My Soldier escrita por LilyCarstairs


Capítulo 23
Chapter XXIII


Notas iniciais do capítulo

Só agora eu notei que fazia um tempo que não postava... Bom, aqui estou. Boa leitura.



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Acordei com gritos animados de Julie. Ela pulava de um lado para o outro, carregando as roupas em cabides e itens de maquiagem. Parecia animadíssima a ponto de se esquecer de me contar o motivo da alegria.

– O que está acontecendo? – Max perguntou, irritado, aparecendo pela porta. Sim, eles ainda estavam morando temporariamente na minha casa.

– Ryan está de volta! – ela gritava animada.

Fiquei chocada ao descobrir. Sorri para ela.

– Voltou? Onde ele está? – perguntei, levantando animada para dar apoio à Julie.

Ela começou a me explicar animada, então tive que fazer algum esforço para entender o que ela dizia. Ryan estava no hospital da cidade, ela soube pela mãe do garoto que ele voltou durante a madrugada.

– Ele está bem? – Max perguntou, sentando-se à cama.

– Ela não me disse. – Julie pareceu refletir sobre isso apenas agora. – Mas deduzo que esteja bem! – desapareceu pela porta do quarto, rumo ao banheiro.

Max e eu trocamos um olhar.

– Finalmente tudo vai voltar ao normal. – ele disse, feliz.

– Isso quer dizer que vocês vão parar de acampar na minha casa? – perguntei esperançosa. Eu realmente gostava deles, mas já estavam na minha casa há tempo demais.

– Amanhã. – ele respondeu, sentando-se na cama ao lado. - Acho que já está na hora de dormir sozinho sem passar tempo demais pensando em mortes.

Concordei com a cabeça. Silêncio durante algum tempo, até ouvir a porta lá embaixo batendo. Olhei pela janela e vi Julie correndo pela rua.

– Ela vai nos ligar para contar o que aconteceu, não vai? – Max perguntou.

– Depois de todos esses meses você ainda não a conhece? – ri baixinho. – É claro que vai. Julie é uma fofoqueira.

~

O tempo foi passando, a hora do almoço, passou, a janta chegou, acabou... E nada de Juliette ligar para avisar como estava a situação de Ryan e tudo o mais. Max e eu acabamos desistindo de esperar.

Oito da noite e nós estávamos deitados nos dois sofás da sala de estar, assistindo à algum filme de terror. Sem mais nem menos, uma pergunta surgiu em minha mente:

– Você não está mais trabalhando, Maxwell? – olhei para ele. Já fazia algum tempo que ele não saia da minha casa para trabalhar no shopping.

– Eu estava afastado durante um tempo, por causa da morte dele, sabe... – explicou, retribuindo o olhar. – Volto a trabalhar amanhã. Meu chefe acha que já estou bem o suficiente para vender artigos de artes.

Concordei com a cabeça. O filme agora estava em uma parte de suspense, onde a pobre garota andava pelo corredor escuro, sozinha e assustada. Max e eu levamos um susto quando o telefone dele começou a tocar, atrapalhando o filme.

Trocamos um olhar. Provavelmente era Julie.

– Atende logo! – falei.

Ele o fez, e acenou com a cabeça para mim. Era mesmo Julie. Eles conversaram durante algum tempo, a feição dele não mudou em momento algum. Perguntei-me o motivo dela não ter ligado para mim, e sim para Max...

– O que ela disse? – perguntei, quando ele desligou o telefone.

– Ryan está ferido, obviamente. – contou, levantando-se. – Ela pediu para que fôssemos até lá.

– Por que ela não me ligou? – não contive o ciúme. Minha melhor amiga ligando para outra pessoa e dando esse tipo de notícia não soava certo.

– Ela disse que não conseguiu ligar. – ele respondeu, enquanto saíamos de casa. – Contenha seu ciúmes, por favor.

– Não. Não contenho.

Incrivelmente, não estava tão frio naquele dia, então foi agradável chegar ao hospital sem muitos agasalhos.

Julie estava sentada na sala de espera, braços cruzados e cabeça baixa, mas não parecia triste, apenas cansada. Não levantou os olhos quando nos aproximamos.

– Por favor, alguém me carregue para casa no colo? – ela pediu.

– Está sentada aqui desde manhã? – perguntei, sentando-me ao seu lado.

