Octoni escrita por Oni


Capítulo 4
Will: Dead to be wild


Notas iniciais do capítulo

Leiam o capítulo do Harry, ele já foi editado e tal.. Ah, e vou deixar vocês um pouco ansiosos..

Ah, e esse não é pela visão de personagem nenhum, ou seja, é em primeira pessoa mesmo. Eu vou narrar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/452258/chapter/4

Aquele era um enorme monte de pedra, ele devia estar a mais de 500 metros do nível do mar. Podia-se sentir o ar mais rarefeito em seus pulmões, suas narinas, quando puxavam o ar para dentro ás fungadelas, não conseguiam puxar tanto ar assim. Ele estava com as duas mãos cravadas no chão como garras, a coluna formando uma concavidade para cima devido a sua posição de bruços, os pés encostados ao chão somente com as pontas dos dedos, com o calcanhar apontado para cima. Era como se ele fosse uma pantera observando o mar ao longe.

Ele tinha cabelos louros e desgrenhados, vestia uma camisa de manga longa que ia até os pulsos e uma calça verde longa que ia até os calcanhares. O tecido era leve, de ambas. As cores, também de ambas, eram vários tons de verde distintos, feitos para que ele pudesse sumir em meio a natureza. Ele mesmo os havia feito, mas, agora, não se lembrava de mais nada. Sua barriga roncava, e a fera dentro dele o mandava resolver isso. Agora, ele estava ali, no alto, de bruços e com as garras humanas que havia usado para subir aquela montanha bem encostadas a pedra, embora que ainda não enfiadas. Seu nariz era coberto instintivamente por uma camada de uma energia verde e fria enquanto ele fungava; a mesma que ele sentia em animais mortos, o próprio azar, a própria morte. Ele sentia as correntes do ar como se tivessem uma forma, com seus olhos verdes-claro como esmeraldas fechados, ainda fungando, e não estava achando caça alguma. Ele não via os ventos, mas sentia eles vindo carregados de cheiros; Cheiros doces da floresta, o cheiro da terra molhada ao redor do riacho, as ondas marítimas ao longe se batendo contra as montanhas, e vários outros, mas somente um deles o chamou atenção. ''caçadores'' pensou, já ligando seus instintos. Aquele cheiro, era o cheiro de cadáveres em composição. Seu olfato coberto pela morte, podia sentir uma trilha que o levava até o cheiro, aquela trilha era algo vivo, apesar de tudo. Era uma pequena massa de ar, algo como uma linha, uma aura, era algo que seu nariz captava e seu cérebro traduzia por instinto, e que ele poderia seguir.

De repetente, suas garras ficaram mais fortes e começaram a entrar na terra. Ele abriu os olhos verdes e sorriu deixando á mostra seus caninos, enquanto sentia a morte cercar sua arcada dentária e a deixar cada vez mais poderosa. Uma aura verde cercava suas mãos; primeiro pequenos fios verdes, depois, uma mão peluda, depois, uma pata peluda. A energia cobria toda a sua mão e fazia com que ela se erguesse do chão. Seu rosto começava a ficar mais animalesco, enquanto ele sentia a dor de mais uma invocação corroer suas entranhas. Um frenesi tomou conta de seu ser, e o seu rosto com a antiga cicatriz marrom que passava por cima do nariz mas cobria horizontalmente todo o rosto, começava a se enfurecer. Os olhos cada vez mais raivosos, a boca soltando um rugido de leve... A pata criou garras poderosas que se cravaram no chão, então, ele se sentia levitando, enquanto sentia uma energia percorrer todo o seu corpo, um formigamento estranho que lançava estranhos pelos verdes por todo o corpo. A energia que cobria seu nariz e o permitia ter um olfato aguçado, aos poucos, começou a ir para a frente, se alongando aos poucos e de forma dolorosa, ao som de ossos quebrando começou a ficar a 50 centímetros do nariz. Ele balançou a cabeça para os lados, contorcendo os lábios, tentando expulsar a dor e rugindo baixinho, cerrou os lábios com força e de onde eles estavam começou a surgir um focinho, com dentes poderosos e verdes tais quais esmeraldas, uma arcada dentária cm caninos enormes como os de um dente-de-sabre. Um rabo começou a sair de seu ânus, seus pés levitaram quando a energia verde se formou embaixo e ao redor deles formando patas traseiras. Suas pernas se contorceram e entortaram, enquanto a energia comprimia elas e ao som de ossos sendo amassados duas pernas traseiras se formavam De sua testa, começou a sair mais energia verde, que, ao se juntar ao focinho e a boca, formavam o rosto de um tigre, com arcos diagonais se formando e se escurecendo, dando lugar á manchas negras. Seu corpo inteiro foi coberto por aquela energia selvagem e lancinante, ele se sentia afundado em um mar revolto, que queria engoli-lo e tomar controle dele. Estava há mais de um metro do chão, acima dele, com aquela aura verde transparente formada ao redor de seu corpo como um tigre, completamente.

