Blood On Blood escrita por RubyRuby


Capítulo 13
13 Sophie- And then there was silence




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Eram umas três horas da manhã quando pude finalmente por meu plano em prática. Saí do meu caixão rapidamente e pus a andar para a saída.

Estava chovendo muito forte, e eu estava muito fraca, afinal, além de ter me concentrado em impedir que Tony lesse meus pensamentos o dia todo, havia acabado de sair do meu caixão sem ter completado meu sono pleno, o que me proibia de ter os poderes mais vitais que um vampiro pode ter, tais como a beleza total, a racionalidade, a fortaleza e obviamente, o descanso.

Fazer aquilo poderia parecer bobo, mas era extremamente arriscado: estava indo encontrar Evan.

Eu saia lentamente, dando passos largos e quietos por toda casa, descalça, para não fazer barulho. Pensei rapidamente que precisaria de algo para destrancar a porta sem ser a chave, para não fazer tanto barulho, além de eu não ter uma somente para mim, mas como era uma chave para os dois. Então fui discretamente até a cozinha e peguei uma faca, já que, pelos meus séculos de vida, sabia que poderia descolar a moldura da fechadura da própria porta, e isso faria com que ela se destrancasse automaticamente, sem barulho nenhum.

Virei dois corredores escuros, enquanto a chuva caia violentamente no telhado. Observava com até um certo respeito, toda a decoração daquela casa, que eu estaria vendo pela última vez. Os relógios caros e velhos, os cabides, as paredes grossas. Cruzei nossa larga sala, depois de descer as gigantescas escadas. Foi lá que por muito tempo, eu subia com meus vestidos elegantes junto ao Tony, nas festas que ele mesmo dava em nossa casa. Foi lá também que ele me beijou pela primeira vez.

Eu achava que aquilo era ser feliz, ter aquela riqueza e pompa toda. “Minha princesa de sangue”, era como ele me chamava. Podíamos dançar durante toda a noite, e então matar todos os convidados, fazendo assim um belo banquete para nós dois. Mas bastou Evan entrar no salão, com toda sua dor e beleza escondida em seus olhos, e todo seu passado, condenado por Tony, que comecei a duvidar que aquele vampiro que eu conhecia era o amor da minha vida_ e da morte_ e que aquele que havia acabado de entrar no salão era apenas o começo da minha história.

Eu ia em direção à sala de jantar, onde se encontrava a porta. Estava indo discretamente, com toda lentidão que uma vampira fraca poderia ter.

_Ha, há..._ ele olhava para mim, em um estado entre êxtase e raiva_ Você não vai se livrar tão fácil de mim, minha... ex princesa de sangue.

Encontro com Tony, rindo, encostado na parede. Devo confessar que naquele momento, achei que meu plano se tornaria um fracasso. Não havia como esconder nada de Tony mesmo que bloqueasse minha mente. Era tudo bem armado para mim, que estava apaixonada por Evan, mas para ele tudo era muito óbvio.

_E eu achando que você me amava..._ ele vinha em minha direção, com seus olhos fixos nos meus.

Tão fixos que sequer havia notado a faca em minha mão, e por um momento eu esqueci, também. Eu mesmo assim a escondi atrás do vestido_ vampiros obviamente não usam pijama para dormirem em caixões. Seus olhos me tomavam com tanta fúria, que sequer parecia aquele Tony cheio de sarcasmo e joguinhos de sempre. Se ele quisesse me matar, aquela seria a oportunidade mais que perfeita. Seu sangue corria quente por suas veias e seus pensamentos eram os piores que eu já havia lido quase que em toda a minha eternidade.

Ele me segurou pelas bochechas como uma criança mimada e me jogou com força contra a parede. Depois veio rapidamente a meu encontro, ainda na parede, e puxou meus cabelos para trás, de modo a me fazer ficar imóvel.

Eu rapidamente ajeitei a faca na minha mão, apoiando-a na parede. Meus cabelos ainda estavam presos e ele me olhava fixo nos olhos. Ambos sem fôlego.

_Pois saiba que será impossível escapar de mim. Pelo menos até quando eu quiser ter você._ ele me imprensou ainda mais forte, me fazendo entrar totalmente em contato com seu corpo e com a parede, prendendo até mesmo minha respiração _ Porque pode ser que eu enjoe de você e te jogue fora. Aí sim, você poderá ficar com Evan.