Julie concordou com a cabeça e ficamos calados. O hospital estava quase vazio, então a sala de espera estava silenciosa, exceto pelo barulho de uma grávida passando mal, e uma mãe com seu filho bagunceiro que quebrou o braço.

– Tá. – Max interrompeu o silêncio, impaciente. – Como está o seu namorado?

– Eu não sei ao certo. – ela encolheu os ombros. – A mãe dele me disse que está tudo bem, mas não soava confiante, acho que tentava convencer a si mesma... – ela foi interrompida pela criança próxima a nós, chorando alto enquanto a mãe brigava com ele. - Enfim, os médicos explicaram que ele foi atingido por estilhaços de alguma bomba e está em coma.

– Você não o viu? – Max perguntou. Como a criança continuava berrando, ele precisou praticamente gritar para ser ouvido.

Julie concordou com a cabeça.

– Então?

– Ele está em coma, oras. É deprimente ficar olhando para a mãe dele chamando seu nome, acariciando seu rosto e chorando. – ela suspirou. – Ela deveria parar de agir como se ele fosse morrer.

Abri a boca para falar alguma coisa, tentar apoiar minha melhor amiga, mas a criança chata berrou de novo.

– Senhora, - Julie virou irritada para a mãe do menino. – Poderia, por favor, conter sua criança enquanto resolvemos uma crise aqui? Obrigada!

A mulher olhou irritada para o menino e puxou-o para longe, reclamando do barulho que ele estava fazendo em um hospital.

Sem falar nada, Julie levantou e fez sinal para que a seguíssemos. Andamos pelos corredores em silêncio, até chegar ao quarto A-64. Sem bater, ela abriu a porta e entrou, deixando um espaço para passarmos também.

Fiquei um pouco surpresa ao encontrar Jonathan lá, ao lado da mãe de Ryan, consolando-a. Parece que ninguém pensou em ligar para mim hoje. Ele me lançou um sorriso tímido e voltou a consolar a pobre moça.

– Meu Deus, eu não aguento isso. – Julie sussurrou. – Ela poderia estar sendo positiva, mas fica chorando.

Olhei para Ryan, deitado na cama. Pálido e com o pescoço coberto por ataduras. Era estranho, porque era a única parte ainda coberta por algum tipo de curativo.

– Ele foi acertado... Na garganta? – Max pareceu notar o mesmo que eu. Olhava meio horrorizado para os curativos, que estavam com uma pequena mancha de sangue.

Isso foi o suficiente para a mãe do garoto voltar a chorar muito. Julie, Max e eu nos sentamos na outra cama, ao lado da de Ryan, que estava vazia.

– Obrigada por virem. – Julie sorriu. – Eu só precisava de alguma companhia aqui. Sabe, alguém que não estivesse aos prantos ou ajudando a pessoa em prantos.

~

Julie pediu que eu dormisse com ela na sala de espera do hospital. Como toda melhor amiga, eu tentei levá-la para casa, claro... Não deu certo. Max e Jonathan haviam partido para uma boa noite de sono, e eu tive que tentar dormir em uma cadeira. Meio injusto, eu sei.

Quando finalmente peguei no sono pra valer, já estava na hora de acordar. O hospital começava a ficar movimentado e a hora da visita começou, então nos encaminhamos para o quarto do garoto.

Os médicos estavam lá, conversando com a mãe de Ryan. Não parecera notar nossa presença, então pudemos ouvir a conversa. Ele estava acordado, mas não parecia estar totalmente consciente do que acontecia ao seu redor, olhava para o teto em silêncio enquanto os médicos davam más notícias à sua mãe:

– Ele teve alguns danos na garganta, e por conta disso, suas cordas vocais foram afetadas. Com sorte, ficará apenas algum tempo sem falar.

– Como assim “com sorte”? – Julie se intrometeu na conversa, horrorizada com o que acabara de ouvir.

Os médicos então se viraram para olhá-la e explicaram novamente o que haviam dito para a mãe de Ryan, de maneira clara e rápida: Ele havia sofrido danos nas cordas vocais e talvez não voltasse a falar.

Julie concordou com a cabeça e se aproximou em silêncio do namorado, sentando-se ao lado dele e segurando sua mão. Eles trocavam um olhar tão significativo que nem mesmo a mãe dele se intrometeu. Eu sabia que minha melhor amiga estava se sentindo mal, ela adorava ouvir a voz do namorado... Seria difícil para ela.

