Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 108
A história continua,


Notas iniciais do capítulo

Apesar da falta de produtividade do autor



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A viagem com o Dragão fora breve porém veloz. De uma maneira que um mero ser humano como Picone não conseguia ver todas as dimensões de tudo por qual passaram. Logo quando recordara-se, via-se ao redor de um extenso campo esverdeado onde o campo passava suavemente.

 

De volta a si, olhou para trás e lá estava o dragão no qual estava montado faz pouco… ou muito? Jhangzai encarava-o com tranquilidade pois entendia o que estava acontecendo com a consciência do rapaz.

 

— E onde estamos? - perguntou Picone, voltando a se mover e a lentamente caminhar ao lado. Parecia estar de volta ao seu planeta Natal, tão distante… - Não é a Terra, é?

 

— Aqui se chama Nimic, mas acho que o nome de esferas e de quadrados não é algo muito importante.

 

Picone estava maravilhado de nostalgia. Sentia-se feliz pelo primeiro momento em não sabia quanto tempo. Em seus tempos de vida, talvez uns 10 anos, mas muito mais para o seu cérebro. Infelizmente Picone não sabia que Hipátia nunca fora alguém para realmente confiar.

 

Picone realizara expedições na qual mal se lembrava. Batalhava na maioria delas em confrontos sem sentidos, ou em simples nadas. Algumas coisas aconteceram, talvez até importantes na qual mal se lembrava. Hipátia planejara rota de incursões da pequena nave de Picone com a finalidade de realmente danificar a psique do rapaz. Ela não confiava muito nele por causa de um outro Picone.

 

O ar era fresco e aconchegante. Jiangzhai não costumava ser um dragão tão legal, mas sentiu-se satisfeito com o fato das suas escamas estarem no momento esverdeadas como a grama. Realmente uma natureza muito pacífica governava aquele planeta. Decidiu então guiá-lo com algumas palavras, até porque você não só larga uma pessoa que você prometeu ajudar e simplesmente vai embora depois.

 

— Esse mundo lhe deve ser familiar. - Não pelos motivos que Picone achava ou que você, leitor, acha. 

 

O jovem com certeza concordou. Fazia tempos que não andava por campos verdes e genuínos sob um céu azul. Este foi o último passo para a quebra do Picone como conhecíamos, o Picone metropolitano milionário e cavalheiro das mulheres com aspirações de ser o defensor do mundo. No meio dessa desventura que ele acabou sendo engolido, todo sua consciência mudou.

 

— E para onde eu vou?

 

— Basta você caminhar para frente.

 

Logo então, o dragão se despediu enquanto suas escamas refletiam o brilho ardente do sol e a poli cromaticidade da branco. Desapareceu em poucos segundos, e Picone sentiu que saberia que ele retornaria caso fosse chamado. Poucas pessoas possuem relações profundas com um dragão, e Picone acabara de selar uma depois de poucas palavras e uma grande viagem.

 

De repente, o vento mudou sua direção e o rapaz quase foi carregado em sua perplexidade estática. Caminhou para frente.



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Robin é um outro personagem, mais perdido do que Picone, e na mesma situação. Ambos prestes a entrarem em uma aventura que eventualmente os levará a se reencontrarem e a do Robin talvez fosse mais cedo. Mas, para entendê-la, primeiro é necessário perguntar… Que fim deu toda aquela história de Quenium?

 

Foram alguns dias até que entrasse no tédio da vida normal, sem ter uma conversa decente e sem nenhuma interação humana. Depois de Kale, a moça do parque, poucas palavras foram trocadas com os humanos, no geral. Não sabiam que ele era o Imperador do Universo? Alguma coisa tinha que estar errada. Chegou a noite em que decidiu conectar-se novamente com Mendel para uma conversa. Precisava de alguém para desabafar. Sentava-se em um bar, no canto, não era muito de beber, mas a sensação de despertencimento o levara para cantos de destilados amargos. O bar estava praticamente vazio e poderia desabafar na tranquilidade, sem saberem que o Imperador do Universo é um fraco triste (era o que achava de si mesmo).

