The Chosen escrita por Little Crazy


Capítulo 11
Reunion


Notas iniciais do capítulo

Oláááá! Voltei! Falei que ficaria fora por um tempo, provas, trabalhos, aulas... Enfim. Queria agradecer a quem comentou, o que foi pouco mas tudo bem. Esse capítulo ficou bem grande, mas prometo deixar eles com no maximo 3.000 a partir de agora, se não fica muito cansativo. Até a proxima beijos. Ah e quem acha legal o Peter com ciúmes, vai gostar desse capitulo.



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No capítulo anterior…

–Eu beijei o Gus

–Eu beijei seu pai

Encaramo-nos surpresas e dissemos:

–O quê?!

______

Lauren Vega

Pisquei atônita duas vezes, quer dizer, que é só eu dar as costas e esses dois começam a se pegar?

Mamãe sorriu para mim e a encarei, incrédula.

–Vocês já se pegaram?! –perguntei um pouco alto, logo colocando a mão na boca- Desculpe –dei um sorriso amarelo.

Alexia me olhou séria e cruzou os braços, de forma irônica.

–Olha quem fala, com certeza fui eu que beijei meu melhor amigo, não é mesmo? – indagou erguendo uma sobrancelha e deu um sorriso debochado- Deixa só seu pai saber…

–Mãe! –repreendi levemente corada- Você não vai fazer isso!

Ela deu uma gargalhada gostosa e me abraçou, sorri, receber um abraço da minha mãe sempre foi bom, mas desta vez foi bem melhor. Não sei se era a felicidade por estar aqui com ela, pelo meu beijo com Gus ou porque ela tinha beijado meu pai. Só sei que era mágico e eu estava amando

–Vamos pro meu chalé, você vai me contar direitinho essa história, ouviu mocinha? –disse mamãe andando comigo

–Tá mãe –disse- Mas você também vai me contar tudinho com detalhes ok? –perguntei debochada- Onde já se viu? velha e pegando menino por aí –brinquei

–Como é que é Lauren Vega? –repreendeu mamãe colocando as duas mãos na cintura e fingindo uma expressão brava- Velha é a sua… avó!

Gargalhamos e eu fiz sinal para que ela se acalmasse

–Relaxa vovó… Você tá nova ainda –brinquei novamente, ela me deu um tapa fraco no braço e riu- Ai, tá bom mulher.

–Para de graça Lauren –disse mamãe revirando os olhos e sorrindo- Vamos logo. E a proposito, não sou eu a velha pegando menino tá? Seu pai que é velho e está pegando uma mulher mais nova, sendo que tem quase 90 anos.

–Ai mãe –disse- Ok, você não é velha, apenas uma senhora de quase meia idade –ri e me preparei pra correr

–Lauren! –disse mamãe batendo o pé e correndo atrás de mim

Soltei uma gargalhada e rumei para o chalé 13

*****

Após uma longa conversa com a mamãe sobre nossa maravilhosa noite, acabamos dormindo. Hoje pela manhã, eu tive um sonho bastante esquisito. Não parecia ser algo concreto, nem real. Minha mãe já me contou sobre os sonhos que ela tinha, pelo que falou, nem metade deles aconteceram, porém sempre estavam associados aos medos que ela sentia e de certa forma aconteceram. Só que nunca igual ao sonho de fato. Ah é confuso.

Meu sonho começou comigo no castelo de Hecate, eu corria pelos corredores, mas sempre eram iguais e eu parecia andar em círculos. Depois eu estava em uma floresta com Gus, Becca e brasileiro, aparentemente, estávamos andando há dias, e Augustus parecia irritado, e nesse momento vimos uma cabana caindo aos pedaços. O sonho mudou e eu estava correndo pelas ruas de alguma cidade que não conheço, era pacata e parecia ser praiana, dobrei em uma esquina e encontrei Albert e Becca, voltamos a correr e o sonho mudou novamente. Estava sentada em um trono no castelo, ao lado de Augustus, vestíamos roupas lindas e medievais, parecíamos dois reis, porém meu cabelo não era castanho. Era loiro, e uma mulher estava ajoelhada na minha frente, ela tinha os cabelos cortados em um corte mal feito, suas roupas estavam sujas e ela também. Augustus disse alguma coisa que não pude ouvir e a mulher ergueu a cabeça. Nesse momento eu despertei, não consegui ver o rosto dela, mas me parecia muito familiar.

Sentei-me assustada na cama, minha mãe dormia em um sono profundo, pisquei algumas vezes e respirei fundo, esse sonho tinha sido louco demais. Eu tinha uma sensação ruim em meu peito, como se algo ruim fosse acontecer.

