Eu não a vi durante o resto da noite, achei que aquela hora ela estava apenas indo dar uma volta, essa é uma das manias dela, sair para espairecer, creio eu, e voltar minutos, ou até poucas horas depois. Mas dessa vez eu a esperei, todos iam se retirando para suas devidas casas, e eu continuava ali, comendo ou bebendo algo de vez em quando, tentando disfarçar conversando sobre qualquer porcaria, mais meu olhar estava sempre atento a porta, e ela não aparecia.

            Fui um dos últimos a me retirar, até alguns professores já haviam ido, menos Snape, não, ele não sairia deixando algum aluno da Sonserina para trás, eu sempre soube disso. Foi ao encará-lo que eu percebi que deveria me cuidar mais, disfarçar mais, Snape sempre foi calado, mas atencioso, eu tenho noção disso.

            E se Snape souber, até que meu pai saiba demoraria no máximo um dia. Isso sendo otimista.

            Ótimo Draco, olhe a roubada em que se meteu! Apaixonar-se por alguém como Hermione Granger pode trazer muitas consequencias, eu que nunca havia parado para pensar.

            Apaixonar-se.

            Retorci meu rosto em uma careta, nunca havia pensado nisso. Argh. Eu tinha repulsa de qualquer coisa que envolvesse amor.

            Joguei-me em minha cama, e fechei os olhos, troquei de posição uma e outra vez quando todos já dormiam, mas eu não conseguia dormir, bastava fechar os olhos para que a imagem dela aparecesse. Hermione iria me enlouquecer!

            Um mês de aula eu não havia melhorado nem me animado. Pelo contrário.

            Hagrid ainda nos dava aula, e eu não estava animada para uma aula dele. Harry e Rony andavam na frente conversando de novo sobre quadribol, revirei os olhos, homens, só falam de coisas assim. E pareciam animados, mas eu não me importava.

            Deixei que continuassem na frente, e sem perceber fui ficando cada vez mais para trás.

            - Deixando seus amiguinhos irem assim na frente é? – eu ouvi Draco dizer, ergui o rosto e ali estava ele, em cima da árvore.

            Ele pulou e caiu na minha frente, de pé, como se fizesse isso com muita frequência. Revirei os olhos dando um passo para trás, mas ele acompanhou esse passo e eu pude sentir seu perfume. Respirei fundo deliciando-me com sua fragrância e maneei a cabeça.

            - Sai do caminho Draco – murmurei.

            Ela me chamar de Draco já foi um grande avanço, melhor do que nas vezes anteriores em que me chamava apenas de Malfoy, seco e com asco.

            - Mal começou a aula eu você já está assim estressadinha? – olhei para os lados, não havia ninguém ali, então segurei seus pulsos forçando-a a encarar-me.

            - E você já está assim metidinho? – ela perguntou com o rosto erguido, confiante. – Ah – ela levou a mão a boca como se estivesse surpresa e eu sorri, um daqueles sorrisinhos de canto. – Como pude esquecer, você já é assim por natureza!

            - Quanto ódio Hermione querida – eu murmurei e ela corou.

            E me pareceu encantador vê-la com as bochechas coradas, como essas garotinhas de colegial.

            - Cale-se Draco – ela murmurou e eu sorri.

            Essa era a minha deixa.

            - Cale-me Hermione – eu respondi.

            E não lhe dei chance de retrucar, prensando-a contra a árvore fiz o que tinha vontade desde o ano passado, minha boca se apossou da dela e minhas mãos afrouxaram o agarre em seus pulsos.