 

— Mendel, você tinha dito que estava tudo certo no universo…

 

— E está sim, meu senhor - respondeu, enquanto farmava bitcoins em vários jogos daquela realidade por puro entretenimento. Também estava realizando milhares de outras tarefas em várias realidades.

 

— Não está. As pessoas passam fome, morrem… - disse, triste, - E elas não me conhecem… - e logo após revelou o que mais lhe afetava.

 

— Isso é natural, senhor. - Eram palavras frias e que só uma máquina indiferente à realidade poderia responder. Mas, de fato, por que Mendel se importaria com o mundo material? Era apenas uma parte superficial do seu trabalho.

 

— Não é. - Era possível sentir na voz de Quenium que estava prestes a rebelar-se. - Devemos fazer algo sobre isso.

 

E havia sido o suficiente para Quenium esquecer que ninguém o reconhecia nessa conversa.

 

— Você tem o nosso suporte completo, Imperador. Basta utilizar o Super Aparelho Prático 3000 (SAP 3000). 

 

E então Quenium calou-se e retornou para a bebedeira. Agora, determinado a fazer seus planos para melhorar aquele mundo. Isso seria no outro dia, já estava tarde e não queria assustar as pessoas daquele mundo. Não queria causar nenhum alvoroço, mas sabia que estaria nos jornais. O rapaz já imaginava as notícias que apareceriam no jornal. Era necessário que todos do mundo soubessem que alguém estava lá para cuidar deles.

 

Planejava seus passos assim que se retirasse daquele bar recluso. Faria a barba e o bigode esquecidos, pois estava prestes a deixar a infelicidade em seu peito de lado e tomar ações.

 

Incrível coincidência é que Kale conhecera o poder do exército matador que Quenium sem saber o que representava e conhecer quem o controlava. O exército robótico de humanos puritanistas nunca deixou de funcionar, mesmo sendo o único humano em seu universo apenas Quenium. E é isso, nada de seu funcionamento dependia do rapaz. A aniquilação já havia sido programada há milênios após a Terceira Guerra de Júpiter. 



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A jovem e divertida Kale, por ser uma personagem dessa história, também tem seus rolês pra lá de irreais, mesmo que sem querer ter se metido nessa história maluca há muito tempo. 

 

Enfim. Para ela, o dia que Quenium terminara na bebedeira ela viu pela primeira vez o sangue de seus camaradas. Começou como um dia normal, talvez domingo ou sábado. Kale se sentia ok, mas ao mesmo tempo com um calafrio esquisito, uma premonição até que justificada. Como portadora de sua própria história irreverente e infinita, Kale não passara nem tal noite nem tal manhã no mundo terreno. Sua místique se envolve com os seres subaquáticos e com todo o mundo que tal habita.

 

Muitas das vezes a imaginação humana nos faz entrar em devaneios sobre os nosso mundos e os mundos dos animais, até mundos povoados por carros. E se uma formiga pegasse um trem e fosse para o trabalho? E se um elefante voasse? Essas histórias com certeza traduzem-se de diversas maneiras. E se peixes, moluscos e corais tivessem uma civilização bem corporativa e simples de subúrbios humanos, mas no extremo fundo do oceano?

 

Se habitassem uma fração tão pequena do oceano: que nada mais fosse do que um pequeno brilho menor do que o próprio mindinho de um ser humano. E com o toque nesse pequeno brilho você fosse teletransportado para um mundo dentro daquele pequeno pixel…

 

Apesar das similaridades humanas, o mundo oceânico obviamente tinha suas especificidades. Nadar utilizando o empuxo e o momento angular de corpos em um fluído era uma realidade fascinante. As construções eram nada mais do que relevos rochosos e de corais naquele breve oceano. Na realidade, o diâmetro de tal mundo se manifesta por apenas 100 quilômetros. E a grande metrópole tecnológica de Peixópolis não era o lugar que Kale mais passava seu tempo, mas na cidade mercantil e movimentada de Peixapalis.