Levantei-me e tomei um banho rápido, troquei de roupa e saí. Andei até o pavilhão, queria procurar meu pai. Mas na verdade eu queria mesmo era poder ver Augustus nem que fosse de longe, estava com medo de que ele estivesse estranho comigo.

Infelizmente não vi ele, entrei no pavilhão e corri rapidamente meus olhos pelo salão, ainda tinha esperanças de vê-lo lá. Porém nada encontrei, andei até a mesa do chalé 11, Gabe e Michel conversavam animadamente com uma garota, ela parecia entediada com a conversa.

Sentei-me perto de Gabe, ele virou-se e me encarou. O encarei de volta e o mesmo semicerrou os olhos, Michel se juntou a ele e os dois continuaram me encarando.

–Certo, o que tem no meu rosto? –perguntei, eles continuaram a me encarar- O que eu fiz? –ok, esses dois estão me irritando- Parem!

Eles caíram na gargalhada e eu os fitei com raiva. A garota que estava conversando com eles anteriormente revirou os olhos e me olhou

–Relaxa, eles estão encarando várias pessoas –comunicou olhando com desdém para eles- Coisa de retardado- ela disse balançando a cabeça e dando um sorriso de lado- Prazer, Tasha Young –sorriu amplamente

–Ah eles me falaram sobre você –disse sorrindo- Lauren Vega

–É, você está bem conhecida aqui –ela sorriu tímida- Becca me contou sobre você, durante a aula de grego antigo.

Sorrimos, passamos o almoço todo conversando. Quando terminamos, Becca apareceu como um furacão na mesa, se jogando por cima dos elfos e sentando-se entre eles.

–Lauren Vega, onde você se meteu? –perguntou a mesma toda arrepiada- Te procurei por horas, Andrew até me ajudou. Desembucha, quero detalhes sórdidos, com quem você ficou?

Os elfos se entreolharam e sorriram maliciosamente, ela estreitou os olhos e ergueu uma sobrancelha. Engoli em seco e abri a boca para falar mas…

–Lauren! –chamou meu pai, no canto da mesa- Poderia vir aqui um instante?

Suspirei aliviada e levantei-me

–Conversamos depois –disse com um sorriso amarelo, Becca fitou-me por uns instantes e levantou-se

–Vejo você na aula de grego antigo –avisou e saiu batendo o pé

Dei um tchau tímido para os demais e andei calmamente até Peter, ele me olhou da cabeça aos pés e sorriu

–Imagino que tenha perguntas a me fazer…-começou- mas vou logo dizendo, eu não falarei nada. Portanto tire logo esse bico do rosto –disse apontando para minha boca, só aí que percebi o biquinho que havia feito involuntariamente.

–Rum –resmunguei- Vou fazer perguntas mesmo assim e o senhor sabe –enfatizei o “mesmo assim” – Mas antes quero sair daqui

Puxei-o pela mão até um banco que tinha fora do pavilhão, em frente a uma árvore. Sentamo-nos e o encarei

–Que foi ? –perguntou com um sorriso debochado- Já disse não vou contar nada –ergueu uma sobrancelha sarcástica- Vai ficar na vontade amorzinho.

–Primeiro: Só não vou insistir mais, por que já fiz isso com a mamãe. Segundo: Um dia eu arranco isso de você. E terceiro: Você é chato –disse erguendo as sobrancelhas e cruzando os braços

Papai pôs as mãos no rosto e riu pelo nariz, retirou-as e me encarou sorrindo, umedeceu os lábios e ergui uma sobrancelha.

–O que foi? –perguntei intrigada

–Vocês duas são muito parecidas, até mesmo a forma de fazer birra –comentou com os olhos brilhando, ai coitado, papai está apaixonado.

–Gente apaixonada é tudo, né pai? –brinquei, ele revirou os olhos e mostrou língua- Mas sim, qual o motivo de ter me chamado para conversar?

Ele ficou tenso por um instante e arrumou a postura, me encarou e respirou fundo

–Estou indo para uma reunião no Olimpo- avisou- E queria me despedir, caso eles me obriguem a ficar por lá –disse com um semblante triste

Um soco atingiu meu peito, logo agora que tudo estava ficando direito? Meu pai não pode ir embora assim. Ele e minha mãe precisam estar perto de mim, eles precisam ficar juntos!

–Como assim?! –exclamei- O senhor precisa ficar, eu preciso de você! –o abracei, ele retribuiu e fez carinho nos meus cabelos

–Eu sei joaninha, eu sei… Tenho certeza que minha mãe fará de tudo para eu continuar com vocês –sussurrou

Adorei a forma como ele disse vocês, eu e minha mãe, espero.

–Vocês? –perguntei sorrindo contra seu peito

–Você –disse rapidamente- Eu disse você.

