POV America

Eu estava nos jardins caminhando com Maxon, ele tinha me perdoado por eu ter escondido a verdade sobre Aspen dele, estava tudo indo muito bem, fazia dois meses que Aspen tinha sido enviado para Paloma onde iria ser o chefe da guarda estadual. Ele estava muito feliz pois se apaixonou por uma Sete chamada Lise e ela correspondia seu amor, sei disso pois continuamos amigos apesar de tudo e Maxon me permitiu enviar cartas a ele.

Fui tirada de meus pensamentos quando acabo esbarrando em Maxon, ele se vira e olha no fundo de meus olhos, eu faço o mesmo e acabo por me perder naqueles olhos castanhos - que pude perceber, brilhavam mais do que o normal quando estávamos juntos.

- O que foi?- pergunto.

Ele então passa uma de suas mãos pela minha costa e com a outra, segura minha nuca e me puxa delicadamente para perto de si. Seu rosto se aproxima do meu e o espaço entre nós some devido ao beijo que trocamos, nunca vou me cansar de ser beijada por Maxon, seu beijo é sempre doce e delicado. Distanciamos-nos para respirar e eu o encaro com um sorriso travesso.

- Vossa Alteza não respondeu minha pergunta.

Ele sorri da mesma forma que eu e se aproxima de mim, em seguida, sussurra em meu ouvido, me causando calafrios e fazendo os pelos de minha nuca se eriçarem:

- Eu já escolhi minha esposa, nessa noite, no Jornal Oficial, vou anunciá-la a toda Illéa, ela é muito bonita, comportada, delicada, calma – ele falava tudo aquilo com ar de admiração, o que me deixou triste pois ele estava descrevendo Kriss, só podia ser ela já que era, além de mim, sua preferida, Elise era tão “mortinha”, eles mal se falavam e estava claro que ela não sentia nada por Maxon e ele também não sentia nada por ela, Celeste era uma vaca, podia ter até um corpo bonito mas era uma falsa e só queria a coroa, fiquei um pouco aborrecida pela escolha de Maxon, afinal, ele acabava de me beijar e estava falando de outra! – na verdade – continuou – ela é exatamente o contrário, exceto a parte da beleza, ela é realmente espetacular! Continuando, a minha futura esposa não consegue controlar sua boca, ela não se comporta muito bem, ela quer mudar todo um país, na primeira vez que eu a vi, ela estava tendo um ataque e no nosso primeiro encontro oficial, ela chutou meus países baixos, dá para acreditar?! Mas o que importa é que eu a amo e bom, ela está bem na minha frente.

Quando ele acabou a sua declaração, eu estava sorrindo com o rosto avermelhado de vergonha e emocionada, não pude evitar que algumas lágrimas de felicidade escorressem pelas minhas bochechas.

- Eu te amo America – eu o abraço e nós começamos a nos beijar, dessa vez de forma intensa e apaixonante, eu ia me distanciar dele para buscar ar e me declarar para ele, dizendo que eu também o amava e que aceitava ser a mulher dele e a futura rainha de Illéa quando o alarme toca. Distanciamos-nos e xinguei baixinho.

Os guardas que estavam nos jardins se aproximaram de nós e nos escoltaram até o palácio, estávamos correndo pelos corredores, os guardas estavam atirando, decidimos ir até o abrigo de empregados mais próximo e quando estávamos quase entrando neste, o alarme para, os empregados já estavam saindo dos esconderijos até que...

Um tiro foi disparado.

Senti uma forte dor numa região próxima ao coração.

POV Maxon

Que estranho, o ataque aconteceu de forma rápida, eu e America estávamos entrando em um abrigo quando o alarme cessou. Presumi que os rebeldes nem sequer tinham conseguido passar dos muros, logo, devia ser os nortistas. Saí de meus devaneios quando ouvi o som de uma bala sendo disparada, instintivamente olhei para os lados e atrás de mim America cutuca meu braço, olho para ela e em seguida para a mancha vermelha que se destaca em seu vestido azul claro, a mancha era próxima ao coração.

- Maxon...

Não podia acreditar, fui correndo pegar um pano no esconderijo para pressionar o ferimento, isso era injusto! Eu não posso perdê- la, não agora que íamos nos casar e ter o nosso felizes para sempre! Peguei o pano e voltei para a entrada, America estava deitada no chão e ao redor, os criados começaram a se amontoar, pressionei o local que estava com sangue e atrás de mim ouvi alguém dizer que já tinham ido chamar o médico. Eu estava tentando ser forte para não chorar enquanto pressionava com o pano, agora vermelho, o seu ferimento, senti os olhos de America me fitando e ela disse baixinho:

- Eu sei que eu vou morrer Maxon, mas antes, quero que saiba que, na verdade, eu chutei a sua coxa – por um milésimo de segundo sorri, mas dadas as circunstâncias, voltei à expressão séria, America tinha que ser America nesse momento? – e, Maxon, eu te peço...

- America você não vai morrer, eu não vou deixar, CADÊ O MÉDICO?!

- Maxon, eu não tenho muito tempo, promete que vai fazer o que eu pedir? – assenti, não pude deixar que lágrimas começassem a embaçar minha visão, olhei para ela, que com uma das mãos afastou-as de meus olhos – Primeiro, diga a minha família que eu os amo muito, diga as minhas criadas, a Marlee e ao Aspen que foram os melhores amigos que eu poderia ter e que eu desejo a eles toda a felicidade do mundo e por último, mas o mais importante, quero que olhe nos meus olhos até eu partir, quero ir tendo gravado a imagem de seus olhos em minha mente para onde quer que eu vá eu lembre da pessoa que eu mais amei nesse mundo e que fez com que eu me sentisse amada e eu vou querer lembrar que esse brilho em seus olhos só aparecia quando você estava comigo.

Todos ao nosso redor estavam chorando assim como eu, o médico chegou e já estava socorrendo America, eu não saí, em nenhum momento, do campo de visão dela assim como havia prometido. Estávamos indo em direção a enfermaria, America estava em uma maca e eu ao seu lado. Ela me puxou e disse para mim:

- Maxon, não foram eles.

- Eles?

- Não foram os rebeldes.

Olhando em seus olhos, pude perceber que eles estavam transmitindo certeza. Eu estava confuso com sua afirmação, mas não deixei de notar o “Eu te amo” que saiu da boca de America, logo em seguida ela sorriu e seus olhos ficaram sem vida e, pela primeira vez na vida, eu chorei com vontade, eu nunca chorava, mesmo quando meu pai me batia, mas senti que essa enxurrada de lágrimas tinha que sair. Chorei por America, o amor da minha vida, chorei por horas a fio, America merecia cada lágrima porque cada gota representava o meu luto e o meu luto significava a perda de uma pessoa amada e querida e que eu vou sentir saudade, até o fim de meus dias. E eu nunca vou conseguir esquecer os olhos dela, eu vou pensar neles todos os dias, para sempre.

Eu tenho que aceitar.

America está morta.