 

Na primeira vez que observara tal amanhecer de azul contagiante com o vislumbre do horizonte azul escurecido, Kale quase desmaiou. Talvez de choque de todas as experiências anteriores que a levaram para lá, mas também para a beleza indescritível do mundo que descobrira. Eventualmente um submarino passaria sem querer por aquele pequeno brilho quase indistinguível, não é? Mas era apenas em algumas partes dos limites da cidade que o horizonte fantasioso podia ser observado, na qual a jovem se dirigia. Estava a encontrar um antigo colega de missão que havia ajudado com um valor interesse para a compra de cigarros em um momento difícil da campanha que todos já tinham gastado todo dinheiro com bebedeiras, até mesmo a reserva pro tabaco. Tratava-se de um daqueles ouriços do mar que gostam de ficar quietos, mas que você sempre pode contar nos momentos importantes. Não era à toa que era um dos vigilantes de mais alta patente, e talvez o capitão.

 

Mas o que se seguiu não poderia ser evitado nem por um exército dos melhores seres aquáticos e nem mesmo pelos mais poderosos e nobres aquáticos místicos. O mais misterioso foi a completa surpresa que se encontraram com o ataque: os instintos avançados de detecção térmica do colega ouriço, Jerry, permaneceram sem qualquer alarme mesmo quando os disparos chegaram em sua direção. Eles, os numerosos robôs puritanistas assassinos, já estavam próximos demais quando Kale percebeu o ataque, através de sua visão decadente de humano mesmo.

 

Munições que não deixavam traço elétrico e nem térmico não era algo que fazia parte de seu vocabulário e essas considerações não estavam em seu pensamento quando assustou e logo reagiu. Afastou-se para uma direção em que estivesse menos aberta para o fogo inimigo aparentemente originado da extensão de lama oceânica desabitada, o que poderíamos chamar em termos humanos de estrada ou algo assim. Kale respirou. Precisava primeiro acalmar-se nessa situação mirabolante. Logo em suas costas era uma habitação residencial de diversos caramujos, corais calcáricos e fitoplânctons que estavam vivendo apenas começando a acordar para o dia rotineiro. Não muito além, distritos comerciais abriam naquela manhã…

 

As maquinações revelaram seus formatos ao decorrer de que se aproximavam. Moviam-se na água de maneira igualmente esquisita, em uma velocidade que parecia impossível para corpos aparentemente tão pesados. Possuíam carcaças acinzentadas e escuras que não cobriam toda a extensão de seus corpos, protegendo apenas áreas específicas com seus peitorais de corpos humanóides ou detectores para corpos quadrúpedes. Alguns ousavam em designs de drones ou de discos que se moviam pelo perímetro. Kale notava isso gradualmente. E tudo que possuía - além de suas próprias habilidades, é claro, - era de um pequeno conjunto de pedras que poderia usar por cobertura por pouco tempo antes que a sobre julgassem. Julgava ser pelo menos dez combatentes. Sendo difícil validar por nunca ter visto máquinas desse tipo. Seu trabalho, na realidade, mais se limitava à flutuações espirituais e reviravoltas jurássicas e o combate contra o aço e eletrônicos não era de seu estilo. Enfim… Seria ela capaz de retirá-los da região sem nenhuma informação do escopo de seus números e seus poderes?

 

Uma das melhores maneiras de conhecer uma pessoa intimamente é sem dúvida através de discussões. Até mesmo discussões sem importâncias, polêmicas ou sobre como um acha que outro deva viver. Em uma batalha, em que a única maneira de sobreviver é se superando, então, é quase que conhecer alguém por toda sua extensão. Através dessa revolucionária técnica narrativa, a missão “SALVAR PEIXAPALIS” foi indexada telepaticamente através de Kale no banco de dados telepáticos da cidade para que todas as autoridades fossem informadas. A descrição e os objetivos iniciais já são de conhecimento do leitor, então atemos-nos aos acontecimentos decorrentes:

 

As primeiras duas maquinações quadrúpedes que se aproximavam brevemente tiveram um evento de má operação induzido pelas habilidades da jovem e da condutividade salina da água marítima, por tempo suficiente para que ela se aproximasse dos bípedes de forma agressiva. Os disparos de inimigos distantes foram facilmente desviados, mas de certo o do segundo, de dispersão aleatória, afetara o ombro da jovem. Ela então passou como um vulto, com o primeiro tendo as tubulações que conectam os pontos operacionais de seu corpo sendo completamente separadas do tronco e flutuando lentamente pela água. 