–Vocês –digo- O senhor disse vocês.

–Ah pirralha não começa –resmungou

Sorri e dei um beijo em sua bochecha, ele levantou-se e me encarou pensativo

–Onde está sua mãe? –perguntou um pouco nervoso e olhando para os lados- Preciso conversar com ela

Deixei um sorriso debochado escapar de meus lábios e ergui uma sobrancelha, ele revirou os olhos sorrindo e bagunçou meus cabelos, ri e arrumei-os novamente.

–Estava dormindo, mas acho que já acordou –respondi, levantando e cruzando os braços- Por quê? O que vocês querem conversar?

–Enxerida você, não?

–Nem um pouco, fale logo –pedi revirando os olhos

–É sobre a reunião. Queria conversar algo sério com ela, coisa de adulto –resmungou colocando as mãos nos bolsos e parecendo atordoado.

–Odeio isso, odeio. Vocês escondem tudo de mim –fiz birra cruzando os braços- Vá atrás dela, ela tá no chalé. Não quero saber mais o motivo da conversa –finalizei irritada

Meu pai me encarou com pena, parecia travar uma luta interna, até que suspirou e me puxou para um abraço

–Desculpe joaninha, sua mãe não quer que você saiba –beijou minha testa- Estava indo conversar com ela sobre isso, eu sinto que devemos lhe contar. Mas não é uma decisão apenas minha –desculpou-se

–Tudo bem pai, eu só estou cansada –desabafei- Minha infância toda foi uma mentira, um pai falso, um sequestro falso… era tudo falso, e isso me deixou irritada. Só queria que vocês parecem de me esconder as coisas, que me contassem do namoro de vocês, de como se separam, das escolhas que tiveram. Só isso, mas parece ser impossível –suspirei

Senti a respiração pesada dele contra minha bochecha, parecia se sentir culpado.

–Desculpe –pedi- Só…é que isso estava preso aqui

–Tudo bem –disse ele- Quando voltar, nós conversamos… se eu voltar- sussurrou

–Te amo –disse abraçando-o

–Eu também filha –disse me dando um beijo na bochecha, ergueu o dedo mindinho e sorriu- Juntos até o fim?

–Além do fim –sorri

*****

Peter

As palavras de Lauren me atingiram como uma facada, ela tinha razão. Precisávamos contar a verdade, ela merecia isso. Eu tinha medo de expor nosso passado e acabarmos perdendo ela, por causa de nossos erros…

Bati na porta do chalé 13, e suspirei, Alexia precisava contar a verdade, precisávamos contar sobre a missão e a profecia. A porta se abriu e um Nico sonolento me encarou.

–Peter? –perguntou coçando os olhos- O que faz aqui? Como conseguiu fugir? –parecia mais assustado agora

–Achei que você morasse no mundo inferior –disse- Pensei que de lá, pudesse ver a vida de todos.

–E dá, só que estava no mundo mortal esses meses –disse me dando passagem para entrar- por isso voltei, aquilo lá está uma loucura, você nem imagina –resmungou

Um frio percorreu minha espinha, Albert estava no mundo mortal.

–Como assim? –perguntei com a voz tremula

–Isso mesmo, monstros voltando a vida… Deuses que deixaram de fazer seus trabalhos… é uma coisa confusa.

–Monstros voltando a vida? –perguntei- Como assim? Como nas portas da morte?

–Talvez, Bob foi olhar o tártaro a pedido de meu pai, mais parece que elas continuam fechadas, nenhum exercito sendo formado, nada –disse ele- Por isso vim pra o mundo mortal, papai acha que tem algo haver com Hecate, mas pelo que observei, ela está quieta, apenas fazendo as merdas de sempre. Como sequestrar semideuses aleatórios, mas tem algo errado – suspirou- Algo muito errado…

Meu coração apertou, algo muito errado. Sinto que o futuro de Lauren se aproxima, e agora mais do que nunca preciso conversar com Alexia.

–Entendo… E eu sinto que uma guerra se aproxima –falei baixinho- Quando monstros estão voltando a vida, só pode significar isso. Foi o que aconteceu da última vez…

Nico suspirou e bocejou

–Não sei cara. Cheguei aqui cinco da manhã, preciso descansar –comentou- Alias, o que você faz aqui?

–Ér… preciso falar com a Lexi –disse nervoso e passando as mãos nos cabelos- Ela está?