Saímos de lá, deixando apenas os dois a sós. Eles precisavam desse tempo.

~

Sentei-me na sala de espera por pouco tempo e pude ver quando Max no hospital. Ele se aproximava rapidamente, parecia com pressa.

– Parei de acampar na sua casa hoje de manhã e estou a caminho do trabalho. - ele disse, com um pequeno sorriso. - Só passei aqui para saber como as coisas estão.

Expliquei tudo o que ouvi os médicos falarem para a mãe de Ryan.

– Deve ser difícil para a Julie... - foi tudo o que disse. Parecia chocado mas se recuperou rapidamente e disse: - Também tenho novidades ruins sobre alguém.

Encarei-o em silêncio, dando a deixa para que continuasse.

– O pai de Natally me encontrou na rua e parecia chateado, perguntei o que ele tinha e acabei descobrindo que Natally anda muito chateada, tipo... Depressão.

Desviei o olhar. Então ela estava piorando, e não melhorando, como todos nós em relação a morte de Seth.

– Ele disse que ela se culpa. - Max continuou. - Passa o dia todo no quarto ou no cemitério. Estão pensando em manda-la para algum médico especializado.

Tentei falar algo, mas nada saía. Eu queria contar o que sabia. Sobre o acidente, sobre tudo... Mas simplesmente não podia.

– Liz? - acordei do meu transe com Maxwell balançando as mãos em frente ao meu rosto. - Tudo bem?

– Sim, sim... - disfarcei. - Só estou tentando imaginar a dor que ela está sentindo.

– Pois é...

Como o assunto acabou ali, o garoto saiu apressado para o trabalho.

Peguei o celular e procurei o número de Natally. Mandei uma mensagem:

"Está tudo bem?"

Ela não respondeu logo, então guardei o celular e me joguei novamente na cadeira da sala de espera. Fechei os olhos, suspirando. Quando minha vida ficara tão cheia de problemas? Lembro-me de quando só precisava pintar quadros, ter uma melhor amiga e um namorado. Apenas coisas de uma adolescente normal. Nada como a depressão de uma garota que se culpava pela morte de um garoto, ou uma pessoa com cicatrizes ou cordas vocais danificadas... Desejei que tudo isso passasse logo.

Senti dedos frios tocando meu rosto. Não precisei abrir os olhos pra identificar o toque suave de Jonathan. Sorri quando ele se sentou ao meu lado.

– Eu soube do diagnóstico de Ryan... - ele falava baixo. - Vim para cá assim que recebi a mensagem da mãe dele.

– Imaginei que ela fosse te contar, por isso não mandei nada. - falei.

– Tudo bem. - ele olhou para os lados. - Onde está Juliette?

Expliquei a ele praticamente o mesmo que contei a Max, sobre Julie e Ryan precisarem de um tempo a sós, depois de tanto tempo, precisavam conversar.

– Eu não gosto de hospitais. - Jonathan disse, ao fim da minha explicação. - Sempre tão triste, chega a ser deprimente ficar aqui. Ryan também detesta. Aliás, deve estar reclamando agora sobre isso para Julie. - rimos um pouco dessa última parte.

Fitei seu sorriso. Aquela cicatriz ainda era nova para mim, mas eu estava começando a gostar dela. Como um charme no rosto dele. Um charme único que é a consequência de um dos problemas novos em minha vida. A ida deles ao exército, e agora a volta.

– Eu só quero que tudo fique bem de novo. - sussurrei. Não quis soar chorosa, mas foi exatamente como soei.

Ele me puxou para um abraço, e ali, nos braços dele, a tristeza agora era apenas um pontinho incômodo no meu coração.

– Tudo vai ficar bem, Lizzy.


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Notas finais do capítulo

EEEEEEEEE, OS DOIS VOLTARAM AGORA! De nada, leitoras que gostam do Ryan, de nada.
~
Posso dar um spoiler? Sim? Obrigada. Então, não acho que TUDO vá ficar bem com todo mundo e talz... Assim, só comentando. ♥ Bjinhos.
~
Se gostou/não gostou/tem dúvida/sugestão só mandar reviews, ou mandar mensagem, ou me contatar em algum lugar.
Até a próxima. :)