Quem Somos escrita por Daniella Rocha


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

BOA LEITURA xD



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Olhei para a foto entre minhas mãos e sorri. Tessy era diferente de mim, não apenas fisicamente, mas seu jeito insuportável de ser. Tessy tinha o mesmo tom de pele que eu, mas seu cabelo era preto, os olhos eram mais redondos e claros, o nariz seguia traços retos e os lábios eram finos. Tessy Flaubert, minha irmã gêmea que gostava de jogar na minha cara que era segundos mais velha que eu, Tessy Flaubert, a insuportável, a minha insuportável.

— Oi! — Olhei para cima e deparei-me com Steve.

Eu estava sentada na escada que dava para o hall da entrada da minha casa. O céu já estava escuro e o vento soprava uma brisa leve e agradável em nossas faces.

— Posso me sentar? — Ele perguntou e eu assenti. — Tessy? — Quis saber ao ver a fotografia em minhas mãos. — Ela era muito fofa. — Tessy tinha oito anos na foto, então sim, ela era muito fofa com aquelas bochechas salientes e macias.

Sentia-me um pouco nervosa na presença do Steve, eu não sabia como o esqueceria, mas seria exatamente aquilo que eu ia fazer.

— Acho que você vai ficar feliz em saber que a Nat deu uma surra na Christine. — Steve comentou e eu olhei para ele com uma sobrancelha arqueada. — Bem, não tínhamos prova de que foi a Christine que fez aquilo, mas todos sabiam que tinha sido ela, então enquanto a Betty foi avisar para o pai dela o que haviam escrito na parede, Nat foi atrás de Christine, quando o senhor Ross chegou às separou e deu advertência para as duas, mas quando Betty acusou Christine de ter pichado aquilo na parede o pai dela foi até o armário da Christine e encontrou o spray de tinta que ela usou, ela tentou negar, mas o senhor Ross já havia dado a sentença final: suspensão e a limpeza da parede.

Ouvi toda a narração atenta em cada palavra que saia dos lábios de Steve. Eu não havia me surpreendido com a atitude de Natasha e nem da de Christine em não ter jogado o spray fora ao invés de tê-lo guardado.

— Eu sinto muito pelo o que aconteceu hoje. Há alguns dias te vejo mais triste do que alegre e olha que estamos falando de você. — Ele riu e eu acabei sorrindo. — Mesmo com tudo o que aconteceu, você nunca deixou de ser otimista, confiante e alegre, no entanto, de uns dias para cá você anda tão desanimada. Vi mais lágrimas do que sorrisos no seu rosto nessa ultima semana. — Eu olhei para ele, mas logo desviei minha atenção para os carros que passavam na rua.

Quando eu recebi a noticia de que ia para a França eu realmente fiquei feliz, mas então o motivo da ida me desanimou assim como a distancia que eu ficaria dos meus amigos. Está certo que eu ficaria pouco tempo por lá, mas mesmo assim, a vontade de ir era enorme, mas eu pensava nos meus amigos e de repente essa vontade se enfraquecia, juntando isso com a Christine, Steve e minha consulta desastrosa da semana passada, bem, não era para menos que eu estivesse daquele jeito, mas eu tinha convicção de que as coisas mudariam, que tudo ia encontrar seu caminho e que dias felizes estavam próximos, eu não sabia como eles viriam e nem quando, mas bastava eu acreditar.

— Eu tinha chamado a Christine para ir ao baile, mas hoje eu a desconvidei. — Aquele comentário fez com que eu voltasse a olhar para ele. Meu coração havia tomado velocidade e meu estomago havia se revirado.

Então foi a vez de Steve desviar seus olhos para a rua.

— É uma pena Tony já ter te chamado para ir com ele ao baile. — Disse por fim e eu, de maneira robótica, voltei a me virar para frente.

O que estava acontecendo ali? Quem era aquele garoto do meu lado que antigamente andava pelos cantos suspirando pela capitã das lideres de torcida? Ele realmente estava dizendo que se pudesse me levaria ao baile e não Christine?