Mas de repente, ele olha mais para baixo, como se algo estivesse indo errado em seu discurso montado na cabeça, e vê a faca em minha mão. E então eu percebi que se eu realmente amasse Evan, teria que mostrar isso. Como que por instinto, não esperei reação nenhuma dele, e apressadamente cravei a faca forte em seu braço, o que fez com que ele ficasse preso à parede. Ele deu um grito alto, como se me rogasse uma praga dentro de si.

_Sua desgraçada!_ ele tentava se libertar com a outra mão, mas seus gritos revelavam que doía demais.

Eu não queria ter feito aquilo. Na verdade, queria, mas aquilo significava que o Tony que eu conhecia estava enterrado dentro desse novo Tony, e mesmo que eu não pudesse fazer nada, eu sentia muito por isso.

Eu não esperei; saí correndo para a porta. No entanto, ela estava trancada, bem como eu temia. Eu tentei abrir dando trancos, mas foi em vão. Ele olhava para mim com tanta raiva e fervor, tentando tirar a faca da parede, que se eu desse um passo errado antes de ele se libertar, eu não poderia ver Evan nunca mais. Eu fui correndo para a cozinha novamente, para pegar outra faca_ não achava que aquela que trazia comigo serviria para me defender, e procurar sua chave pela casa daria mais trabalho.

Voltei, com a outra faca na mão, fazendo todo o longo caminho inverso, ouvindo o barulho forte da chuva sobre a casa velha e tentando me guiar pelas frestas de luz da casa. Estava me sentindo ainda mais tonta e fraca, com pavor de ele já ter se libertado, mas certa de que teria que passar por ele se quisesse ter Evan novamente em meus braços.

Tony estava quase se libertando quando entrei na sala.

_Sua vadia..._ ele gritava, já cansado, sem fôlego_ volte aqui!

Ele conseguiu tirar a faca da parede, vindo desgraçadamente para cima de mim, com a velocidade que somente os vampiros são capazes de alcançar. A faca agora estava caída no chão, perto de onde eu o havia ferido.

_Sua maldita!

Tony me empurrou com tanta força para trás, para a parede, que pude sentir os ossos de minha perna esquerda se partindo assim que me deparei com o chão. Tony então veio em minha direção, e me deu um soco no rosto. Ele sabia que aquilo cicatrizaria rapidamente, afinal, nós vampiros temos esse poder_ e é por isso que existem poucos meios de matar um vampiro, de modo a distanciar seus membros, para que eles jamais se reencontrem e se reestruturem_, porém foi o bastante para me desestabilizar de vez.

Estava tonta, fraca, e agora com a dor insuportável de ter uma perna quebrada e o rosto dolorido. A dor da reconstrução das partes quebradas me incomodava ainda mais que a dor da queda, porém não podiam me desviar do meu propósito. Tony não venceria daquela vez.

Levantei-me novamente, sem reclamar. Puxei então a outra faca, e assim como ele fez segundos antes, eu mostrei que também sabia usar minha velocidade a meu favor: rapidamente perfurei seu coração, e com a mesma faca, rodei seu lado de corte por em torno dela mesma, e isso fez uma grande ferida em Tony. Ele me olhou, com os olhos esbugalhados, tensos e imóveis. Não podia mais ter reação nenhuma porque por algumas horas, seu corpo estaria desfalecido_ reconstrução do coração exige mais que até mesmo a do cérebro, e mesmo que ele cicatrizasse facilmente, era preciso tirar a faca dali para que ele pudesse voltar a ser como sempre foi, caso contrário, a ferida continuaria aberta. Então, para finalizar minha sede de vingança_ ou quem sabe de desejo em ter Evan junto a mim_, cravei seu corpo novamente contra a parede, porém dessa vez, pelo coração.

_Ah, querido Tony... eu não o amo. Sinto muito.

Tony estava morto. Pelo menos até a tarde do mesmo dia.

Peguei a primeira faca, que se encontrava onde Tony havia se libertado. Destravei a porta num só golpe e enfrentei todo aquele temporal que brincava de confundir minha cabeça. Fui correndo para o apartamento de Evan.


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