Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 38
Hermione


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada preciso, necessito, agradecer imensamente a Willi Santana por sua recomendação fantástica, a sétima gente!! Adoro recomendação ~lágrima de emoção nos olhos.

Falando em emoção >>>



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Córmaco ficava tentando estabelecer um diálogo com Rony, o que era muito embaraçoso para ambos. Hermione não encontrara até então aquela brecha para sinalizar para o ruivo que precisavam se falar em particular. Nem sabia se ele era bom em pegar sinais com gestos sutis acima dos ombros do noivo de outrem.

Num determinado momento, quando Córmaco virou-se para falar com Mark, a garota fez um leve sinal com a cabeça indicando o outro extremo do pub. Ele captou rapidamente.

Ela disse discretamente ao noivo que iria ao banheiro e cruzou o, cada vez mais populoso, salão. Encontrou no balcão um lugar bem propício para ficar sem ser vista pela mesa e esperou. Dois minutos depois o ruivo apareceu.

— Oi, Hermione. — ele disse.

— Olá. — a garota respondeu um pouco tímida.

Encostaram-se no balcão.

— Você sumiu da banca.

— Eu não tive tempo. — mentiu. E ambos sabiam disso.

— Reservei uns títulos pra você.

— Obrigada. — o clima ainda era muito embaraçoso.

Então ele riu estranhamente e confessou:

— Talvez eu esteja vivendo o momento mais constrangedor de todos os tempos.

Hermione sorriu.

— Se eu acreditasse em destino, estaria com medo de seu poder agora.

— Pois é. Falta o destino do bilhete premiado para nós.

— Oh... não, Willy Wonka?

— Quê? Eu gosto de chocolate, ou vai dizer que não? Que tá de dieta.

— Não faço dieta. — a morena fez uma careta — Nunca fiz. E adoro chocolate também. Só acho o Willy Wonka meio... sinistro.

— Isso é porque ele é um cara solitário. — observou um pouco cabisbaixo.

— Diferente de você. Seu amigo disse que eram amigos-irmãos. Achei bonito.

— Harry me arrasta para lugares inacreditáveis quando está inspirado. Você nem imagina. — Rony concordou com um meneio amistoso. — Desde moleques mesmo. Contando um para outro sobre nossos primeiros beijos e nossas primeiras decepções. Jogávamos muito vídeo game, acampávamos diversas vezes e riamos tanto juntos que já estamos com nossas cotas de risada completamente preenchidas para a próxima vida.

— Que legal.

— É... Ultimamente ele têm mudado um pouco, mas acho que é normal. Em algum momento todos nós mudamos de algum modo.

— Sim. — Hermione concordou com o olhar perdido. Na sua mente passava recordações da otimista menina de uma década atrás.

Essa menina suspirava de paixão por seu vizinho, um rapazinho moreno e alto, muito galanteador. Dizia a todos que iria se casar com ele e quando o beijou pela primeira vez passou um dia e uma noite eufórica demais para conseguir dormir.

Essa menininha também adorava andar de bicicleta e ralar os joelhos a cada queda. Marcas de sua perseverança. Ela contava tudo que afligia seu coração para os pais e nunca pensou que iria se encolher a algo ou a alguém, só porque estava cansada demais para entrar na luta.

— Seu noivo é um cara bacana. — comentou Rony trazendo-a novamente para o pub. — E ele tem sorte.

Ela encarou-o incognitamente. Por dentro, se perguntava freneticamente sobre assuntos delicados. O que este rapaz sentia por ela, afinal? Por que ela quase o beijara antes? E por que, por Deus, estava querendo abraçá-lo novamente, juntinho e aconchegantemente como a sábados atrás?

— Confesso que tive medo que você acabasse contando sobre minha “brincadeira” da última vez. — riu nervosamente.

Esperou que ele emendasse-se numa gracinha para apaziguar a tensão eletrizante nela, mas o outro simplesmente a desajustou ao dizer:

— Não foi brincadeira. Nós sabemos que não.

