Et in Arcadia ego escrita por themuggleriddle


Capítulo 13
Ira Furor Brevis est




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Eles iriam roubar Gringotts. Tom ainda não acreditava nisso, ainda assim, ali estava ele, parado ao lado de Bellatrix Lestrange – que na verdade era Hermione – e um bruxo de cabelos e barba escura – que na verdade era Weasley -, descendo pelo Beoc Diagonal. Nos poucos minutos nos quais estiveram ali, eles já haviam enfrentado alguns olhares feios e amedrontados e um bruxo chegou a se jogar em cima de Hermione, implorando pelos filhos, que haviam sido levados pelos comensais. Agora eles estavam no meio de uma conversa casual com um Comensal da Morte, tentando manter as aparências... Bom, pelo menos Hermione estava tentando fazer isso.

“E quem são os seus amigos?” perguntou Travers, um homem de aparência macilenta com cabelos escuros curtos que já começavam a ficar brancos nas têmporas.

“Dragomis Despart,” a bruxa falou, apontando para Ron. “E Vladimir Ma-“

“Maiakovsky,” Tom completou, vendo a garota franzir o cenho. Ela o havia ouvido fingir ser um Mazarovsky antes e aquele nome quase escapara de sua boca.

“Vladimir Maiakovsky. Eles falam pouco Inglês, mas simpatizam com o Lorde das Trevas e viajaram até aqui para ver o nosso regime.”

Ele observou, em silêncio, enquanto Travers se apresentava em um tom de voz enojado, como se ele fosse ficar sujo apenas de falar com eles. Riddle conseguia sentir a presença de Potter logo ao seu lado, debaixo da sua capa, com o goblin pendurado em suas costas. Alguém tinha que carregar Griphook e os únicos que conseguiam se esconder debaixo da capa sem que seus pés ficassem visíveis era Harry e ele, mas eles não confiavam em Tom com o goblin que iria ajudá-los a entrar no banco. Dessa forma, Potter acabou debaixo da capa e Riddle permitira que Granger modificasse a sua aparência: seu cabelo estava um pouco mais longo e ela havia lhe dado um cavanhaque esquisito.

“E o que a traz ao Beco com os seus... amigos?”

“Preciso visitar o Gringotts.”

“Ora, eu também,” disse Travers, rindo e sacudindo a cabeça. “Ouro! Maldito ouro! Não podemos viver sem ele, mas confesso que detesto pensar que precisamos interagir com os nossos amiguinhos de dedos pontudos para tê-lo.” Ele gesticulou para Hermione seguir em frente. “Vamos?”

Tom olhou em volta e viu Weasley encarando o Comensal da Morte com as sobrancelhas franzidas e ele podia quase sentir a frustração de Harry debaixo da capa. Com aquele homem ao lado de Hermione, ficava impossível para eles se comunicarem direito. Logo eles chegaram aos degraus de mármore que levavam até as portas de bronze na frente do banco. Riddle ainda se lembrava da primeira vez que vira o lugar, quando fora ao Beco Diagonal na companhia de Albus Dumbledore, ainda com onze anos de idade; ele se lembrava de como aquele fora a construção mais magnífica que ele já havia visto antes de Hogwarts. Ele também se lembrava de ter visto duas criaturas pequenas e com dedos longos que guardavam as portas, não dois bruxos com bastões dourados nas mãos.

“Ah, Bastões da Honestidade,” disse Travers. “Tão bruto, mas muito efetivos!”

O Comensal da Morte tomou a frente e assentiu para um dos bruxos, que levantou o seu bastão e o passou pelo corpo do homem. Tom imaginou que aqueles objetos detectavam feitiços e encantamentos escondidos e, se era isso, eles estavam encrencados. Enquanto Hermione começava a subir as escadas, hesitante, Riddle observou um dos bruxos, tentando se concentrar na mente dele da mesma forma que fizera com Dolohov e Weasley. Foi quase tão fácil quanto com a mente de Ron, mas ao invés de revirar as memórias dele, o rapaz apenas tentou bagunçar os seus pensamentos, como se estivesse chacoalhando os seus pensamentos e memórias. Logo ele sentiu a mente do bruxo ficar ainda mais confusa e saiu dela.

