paraíso. E, logo, transformou-se em um inferno. E como tudo nesse mundo é idêntico ao que tinha se tornado o Mundo de Pelotas (ou seja, um inferno desgraçado), o mesmo se tornou uma realidade. Era apenas uma das várias de dimensões existentes no universo.

Logo quando surgiu, o tele transporte foi visto como uma nave. Uma nave que levaria o ser humano a lugares que antes eram considerados como inalcançáveis. Lugares que o ser humano nunca sonhou em alcançar. Lugares como outras dimensões, digamos de passagem. O fato de agora poder alcançar estes lugares facilmente fez com que o ser humano perdesse o interesse nesses locais. Ou melhor, não havia mais graça em estudar lugares que o homem nunca pisara antes. Não havia mais aquele famoso frio de barriga que te dizia que isso ou aquilo não era possível, não havia mais desafio algum. O tele transporte, logo então foi drasticamente desvalorizado. Se tornou algo que qualquer cidadão que tivesse na carteira (não apenas na carteira, mas também no bolso, na cueca ou em qualquer outro lugar) 50 reais poderia adquirir sem o menor problema.

Alguns meses se passaram, vários casos de “fantasmas ladrões” começaram a surgir não só em Fantasy, mas também em todo o mundo. Após estudos e mais estudos sobre os casos, só dava para dizer que no meio daquilo tudo havia o dedo do tele transporte. O governo, obviamente, tomou severas decisões que punia todos os portadores de um pequeno relógio que fazia a quem os usassem sumirem (ou seja, a máquina do tele transporte).

Porém como poderiam os homens-da-lei deixar em cativeiro alguém que poderia simplesmente evaporar dali em qualquer momento? Não havia como.

Já que não havia como prender tais seres portadores de tal máquina composta por tal invenção, o governo apenas tomou uma decisão, sábia, porém de pouca magnitude: proibir a fabricação e a venda do tele transporte em carbono (ou seja, a máquina do tele transporte). E os que ainda tem tal máquina? Eles que continuem vivendo suas vidas. Nada o governo podia fazer contra eles... O próprio usou as seguintes palavras para definir o seu fracasso ao tentar botar na cadeia tais portadores de tal máquina:

“Não dá para pegar água com as mãos. Sabe por quê? Porque ela vaza pelas bordas das palmas de nossos membros.”

Tais homens que até hoje roubam dinheiro e os trocam por maconha das boas na região imunda de Black Dog. Alguns deles morreram com a idade ou por terem esquecido de transportar junto a si algum órgão vital de seu corpo (sim, isso é tão comum quanto procurar algo que está na sua mão).

Ainda há homens que fabricam o tele transportes dentro de um ou outro pequeno ship com a intenção de utilizá-lo em crianças e pessoas para que os mesmos possam batalhar junto a si contra pessoas e ideais que não lhe agradam. Robin Tenyst Wood foi uma das várias crianças que tiveram implantadas em seu corpo a invenção do tele transporte e anomalias desse mesmo gênero.

Há alguns momentos anteriormente, Robin utilizou a mesma anomalia molecular inconscientemente sem motivo algum.

Seu destino? Um lugar que já foi um paraíso, que agora, assim como o resto do universo, não é nada mais além de um inferno, que fica ali mesmo, ao lado do inferno, perto do inferno a uma quadra do inferno em si chamado planeta Terra.

Passar de uma dimensão pra outra não é algo mentalmente e fisicamente fácil de agüentar. Não é fácil fazer com que todas as moléculas de seu corpo se separem em certo local e logo após elas se unirem novamente em um lugar totalmente diferente. Para isso, obviamente, é preciso de muita concentração e também de ter uma boa mente para não esquecer de transportar algum membro importante de seu corpo [pode acreditar, muita gente já morreu assim]. O grande problema da Tele transportação se chama TPT [sigla de Tensão Pós Tele transportação]. Que faz com que, seu corpo fique totalmente sem energia alguma. A TPT não é um problema muito comum, é apenas para quem utiliza muitas vezes o milagre do tele transporte em um só dia. No caso de nosso querido Robin Wood, não havia mais energia alguma. Apenas Xupa Cabrinha, seu atual companheiro de tele transportação, ainda tinha forças para erguer-se do chão.

E foi exatamente isso que o homem de terno branco fizera. Ergueu-se do cimento empoeirado para enfim poder ficar em postura de um ser humano, apenas com suas duas pernas grudadas ao chão enquanto sua coluna, em postura reta, dolorida estava graças á conturbada TPT.

Olhou para um lado, olhou para o outro... Nenhum sinal de vida, e muito menos de morte. Era um lugar calmo, que poderia ser mais agradável caso não houvesse um cenário apocalíptico acima de si. O céu, inclusive, era vermelho. Vermelho como uma espinha em seu nascimento no rosto de um jovem rapaz que descobrira que já não era mais uma criança. Nem mesmo as nuvens, cinzas feito poeira, cobria o vermelho sem vida do céu morto de tanto viver.

Xupa não sabia onde estava apenas sabia que lá estava. Ou não, poderia ser apenas um sonho. Aliás, há certos segundos antes, o homem de terno branco estava deitado em um asfalto parecido ao que estava andando agora.

Nenhum barulho, nenhum movimento, ninguém, nada. Nada além de Xupa Cabrinha. Nenhuma luz além de um humilde poste de luz que se perguntava o porquê de continuar fazendo o que fazia. Não havia o que iluminar, não havia quem iluminar, havia apenas o eterno silêncio.

O silêncio era tão grande, que até mesmo o único som inquietante praticado em todo o universo, o mesmo silêncio, não conseguiria transformar aquele silêncio em algo mais vivo. Era nada mais nada menos de um silêncio deprimido, que não ligava se havia ou não havia cigarras limitando seu pensamento profundo e absolutamente barulhento.

Era o silêncio de algo ou de alguém que já cansou de viver, um silêncio que se perguntava o porquê de ainda provocar um barulho tão ensurdecedor se não havia algo para apreciá-lo junto a um bom livro.

Devemos ressaltar que Xupa não sabia como havia chegado àquele lugar e nem que lugar era esse. Estava confuso, só sabia que há alguns segundos antes estava deitado num concreto um tanto mais vivo ao que pisoteia atualmente.

Outra coisa que também poderíamos ressaltar - talvez algo não tão importante quanto o fato de Xupa Cabrinha estar totalmente confuso - é que o universo é um lugar enormemente gigante. Fazendo então impossível o fato de apenas uma pessoa consciente consiga habitar sozinha um lugar qualquer num tempo maior que míseros 7 segundos.

Outra coisa que também podemos ressaltar é que o destino é realmente muito irônico com as pessoas que buscam por onde.


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