My Soldier escrita por LilyCarstairs


Capítulo 24
Chapter XXIV


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse capítulo não reflete bem a frase do Jonathan no cap passado de que tudo ia ficar bem. Risos.
Boa leitura e não me odeiem. ♥



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Os dias seguintes se arrastaram tanto que eu perdi a conta de quantos se passaram, talvez dez dias, ou um mês, quem sabe. Minha vida se resumia a duas coisas:

Passar um tempo com Julie no hospital, esperando alguma melhora de Ryan. Todos os dias de manhã - quando ele estava totalmente consciente, já que os remédios o deixavam em um estado semi consciente durante o resto do dia - tentava conversar conosco, mas nada saia apenas um leve ruído estranho. Os médicos falavam que ele estava progredindo, embora nem eu nem Julie achássemos isso.

E voltar para casa e me perguntar como Natally estava e se eu deveria dizer algo sobre o acidente com Seth para alguém. Minha conclusão era sempre a mesma: Ficar em silêncio e levar a sério minha promessa. Fui surpreendida por uma mensagem da garota, alguns dias depois:

“Oi Elizabeth, estou bem sim. :)”

Só depois de algum tempo entendi que era em resposta a uma mensagem que eu mandara há alguns dias, perguntando se ela estava bem. Não me senti confiante sobre a resposta dela, mas não insisti no assunto.

Vez ou outra, quando eu conseguia me livrar da monotonia do dia-a-dia eu pintava um quadro novo e mostrava à Rose, que conseguia vendê-los a um bom preço. Eu estava juntando o dinheiro para comprar algo útil ou pagar a faculdade, quem sabe.

Uma das poucas coisas que permaneciam normais era o meu relacionamento com Jonathan. Óbvio que ele também estava preocupado com Ryan, afinal eles eram melhores amigos, mas continuava otimista e não parecia se importar em consolar a mãe de Ryan quando esta chorava.

Resumindo, não estava sendo fácil pra ninguém.

Hoje decidi que não seguiria a rotina, avisei à Julie que não poderia ir até o hospital e a primeira coisa que fiz foi olhar no calendário quanto tempo havia passado: Cinco semanas. Era mais tempo do que eu imaginava. Não deveria ter ficado tanto tempo em uma rotina desanimada.

Passei a manhã/tarde toda pintando meus quadros, terminando os que eu havia começado e esquecido para lá.

Só parei quando recebi uma mensagem, enviada pela minha melhor amiga:

“Liz, não consigo falar com o Max, ele não responde as minhas mensagens. Sabe o que está acontecendo?”

Tentei ligar para o garoto, mas a ligação caía direto na caixa postal. Mandei uma mensagem contando isso para Julie e em menos de um minuto minha resposta veio:

“Estou indo até o shopping, onde ele trabalha. Vá comigo, ok? Ótimo, te vejo lá.”

Doce Julie e sua educação e paciência excepcionais. Se eu estivesse fazendo algo muito importante, provavelmente teria que interromper isso e correr até onde ela estava, ou ouviria reclamações durante um ano inteiro.

Cheguei na loja onde Max trabalhava e encontrei minha melhor amiga conversando com uma desconhecida, que vestia um dos uniformes de funcionária da loja.

– Sim, ele pediu para sair mais cedo. – a funcionária falava. – Parecia atordoado com alguma coisa, e por isso esqueceu o celular aqui. – ela entregou o aparelho para Julie.

– Ele contou para onde estava indo? – perguntei, intrometendo-me no assunto.

A funcionária refletiu durante algum tempo antes de falar.

– Aparentemente, algo aconteceu com uma garota chamada Natally.

~

Enquanto corríamos até a casa de Natally, expliquei para Julie tudo o que Max me dissera, sobre ela estar em depressão. Quando estávamos quase em frente a casa da garota, retomando o fôlego, contei, sem querer, sobre o acidente com Seth.

As palavras saíam de minha boca como se estivessem desesperadas para isso há muito tempo, o que provavelmente era verdade. Durante todo o relato a expressão de Juliette ia de horrorizada para mais horrorizada ainda, e terminou com a expressão de super horror.

– Ela o matou? – sua indignação e raiva estavam evidentes na voz. – Você sabia e não nos disse nada, Elizabeth?!

Ela apertou meu braço, olhando fixamente em meus olhos. Era a primeira vez que eu a via tão irritada comigo, tipo, brava de verdade. Tentei explicar que fora um acidente e que ela não teve culpa, explicar que eu havia prometido silêncio e não poderia quebrar promessas, mas não soei convincente. Pensando bem, eu realmente deveria ter contado, afinal era algo grave. Suspirei derrotada e esperei que Julie soltasse meu braço com um gesto irritado e voltasse a andar até a casa da garota, batendo várias vezes na porta.

Fiquei surpresa quando Max abriu a porta. Sem falar nada, deixou espaço para entramos.

O pai de Natally estava no sofá, a cabeça entre as mãos, tremendo. Não soube dizer se chorava ou não.

– O que aconteceu? - perguntei, procurando por sinais de Natally.

– Ela... Ela... - o pai tentou falar, mas não conseguiu.