“Um momento, madame.”

“Mas você acabou de fazer isso!” A voz estridente de Bellatrix quase gritou e o bruxo pareceu confuso, antes de olhar para o seu companheiro.

“Sim, você acabou de checar, Marius.”

Quando eles entraram no hall e passaram pelas portas de prata que ficavam lá dentro, Tom sentiu aquela sensação incômoda de vazio no estômago quando notou o poema na porta. Aquela era uma ideia estúpida. Roubar Gringotts! Ninguém havia conseguido fazer isso até agora, por que eles iriam conseguir? Por que três alunos não graduados de Hogwarts, um bruxo que nem sabia quem ele realmente era e um goblin errante iriam ter sucesso em algo impossível?

“Quero entrar no meu cofre.” A voz de Bellatrix o trouxe de volta ao saguão do banco. Eles estavam na frente de um goblin sentado atrás de um balcão alto, analisando moedas. O rapaz olhou em volta e viu vários outros goblins com seus olhinhos negros grudados neels.

“Você tem... Identificação?”

“Identificação?” A voz de Hermione falhou um pouco. “Nunca me pediram isso antes!”

“Eles sabem.” Riddle reconheceu a voz baixa de Griphook sussurrando para Harry debaixo da capa.

“A sua varinha servirá, madame.” A criatura esticou a mão. Quando os seus dedos se fecharam ao redor do objeto, ele apenas soltou um murmúrio baixo. “Ah, você fez uma varinha nova, madame Lestrange.”

“O que? Não, é minha-“

“Uma varinha nova?” perguntou Travers, aproximando-se deles. “Mas como? Qual fabricante-“

Tom deixou a sua magia se esgueirar para a mente do Comensal da Morte, puxando alguns fios de pensamentos, reprimindo outros e permitindo que novos aparecessem. Ele sentiu mais alguém batendo contra a magia do homem e virou-se para olhar onde Harry deveria estar, estreitando os olhos como se pedisse para ele interromper qualquer maldição que ele talvez estivesse tentando fazer.

“Espero que seja melhor que as do velho Ollivander,” disse Travers enquanto a magia de Tom continuava reprimindo os seus pensamentos originais. “Já ouvi muita reclamação dele. Talvez ele esteja muito velho? Quem sabe...”

O goblin pareceu satisfeito o suficiente para guia-los para dentro do banco e até mesmo dispensar outra criatura que tentou avisá-lo de possíveis ladrões no cofre dos Lestrange. Riddle finalmente deixou o seu controle sobre a mente de Travers escapar, mas não sem antes bagunçar os pensamentos dele. Uma vez passadas as portas no final do saguão e adentrado um corredor de pedra iluminado apenas por tochas, a voz de Harry ecoou ao seu lado, logo antes do garoto tirar a capa.

“Estamos encrencados. Eles estão desconfiando. Joguei um Imperius neles.” Tom olhou para o goblin – Bogrod? – e para Travers, que parecia muito contido. “Não sei quanto tempo isso vai durar, não é muito forte.”

“Você precisa querer,” Griphook sibilou.

“Não é melhor voltar enquanto podemos?” perguntou Ron.

“Se é que podemos...”

“A gente veio até aqui, não vamos embora agora.” Riddle queria revirar os olhos ao ouvir toda aquela coragem grifinória contida na voz de Potter.

“Bom. Precisamos de Bogrod para pilotar o carrinho, eu não tenho mais autorização. Mas não vai ter espaço para o bruxo,” disse Griphook.

Tom virou para Travers e ergueu a varinha.

“Imperius,” ele murmurou, sua maldição se colocando por cima da de Harry. “O que fazemos com ele?”

“Faça ele se esconder,” disse Griphook e Tom fez isso, mandando o bruxo ir se esconder atrás de uma abertura na parede de pedra. “Na verdade, não vai ter espaço para vocês quatro.”

Hermione virou a cabeça rapidamente na direção de Tom. O rapaz sabia que a mente dela estava tentando achar um jeito de fazer os quatro caberem no carrinho. Havia gritos vindo do saguão atrás deles.