–Isso nunca acaba bem… -resmungou- Não sei não cara, acho que sim. Como disse chaguei às cinco da manhã, e sinceramente? Isso foi o máximo de conversa que quero pela manhã. Sobe lá, até mais

Nico andou em direção ao quarto e fechou a porta. Sempre muito simpático…

Subi as escadas e bati na porta do quarto de Alexia. Nada, bati novamente e escutei o barulho de uma porta se abrindo, uma chave destrancando a porta…E uma Alexia apenas de toalha e cabelos molhados aparecendo na porta, ela arregalou os olhos e fechou a porta

–Alexia –chamei- Abre essa porta –pedi

–To só de toalha! –gritou

–E daí? –perguntei- Quero conversar, não lhe atacar

Na verdade, eu bem que podia lhe ver sem toalha e matarmos a saudade… Meu subconsciente safado falou. Sorri com o pensamento e a porta se abriu

– O que você quer? –perguntou séria e vestida com um um top preto, uma blusa cinza, e um short preto. Seus cabelos estavam molhados e ela os secava com a toalha

–Preferia você com o outro look –disse entrando no quarto e sentando na cama, ela me olhou incrédula e colocou as mãos na cintura- O que foi?

–Sai do meu quarto –disse corada- Agora!

–Não, eu preciso falar com você –disse sério- É sobre a profecia.

Ela ficou aliviada e logo tensa. Contraiu os lábios e fechou a porta, encostando-se na mesmo logo em seguida.

–Já disse que Lauren não vai mexer nela, não agora –disse séria e me encarando- Não vou perder minha filha novamente.

–Lexi… ela precisa –insisti- Seu irmão está aqui, converse com ele mais tarde, talvez mude de ideia –digo- Eu tenho uma reunião no Olimpo, não sei se voltarei. Zeus deve estar querendo minha cabeça, e meu pai dará um jeito de ele ter o que quer…

–Sua mãe vai lhe ajudar, como sempre faz –disse- Talvez até mesmo Hera lhe ajude –concluiu

–Eu sei, mas é uma coisa que pode ou não acontecer. E eu preciso que você pense na possibilidade de mostrar a profecia a Lauren, quem sabe eles me deixem ficar se for para isso. No momento, o único lugar seguro é aqui, eles reforçaram a barreira e… enfim, eu sei que é perigoso, mas Lauren precisa começar a se preparar para o que está por vir, precisa aprender a sobreviver –disse

Ela engoliu em seco e bateu o pé

–Peter –disse com os olhos cheios de lágrimas- Minha filha é tão nova e já vai precisar entrar em missões… isso é torturante para mim –disse ela

Andei até Lexi e a abracei, afagando seus cabelos. Isso está sendo torturante para mim também, acredite meu amor…

–Eu sei Lexi, mas… é isso que os deuses pensam –disse relutante- Também não queria manda-la assim, mas vai ser preciso

–Os deuses não, Zeus. Ele que faz isso –disse ela- Já perdeu a filha uma vez por isso…

–Mas Thalia continuou viva –retruquei

–Em forma de pinheiro, nossa ótima vida essa.

–Esquece isso, só pense no que eu disse- pedi- Preciso ir, já estou atrasado.

Ela assentiu e se afastou, a encarei por uns instantes, queria correr até ela e abraça-la, beijá-la, senti-la por uma última vez…

–Bom.. então –comecei- Até mais, eu acho…

–É… boa sorte –disse Lexi mordendo o lábio inferior- Vou pensar no assunto, conversar com Nico…

–Faça isso –assenti- Adeus…

–A –ela arfou- A...A-Adeus

Dei um meio sorriso e abri a porta, uma pequena mão me puxou, olhei para trás e Lexi estava com os olhos marejados

–Promete que vai voltar –pediu- Lauren precisa de você

–Lauren –perguntei

–Nós, nós precisamos de você –disse ela me abraçando

Retribui o abraço e afaguei seus cabelos. Por que não podemos voltar no tempo? Queria poder continuar sendo namorado dela, iria desistir da imortalidade, ajudaria ela a cuidar de Lauren, seria maravilhoso. Mas não, eu precisava fazer besteira.

Ela ergueu o olhar para mim e seus olhos transmitiam dor, a olhei com pena.

–Eu prometo tentar voltar –sussurrei em seu ouvido.

Passei meu nariz pelo seu pescoço, trilhando um caminho até a ponta de seu nariz. Minhas mãos foram até meu rosto e os acariciei com a ponta dos dedos, Lexi fechou os olhos e segurou minhas mãos.

–Você sempre volta para minha vida –sussurrou com os olhos fechados- De uma forma ou de outra…

–É que quando duas pessoas foram feitas uma para outra –digo baixinho em seu ouvido, enquanto beijo o seu pescoço- É difícil se manterem afastadas. Isso é pura lei de Afrodite –sorrio

Deposito um beijo em seus lábios, que estão formados em um sorriso. Mas resolvo não passar disto. É como um último carinho, caso eu não volte.