— Eu... — gaguejou bobamente.

O jovem inflou o peito e a interrompeu.

— Preciso te dizer uma coisa.

Então Hermione anteviu o que viria e o desespero de ver sua casca frágil de proteção rachar a fez o atropelar.

— Olha, vamos continuar sendo amigos! — exclamou.

— Não quero ser seu amigo.

— Foi uma brincadeira! — ela gritou para tentar fazê-lo acreditar.

De repente, o viu menos meigo e mais impetuoso.

— Esquece, Hermione. Não vai rolar uma friendzone entre nós.

A morena mordiscou o lábio e um frio delicioso, do qual ela há tempos não sentia, dançou em sua barriga.

— Por que recusou meu beijo, então? — perguntou impulsivamente.

— Porque queria saber se você estava realmente a fim de mim.

— E como descobriu isso? — ela retrucou num tom que sugeria uma discussão.

A barulheira e tumulto do lugar eram tamanhos que ninguém notou que eles elevaram a voz.

— Como uma garota pode sugerir me beijar tendo um partidão como aquele carinha lá?! — e apontou para o salão.

— Você não tem o direito de me pressionar desse modo — perdeu-se nos argumentos outra vez.

Como ia lhe dizer que Córmaco era perfeito sim, mas que ele pareceu-lhe perfeito para ela aquela outra noite.

Rony ficou calado, muito deslocado no cabo de guerra surgido magicamente entre eles. Hermione ainda mais.

— Tô muito afim de você, se é isso que quer saber. — revelou para a morena.

Hermione não podia ficar mais ali. A pessoa que colocava a mão no fogo por sua fidelidade, o sempre perfeito cavaleiro branco, o apaziguador e salvador de seu pior momento, numa relação que veio lhe resgatar e colou seus caquinhos do chão, esperava-a docemente numa mesa há alguns metros dali. E ela o traía ao escutar e corroborar intimamente com o ruivo diante de si.

— Foi bom enquanto nossa amizade durou então. — respondeu mecanicamente e desencostou do balcão.

Entretanto não pôde avançar. Não para onde pretendia. A mão do rapaz pegou-a com delicadeza, mas firmeza, no seu pulso, empurrando-a para as sombras do balcão que conduziam a área restrita aos clientes. Encostou-a contra a parede e, de frente para ela, falou:

— Desculpe, não quis forçar nada...

— Só me deixa ir. — a morena pediu.

— Foi mal. Preciso pagar o vácuo que te dei no outro dia.

Hermione foi arrematada sem dar-se conta. Quando sua ficha caiu, de que Rony havia embalado-a nos braços e selado seus lábios nos dela, começou a se debater de medo. Medo de ser descoberta. Porém, esse receio durou segundos fugazes, e ele não a soltou, lhe fazendo entender que o momento dos dois era algo inevitável.

Ela relaxou, deixou de fazer de seus dedos garras potentes contra o braço dele, e deslizou-o com ferocidade para a cabeça, arrancando sua touca para fazer algo que muito tivera vontade: mergulhar os dedos nos cabelos ruivos e exóticos do garoto da banca de revista.

Rony mostrou-se completamente habilidoso na arte de beijar, tendo lábios macios e absurdamente quentes. Foi hipnotizada por aqueles toques. Eram novos, diferentes, quase como se sua boca fosse virgem outra vez. O beijo não chegou a durar nem meio minuto, mas foi tão intenso que ela teve a impressão de ter ficado nele por algumas décadas.

Quando o ruivo afrouxou o beijo para tomar um ar, Hermione deu ouvidos a sua racionalidade e empurrou-o atordoada. Deu-lhe bruscamente a touca que ficara em sua mão e saiu cambaleando de volta para mesa.

Finalmente ela fizera algo que desejava e nem por isso estava menos apavorada.


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Notas finais do capítulo

E aí???? Povo, o que acharam? Depois de quase 40 capítulos era o que esperavam??
Comentários, please!
Beijos!



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