"E quando formos não nos culpe, deixaremos que o fogo nos banhe. Nos fizeste, oh, tão famosos, e nós nunca a deixaremos ir!"– Mama, My Chemical Romance.

Naruto soltou uma risada, sem graça. Hinata apenas o olhou profundamente nos olhos, os olhos-pérola fitando os olhos-mar, ela parecia um tanto abalada, um tanto emocionalmente instável. Naruto viu tudo isso nela e sentiu uma imensurável vontade de abraçá-la e dizer "oh, está tudo bem! Não me importo de você viver em Isnopsia, eu sei que posso te acompanhar", era exatamente isso que ele queria fazer. Ela foi se aproximando e ela não se retraiu, Naruto acabou saindo de baixo do guarda-chuva, se molhando um pouco. Ele tocou o ombro de Hinata.

– Naruto-kun, ele te contou, né? - ela perguntou, um pouco chorosa.

– O que ele contou? - Naruto perguntou, sendo capaz de olhar nos olhos de Hinata, por mais incrível que isso possa parecer.

– O que é Isnopsia - ela disse. - Todos eles me veem apenas como a garota de Isnopsia, todos eles. E-eu... - ela fraquejou. Estava frágil, sem saber para onde correr e se esconder. Naruto decidiu que deveria ser sincero com a garota mais interessante da Terra.

– Eu mal te conheço, Hinata - ele disse, duramente. Hinata quase se encolheu -, mas te conheço o bastante para te achar a pessoa mais interessante desse mundo. Descobri que te vejo como a única que pôde me acompanhar, senti que vivemos no mesmo mundo. Obrigado.

– O-obrigado? - a voz dela estava trêmula. - P-pelo o quê!? - ela questionou.

– Por ter me proporcionado esse dia que foi tão contra o meu padrão esquizoide, por ter visto algo de interessante em mim, mas principalmente, obrigado por ter me enchido a paciência nesses últimos dias. Mesmo que amanhã não tenhamos mais nenhum laço, nunca me esquecerei de como você foi a minha primeira companheira - Naruto explicava, mas havia algo que ele não esperava: Hinata se jogar em seus braços.

Ela começou a chorar um pouco alto, Jiraiya via tudo com um sorriso no rosto, percebendo que os dois pareciam ser um só. Naruto correspondeu o abraço, os dois molhados pela a chuva e permaneceram assim. Naruto não quis fugir do contato, ele decidiu abrir uma exceção para Hinata.

– E quando formos, não nos culpe, yeah! - Naruto cantarolou.

– Deixaremos que o fogo nos banhe, yeah! - Hinata continuou.

– Nos fizeste, oh, tão famosos - Naruto continuou.

– E nós nunca a deixaremos ir - Hinata terminou.

Eles sentiram a água deixar de cair sobre eles, era Jiraiya, que estendia o guarda-chuva para acima deles.

– Naruto-kun, me promete uma coisa? Pode ser um pedido egoísta meu, você pode negar se quiser, não tem problema - Hinata disse, com a face escondida no tórax do loiro.

– Pode pedir - ele disse.

– Nunca me abandone. Nunca, por favor - foi o que ela disse. Naruto a apertou fortemente no abraço.

Naruto arregalou os olhos, estavam completamente dilatados. Ele deveria mesmo concordar com aquilo? Hinata precisava tanto assim dele? Ou ele que precisava dela? Talvez fossem as duas coisas, talvez eles tivessem nascido um para o outro, não como namorados, mas talvez como parceiros de vida. Naruto era esquizoide, logo, preferia levar uma vida isolado dos outros e construir um mundo próprio dentro da própria cabeça, sempre desconectado com o mundo exterior. Hinata era esquizofrênica, vivendo sem saber a diferença entre experiências internas e externas.

Mas os dois viviam em Isnopsia.

– Eu aceito, Hinata. Prometo que sempre estarei com você - Naruto disse.

Naquele mesmo momento, a chuva começou a parar de cair. Talvez a chuva representasse a alma dos dois, que naquele momento foram se tornando cada vez menos turbulentas. Um novo tempo chegava para os dois.