–Diga que vai voltar –pede ao meu ouvido- Não suportarei viver sem você e Lauren…

–Eu voltarei –prometi- De uma forma ou de outra.

Ela assentiu e deu-me um selinho

–Agora vá, e não deixe Zeus lhe matar –sorriu

******

Caminhei pelos campos do Olimpo, vários espíritos da natureza e deuses menores me observavam e comentavam entre si. Não podia culpa-los, afinal, me conheciam como Peter, o fruto de uma traição, aquele que fez merda e sumiu por algum motivo ou aquele que pertence a uma profecia, e largou uma mulher carregando um filho seu, só para se esquentar nos lençóis de Hecate. Acreditem, eu ouvi coisas desse tipo, principalmente quando precisava fazer alguns serviços para Hecate fora do castelo.

Subi lentamente as escadas do Olimpo, onde iria para a sala dos tronos. Passei pelo enorme arco e suspirei.

O palácio dos deuses era como um hotel, tinha a recepção, área de lazer, salão de festas, área de serviço e por fim os quartos. Cada deus tinha o seu, assim como tinham os templos, ah não posso me esquecer do local em que mais frequentei desde que conheci Alexia: a sala dos tronos.

Entrei em um corredor reto, ao fim dele havia uma enorme porta. Respirei fundo e ela se abriu, todos os 12 deuses estavam ali, eles viraram-se e me encararam, alguns surpresos, outros sem expressão, alguns sorrindo como Apolo, Hermes e minha mãe, ou no caso do meu pai me fitando com desprezo.

Engoli em seco e entrei.

–Está atrasado –disse Zeus me observando sério

–Ele nunca tem responsabilidades meu pai –disse Ares sério e voltando o olhar para o soberano dos deuses.

–Ao contrario do que pensa, Ares –disse com petulância- Eu estava resolvendo uma coisa importante.

–O que? –perguntou com escarnio- A próxima merda que vai fazer? Ou a próxima fuga para fugir dos problemas?

Fitei-o com ódio. Não entendo o motivo para me odiar tanto.

–Ares! –repreendeu Afrodite, minha mãe- É bom vê-lo novamente querido –sorriu amorosamente para mim.

–É bom vê-la também mãe

–Sente-se –disse Zeus apontando para um trono enorme em frente ao enorme relógio que marcava as horas, meses e dias para o próximo solstício.

Desci a pequena escada que tinha e logo mudei de tamanho, agora estava com cinco metros de altura, sentei-me no trono e relaxei por um instante

–Sim ? –perguntei- Creio que vocês estejam querendo detalhes, sobre a minha decisão, os planos que Hecate arma, suas fraquezas…

–Obviamente –disse Zeus sorrindo de lado- E então… por onde vocês querem começar? –perguntou aos outros deuses presentes

Eles se entreolharam e deixaram que Atena falasse, ela pigarreou e disse:

–Conte sobre sua decisão de mudar para o lado inimigo.

Suspirei

–Bom…Como sabem, Claire foi muito importante na minha vida, quando morreu…ela carregava um filho meu –travei, era difícil falar sobre aquilo- E quando recebi o castigo para ficar no lugar de Dionísio no acampamento, acabei me apaixonando por Alexia. Meu amor por ela foi maior que… tudo, cheguei a pensar em desistir da imortalidade por ela. Mas então… Hecate começou a agir, no dia do aniversario de Alexia, ela me chamou para um conversa, contou-me sobre a visita que fez ao mundo inferior, e que Claire havia perguntado sobre eu, ela contou da minha nova paixão… aquilo me abalou, e então vi Alexia, e esqueci do mundo. Tivemos uma noite maravilhosa, e no outro dia resolvi contar a ela sobre Claire, só que… na mesma noite, Hecate fez com que eu visse Claire em Lindsay, uma filha de Afrodite –respirei fundo, e olhei para minha mãe, eu tinha a garganta ardendo. Não podia chorar aqui- E acabamos…indo para a cama, foi quando Lexi viu e… me largou, alguns dias depois ela retornou ao acampamento, acompanhada de Alex. Acabamos nos envolvendo novamente e meu castigo tinha chegado ao fim, vocês exigiam que eu voltasse. Tive de deixa-la, e duas noites depois, Hecate me visitou, eu estava acabado, sentia falta de Alexia e com o tempo comecei a me sentir só e sentir falta de Claire também. Ela me disse que poderia trazer Claire de volta, que eu poderia viver ao lado dela para sempre. Eu resisti, queria continuar com Alexia mas depois de algumas semanas, percebi o quanto ela estava melhor sem mim, ela tinha começado a namorar Alex, pareciam felizes. O ciúme me dominou, estava cego de ódio e foi quando procurei Hecate. Ela me disse que eu podia começar a ajuda-la no plano para trazer Claire de volta… E aceitei, precisava preencher o rombo que Lexi havia deixado…