Subitamente, a aura verde começou a ficar cada vez mais escura, listras negras foram formadas acima das costas, em forma de arcos que iam até desde a parte de trás do peito até o rabo. E desde as costas até a barriga.

Will afundou completamente na besta e sumiu dentro dela, enquanto um tigre com dois metros e meio de altura, uma mandíbula de 90 centímetros, uma cauda de 1 metro e 30 centímetros e patas com garras de 60 centímetros eram formados ao redor dele. O tigre podia sentir os cheiros muito melhor do que o humano, percebendo instantaneamente centenas de pássaros nas árvores, esquilos saltitando pelos galhos das árvores e cobras rastejando no chão. Ele sentia o calor que saía do corpo deles, sentia a energia da vida deles... Mas não era nenhum deles que ele queria. Ele rosnou baixinho, se curvando para a frente, e sentindo o cheiro de pegadas no chão. Entre as árvores, a vários metros na sua frente, deixando escapar de si um odor azedo e sendo barulhento demais com seus passos sobre os galhos, estava a sua caça.

Mexeu a cabeça freneticamente na direção de onde ele achava vir, como se estivesse se deliciando com aquele cheiro. O cheiro ficou mais forte. O cheiro estava maior, ele já tinha uma trilha traçada por entre as árvores até ele. Balançou o rabo e olhou para o alto.

Rugiu.

Todos os pássaros que puderam ouvir voaram, todos os esquilos entraram em suas tocas nas árvores, tais quais os coelhos, que entraram em suas tocas no chão. As cobras viram-se rastejando mais rápido, sem nem saber o motivo. Aquele som grave simplesmente se espalhava pelo lugar, como uma explosão, afastando toda a vida ao redor dele, todo animal com bom senso o suficiente para fugir, e até aqueles sem algum, fugiram, pode-se ouvir o som dos pássaros piando aterrorizados e de outros rugidos de animais fugindo. Mas nenhum de animais se opondo. Aquele som... Era o próprio medo. O chão tremeu, a rocha dura como mármore foi esmagada pelas suas garras no chão e soltou migalhas de pedra. A pantera ajeitou as patas traseiras e concentrou a força nelas. Ele saltou para a frente, esticando as patas dianteiras para a frente e destruindo a ponta do monte. Estava caçando.

Ele sentia o cheiro ficando mais forte, se aproximando. Uma excitação preencheu sua alma enquanto o tigre verde saltitava cravando as garras na terra mole da floresta e se desviava das árvores e arbustos que apareciam em sua frente. O cheiro estava tão vivo em sua mente, que ele podia quase enxergá-lo. Dentro da fera, o que ainda restava do humano flutuando em meio a toda aquela selvageria e vontade de matar, pensou ''Essa caça é bem grande'' Aumentou a velocidade. Ele estava completamente voraz. Seus sentimentos se resumiam á vontade de cravar os dentes e sentir a carne mole perdendo poder sob a potência de seus dentes. Só de pensar naquilo começou a trotar mais rápido. Os arbustos ao seu redor viraram uma massa verde e indistinta junto com as árvores, ele só sabia o que estava a sua frente. O cheiro era tão forte, que ele podia quase vê-lo.

Enquanto andava, ele viu.

Aquele tinha bastante massa, realmente. Ele carregava um coelho morto com uma mão e um objeto estranho apoiado ao ombro em outra. O garoto teria reconhecido o rifle, mas a fera não pôde. O garoto agora dormia. Começou a saltar para a frente cada vez mais rápido. Uma árvore apareceu em sua frente e ele saiu do chão, com seus passos pesados e furtivos, e cravou as garras na árvore como o felino que era, empurrou ela com força e saltou para a árvore em diagonal aquela, indo para a frente. Passou bem por cima da caça no movimento, e viu a sua careca. Pisou na árvore que estava em diagonal ao homem em movimento. Este, ao ver uma sombra enorme passar por cima de si, olhou para o alto. Mas a criatura não estava mais ali. Ela já estava na sua frente. ''Grande e lento'' o tigre verde, cujo qual estava com o garoto afundado, já se virando de lado, colocou as quatro patas na árvore em que havia mirado para pousar, sentindo a madeira se despedaçar diante de seu peso, mas com o rosto já virado para a sua caça. Ajeitou as patadas dianteiras e traseiras e saltou de volta, antes da árvore se destruir completamente e ele não ter mais onde se apoiar. Agora o alvo podia ver ela e ela podia ver o alvo.

