Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 63
Rony


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoal? No capítulo de hoje temos Rony buscando novos caminhos!
E cadê aquele pessoal mais antigo, que comentava sempre? Saudades de vocês :'(
Vamos deixar review e me ajudar a comemorar os nossos 300 comentários, queridos o/
Beijão!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/452408/chapter/63

Mais uma vez algo passou pelos seus dedos. Hermione Granger chegou e foi-se como um sonho bom interrompido na metade. Era uma manhã de segunda-feira e o ruivo não tinha a mínima vontade de sair da cama para pedalar às margens do rio, algo que vinha tomando como prática há algumas semanas. Um dia na tediosa banca de revista o esperava, e nem promessas de mais mangás faria seu humor melhorar. Hermione não apareceria para uma surpresa. Seria novamente só ele, Hank e os clientes entediantes de costume.

Ao lado, no criado-mudo, sua carteira escondia um convite inusitado. Tamara, a fotógrafa, deu a ele seu cartão e uma proposta para conhecer seu estúdio, e, quem sabe, trabalhar para ela. Aquilo pareceu ser a única coisa capaz de tirar Rony da cama. Algo diferente na sua rotina.

Ele tomou um banho rápido, vestiu suas roupas de sempre e pegou a carteira, analisando o cartão. O endereço não era tão perto para que pudesse ir a pé, poderia ser que se atrasasse para o serviço também, mas estava disposto a arriscar. Pegou alguns trocados e tomou o ônibus na esquina.

O estúdio ficava numa avenida de grande movimento comercial em Londres. Uma fachada envidraçada, sofisticada, que chegou a intimidar o ruivo um bocado. Aquela manhã era para quebrar a rotina, então continuou arriscando. Entrou e encontrou um balcão de madeira caprichosamente polido e um atendente despojado e jovial.

— Olá.

— Pois não?

— Eu quero... — pigarreou — Eu recebi esse cartão da Tamara para visitar o estúdio. Ela está?

— Está sim. Vou avisar da sua chegada, espere um pouco. — o atendente, que parecia ser alguns anos mais velho que ele apenas, perdeu-se no fim de um corredor lateral. Rony olhou de soslaio naquela direção e viu pessoas se movimentando no que parecia ser um salão.

A apreensão por estar ali o levou a afundar as mãos nos bolsos da blusa. O rapaz voltou:

— Me siga. — pediu com simpatia. Rony o acompanhou.

O fim do corredor dava num salão enorme. O chão era azul e liso, o teto alto e repleto de luzes frias, e o local produzia um grande eco. A mobília era escassa, mas Rony identificou painéis, biombos, luminárias, pedestais e todo tipo de parafernália passível de se encontrar dentro de um estúdio fotográfico.

Tamara estava sentada confortavelmente no chão, as pernas cruzadas, agarrada a uma máquina fotográfica de lente avantajada. Sorria, brincava e conversava com seu modelo, um cão pequeno e peludo, educadamente sentado diante de uma paisagem abstrata. Mais pessoas a rodeavam e observavam seu trabalho.

Ele ficou parado esperando ela trabalhar, contudo Tamara virou-se e lhe acenou:

— Ei, Olhos Azuis, sabia que viria! — fez um gesto para se aproximar.

Rony avançou timidamente sentindo dez pares de olhos desconhecidos o fitando, inclusive o cão, que latiu e abanou o rabo.

— Jimmy, por hoje chega, garoto. — Tamara disse ao cão, que pareceu entender, saiu da posição e correu acercando Rony.

Além da moça negra, as outras pessoas riram.

— Ele gostou de você. — disse uma oriental baixinha com óculos grandes.

— Só toma cuidado porque às vezes ele se empolga. — alertou um homem esguio de cabelos brancos.

— Ele já gamou. — Tamara completou ficando de pé.

Rony olhou para própria perna e viu o cão enamorado nela.

— Jimmy... — empurrou o cão, humilhado.

— Ei, Jimmy! Vem! — deu o comando uma quarta pessoa, a moça loira de cabelos trançados. Jimmy obedeceu e correu para seu colo.

— Desculpe a animação do nosso Spitz Alemão. — Tamara se desculpou. Agora em pé, o ruivo reparou no macacão jeans sobre a blusinha branca, além dos tênis de cano alto, que a fotógrafa usava. — Deixa eu te apresentar o pessoal: Essa é a Cho Chang, minha assistente, e esse é o Oliver Thomas, meu sócio. Ela... — apontou para a loira de cabelos trançados — acho que já conhece. — Rony anuiu, porém não fazia ideia de quem fosse a tal. — Gente, esse é o... Espera, eu não sei seu nome. — gargalhou.

— Típico, Tamara. — Oliver sacudiu a cabeça em desaprovação.

— Eu sou Ronald Weasley. — Rony estendeu a mão e foi cumprimentando todos.