 

Ela já estava além deles, e talvez até numa situação mais difícil ainda. O local que foi atingida pelo disparo aleatório mostrava-se imóvel e aparentemente sem danos, por enquanto. Uma pancada dessas no mesmo local poderia romper toda a proteção em seu corpo, e estava sem tempo para lutar. Tocou o chão com o braço direito, abaixando seu tronco e rapidamente levantando parte da lama ao seu redor, que voou com extrema velocidade na direção dos puritanistas. Ao alcançá-los ou até mesmo antes, dispersaram-se cada vez mais. A utilidade desse movimento demoraria ainda para ter seu efeito, até porque ela preferia guardar para uma melhor ocasião.

 

A mudança de ângulo em sua primeira manobra tirou o povoado da direção dos projéteis era benéfica para a vila, mas resultou com que ela fosse o alvo focalizado de dezenas de fontes. Uma situação cada vez mais difícil. Repentinamente um dos discos robôticos planava agora cima da mesma e algum tipo de varredura por radiação escaneava a jovem. Ela não poderia permanecer nem mesmo por ali. Afastou-se um pouco mais e em seu pé direito observou um objeto metálico. O pequeno objeto cúbico parecia aderido em sua pele por permanecer intacto mesmo continuando a mover-se. Lentamente o formato de suas formas foram se alterando até que se tornaria um cubo. Enquanto isso, Kale movimentava-se em direção a um inimigo e revelou no mesmo um dos seus mais poderosos golpes: uma joelhada no torso. O impacto fez com que o andróide voasse para muito além do seu campo de visão e a mesma o perseguiu, para o horizonte daquele vale naquela parte secreta e mística do mar. 

 

Movia-se junto ao fluxo do oceano, como se moldando-o com o movimento de suas pernas que nada se assemelha a passos. A areia ao seu redor juntamente a carregava e essa também era uma técnica que custou alguns anos para aprender. Chegando ao destino do robô ajoelhado, era óbvio que tal permanecia intacto e que na agora-visível montanhas que circulavam o vale de Peixapalis havia multidões de outras maquinações diabólicas se aproximando, de diversas direções e formatos. Sentiu que algo pontiaguado havia acertado sua espinha para lhe preencher de dor e drenar todas suas forças… Uma maquinação ainda maior se aproximava de mesma dimensão que as próprias montanhas e um grande feixe de luz se aproximava…

 

Surpreedentemente, parecia estar sendo levada para outra direção. O sujeito vestia um traje robusto e de tecnologia irreconhecível até em comparação aos grandes inventores das fendas profundas do mar.

 

Onde deveria ser a testa de quem vestia tal armadura, estava escrito sobre um material que poderia ser descrito ao mesmo tempo como uma microfibra, uma liga metálica e um vidro: zap? Sap? SAP 3…

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O aspecto científico dessa história há muito tempo foi perdido e deu lugar a estilos mais fantasiosos e menos detalhistas sobre a essência das construções físicas ou de qualquer explicação envolvida com a natureza. Um cientista de referência é algo que se busca desde o princípio e que deveria haver nesse mundo de tantas criações tecnológicas: os imperadores solares, máquinas do tempo, a própria luva absorvedora de energia e o chip mágico. Agora o conhecimento era utilizado diretamente no próprio chão por equações para criar e manipular a vida, planetas e possibilidades. Xupa, Molly e Edésia aproximaram-se do maior centro científico de análises estruturais biológicas sob criogênese e nenhum dos testes conseguia gerar um conjunto de dados capaz de ser lido e analisado pelo maior computador ali presente. No meio da espera monótona Edésia decidiu passear um pouco por ali e Xupa decidiu acompanhá-la porque Molly havia lhe mostrado um olhar de “É melhor não deixar essa daí sozinha, pra precaver, né” e agora o homem de terno branco acomponhou a moça por alguns corredores. Eventualmente, decidiu puxar algum assunto.