Ela saltou na direção dele, com as garras já apontadas para a frente, sentindo a árvore começar a cair. A mandíbula bem aberta, soltando um grito típico ao de um gato prestes a dar o seu bote fatal; Um som agudo e arranhado, um miado rouco. O caçador sentiu quando as suas presas se cravaram na clavícula dele, as garras apertaram as suas costelas e o seu corpo ia para trás. Mas foi muito rápido.

Com o seu olfato, Will conseguia sentir o cheiro do medo, enquanto a carne mole e sangrenta do homem, era despedaçada logo após a pele, os ossos dele se quebravam sobre o poder de suas presas e ele esmagava as suas costelas contra o pulmão. O homem caiu no chão com o peso dos dois. O tigre ficou respirando em cima de seu corpo, soltando o ar ali, frenético. Sedento. Com um movimento de cabeça, arrancou o seu braço, com a excitação crescente em seu corpo. O peito do garoto batia mais forte. O gosto do sangue era doce. Com um rugido, deixou que o braço voasse, e voltou-se para o humano careca. Com um pedaço de músculo preso entre os dentes. Ele estava pálido pela perda de sangue, e choramingava baixo com a boca aberta, enquanto a fera o avaliava com um olhar minucioso, ainda com as patas traseiras no chão e as dianteiras esmagando as costelas do homem sem braço. O coelho morto caiu no chão, pois era com aquele braço que ele o segurava. A espingarda estava em sua outra mão, mas ele era incapaz de usá-la. Suando e com o local aonde ficava o seu braço soltando sangue sem parar. Choramingando. O cheiro do medo enjoava a fera.

O rugido foi o último que o homem ouviu na vida, e então, a mandíbula se virando na direção dele se abriu com os dentes como vultos voando em sua direção, e antes que ele pudesse sentir, as pressas se cravavam em sua cabeça e destroçavam seu crânio, partindo seu cérebro ao meio. Will gostava de cérebros. Will gostava de carne. Mas, acima de tudo, Will gostava de humanos.

Algo que seus companheiros humanos não podiam saber.

Mastigou aquela carne mole com cuidado depois do homem cair no chão. O rosto assustado dele agora estava completamente desfigurado, deslizando dentro do corpo da pantera. Após ter sugado a carne, começou a sugar o espírito que pertencia a ele, o puxando para dentro de si enquanto fazia um bico, sentindo um vento frio atravessar sua garganta enquanto tudo o que definia a personalidade do homem descia... A alma dele flutuou e voou para longe. Mas Will já havia roubado a sua essência, e poderia usá-la. Embora que preferisse animais.

Se virou após ter comido a carne em sua barriga, o coelho que ele havia caçado e a carne gostosa e quente que ele tinha no pescoço. Se virou para ele, andando com as quatro patas lentamente na direção oposta, cravando suas patas no chão e as afundando na terra, indo para frente. Levantava as patas com leveza, agora, bem mais calmo. A energia começou a sumir de seu corpo, e, aos poucos, a fera se dissolvia.

O humano saiu daquela massa fria e raivosa em que estava e caiu em pé, passou as costas da mão na boca para limpá-la, embora não a tivesse sujado e logo após ter passado, sorriu, mostrando seus caninos. Saiu andando para longe do cadáver, deixando as pegadas de seu sapato no chão.

Andava devagar agora, com mais cuidado, se estivesse com seu corpo de pantera tudo daria certo, mas com o corpo de humano ele podia ser machucado pelas coisas com vida. Aquela pantera só podia ser machucada por fantasmas, assim como era com todos os outros fantasmas, somente o ectoplasma feria eles, para todo o resto, eles eram intangíveis.

Após muito andar, chegou ao monte em que seu amigo monge - assim como o gordo que ele havia acabado de matar - meditava.

– Oi Hale - A sua voz soava dócil e gentil. Hale abriu um olho e viu Will sorrindo a sua frente. Saiu da posição de meditação e se levantou - Vamos lá?

– Vamos - Disse Hale Kane, irmão de Harry Kane - Os outros estão esperando - Ele encostou na bainha de sua espada - Temos trabalho a fazer. Nós vamos voltar para Heiwa! - Seus olhos estavam cheios de determinação.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Octoni" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.