Blood On Blood escrita por RubyRuby


Capítulo 12
12 Sophie- We’re not in paradise




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_Por que você está bloqueando sua mente, vadia?!

Tony me segurava com tanta força pelo pescoço que me senti sendo uma humana como há séculos já não era mais. O combinado era sair do cabaré naquela noite e não bloquear meus pensamentos, porém eu não poderia deixar que meu plano fosse por água abaixo mesmo que pra isso eu precisasse me arriscar em fazer uma imensa parede bloqueando Tony de ler meus planos com Evan. Isso seria ainda pior.

_Quer me matar? Pois então mate! Vamos, mate!

Eu estava com tanta raiva de Tony quanto ele de mim, não deixaria que ele comandasse aquele jogo do jeito que quisesse por puro mimo. No entanto, ele segurava tão forte meu pescoço que eu não tinha mais nada o que fazer senão desafiá-lo verbalmente, sendo que até isso estava ficando cada vez mais difícil, já que minha respiração estava ficando fraca e minhas vistas estavam escurecendo.

Evan então aparece nos fundos do cabaré, o que foi uma grande surpresa, já que todos estavam ocupados lá dentro com o término da apresentação da noite. Ele olhava para mim com seus olhos de vampiros, arregalados, surpresos_ lindos. Quase que no mesmo momento, voou sobre Tony com tanta raiva quanto a de um lobo, ou até de um tigre. Tony me soltou, caindo no chão. Evan então veio em minha direção.

Eu não consegui conter minhas lágrimas. Separar Evan de Tony era quase um pecado, mesmo que eles já estivessem separados há séculos. Eles eram a dupla inicial de tudo, não eu e Evan, nem eu e Tony.

_Está tudo bem?_ Evan pergunta, ainda sem fôlego, enquanto me abraçava rapidamente. Eu não precisava responder àquela pergunta.

Tony ia levantando-se vagarosamente, recuperando-se de tal surpresa. Enquanto é isso, Evan me deixou num dos cantos do pátio do cabaré e então voltou-se exclusivamente ao outro vampiro. Evan foi em direção a ele, ainda no chão. Deu um soco no rosto de Tony com tanta força que este demorou alguns segundos para se recompor, ficando assim com seu rosto em direção ao chão, enquanto Evan o segurava pelo colarinho.

Evan sempre foi tão belo e quieto, como uma calma poesia que não quer ser lida por ninguém senão por mim. Seus olhos de vampiro o condenavam toda vez que ele sorria; trazia consigo a dor de não poder morrer, enquanto eu aproveitava cada momento do tempo humano como se fosse uma novidade. Mas agora, Evan era um animal feroz e me dava medo. De onde vinha todo aquele ódio? E se alguma vez ele quisesse usar aquilo contra mim, ele usaria? Não seria ele tão perigoso quanto Tony?

_Quem você pensa que é para fazer isso com ela?

Foi então que o rosto de Tony foi virando para o lado do de Evan, até que os dois pudessem se encarar e se reconhecer como há muito não faziam. As feições de Evan mudaram completamente, de tal modo que agora quem tinha medo era ele. Tony era uma maldição ao seu ver, e agora, provocando tantos pensamentos ruins em Evan e despertando seus instintos mais horripilantes, começava a ser ao meu ver também.

Tony sorria doentiamente para Evan.

_Ah! Querido Evan..._ ele passou sua mão no rosto de Evan, e eu comecei a ficar com medo do que poderia acontecer. Tony sempre levava tudo para o seu joguinho, e estava certo de que eu e Evan não poderíamos ficar juntos.

Ele continuou:

_Tanto tempo sem te ver... não mudou nadinha_ ele deu uma gargalhada, levantando-se junto de Evan, que ainda o encarava surpreso e com medo._ Com o único diferencial... de ter conhecido Sophie_ Tony então esquece de Evan e se volta a mim._ Essa piranha_ ele me olhava fixo, sem brincar como antes fazia.

_Maldição!

Tony riu.

_Não, Evan. Não sou uma maldição. Nossos tempos..._ ele olhava para um lugar alheio, triste_ já se foram, infelizmente_ voltou-se a Evan, com o mesmo olhar doentio de poucos momentos antes._ Deixe-me explicar tudo: era uma vez Evan e Tony. Eles eram amigos e cúmplices, devo dizer. Só que Evan não suportava “ser vampiro”, enquanto Tony se gabava por ter dons e saber usá-los contra a natureza humana_ ele começou a olhar muito sério para Evan._ Então Evan decide abandonar Tony, seu... pai. E então Tony tem que viver sozinho, culpando-se pelo resto da eternidade por ter feito um vampiro tão covarde de egoísta quanto Evan, que o deixara como se não fosse nada!_ as veias do rosto de Tony estavam cada vez mais aparentes.

Ele parou, ajeitou toda sua pompa diante de Evan e continuou:

_Até que Tony encontra uma humana, muito bonita, mas sem a beleza de ser uma... de nós. Ela se apaixona por ele e então ele a transforma em... vampira_ ele olhava fixamente para mim._ Tony era apaixonado por ela, assim como ela “fingia” ser por ele. Nós passamos várias décadas juntos, glorificando a morte que nos foi imposta com o único alívio: de termos um ao outro.

As feições de Evan estavam completamente surpresas. Eu me senti esfaqueando-o pelas costas, e eu tinha certeza de que minha dor por fazer isso com ele era ainda maior que a dor que ele sentia por descobrir que eu era namorada de Tony até aquele dia. Porém fazê-lo sofrer logo quando ele se encontra numa maresia calma em meus braços, depois de tantos séculos de treva e solidão, era a última coisa que eu queria que acontecesse.