E então começamos a trabalhar em formas de trazer Claire inteira, mas percebemos que era impossível. Por que ou era a alma ou o corpo, e optei pelo corpo, Hecate foi até o local onde o pai de Claire a enterrou, em Chicago, não sei como ela fez, mas trouxe o corpo dela, estava em um estado deplorável, afinal já estava morto e podia ver os ossos para fora de sua pele, Hecate demorou um dia para reconstruí-lo, e eu já tinha o corpo da minha ruiva. Eu por um tempo tinha parado de pensar em Alexia, mas depois de um mês, percebi que aquilo não bastava, precisava da minha filha de Hades. E chegou o natal, fomos ao mundo inferior e acabei descobrindo que ela estava grávida, tivemos uma briga –fechei os olhos tentando esquecer- Ela me disse que era do Alex…e…meu mundo desabou, aquilo era o futuro que sonhei para nós, juntos, com filhos e felizes. Alex roubou isso de mim, passei meses fortificando aquele ódio, ainda não havia ido embora do Olimpo e descobri que Lauren tinha nascido… fui até o hospital, vi os dois dentro de uma sala com a bebê, Lexi parecia flutuar de tanta felicidade, e Alex sorria feito um bobo, eu tinha esperanças de que a criança fosse minha filha, por isso pedi a Hefesto que fizesse um pulseira par dar de presente à pequena, Hecate a enfeitiçou para que não arrebentasse caso fosse minha filha, e isso aconteceu. Descobri que Lauren era minha filha no dia do aniversario de Lexi.

A pulseira continuava no pulso da pequena, eu estava feliz. Porém a essa altura do campeonato, já tinha descoberto a profecia, e precisava me afastar delas, comecei a procura-la pelo castelo, esse foi o grande motivo de ter passado tanto tempo, mas... Eu e Hecate tínhamos começado o processo de recuperação da alma, eu tinha perdido a noção, achava que aquilo funcionaria… só que não funcionou e Hecate ficou fraca demais, demoramos meses para tentar novamente. Achei que ela estivesse me ajudando, mas percebi a monstra que ela era.

E então os anos se passaram, Lauren cresceu e descobri que ela seria raptada, avisei-os, mas não foi o suficiente… Ouvi minha filha sofrendo torturas, os gritos dela ecoavam em minha mente, me prenderam em um calabouço e fui obrigado a escutar as suplicias dela… o tempo passou e ela foi raptada de vez. Bolamos um plano para tira-la de lá, mas… -fechei os olhos- Alexia descobriu que estava grávida, não podia resgatar Lauren. E então os anos se passaram, foi bom e ruim, bom porque convivi com minha filha eu e ela desenvolvemos um laço forte de amor e amizade, mas ruim porque ela precisou crescer rápido demais, aos 13 anos teve de matar cinco pessoas, para salvar a melhor amiga –disse cerrando os punhos, vi minha mãe com lágrimas nos olhos, todos escutavam em profundo silêncio- Lauren se tornou fria, um criança amável e carinhosa, mas fria. Ela desenvolveu um lado sombrio que às vezes me dá até medo, Hecate influenciou demais na vida dela.

Mas foi bom, Lauren luta melhor do que muitos de sua idade, sabe como controlar as emoções, virou uma verdadeira guerreira, mas tenho medo que isso a prejudique no futuro. E algumas semanas atrás ela conseguiu fugir com Augustus, vocês já devem saber como ocorreu. E eu descobri sobre as profecias, pensei em continuar no castelo para tentar encontrar pistas. Só que percebi no quanto de tempo havia perdido dessa busca… E agora, minha filha terá que sair em uma missão para encontra-las e o que mais me dói, é saber que isso será impossível. Se ela não morrer antes de encontra-las, morrerá após descobrir… Hecate fará isso… -finalizei

Hermes assobiou tenso, todos se remexeram desconfortáveis, por um segundo pude perceber no rosto de meu pai, uma ponta de culpa. Zeus se arrumou no trono e me encarou

–Isso tudo é verdade? –perguntou

–Sim –respondi firme

–Creio que devemos repensar nos castigos que pensamos… -disse Zeus relutante- Estamos diante de tempos difíceis e delicados. Não acredito que vou falar isso mas… Você deve ser perdoado –disse com os olhos baixos e relutante ainda

Suspirei aliviado, aquilo era como músicas para meus ouvidos, significava que não estava tão frito quanto pensei.

–Você se mostrou um pai fiel –disse Hera- Mas demonstrou fraqueza ao acreditar em uma possibilidade impossível –disse dura

–Não tão impossível –disse Hermes- Se ela conseguiu reconstruir o corpo, significa que pode muito bem ter chegado bem perto de reconstruir a alma. Isso não é fácil, não da forma que pensamos.

