Na porta ele se aproximou, rindo com aquele tom de sarcasmo tão característico dele, querendo mostrar superioridade frente aos outros, querendo me rebaixar, mas há algum tempo eu havia aprendido que bastava retrucar-lhe para que sua guarda caísse, e isso independia do que eu sentia por Draco.

            - Indo sem seus seguidores? – eu perguntei, e me arrependi no mesmo instante ao ver a expressão dura dela.

            Eu não a queria assim, eu queria vê-la sorrir. Sorrir para mim.

            Mas isso parecia apenas um sonho, sonho o qual meu dinheiro não poderia comprar. Talvez eu apenas gostasse de ver que nem tudo pode ser controlado. Ou eu odiava isso.

            Dois extremos. Assim como eu e ela.

            - E no que isso te interessa Malfoy?

            Eu odiava quando ela me chamava de Malfoy, não sei por que, mas saindo isso, desse jeito, de seus lábios parecia simplesmente cruel.

            - Brigou com o namoradinho? – eu disse e ela soube que eu falava do Wisley. – Não tem porque descontar a sua raiva em mim!

            Ergui os braços como se me rendesse, ela apenas bufou.

            - Assim como não tem porque eu perder meu tempo com você.

            Ok. Isso doeu. Então ela saiu, furiosa parecia, os passos pesados batendo contra o piso de mármore do castelo.

            E eu a vi partir, simples assim.

            Ele sabia como me abordar e irritar, se antes já não me sentia bem, agora ele não estava me ajudando em nada.

            Algumas vezes eu queria apenas arrancar meu coração do peito, acabar com esse sentimento e seguir em frente, erguer o rosto e encará-lo sem que seu olhar me machucasse, retrucá-lo sem sentir que doeria em mim também. Respirar.

            Liberdade.

            Eu estava presa a ele, não sei dizer como cai nisso, nessa armadilha, mas quando eu mesma percebi já era tarde, e eu já estava envolvida demais para sair ilesa. O que me dói é saber que enquanto eu me culpo e me machuco cada vez mais, por culpa dele, ele continua por ai, com garotas diferentes, pouco se importando com quem quer que seja. Não que eu pudesse esperar algo diferente de alguém como ele, afinal ele é um Malfoy. E é isso que eu ganho por sequer imaginar um dia ter algo com ele.

            A sala comunal da Grifinória estava vazia, melhor assim, todos ainda estavam lá embaixo comendo e comemorando a volta as aulas, e só eu aqui, em meu momento depressivo. Maneei a cabeça, era ridículo, até mesmo para mim, que estivesse fazendo isso, mas eu não podia evitar, e agora o caminho de volta parecia longo demais.

            Subi para o dormitório feminino, as malas de todas já estavam ali, não importava, minha cama continuava sendo a mesma de qualquer jeito e arrumei tudo, desarrumei e arrumei novamente procurando algo que pudesse me entreter. Ridículo. Ajeitei tudo de modo perfeccionista e sai em direção ao banheiro feminino, precisava de um banho e depois dormir, quem sabe amanhã tudo não estaria melhor.

            A água quente caia sobre o meu corpo, e eu parecia nem senti-la. Eu não sentia nada.

            Joguei-me na cama e só me lembro de sussurrar seu nome antes de adormecer.

            Eu iria me acabar desse jeito, eu sabia disso, mas não conseguia fazer nada mais para mudar. Então eu me entreguei ao “destino”, fosse o que fosse pra ser.

            Simples assim.