Meu corpo todo tremia, e eu ainda me esforçava para bloquear minha mente. O que Tony estava falando era verdade, mas Evan sequer sabia que eu o conhecia, mesmo que pudesse ter dito a ele. No entanto, não o fiz até aquele dia porque sabia que ele iria me abandonar se soubesse que eu tinha uma ligação com Tony, e eu jamais queria que ele fizesse isso. Meu plano estava todo armado, ele havia de esperar somente mais aquela noite, e eu esperava que ele me entendesse para que eu pudesse explicar tudo depois.

_Só que, como se já não bastasse deixar Tony com sua solidão para o resto da eternidade... Evan surge novamente, depois de tantos séculos, para roubar minha futura esposa.

Evan parecia se desmoronar. Suas paredes, antes todas concretas e fixas no lugar, pareciam gelatinas, num rio chamado “Sophie”. Numa só hora descobriu que seu ex amigo estava vivo, perto dele, e que era namorado de sua amada_ que, sem dúvida alguma, o amava muito mais.

Mas aquilo não era verdade. Eu não iria me casar com Tony, na verdade, nunca o amei de fato. Não que eu havia o enganado todo esse tempo, mas descobri o que é paixão com Evan. Depois, Tony não passava de um vampiro envelhecido, sem beleza, nas sombras, vivendo uma vida doente e arriscada, enquanto Evan tomava cada vez mais espaço na minha vida. Eu teria que interromper por tamanha mentira:

_Não, Tony. Eu nunca me casaria com você.

Tony me olhou em brasa. Era a única forma de ele parar de falar tanto. Eu já não tinha mais medo do que poderia acontecer comigo porque Evan precisava tanto de uma resposta clara para toda aquela confusão quanto precisava de mim. E eu ainda mais precisava dele, de seus cabelos, de seus olhos penetrando nos meus, de seu corpo pesando sobre o meu, assim como havia acontecido no dia passado.

De repente, agora tudo era um imenso vendaval e eu não pude evitar, mesmo que eu já soubesse o que Tony faria_ li seus pensamentos. Aliás, foi por isso que comecei a trabalhar no bloqueamento de minha mente para organizar um plano. Não poderia perder Evan agora, tanto porque eu o amava, quanto porque Tony era perigoso para nós dois juntos, quem diria para mim longe dele, e ainda mais importante: para ele longe de mim.

Eu já conhecia sua jogada, já sabia seu próximo passo. Tudo o que fiz foi olhar para Evan, que me olhava com um ar entre surpresa, sentimento de traição e revolta. “Vai ficar tudo bem, eu prometo. Me espere hoje, no seu apartamento, de madrugada. Eu tenho um plano para nós.” Foi tudo o que eu consegui pensar na hora para que ele me entendesse.

Logo após isso, consegui apenas ver Tony vindo em minha direção e me puxando para seu colo, com a rapidez de um vampiro, e acabando com a conversa por ali mesmo, indo para sua casa, deixando Evan ali, enquanto havia uma gritaria estridente dentro do cabaré.

s.m.a

_Você viu o que você fez?

Tony agora abria um de seus galões de sangue, derramando um pouco na taça. Eu estava sentada no sofá do lugar onde chamava de casa, que era mais a casa do Tony.

Estava completamente desnorteada e com raiva. Tony era meu amor, mas bastou Evan chegar na minha vida para que eu visse o que era amor de verdade. Agora, eu estava perto de quem eu mais temia e longe de quem eu mais amava, incapaz de mudar a situação. Pelo menos até a madrugada, quando meu plano teria continuação.

_Você é estúpida, Sophie. Eu poderia ter muito bem acabado aquela conversa com Evan, e ele nunca mais apareceria nas nossas vidas_ ele chegou perto de mim, tentando me beijar. É claro que para ele, eu ainda o amava, afinal, havia saído do cabaré, bem como ele me pediu, para que fugíssemos para longe de Evan.

Eu fugi do beijo, até que ele me encosta da parede de sua sala e me dá um beijo forçado. Eu não poderia reclamar nem demonstrar desafeto, porque mesmo sendo vampira, eu era mais frágil que Tony. E mais além, eu poderia ficar livre dele se meu plano desse certo.

_Aposto que um dia você ainda se casará comigo_ ele ainda me tinha prensada na parede, à força. Passou sua mão por meu cabelo, roçando sua boa em meu pescoço, e sua outra mão indo da minha barriga para baixo_ Aliás... eu tenho certeza. Vem, vamos dormir._ ele me deu sua mão, com seu sorriso de mocinho no rosto, mesmo que ele estivesse pensando coisas horríveis sobre Evan.

Fomos para seu quarto, onde havia uma cama de casal. Obviamente, não dormíamos ali, e sim nos dois caixões que se encontravam de baixo dela. Em tempos como aquele, na Bulgária, era sempre bom fingir ao máximo que éramos humanos.

Tony abriu a tampa dos dois caixões e cantarolava uma música quando entrou dentro do seu.

_Boa noite, querida. Eu poderia te falar isso mentalmente, é claro, se... você não estivesse me impedindo._ ele me olhava sério, como se mesmo que não pudesse ler meus pensamentos, soubesse exatamente o que eu iria fazer.

_Boa noite, Tony.


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Notas finais do capítulo

Gente, comente por favor :3