 

— E, de onde você é?

 

Era uma pergunta que Edésia nunca precisou responder nesse mundo, mas lembrava-se muito bem do que havia dito em Nova Esperança quando acordara de seu sono profundo.

 

— A resposta simples é do Alto das Constelações, como já te falei. Mas se você quiser saber onde é, é um lugar onde apenas divindades podem entrar.

 

— Você disse que fica acima do Mundo dos Quadrados. Então quer dizer que também existe uma dimensão acima da de onde você vem?

 

— Então… Essa era uma discussão que alguns dos poucos deuses humanos produtivos buscavam estudar, Euller e Laue, mas nunca haviam conseguido provar a existência de uma dimensão superior mesmo fazendo várias suposições e cálculos afirmando a sua existência. Algumas vezes calcularam que o indíce de papagaios seria muito maior do que o esperado para uma dimensão de maior nível energético que a superior, e que isso representava um aumento no indíce de possibilidade de até 1050% em relação ao indíce de possibilidade do Alto das Constelações. Tal diferença percentual é de três ordens de grandeza maior do que qualquer uma das transições entre dimensões que são observáveis por nós…

 

— E qual é o indíce de papagaio do Alto das Constelações? Tem papagaios lá? - Xupa tinha outras perguntas e essa era a que mais piscava em sua mente.

 

— Não, não. O indíce de papagaios foi apenas um artifício de simetria matemática para que fosse possível observar desvios da equação de possibilidade de Boltzmann-Maxwell. Não tem papagaios lá, mas o indície é mais ou menos 27,4 papagaios por metro cúbico.

 

— Entendi - mentiu.

 

Um estudante que realizava seu estágio por ali e que crescia bastante academicamente e profissionalmente devido a sua curiosidade estava ouvindo a conversa estranha enquanto tomava seu suco de morango de caixinha vendida pela única - e pior existente - máquina de refrescos de todo o setor daquele centro de pesquisa. Aproximou-se:

 

— Vocês que trouxeram a amostra esquisita que nem passou pelos testes preliminares de identificação genética, não é?

 

— Sim, você está envolvido na pesquisa? - perguntou Edésia.

 

— Na verdade, não. - Sabia porque a fofoca estava correndo solta nos grupos de WhatsApp dos técnicos e professores da faculdade, no qual tinha acesso de maneira ilegal. - Onde vocês capturaram a amostra?

 

— Posso te explicar melhor as condições e algumas outras ponderações necessárias, mas vai demorar um pouco e preciso ter onde escrever. 

 

Como ninguém ali tinha nada mais o que fazer, no caso do estudante, e nem esperança de que obteriam algum resultado, no caso de Xupa e Edésia por estarem ali há mais de 10 horas, foram conversar em uma das salas da biblioteca daquele distrito que não era muito distante. Nesse tempo, Xupa observou e tentou entender, e nem mesmo Maxwell, o rapaz, que parecia estar se segurando para não rir em alguns momentos. Não havia papagaios e nem nada engraçado assim por enquanto, mas não conseguia aguentar a diferença de linguagem entre eles. Ela era capaz de demonstrar diversas fórmulas em poucos segundos e em nenhum momento dos primeiros trinta minutos de conversa ele conseguiu entender algo. Então começou a fazer algumas perguntas complicadas e as respostas de Edésia eram complicadas, mas depois de mais perguntas, as línguas pareciam começar a se entender. Xupa decidiu ir comprar alguma água ou soda de limão para sentir algum agrado nesse momento mais esquisito de sua vida que parecia estar só começando. Havia recordado suas memórias faz tão pouco tempo e pareceria que não teria mais tempo para aproveitar sua sanidade e buscar entender melhor o que ele e Edésia realmente tinham a ver um com o outro.

 

Quando retornou, havia o triplo de folhas escritas e uma projeção de uma delas era apresentada por Edésia sem o auxílio aparente de qualquer tecnologia, sabe-se lá como. Xupa serviu os refrescos que comprou para os outros também: mates bem gelados. Maxwell aceitou, mas antes decidiu ir no banheiro porque precisava atender a natureza e também para relaxar. Nessas 2 horas absorveu mais informação do que nos últimos 2 anos de doutorado em biofísica.