“Fique aqui,” disse Harry, apontando para o local onde Travers estava escondido. “Espere até a poeira abaixar e saia. Espere... Onde?”

“O Beco vai ficar cheio de Comensais da Morte e oficiais do Ministério,” disse Hermione.

“Fora do Caldeirão Furado, em algum lugar próximo, vamos achar você.”

“E como vou saber que vocês não vão só me abandonar lá?”

“Não vamos,” a garota falou enquanto subia no carrinho. “Prometo. Esse é o único jeito de acharmos a horcrux, Tom. Eles não te conhecem, vai ser mais fácil para você passar despercebido.” Ela suspirou, mordendo o lábio inferior enquanto Bogrode ativava o carro. “Fora do Caldeirão Furado!”

“E não ouse virar a casaca!” Dessa vez foi Weasley quem gritou, assim que o carro começou a se mover. “Se fizer isso, vamos te achar mais rápido do que o Harry consegue achar o pomo-de-ouro!”

A voz de Ron continuou ecoando pelo corredor de pedra mesmo depois do carrinho ter desaparecido do seu campo de visão. O bruxo respirou fundo e apressou-se para ir até onde Travers estava, vendo que o espaço ali era maior do que esperava. O Comensal da Morte ficou imóvel o tempo inteiro, seus olhos fixos no nada enquanto a porta do saguão se abria e pelo menos dez bruxos e alguns goblins entravam. Tom tentou se lembrar dos detalhes das roupas dos guardas – eram coisas simples, pareciam uniformes de policiais trouxas -, antes de apontar a varinha para as próprias roupas. Não era uma cópia perfeita, mas ele duvidava que alguém fosse notar alguma diferença, especialmente em um corredor escuro. Depois, apontou a varinha para o próprio rosto, livrando-se do cavanhaque e do bigode que Hermione havia lhe dado, além de encurtar o seu cabelo outra vez.

“Anda logo, goblin!” Um dos bruxos estava comandando os outros, fazendo os seus colegas entrarem nos carros, acompanhados das criaturas. Riddle pulou em um carrinho e, como havia imaginado, ninguém percebeu que ele não fazia parte da segurança.

“Eles vão nos matar,” o homem sentado ao seu lado murmurou. Tom o olhou, vendo que ele não devia ser muito mais velho que ele próprio. O pobre coitado parecia aterrorizado.

“Cala a boca, Duval,” disse outro bruxo. “Vamos pegar os ladrões.”

“E você acha que os Lestrange não vão querer nos punir mesmo se a gente pegar eles? Oh, merda!”

Antes que Riddle pudesse entender o que estava acontecendo, o carro passou por debaixo de uma cachoeira. Ele sentiu a água gelada o encharcar da cabeça aos pés e estremeceu, logo antes de olhar para o próprio corpo e ver que suas roupas haviam voltado a ser as vestes escuras de antes. Houve um silêncio entre os seguranças, que olhavam um para o outro quando o carrinho parou de se mover.

E, então, ele estava caindo.

O carro foi virado para fora dos trilhos, fazendo todos eles caírem e a sua reação imediata foi agarrar a varinha e gritar um feitiço amortecedor. Ele aterrissou com suavidade no chão de pedra, junto com um dos bruxos, Duval, que estava sentado ao seu lado, mas o seu feitiço pareceu se estender apenas até ele. O rapaz podia ver o corpo do outro bruxo e do goblin estatelados em poças de sangue no chão perto deles. Tom apontou a varinha para o guarda e murmurou o Imperius antes mesmo que ele pudesse se levantar.

Não demorou muito para ele chegar ao cofre dos Lestrange. E, quando chegou à um saguão que parecia conter quatro ou cinco cofres, Tom não conseguia acreditar nos próprios olhos. Ali no meio havia um enorme dragão branco acorrentado ao chão; os olhos da besta estavam esbranquiçados com catarata, lembrando-o dos olhos da velha Bathilda, e várias escamas faltavam em seu corpo, deixando exposta a pele rosada por baixo. Mas o dragão não prendeu a sua atenção por muito tempo, pois logo viu Harry, Ron e Hermione correndo atrás do animal. Assim que ele viu Potter apontando a varinha para o bicho, Tom sabia o que ele faria. Aquilo era tão grifinório da parte de Harry que chegava a doer.