Max nos entregou um diário. O diário de Natally, aparentemente.

– Leiam a última parte. - ele disse, triste. Julie se apressou e pegou o diário primeiro, leu e o deixou cair no chão, horrorizada.

Pela expressão de todos ali, temi o que estava escrito. Peguei o diário do chão e li, hesitante:

"Hoje eu me sinto ainda pior que os últimos dias. Não consigo esquecer o que fiz, mesmo que acidentalmente. Céus, por quê? Sinto como se aquela fosse a pior decisão que pude tomar na vida... O pior é que eu ao menos tenho um amigo para desabafar. Meu pai passa mais tempo no telefone que me dando atenção, minha mãe só viaja... A única pessoa que sabe é uma garota que provavelmente me odeia e nem posso culpa-la, já que sempre fui uma pessoa horrível com ela... Fora isso, eu estou sozinha. Apenas eu e uma caixa de remédios antidepressivos que não parecem mais surtir efeito. Talvez eu devesse aumentar a dose e me sentir bem novamente."

Olhei de um lado para o outro, tentando entender o que acabara de ler.

– Ela teve uma overdose com os remédios. - o pai disse, baixo. - Ela não fez isso por mal... Ela só queria se sentir melhor.

~

Duas mortes em pouquíssimo tempo. Era exatamente isso o que estava acontecendo.

Julie e eu estávamos paradas perto do túmulo de Natally, enquanto Max consolava o pai da pobre garota. As pessoas em volta estavam na típica melancolia que ocorre depois de uma morte.

Jonathan optou em não vir, já que agora todos sabiam o que havia acontecido, o acidente e tudo o mais. Não precisei contar, já que ela escrevera tudo, mas todos me olhavam estranho, como se eu tivesse feito algo ruim quando não quebrei a promessa de não contar nada que fiz a ela. Como se a culpa de sua morte fosse minha, como se eu a tivesse matado ao manter minha boca fechada... Eu não conseguia entender aquilo, eu apenas cumpri uma promessa e todas as pessoas ali pareciam irritadas comigo por isso.

Nem mesmo Julie parecia estar normal comigo. Ela permaneceu ao meu lado, mas eu podia sentir sua mágoa. Quando Max finalmente juntou-se a nós por um breve momento, tentei me desculpar, mas como explicar tudo? Então, fui o mais breve possível:

– Vocês sabem que não escondi isso porquê eu quis... Ela me fez prometer.

Max levantou a mão, num gesto para que eu me calasse.

– Liz, isso é grave... – sua voz estava baixa, não soube dizer se estava bravo ou apenas chateado com as mortes. – Ela tirou a vida de Seth, você sabia e não nos contou... Isso... É algo que amigos não escondem de outros amigos. Sabe o quão importante Seth era para muitos de nós? Estávamos acreditando numa injustiça da vida e de repente descobrimos que fora Natally? Elizabeth, esconder isso foi errado.

Ele simplesmente voltou para perto do pai da garota, ignorando meus chamados.

– Achei que conseguiria quebrar uma promessa em um caso como esse. - ela me olhou, muito séria, apertando meu braço. Nem parecia a Julie que eu conhecia. - Sabe o quão grave isso é? Liz... - Ela interrompeu a própria frase com um suspiro. Levou um minuto pra falar, e dessa vez, a expressão estava suave, embora continuasse apertando meu braço. - Tudo bem, você prometeu. Na próxima, nos conte, ok?

Nada mais fiz além de concordar com a cabeça. Esperei que ela soltasse meu braço. E antes dela ir até onde Max estava, disse:

– Ele não está realmente bravo com você, só precisa de algum tempo.

Olhei a vermelhidão em meu braço e suspirei. Ela estava começando a perdoar. No mundo de Juliette Mills um aperto no braço é o primeiro passo para o perdão.

Não esperei pelo fim da cerimônia, voltei para casa cabisbaixa, abraçando o próprio corpo. Meu telefone tocou diversas vezes. Ignorei todas elas. Não queria falar com ninguém, só precisava de meus pincéis e uma tela em branco. Transformar os pensamentos em uma pintura me ajudaria.

Minha mãe nem meu pai conversaram comigo quando cheguei. Os dois estavam assistindo à televisão, me lançaram um sorriso tímido, mas nada disseram.

Tranquei-me no quarto e comecei a pintar.

Duas, talvez três horas depois uma Natally sorridente estava cobrindo a tela antes em branco. Seus cabelos louros, o sorriso e belas feições. Ela não merecia o que aconteceu com ela, assim como Seth, ou Jonathan e Ryan... A vida tem injustiças inexplicáveis.

Encarei o quadro e decidi que o daria aos pais da garota.

Peguei outra tela em branco. Enquanto eu pintava minha mente afastava os pensamentos ruins. Eu precisava disso.


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Notas finais do capítulo

E morreu. BOOM.
~
Então gente, esse é o penúltimo capítulo, então deixarei os agradecimentos para o último (que, vou adiantar, ficou bem pequenino, desculpem). ♥
~
Se gostou/não gostou/tem dúvida/sugestão só mandar reviews, ou mandar mensagem, ou me contatar em algum lugar.
Até a próxima. :)