— Que nome bonito. — elogiou a fotógrafa.

— Artístico. — disse a loira.

— E então, veio conhecer o estúdio? Eu cheguei a duvidar quando não apareceu na primeira semana.

— É. Estou com um tempo livre e vim ver.

— Cho, pode começar a preparar os negativos pra mim? — Tamara olhou para a japonesa e lhe entregou sua máquina. — Ashley, querida, as fotos ficaram ótimas! Te mando elas o quanto antes para aprovação. — a loira abraçou a moça e beijou-a carinhosamente na bochecha se despedindo.

— E eu vou sair para negociar com o Stu, Tamara. — anunciou o sócio de cabelos brancos.

Quando todos saíram, Tamara voltou a dar atenção para Rony.

— Pronto! Agora sou sua. — pareceu entusiasmada. — Vêm, vou lhe mostrar o estúdio.

Ela se pôs a andar para os fundos do salão e ele a acompanhou.

— Antes de qualquer coisa, Tamara, quem era a moça de tranças? — perguntou quando os outros se distanciaram.

— Sério que não a reconheceu? — aquilo a divertiu. Ele negou com a cabeça. — Legal. Você é avoado igual a mim! É a atriz e cantora juvenil, Ashley Johnson.

— Oh... — a informação não dizia nada para o rapaz.

— Tá, não a conhece mesmo. Ela é uma febre adolescente daquelas criadas na Disney Channel.

— Acho que estou entendendo.

— É uma moça legal se souber levar. Está decorando um andar da mansão dela com fotos do cão e me chamou para o trabalho. Uma graça!

— Então é esse tipo de coisa que fazem por aqui? Tiram fotos de cães de celebridades e viajam para paisagens no ártico?

Tamara o conduziu para uma porta no fim do corredor, que por sua vez levava a uma escadaria de ferro e ao mezanino.

— Mais ou menos. De vez em quando aparecem celebridades de verdade e, uma vez, tive de fazer uma sessão de nu com modelos do Caribe.

— Humm! — exclamou.

— Olha aqui, safadinho, pode apostar que mulheres nuas serão as coisas mais raras que vai ver passeando por esse estúdio.

— Eu não disse nada. — ergueu as mãos inocentemente.

Ao terminarem de subir as escadas, outro corredor os esperava. A negra entrou na primeira porta e acendeu a luz. Do outro lado da parede, uma janela oval e envidraçada se debruçava sobre o salão em que estavam há pouco.

— Aqui eu armazeno os negativos e as fotos em geral. Normalmente é meu escritório também, então não repare na bagunça.

O local tinha uma organização bem peculiar mesmo. Caixas de papelão amontoadas, gavetões de ferro emparelhados pelas paredes e mesas lotadas de papéis e monitores. Entretanto, era um espaço estranhamente acolhedor. Ela saiu no corredor de novo.

— Ali, naquela porta, fica a sala de revelação. — apontou para a outra porta. — A luz em cima da porta indica se a pessoa pode entrar ou não. No caso, como a Cho subiu para revelar as fotos do Jimmy, a luz se encontra vermelha, então não pode entrar.

— É a tal sala escura? — Rony argumentou com o que sabia dos filmes.

— Exatamente. — Ela lhe sorriu satisfeita.

Voltaram para as escadas e retornaram para o salão. Em vez de atravessá-lo até o corredor da recepção, Tamara entrou numa terceira porta de frente para as escadas. Lá dentro existia a cozinha, abastecida e aconchegante, e mais adiante um almoxarifado repleto de mais equipamentos fotográficos.

— Hoje eu preciso sair, vamos para uns prédios antigos do outro lado da cidade. Vou tirar fotos para um grupo ativista que quer lançar uma campanha contra a prefeitura. Estão querendo demolir tudo e transformar num centro comercial. Almoçaremos mais tarde, mas nada perto da janta, como no seu antigo trabalho.

Tarama já estava o incluindo no cronograma daquele dia e aquilo pegou o ruivo desprevenido. Algo em seu semblante o delatou disso a ela.

— Ainda não deixou seu emprego antigo?

— Vim sem compromisso. Para ser sincero, entro daqui uma hora na banca e vou chegar atrasado.

— É o shopping sul? De carro não demora tanto assim.

— Estou de ônibus.

A moça fechou a porta da cozinha e retornaram ao salão.

— Nesse caso, eu te levo e sigo caminho dali.

— Não precisa. — respondeu humildemente.

— Claro que precisa. — o brindou com aquele lindo sorriso que possuía — E desta vez não o farei por causa dos seus olhos absurdamente maravilhosos, farei porque quero algo em troca.

— Se estiver ao meu alcance...

— Vai pedir as contas no shopping e vir trabalhar comigo. Preciso de um assistente com músculos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre Otakus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.