O dragão estava ocupado rugindo e cuspindo fogo nos bruxos e goblins que haviam chegado antes e agora o atacavam com feitiços. Riddle sentiu seu coração bater com força contra a sua caixa torácica quando ele finalmente decidiu se aproximar do animal, tentando ser o mais silencioso possível para não chamar a sua atenção. Ele contornou toda aquela bagunça, gemendo baixo quando viu o feitiço de Potter soltar as amarras do dragão e, depois, ver Griphook entre os goblins que tentavam chegar no trio, segurando a espada de Gryffindor. Ele sentiu o ódio crescer dentro de si, mas ou ele ia atrás do goblin ou subia no dragão e seguia o trio.

Ele escolheu a segunda opção. Quando ele conseguiu se aproximar da besta, Ron havia acabado de escalar as costas desta. Riddle se agarrou nas escamas do dragão e apoiou um pé na perna traseira dele para conseguir tomar impulso e se jogar para cima de seu dorso, bem a tempo do animal rugir e empinar-se. Foi só então que os grifinórios notaram a sua presença e ele teve que gritar para avisar que era ele, antes que Weasley quase o empurrasse para fora do dragão.

“Era para você ficar lá em cima!” Hermione gritou.

“Era mais rápido descer!” ele respondeu e o dragão ergueu a cabeça, cuspindo fogo no teto acima deles e fazendo com que a pedra explodisse.

“Ele é muito grande... Defodio!” A garota apontou a varinha para a abertura no teto, ajudando a besta a alargá-la. Harry e Ron repetiram o feitiço enquanto Tom virava a cabeça para olhar os goblins que jogavam pequenas adagas neles. Ele logo encontrou Griphook.

Seus dedos apertaram a varinha com mais força enquanto ele a apontava para o goblin, tentando escolher a maldição certa. A Maldição da Morte era uma boa opção, mas o que aquele outro bruxo havia falado? Que os Lestrange iriam descobrir sobre aquilo e iriam cuidar de todos os envolvidos. Ele só queria ter certeza de que Griphook não iria escapar. Ele não trabalhava mais para o Gringotts, não havia nada que o prendesse ao banco e ele podia simplesmente fugir assim que quisesse. Qual era o nome daquela maldição!? Ele se lembrava de alguém a falando na sala de aula, um colega...

“Curiaossa,” ele murmurou, apontando a varinha para as pernas do goblin e sorrindo quando as viu quebrarem no meio, fazendo Griphook cair no chão enquanto gritava de dor.

Assim que ele viu o efeito da sua maldição, o dragão finalmente conseguiu abrir o rombo no teto o suficiente para passar. Riddle apertou os joelhos contra as costas do animal e agarrou as escamas com mais força quando eles atravessaram o buraco e chegaram em uma grande caverna subterrânea com um lago, logo antes da besta abrir as suas asas esbranquiçadas e tentar voar, apenas para cair no chão outra vez. A criatura soltou um barulho agonizante e começou a escalar as paredes de pedra com as suas garras. Pelo que ele tentava se lembrar, o saguão de Gringotts estava logo acima deles e o animal estava procurando por ele.

Demorou um tempo até o dragão conseguir chegar ao teto da caverna, mas, assim que chegou, Hermione o ajudou a quebrar a pedra e, logo, eles estavam emergindo no saguão de mármore do banco, fazendo os seus ocupantes entrarem em pânico. O animal ficou parado enquanto os bruxos e goblins corriam para se esconder, esticando a cabeça e farejando o ar fresco. O bicho abriu a boca, rugindo antes de acelerara até as portas e forçar a passagem por elas. O tempo inteiro os quatro estavam agarrados às costas do dragão e, quando a criatura finalmente chegou do lado de fora, ela farejou o ar novamente, antes de alçar voo e alcançar os céus pela primeira vez em anos.


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Notas finais do capítulo

ira furor brevis est = a ira é uma loucura passageira