Entre Otakus escrita por Van Vet
Notas iniciais do capítulo
Tenham um ótimo fim de semana, pessoal! o/
Beijos!
O estúdio já estava fechado para o público, mas dentro da sala de revelação, Rony e Tamara trabalhavam nos últimos negativos. O Weasley aprendera muito sobre fotografia, tanto porque Tamara era uma ótima professora, como porque descobriu-se interessado pelo assunto. Talvez isso também viesse dela, uma pessoa que não fazia nada sem paixão e passava isso para ele constantemente. Acordar cedo, algo pelo qual vinha se queixando de início, começara a fazer parte de sua rotina e as olheiras até o abandonaram.
Enquanto penduravam alguns retratos para secagem, ela perguntou:
— Então quer dizer que existe mais seis iguais você? — havia visto Carlinhos dois dias atrás, quando fora buscá-lo no estúdio.
— Igual não. Eu sou único. Ruivos e sardentos tem mais alguns.
Ela encostou-se na bancada e ficou vendo-o trabalhar. Ele já conhecia de cor todos os procedimentos da sala de revelação.
— Moram todos juntos ainda?
— Quase todos. Gui, meu irmão mais velho, casou-se já. Carlinhos nunca saiu de casa, embora tenha quase a idade do Gui. Depois vem o Percy, que está comprando um apartamento e desocupará o espaço até o fim do ano. Os gêmeos, Fred e Jorge, eu não faço ideia de quando desocuparão o sótão. E depois vem eu e a Gina, que nem fez dezenove anos ainda.
— Uma grande família feliz.
— Uma grande família barulhenta.
— Isso é bom. Família é bom e o barulho que fazem também. — sorriu tristemente.
— E você, Tamara? — olhou-a com curiosidade — Cadê seus pais e seus irmãos?
— Todos separados e realizados. — a fotógrafa bocejou.
— Conte mais...
— Meu pai e minha mãe se separaram quando eu era adolescente. Morei com meu pai por um tempo. Ele pagou algumas contas minha, mas logo arrumou uma esposa difícil de engolir. A partir daí já nem tinha mais contato com meus dois irmãos.
— Eles ficaram com sua mãe?
— Um deles sim. O outro já era mais velho e mudou-se para outro país. Vejo papai uma vez por ano, no Natal, e os demais nem sinal.
— Te procuraram ou os procurou?
— Nenhuma coisa nem outra. — ela suspirou, então desencostou da bancada e exibiu seu famoso e radiante sorriso — Acho que tá bom por hoje.
Terminaram de organizar as fotos e saíram da sala. O estômago de Rony roncou ecoando pelo corredor silencioso.
— Tudo isso é fome?
— Você disse que meu almoço estaria garantido quando me propôs esse emprego, só que nada disse da janta. São dez horas, estou verde. — admitiu. — Chegando em casa vou fuçar na geladeira e ver se acho algo bom...
— Nem vem. Depois dirá que eu estou te tratando como um escravo e vai me processar. — Tamara brincou apontando-lhe seu indicador longo e magro — Façamos assim: eu convido você para comer no meu apartamento e você aceita.
Rony achou a ideia interessante. A mulher era tão misteriosa quanto encantadora, coisas que andavam intrigando-o. Estar na toca da fotógrafa ajudaria a conhecer um pouco mais sobre ela.
— Vou aceitar porque estou querendo dinheiro para comprar uns mangás e preciso do emprego.
— Você e seus mangás, garoto! — ela sorriu e pegou a touca da cabeça dele.
Desceram as escadas para o salão, apagaram as demais luzes e saíram pela porta dos fundos. O carro de Tamara os aguardava no estacionamento do outro lado da rua. Enquanto caminhavam para o carro, o celular de Rony vibrou anunciando nova mensagem. Ele pegou-o, conferiu e descobriu que era de Hermione Granger.
"Sei que são três meses, mas como vai você?" a morena dizia.
— Sorridente para o celular. — Tamara cantarolou. — Quem será?
O ruivo ficou encabulado ao vê-la observando-o e guardou o aparelho no bolso.
— Uma amiga. Nada demais.
— Uma amiga. Nada demais. — ela repetiu abrindo a porta do veículo. — Ok.
Quando estavam acomodados nos bancos e a motorista começou a manobrar pelas fileiras de carro, perguntou-lhe:
— Cadê suas namoradas, Olhos Azuis? Não é possível que um gatinho como você não tenha nenhuma.
— Eu, gatinho? — o elogio vindo de uma mulher tão bela quanto sua chefa o deixou mais surpreso do que envergonhado.
— Claro, já te vi fazendo miau.
Ele riu, incerto.
— E quando foi isso?
— Toda vez que ajeita o cabelo longe da testa ou coça o queixo. Ou ainda quando me fez cara de desamparado algumas horas antes do almoço. Nessas horas você faz miau pra mim.
— Você é engraçada, Tamara.
— Rony, Rony, se depositasse mais confiança em sua pessoa, sua vida mudaria completamente.
— Acha que não confio em mim?
Ela parou em frente a cancela e deu uns trocados para pagar no guichê do estacionamento. Enquanto esperava o troco, tocou-o no rosto com afeto.
— Acho-o tão lindo quanto ingênuo.
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