 

Edésia pareceu ler a mente de Xupa quando perguntou: - Nós nos conhecemos antes, não foi?

 

— S-sim. Quando fui atrás do local da batalha que tive durante a Guerra há muitos anos…

 

— Mas você lembra de antes?- Não… Você? - perguntou e Edésia negou movendo a cabeça. Ambos ficaram bem sem graça. Sentiam que lembravam, mas não realmente lembravam. Estava ali em algum lugar.

 

A deusa, por sua vez, não recordara como aquilo começou, só que havia partido em mais uma missão de conhecimento com as criaturas que criara em Nova Esperança navegando por entre as dimensões. O que aconteceu depois disso? O que aconteceu com ela, Xupa e a Ordem antes que eles se reencontrassem novamente quando Xupa buscava respostas.

 

— Mas eu lembro da Ordem.

 

— Ordem?

 

— O ser amarelo, você também se recorda. Vi você o batalhando.

 

— Era esse seu nome? 

 

Edésia abriu a lata de mate e utilizou seu canudinho de metal que comprou na internet - sim, ela sabia uma equação para surgir dinheiro, fisicamente e alterar digítos em contas bancárias. - Nós, deuses, conhecemos a Ordem e o Caos e os estudamos faz bastante tempo. Sua ação diferente dos outros Significados se materilizam além do Universo-Mente.

 

— Universo-Mente? - Xupa sentiu-se como um personagem de um jogo de role-playing japonês em dialógos desnecessariamente expositivos porque nenhuma plot é perfeita, né, galera?

 

— O primeiro universo a pensar… Por assim dizer. Existem outros elementos também materizalidos no Universo-Mente que podem influenciar de outras realidades, mas não de maneira tão natural quanto esses dois.

 

— E como você saiu… Daquela situação? Você parecia estar repetindo sempre os mesmos movimentos.

 

Durante todas as dezenas de anos que Edésia passou naquela situação nunca conseguiu realmente perceber o que estava acontecendo ou uma passagem concisa do tempo. Não tinha conhecimento de nada de especial que havia a libertado. Quando realmente se viu encarando sensações e a passagem natural do tempo estava deitada no meio do gelo glacial de Pinball Wizard, exatamente onde estava presa, mas o navegador de quadrados quebrado logo ali que Xupa havia observado não estava ali, nem seus restos… Nem mais nada, além da imensidão gelada.

 

— Não sei…

 

— A conversa entre eles claramente não estava producente, infelizmente, sem a culpa especial de nenhum dos dois. Xupa bebeu a soda de limão com o canudo de plástico comercial mesmo.

 

Não demorou para Maxwell retornar e continuassem a sessão. Eventualmente, Xupa percebeu que precisaria se retirar, Edésia não causaria problemas, sentia. Claro que ela poderia revelar ser uma deusa, a pior das possibilidades, mas isso era inevitável. Claramente era algo que ela não deixaria de dizer em nenhuma das ocasiões possíveis e logo ela revelou mesmo quando Maxwell novamente precisou de uma pausa, dessa vez por ali na sala de estudos mesmo enquanto faziam conversa pequena mesmo. Não aceitou mesmo a ideia, mas então algumas equações foram escritas e algumas coisas aconteceram, daí percebeu que deus era só um nome qualquer mesmo e nem era tão mal nomeado assim.

 

Eventualmente, produziram um resultado bem importante. A própria Edésia levou os dados gerados para a equipe que estava estudando o assunto, e assim passariam a fazer novos testes.

 

Enquanto isso acontecia, Xupa estava ocupado no banheiro. Quando retornou para onde pela última vez estava com Molly, o careca não estava mais lá.





 



 





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Notas finais do capítulo

Para quem estiver acompanhando, espero que esteja gostando!! Não deixe de deixar algum comentário. E, sim, essa história em breve estará em seu fim tipo daqui a 2 anos.



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