Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 39
Rony


Notas iniciais do capítulo

Gente bonita do meu coração, vocês pediram um Rony menos lerdo e eu atendi, que delícia que gostaram então!!! *-----------*
Recado: Como voltei de férias ~choramingando~ é capaz que as postagens agora só entrem mais tarde nos seus respectivos dias, tipo depois das 18hs, beleza?

Beijo, beijo!



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Ele ficou parado por muito tempo boiando no vazio. O beijo ardia em seus lábios com doçura. Fazia perto de um ano que não provava da boca de uma garota e tinha quase esquecido como era a sensação: deliciosa, mas com Hermione, muito mais intensa.

Descobriu-se no fluxo dos funcionários ao ver dois garçons encarando-o com bandejas na mão, porque impedia a porta da cozinha. Sem graça, o rapaz afastou e não deu muita relevância para as olhadas mal humoradas dos atendentes de mesa. Ele pôs-se a se avaliar percebendo o quanto precisava se recompor. A touca fora parar na sua mão, mas ele não lembrava como, a blusa estava amarrotada e os cabelos bagunçados. Caminhou até o banheiro masculino para trazer um pouco de compostura ao visual, embora os lábios continuassem vermelhos.

O que ele faria a seguir era a questão. Agora não tinha mais cara para voltar para a mesa, encarar Hermione, depois de agarrá-la e roubar-lhe o beijo. Agira numa imprudência da qual há muito não arriscara e estava ficando bem envergonhado de tomar uma moça de compromisso marcado para um amasso as escondidas.

Rony decidiu que não voltaria. Seria demais para eles.

Saiu para a rua e o vento gelado da noite açoitou sua face impiedosamente. Ajeitou a blusa e a touca encobrindo-se mais dentro dos panos. Conferiu se os trocados em sua carteira o levariam até em casa e constatando que sim, partiu a pé para o ponto de ônibus.

Era sábado e muitos jovens com bem menos do que sua idade povoavam o ponto voltando de lugares como shoppings e lanchonetes. Estavam todos felizes e risonhos. Ao vê-los, de repente, Rony lembrou que não avisara nada para Harry. Agarrou seu celular e discou:

— Harry, eu tô indo embora.

A ligação era carregada de barulho do lado de Harry.

Como assim? Onde você tá?

— Estou no ponto de ônibus na avenida, já. Não se preocupe.

O que houve? — perguntou o amigo quase aos berros por causa da algazarra dentro do pub.

— Eu te explico depois, mas não é nada sério. Boa noite.

E desligou.

Dizer que não era nada sério era uma estranha forma de resumir os fatos. Rony era conhecido por sua personalidade passiva e impávida. Seu jeito complacente e rendido. Mas o seu eu daquela noite, não fora seu costumeiro eu.

Aquela morena irresistível o elevou a uma compulsão nova, numa tomada de decisão totalmente passional. Não fora muito cavalheiro, não deu a ela a chance de decisão e, provavelmente, agora que não a veria nunca mais mesmo. Por outro lado, e pensar assim era ser muito mais otimista, só lhe devolvera o beijo e a dignidade negada do outro encontro.

Sentiu que a conversa com a ex-namorada, Lilá, o tirou minimamente de sua casca apertada. Abriu, pelo menos, uma fissura suficiente para fazê-lo respirar um pouco melhor e encontrar cores na cinzenta perspectiva que vinha enxergando na aproximação de alguma mulher.

O seu ônibus chegou e ele acenou. Deu seus poucos trocados amassados para o motorista e foi sentar no fundo do coletivo quase vazio.

Seria bom e diferente conhecer Hermione melhor. Seu jeitinho misterioso e eclético a deixava imensamente charmosa aos gostos dele.

Mas quem Rony queria enganar? Ele era o carinha dos mangás. O sujeito de vinte e tantos que só possuía gibis japoneses como bens pessoais e um salário ridiculamente patético perto da fortuna do noivo dela.

Poderia ligar para ela e pedir desculpas outra vez. Dizer que ali fora sua vez de brincar. Entretanto, não seria digno com ele mesmo. Havia dito e tinha de manter sua palavra para ter um pouco que fosse de dignidade e amor próprio.

Não queria ser seu amigo.


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