— Christine para mim era a garota ideal, mas a forma como ela te trata estava me dando nos nervos e depois eu percebi que ela queria ir ao baile com o Tony e não comigo, eu nem sei ao certo por que ela aceitou ir comigo. — Talvez, mas só talvez, por que você é Steve Rogers, capitão do time de futebol, lindo, inteligente e possui uma moto maravilhosa, bem, como eu disse: só talvez. Sorri por dentro.

De repente senti a perna de Steve encostar-se na minha e olhamos um para o outro.

— Eu sei por quais motivos você iria querer ir comigo. — Senti meu coração parar de bombear sangue para o resto do meu corpo e minhas pernas ficarem petrificadas e minhas mãos geladas.

Será que o Tony disse alguma coisa para o Steve? Não, Tony não faria isso comigo. Tony era confiável, sim, ele era. Suspirei e por alguns segundos fechei os olhos e em seguida os abri, mas assim que o fiz, Steve me surpreendeu ficando bem próximo de mim.

— Eu estava cego pela futilidade de Christine que não conseguia enxergar a garota maravilhosa que estava todo esse tempo ao meu lado. — Sim, Tony contou para ele. — Certas palavras me trouxeram de volta a Terra e eu entendi o que estava começando a perder se eu não fizesse alguma coisa. — Senti a mão dele passar pela minha nuca e se antes meu coração havia parado, agora ele martelava descontroladamente dentro do meu peito.

Ao sentir os lábios de Steve encostarem-se aos meus foi como sentir leves descargas elétricas atravessarem meu corpo. Ele se aproximou mais de mim e passou a mão livre pelas minhas costas, sem saber ao certo o que fazer, pousei uma das mãos no ombro dele e outra continuou segurando a foto de Tessy.

Era quente e molhado, era uma sensação agradável, na verdade surreal. Será que eu estava sonhando ou aquilo estava realmente acontecendo? Steve acabara de dizer que não gostava de Christine, mas sim de mim? Mas espera, não era só isso, ele havia se inclinado para me beijar?

A ponta dos dedos da mão dele, que estava em minha nuca, começaram a massagear meu couro cabelo e eu estava quase desfalecendo sobre Steve. Por algum tempo esqueci-me de todos os problemas e me deixei ser levada pela dança harmoniosa entre nossas bocas, a mistura de nossos sabores se mesclando naquele ato único e perfeito.

Steve era meu amor da infância, mas esse amor não morreu quando deixamos de ser crianças, pelo contrário, ele cresceu, mas eu tentava não pensar muito nisso, mas era difícil, na verdade passou a se complicar nos últimos dois anos, pois garotas começaram a se interessar por ele e ele por elas, enquanto eu mantinha-me apenas o observando, eu sabia dizer tudo sobre ele, mas eu não permitia que esse amor me levasse à loucura, então quando digo a mim mesma que vou esquecê-lo, ele aparece e faz isso. Talvez tenha sido um sinal de que eu estava prestes a cometer um erro se o esquecesse.

— Eu gosto de você mais do que eu imaginava. — Ele disse assim que nos separamos pela necessidade de oxigênio em nossos pulmões. — Eu preciso ter a certeza se você sente o mesmo por mim. — Disse acariciando minha maça do rosto.

Ele ainda me perguntava aquilo? Eu sorri e neguei.

— O que? — Ele se assustou.

Deixando a foto da minha irmã sobre meu colo, eu o disse:

Eu não sinto o mesmo por você. Eu sinto algo muito mais forte. — Ele sorriu e segurou meu queixo com os dedos.

— A cada segundo desse novo sentimento que eu descobrir sentir por você, ele cresce sem que eu tenha o controle. — Ele encostou sua testa na minha e tocou nossos narizes. — Você é linda. — Dito isso ele selou mais uma vez nossos lábios.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado! Comentem, recomendem, favoritem, indiquem. Beijoos e fiquem com Deus! ;**