Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 68
Hermione


Notas iniciais do capítulo

Capítulo mais leve para relembrar as origens da fic! ^_^



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Sozinha no refeitório da universidade, Hermione largou o romance que lia e pegou o celular. Consultou a lista de contatos e demorou-se encarando o número de Rony Weasley. Havia uma foto dele também, a única que ela tinha. O ruivo mostrava a língua e arregalava os olhos para câmera. Ela pedira "Faça uma pose pra eu colocar nos contatos do meu celular" e ele fez aquela cara de roqueiro maluco. Perfeito.

Quis ligar e ouvir sua voz rouca e mansa desaparecida há um mês, mas haviam combinado que três meses seriam três meses. O que ela queria afinal? Havia dito do modo mais franco possível que ainda não sabia se sentia algo ou não pelo antigo namorado. E ele deixou abertamente claro o quanto a achava complicada, o quanto suas sombras o assombravam. Podia estar perdendo um rapaz bacana, um amor bom, algo vindouro.

Poderia, deveria, teria.

Também quis ligar para Córmaco. Primeiro para xingar Tremelique através dele. Se pensasse naquela bofetada absurda podia senti-la ardendo na bochecha ainda. Depois, há quase três meses que não tinha nenhuma notícia do ex-noivo e temia pelo que o loiro pudesse estar fazendo para esquecê-la, trazendo a ira da perua ensandecida para sua casa.

As coisas ficaram um pouco tensas porque Hermione acabou contando para sua mãe o ocorrido e Jane Granger pôs-se num silêncio tão mortal e conspirador que a morena temeu por um contra-ataque maternal. No fim, ela não ligou para Córmaco, Tremelique não apareceu e sua mãe nunca mais tocou no assunto após o informe.

Hoje pensava muito em Rony, mais do que nos outros dias, porque reestreara o anime de Sailor Moon e eles haviam prometido um ao outro de que assistiram juntos. Assistiriam.

Ela recolheu seus pertences, pagou o lanche no balcão e caminhou para as catracas da saída da universidade. Marvin, que reassistia as aulas de Bioquímica Molecular após uma senhora reprovação, se uniu a morena na saída. Hoje os cabelos dela eram verdes-folha, combinando com a tarraxinha do piercing no queixo.

— Matéria dos infernos! — veio bufando.

— Se continuar reclamando nunca vai passar. Tem que se integrar a ela, amá-la. — Hermione aconselhou.

— Fica quieta, CDF irritante. Eu lá vou amar uma matéria? Eu amo minha mãe, meu irmão, meus avós, meu cachorro e... — cortou-se abruptamente.

— O que houve? — Hermione franziu o cenho. Marvin tinha cara de quem chupou limão.

— Mione, esse papinho de "Ame os Estudos" "Ame os Professores" é coisa de gente que não transa.

— MARVIN! — A morena revirou os olhos. Passaram pela portaria e alguns alunos olharam para elas sorrindo. — As pessoas escutam essas baboseiras que você fala.

— Ah, tá... Todo mundo é santo, sei. — a garota de cabelos verdes deu de ombros — Deixa eu dizer, esse seu chove-não-molha só está te deixando grogue. Peguei seu livro de Radiologia há cinco semanas e até agora você não me cobrou.

— Eu ia cobrar. — esquecera mesmo — Quero comigo até o fim da tarde de amanhã.

— Uuhh, medo. — zombou Marvin. Elas passaram os jardins da entrada e pararam nas muretas que davam para a calçada. — Vai embora de ônibus?

— Humrum. — resmungou Hermione procurando trocados na bolsa.

— Acho que não. Aquele cara gostoso não é o seu vizinho?

A morena ergueu a cabeça e olhou na direção onde Marvin apontava. Do outro lado da rua, acompanhando á mão da avenida, estava Vitor. Estacionara o carro rente a calçada e acenava para ela encostado no veículo.

— É o Vitor. — disse com embaraço. — Ele ia me mostrar um lugar legal pra correr, quer dizer, íamos correr. Bem, eu... Ele disse que se estivesse de passagem por aqui na hora da minha saída me daria uma carona, então...

— Sou seu pai? Mione, tá ficando patético tantas desculpas. Vá lá, passa o rodo em mais um gostosão, amiga. Apoio.

Ela já havia contado a garota sobre o inusitado rompimento com Rony e a primeira coisa que Marvin perguntara era se ela voltaria para Córmaco.

— Sua mãe devia tê-la enviado para ser criada num convento, sabia? — reclamou empurrando a outra pelo ombro. Marvin gargalhou, a morena também acabou rindo.

Por fim, se despediram, a jovem atravessou a rua e foi ao encontro do rapaz. Foi para beijá-lo no rosto, entretanto ele pediu:

— Estou suado e sujo de graxa. — informou tímido.

— E eu carrego o cansaço do mundo nas costas. Muitas aulas hoje. — ela disse logo, para não deixá-lo constrangido.

— Imagine os coitados que não gostam de estudar, então.

Hermione sorriu segurando a nuca com uma mão.

— Quer me dar uma carona?

— Só se formos correr depois. — barganhou para ela.

— Enquanto não me botar em óbito não estará satisfeito, sei disso.

— Sua preguiçosa. — Vitor contornou o carro e abriu a porta pra ela — Vamos lá?

A garota se encaminhou para seu banco.

— Vou poder tomar meu cafezinho da tarde, pelo menos?

— Se conseguir tomar um café no tempo que eu demoro pra trocar de roupa e te chamar na sua casa, quem sabe.

— Ei, e aquele negócio de começar a se exercitar gradualmente enquanto não estou acostumada?

— Três semanas ainda é início pra você?

— Sim. — disse fazendo uma expressão de coitada.

Não adiantaria, Vitor era um treinador implacável.


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