–Hermes tem razão –disse Atena- Ela é perigosa, disso já sabemos, mas tem algo além. Para ela conseguir ter feito algo assim, teve ajuda de dentro do mundo inferior, Hades está do nosso lado. Não ajudaria sem que soubéssemos…

–Posso estar errado –disse Apolo- Mas isso está me cheirando a Gaia… Lembram-se da última vez?

–Gaia não –disse- Gaia e Cronos, eles estão influenciando nas atitudes de Hecate.

–Pouco provável –disse Zeus- Estou monitorando os dois desde que foram postos para dormir, e nada mudou…

–Certo, mas é alguém de dentro do tártaro –disse Apolo

–Com certeza –disse Hermes- Lembrem que estamos diante de fatos passados, como monstros voltando a terra, deuses formando exércitos…

–Nossa prioridade é a profecia –disse Hera.

Fechei os olhos, esperava que eles se esquecessem disto.

–Peter, creio que Lauren terá de sair em um teste –disse Zeus- Ela terá que sair em missão até o fim da semana. Podem treinar, se prepararem mas ela terá que sair em missão até sábado –disse Zeus- É importante que ela encontre uma profecia até o fim do mês, precisamos correr contra o relógio e ter todas até o solstício de inverno.

–Quer que minha filha passe seis meses procurando três profecias? –perguntei trincando o maxilar- Ela só tem 14 anos!

–E precisa estar preparada para a guerra que vira! –gritou Zeus- ou você é idiota o suficiente para achar que não terá guerra?

–Eu sei que terá guerra! –gritei- Só que ela não vai conseguir achar tudo em seis meses, ninguém sabe onde essas porcarias estão! NEM VOCÊS –berrei

–ELA PRECISA SER INTELIGENTE E SE VIRAR! –berrou Zeus se levantando- Ou você acha que os heróis famosos tinham tudo na mão?

Você não entende –disse com os dentes cerrados

–Entendo sim, já corri o risco de perder meus filhos –disse ele- Mas sobreviveram e estão fortes e são lembrados –andou até mim e pôs a mão em meu ombro- Peter, eu sei o quanto é difícil, ainda mais tendo apenas uma filha. Ela é forte, ela consegue.

Ergui o olhar para meu avó e sorri. Nunca tivemos um momento assim, mas ele é melhor que meu pai, sempre foi.

–Obrigado –assenti

–Se ajudar... você poderá ficar no acampamento, é mais seguro –disse voltando ao trono

–É, e poderá ficar com a Alexia –disse Apolo sorrindo- Maninho, ela anda bem gostosa ultimamente

Fitei-o com ódio, Apolo…não peça para apanhar de mim..

–Foi mal –murmurou.

–Alguns hábitos nunca mudam, não é mesmo Peter… -comentou Atena, levantando-se. Dei um sorriso de lado- Parece que a reunião acabou, com licença, tenho que cuidar de negócios.

Todos levantaram-se e seguiram seus caminhos, todos passando e dando-me tapinhas no ombro. Até que restou apenas eu, mamãe e Ares.

–Espero que você não faça merda dessa vez –disse ele levantando-se e sumindo em uma nevoa vermelha

Mamãe me olhou e levantou, correu até mim e abraçou-me

–Querido, senti tanta falta –disse com voz de choro- Sua irmã me contou que vocês se aproximaram novamente. Seu pai e ela brigaram, por isso ele está tão insuportável.

–Ele bem que merece o ódio que ela sente –disse com indiferença- Fez por merecer, ele tem que aprender, que uma hora outra vamos cansar de tentar agradar ele

–Eu sei querido, eu sei –disse me abraçando- Agora me conte sobre Alexia, eu observei os beijos que vocês trocaram, sempre acreditei que o amor de vocês era verdadeiro.

Sorri abobado

–É verdadeiro sim…

–Não a perca novamente. E tenha paciência, as coisas podem complicar –disse sorrindo com piedade- Preciso ir, prometo lhe visitar.

Ela me deu um beijo e saiu. Apolo entrou e nos abraçamos

–Senti sua falta cara –disse ele dando um tapinha na minha costa

–Eu também mano –disse fazendo mesmo.

–Parece que você e a caveira júnior estão trocando afetos novamente –disse com um sorriso malicioso- Aproveita, queria estar no seu lugar…

O ergui pela gola da camisa e o encarei furioso

–Eu juro que se você falar isso mais uma vez –fechei os olhos- Arrebento sua cara, viadinho.

–Amo te irritar babaca –riu Apolo- Agora me põe no chão, acho que deixei minha masculinidade cair.

