Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 62
Harry


Notas iniciais do capítulo

Agradecendo quem comentou no capítulo passado. Que bom que gostaram!!

E agora, Harry, pobre Harry...



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Ele nem sabia se Gina gostava de flores e ainda assim as comprou. Conhecendo-a como conhecia, tinha quase certeza de que não. Gina nunca se comportava como as demais mulheres, era uma Weasley, portanto, fora do convencional.

Harry depositou o buquê em cima do banco do passageiro e dirigiu para o prédio onde ela tinha suas aulas de dança. Rony ensinara o caminho e ele desligou o telefone quando o amigo começou a perguntar por que queria saber onde encontrar a irmã.

Era uma sexta feira, ele tinha acabado de sair do trabalho e ainda vestia a roupa de escritório. Estacionou em frente ao prédio, afrouxou a gravata para parecer mais casual e ficou chupando uma balinha de menta para ficar com o hálito refrescante. Não esperava beijá-la de imediato, mas a ruiva sempre fora tão apaixonada por ele que era melhor se prevenir.

Harry ficou esperando-a encostado ao carro. Era um pouco depois das oito e a viu saindo na companhia de duas moças. Estava linda e informal enfiada nos seus jeans gastos e botas marrons. Seus cabelos vermelhos batiam na cintura e estavam soltos esvoaçando ao vento. Aquela garota parecia saída de um catálogo de beleza natural. Gina era totalmente estonteante na sua beleza genuína, sem artifícios.

Linda e eu nunca havia reparado antes!

O rapaz ficou imaginando o quão contente e lisonjeada ela ficaria quando ele contasse que estava disposto a dar-lhe uma chance. De certo pularia em seu pescoço, como de costume, e o beijaria audaciosamente. Harry deu um sorriso torto imaginando a cena. Acenou para Gina assim que a moça o viu, e percebeu como ela se despediu de um jeito atrapalhado das colegas para depois se aproximar dele. Na certa ficara surpresa.

— Olá! — ele sorriu enquanto a ruiva se aproximava.

— O que tá fazendo aqui? — nem lhe dignou um sorriso.

— Olá, eu disse. — repetiu buscando paciência.

— E eu disse o que está fazendo aqui? — ela continuou intransigente.

Aquilo não estava no script que Harry idealizara.

— Eu vim te buscar.

— Ah... Vai me levar para algum restaurante e me humilhar outra vez? — lançou-lhe um olhar superior.

— Gina, eu quero me desculpar. — as palavras saíram com muita dificuldade, mas saíram — Fui um canalha mesmo, devo confessar.

— Que bom que percebeu, talvez obtenha algum crescimento com isso. — e deu as costas para ele, caminhando pela calçada.

Inconformado, Harry pegou o buquê no carro e correu até ela:

— Vai me fazer rastejar? — parou na frente dela oferecendo as flores — Eu tenho direito de errar, não tenho? — lançou um olhar órfão para a jovem.

A moça hesitou por segundos, quase conquistada, mas armou-se outra vez.

— Pra que flores? Isso é pra mim? — quis saber num tom de deboche.

— Não sabia o que comprar pra você... Tentei flores! — ofereceu mais uma vez, esperançoso. E um pouco aborrecido com tamanha teimosia.

— Harry, por que está agindo assim? — ela quase gritou.

Ele acabou jogando o buquê no chão, se sentia um idiota com aquilo na mão. Tinha de falar, abrir o jogo, e parar de tentar fazê-la entender naqueles meio-gestos, que buscava se declarar para ela. Para a pirralha! Quem diria...

— Gina, senti saudades. — coçou a testa nervosamente.

— Eu não. — percebeu sinceridade nas palavras dela e aquilo não o agradou.

— Fiquei sabendo desse seu professor de dança...

— Nem comece a falar do Erik!

— Falo sim. Esse cara não quer nada sério com você, ele...

— ... é meu namorado. — a ruiva completou.

Harry perdeu-se nos argumentos, ficando atordoado. Então o cara conseguiu mesmo levá-la para algo mais sério? Estava tudo errado. Se ela era jovem para Harry, o que dirá para esse professor, que Rony dissera parecer já ter quase uns trinta anos.

— Eu tenho uma coisa importante pra te falar. — a Weasley ia interrompê-lo e ele foi mais rápido agarrando-a pelos ombros e pedindo a palavra. — Deixa eu terminar! Depois que voltei do estágio, alguma coisa aconteceu comigo. Fui mudando por dentro em relação a você. Não sei explicar. Estou te achando diferente, atraente e... linda. Não consigo mais enxergar a garotinha chata. No lugar dela, Gina, você virou para mim algo além... Eu estou apaixonado por você! — desabafou.

E era agora que ela deveria ter um ataque histérico e abraçá-lo, beijá-lo, entrarem no carro e partirem para algum lugar calmo onde pudessem conversar docemente e trocar mais beijos. Só que os planos de Harry desviaram para uma turbulenta contramão.

— Seu palhaço! Nunca vai parar de brincar comigo, não é? — ela gritou.

— Não estou brincando!

— Para! Para, Potter!

Ele quis tocá-la, acalmá-la fazendo-a provar dos seus beijos, contudo sentiu um forte empurrão no tórax e não eram as mãos dela.

— Deixa a Gina em paz, cara.

Harry se viu olhando para um homem mais alto, de olhos penetrantes e firmes. Não precisou de apresentação para saber que aquele era o professor de dança.

— Sai da minha frente, seu aproveitador de ninfetas! — Harry exclamou.

— Ah, cala boca! — a moça berrou agressivamente para ele. Lágrimas raivosas saltaram dos olhos dela — Seu ridículo.

— Gin...

— Ela não quer saber de você. Pare de importuná-la. — o professor disse, amparando a jovem pelos ombros. Aquele gesto corroeu Harry de ciúme, e ele pouco podia fazer. Não tinha porte para arrumar uma briga física com aquele tipo, mas o faria se Gina estivesse a favor dele, que não era o que estava acontecendo.

Seu orgulho começou a ferir-se.

— É isso que quer, Gina?

Ela não respondeu, correndo para dentro do prédio, evitando deliberadamente qualquer contato com ele. Eu me declarei! Eu me declarei! Harry começou a ficar revoltado. O buquê, próximo aos seus pés, ele chutou com toda raiva para a sarjeta.

O professor de dança continuava encarando-o.

— O que foi, idiota? Conseguiu mais uma garotinha pra sua coleção, vai aproveitar! — berrou provocando o sujeito.

— Seu tempo passou, Amigo do Irmão. Deixe-a ser feliz. Ela já perdeu muito idealizando uma falsa felicidade com você. — e virou-lhe as costas, caminhando para o prédio também.


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