Há pouco mais de um ano Hermione achou que seria ela quem faria aquela viagem com Córmaco McLaggen. Sair num mochilão pela América Latina ao lado de seu noivo, aquele que seria seu futuro marido. Quase uma idealização. Ela realmente estava naquele aeroporto, mas seus planos mudaram muito conforme a Terra girava em torno do sol. Se ontem ela era a viajante em questão hoje ela fazia tranquila e seguramente o papel da amiga que se despede de um casal apaixonado onde um deles já frequentou seus beijos e, a outra, seus segredos.

— Hey, tome cuidado para não beber demais durante a viagem. Esses países latinos têm bebidas fortes. — alertou Hermione abraçando Marvin pela última vez.

— Tudo bem, mamãe. — Marvin bateu continência.

— Sem gracinha. Cuide dela, Córmaco. — Hermione abraçou o loiro agora.

— Pode deixar comigo.

— E pode mesmo. As vezes esse seu ex é mais careta que meu avô.

— Marvin para de falar “seu ex”, tá legal. Agora ele é seu.

— Estou me sentindo um objeto de uso e desuso. — Córmaco se manifestou entre as amigas.

— Caladinho se não quiser que eu te desuse. E Hermione, eu sempre falo “seu ex” quando estou provocando ele ou você, ou os dois. É minha única forma de me defender da cúpula dos certinhos.

A última chamada do voo deles foi anunciada no saguão do aeroporto.

— Vamos Marvin, perderemos o avião. — o rapaz alertou.

— Vai indo, vou dar um último abraço na Mione.

— Não demore. Tchau, Mione!

— Tchau! — a morena acenou esperando ele se afastar alguns passos para dizer — O que você quer? Vai perder seu voo.

— Eu só quero te dizer mais uma vez. Vai correr atrás de quem te faz feliz!

— Eu estou feliz.

— Tá, eu sei. — resmungou Marvin impaciente — Existem vários tipos de felicidades, tá legal... E eu quero ver você com sua felicidade ruiva de um metro e oitenta quando voltar dessa viagem.

A outra coçou a cabeça sem graça.

— Você fala como se fosse um 'pesque e pague' da vida. Em alguns meses tudo muda. Ele pode não me querer mais de volta. Eu não sei o que devo esperar nesse próximo encontro.

— Quer o conselho mais sábio que alguém já te deu? Não espere nada, vá com tudo!

— Uau!

— É, “Uau”! Agora para de debochar e de se fazer de sonsa ou eu juro por Deus que trago alguma flecha indígena envenenada se você não tiver se acertado com aquele garoto na minha volta.