Ri e o abaixei. Saímos da sala e passeamos até o elevador

–E então, Lauren reagiu bem?-perguntou- Quando contou a verdade?

–Cara… acho que ela já desconfiava –disse- Nossa relação sempre foi muito boa, acho que ela percebeu o ar paterno que eu tinha..

–Ah sim –disse ele- Já pensou na possibilidade de ela ter namorados?

Parei de andar e o encarei sério.

–O que? –ergui uma sobrancelha- Desembucha Apolo

–Sabe o que é…-disse ele passando a mão na cabeça- Não queria dar uma de fofoqueiro…

Vou te arrebentar se você não contar o que sabe em três segundos –disse lentamente e com os olhos faiscando, literalmente. Ele arregalou os olhos e deu dois passos para trás

–Acho melhor você perguntar para ela –murmurou- Preciso ir, tenho uma cirurgia…

–Volta aqui –puxei-o pela gola da camisa- 1..2..

–Lauren e Augustus se beijaram –disse rapidamente

O soltei e pisquei lentamente, uma raiva consumiu meu corpo. Aquele moleque beijou minha filha? Sinto que vou matar alguém hoje.

–Como é que é?-perguntei lentamente

–Ontem, na floresta. Bem romântico, mas sabe… não acho que eles façam um bom casal –disse despreocupado- Talvez Andrew combine mais…e

–Cala essa boca, seu filho tá na lista de quem vou ter uma conversinha hoje –disse apertando descontroladamente o botão

–Ei relaxa, quem tem que ter essa conversinha com ele é Hermes, ele ficou com a Tasha não a Lauren.

–Quer que eu conte para ele? –perguntei

–Não, de boa –resmungou- bom vou indo, tente não bater muito no menino. Provavelmente Lauren terá que cuidar dele..

–Já mandei calar essa boca –resmunguei com raiva

–Ok –deu uma risadinha- Só fica de olho nele, não fui muito com a cara dele –disse me dando um tapinha no ombro

–Eu gosto dele, mas posso mata-lo agora mesmo.

–Como quiser…

*****

Andava em passos largos e pesados pelo acampamento, onde aquele pirralho se meteu? Fui até o chalé de Hecate e bati na porta, nada, bati novamente, nada. Bati mais uma vez. E ela se abriu, Augustus estava parado diante dela, apenas de bermuda, arregalou os olhos

–Peter ? –perguntou- O-o que faz aqui?

–Quero ter uma conversinha –disse- Posso entrar? –apontei para o chalé- Obrigado.

Passei por ele e petrifiquei aonde estava, Lauren estava sentada na cama e sorriu tímida para mim

–Ér… oi pai

–O que você está fazendo aqui? –perguntei fechando as mãos ao lado do corpo

–Vim falar com o Gus –disse dando de ombros- Qual o problema?

–Nenhum –forcei um sorriso- Você pode sair? Queria falar com ele, a sós.

–Não acho uma boa ideia –disse ela com um sorriso amarelo e nervosa- Porque não conversam depois? Podemos ir ver as coisas pro meu chalé –sugeriu

–Procure sua mãe, encontro vocês em 10 minutos.

–Vai Lauren, relaxa –disse Gus me encarando nervoso

Ela olhou para nós e saiu do quarto. Sem antes parar na porta

–Se você fizer alguma coisa, eu nunca mais olho no seu rosto –disse para mim

–Vai Lauren –disse fuzilando Augustus.

Ela saiu e fechei a porta. Andei até Gus e tentei regularizar a respiração

–O que vocês estavam fazendo? –perguntei no melhor tom que consegui

–Conversando…P-peter não aconteceu nada é só que…

–Que você beijou ela –disse o erguendo de encontro a parede- Eu já sei de tudo.

–Foi rápido…não significou nada, fico longe dela prometo –disse me olhando nervoso

–Ah… não significou nada? –perguntei com sarcasmo- Quer dizer que você pode usar ela e jogar fora… hum interessante.

–Não foi o que quis dizer...

–Cala a boca moleque, eu adoro você. Mas to com vontade de te partir no meio –disse o encarando- Podem ficar juntos, mas se você magoar ela –disse com os olhos vermelhos- Eu corto o que você tem no meio das pernas. Estamos entendidos?

–Sim –disse com a voz rouca

–Ótimo –sorri falsamente- Te vejo no jantar.

Ele assentiu e sai do chalé, sorrindo vitorioso. Nada como meter medo em quem se mete com minha filha…


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Notas finais do capítulo

Desculpem os erros, fiz esse capitulo meio rápido, por isso. Até logo!
O banner não funcionou normal então coloquei assim. Cliquem lá se quiserem ver
Se não funcionar aqui está:
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